22 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 9: Portugal e Alemanha: 9 Pontos

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

9- PORTUGAL E ALEMANHA: 9 PONTOS


Portugal e Alemanha fizeram o pleno de 3 vitórias e 9 pontos. A Alemanha fê-lo tranquilamente, Portugal fê-lo com sacrifício, mas ambos estão a crescer e parecem estar à altura dos desafios difíceis que se avizinham: Suécia e Holanda, respectivamente. Portugal enfrentou pela primeira vez uma equipa forte (não de 1ª linha) e o saldo foi razoável: jogou com garra e espírito de luta e objectividade no ataque; infelizmente recuou a partir do 2-0, o que se compreendeu ainda menos a partir do momento em que jogou contra 10. Houve “suplentes” que mostraram valor (Simão e Petit) e outros que falhram (Postiga, Tiago, Caneira e Boa Morte). Mesmo assim, Scolari pode contar com cerca de 15 jogadores que lhe dão garantias para os próximos desafios.


Portugal: Sem o brilhantismo de 1966 e com adversários bem mais fracos, mas Portugal repetiu as 3 vitórias de 1966 na fase de grupos. A seguir, o adversário mete bem mais respeito que o de 1966: agora a Holanda, então a Coreia do Norte. Esperemos que o desfecho seja o mesmo, mas não convém dar 3 golos de avanço, até porque o Eusébio já não joga.
Alemanha: Exibição tranquila mas convincente, que serviu para continuar a afirmação da Alemanha, detentora de considerável poder de fogo, como candidata aos lugares de honra. Ao virar da esquina está a Suécia, no horizonte dos quartos de final já vislumbra a Argentina…
Sérvia: Vai, certamente, terminar em 32º e último lugar neste Mundial. Uma prestação inacreditável de que não haverá memória numa equipa europeia. Na despedida, esteve a ganhar 2-0 e conseguiu perder 2-3 com a Costa do Marfim. Sofreu 10 golos no total. A selecção que representava o núcleo duro da antiga Jugoslávia, desmoronou-se ainda mais rapidamente que a Federação. Pelo menos, até ver, não morreu ninguém.
Holanda-Argentina: O jogo de maior cartaz da fase de grupos soube a muito pouco. Com várias estrelas ausentes, serviu para provar que Pekerman tem mais “banco” do que Van Basten, cuja Laranja ainda funciona muito a espaços. O 0-0 final, acaba por espelhar a escassez de inspiração e o menor empenho das duas selecções. Para a próxima, queremos mais.
 
 


Inglaterra-Suécia: Grande jogo, disputado a bom ritmo, com um estilo físico, mas bem jogado, domínio inglês na 1ª parte e sueco na 2ª, 4 golos e emoção, acabando com um justo 2-2. Do melhor que temos visto. Péssima, a lesão de Michael Owen: é uma grande perda.
Klose: Mais dois golos. Soma 4 e é o comandante provisório da lista de artilheiros. Tem estado muito activo e com bom ratio de aproveitamento. Veremos se continua a marcar quando vierem os grandes jogos.

Simão e Maniche: Os melhores de Portugal na vitória sobre o México. Simão Sabrosa carrilou o melhor do jogo ofensivo português, fez duas assistências e marcou um golo. Maniche (cuja convocação me mereceu reticências) jogou, correu, lutou, rematou muito e fez um bom golo.
Joe Cole: Marcou um golo fabuloso, porventura o melhor do Mundial 2006 até ao momento. Potência, espontaneidade, direcção, espectacularidade! Teve tudo. Congratulations!


21 junho, 2006

O Zombie Constitucional

O ZOMBIE CONSTITUCIONAL

 in "The Economist", 02/06/06

O famigerado Tratado Constitucional Europeu continua a gerar as maiores perplexidades. O Conselho Europeu reunido em Viena decidiu prolongar o período de reflexão por mais um ano (já serão dois). Reflexão sobre quê? Quanto tempo durará o velório?

Aparentemente há três ordens de problemas:

1- O Tratado já foi ratificado por 15 dos 25 Estados-Membros, três deles desrespeitando o dito período de reflexão, pelo que se sentiriam defraudados com a declaração de óbito do dito cujo. Será que não sabiam que o processo de ratificação é um requisito legal indispensável e que, sem ele, não há tratado nenhum; nem este, nem outro. Será que não sabiam que o Tratado só entraria em vigor quando fossem concluídos os 25 processo de ratificação?
2- O Tratado foi rejeitado de forma clara em referendo na Holanda e em França, e existem justificados receios que o mesmo possa acontecer em países como o Reino Unido, Dinamarca, Suécia, ou Polónia. Parece que há quem pense que o prolongamento do velório (ou reflexão) para depois das eleições em França e na Holanda, possa produzir o milagre da transformação do “Não” em “Sim”.
3- O Tratado deu uma trabalheira a fazer, demorou dois anos, movimentou centenas de pessoas, toneladas de papel, rios de saliva, incontáveis semanas de penosas negociações. Que peninha! Dá vontade de perguntar: “Alguém lhes encomendou o serviço?” Faz-me lembrar um episódio já com vários anos: uma aluna tinha preenchido 4 páginas de uma folha de teste e no final teve 1 (um)! Questionou-me: “Então eu tive tanto trabalho a escrever 4 páginas e só tenho 1 valor?” Retorqui, “Pois, mas não respondeste ao que te era perguntado.”

Se o Tratado tinha de ser ratificado pelos 25 e se foi rejeitado por dois, podendo o número subir aos 6, 7 ou 8, que esperam para fazer as exéquias fúnebres?

Se o Tratado já foi rejeitado, o que é que há para reflectir? Sobre o sentido da vida? Ou será para fazer de tratantes com o Tratado? Até quando andará este zombie a assombrar as cimeiras europeias?

Tiveram muito trabalho e não o querem colocar no caixote do lixo da História? Compreendo-os, mas ainda compreendo melhor a frustração dos cidadãos que pagaram esse trabalho que se revelou tão grande inutilidade.

Que descanse em paz. Ashes to ashes, dust to dust…

19 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 8: Luz Verde Para os Vermelhos

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

8- LUZ VERDE PARA OS VERMELHOS

 
Portugal e Brasil aumentaram para 7 os qualificados e o Irão elevou os precocemente eliminados para 6. O desaire da Rep. Checa frente ao Gana e o empate da Itália com os Estados Unidos, desmancharam a boa imagem que as duas selecções europeias haviam deixado na 1ª jornada e tornaram o Grupo E no mais interessante e imprevisível do momento. A França continua a arrastar-se pela Alemanha (sempre seria pior se fosse a Alemanha a irromper pela França) e os Sul-Coreanos continuam a beneficiar das arbitragens, tal como em 2002. A partir de terça-feira, passamos a quatro jogos por dia e tudo se tornará definitivo.

Portugal: Pela segunda vez na história, Portugal ultrapassou a fase de grupos de um Campeonato do Mundo. E fê-lo com justiça, jogando de forma bem mais convincente, controlando o jogo atacando e procurando o golo quase sempre. É evidente que Portugal defrontou, pela última vez, um adversário relativamente fraco neste Campeonato, mas atingiu os objectivos mínimos.

De Rossi: O Itália-EUA foi um jogo atípico, que terminou 10 contra 9, ou melhor, 9,5 contra 9, dada a inferioridade física de Perrota, mas a nota negativa é personalizada, porque a violenta cotovelada aplicada por De Rossi em Brian McBride é inaceitável e indesculpável. McBride saiu a sangrar mas jogou até ao fim. Itália foi penalizada e o único culpado, que até tinha actuado muito bem no primeiro jogo, talvez já não torne a jogar no Mundial.
Brasil: Poderá parecer estranho colocar nos negativos uma equipa que tem 6 pontos e que já se qualificou. Tal deve-se à pobreza exibicional dos Brasileiros, que se apresentavam como grandes favoritos, uma espécie de Dream Team condenado a ganhar o Campeonato. Podem ganhá-lo, mas até agora ganharam dois jogos com sorte, sem merecimento e jogando pouco. Contra a Austrália, o empate não ficaria mal e contra a Croácia acabaram com o credo na boca e mereciam ter perdido. Talvez a sorte não dure sempre…
França: Tem sido a pior das selecções a quem era atribuído algum favoritismo. Velha, lenta, cansada, triste e sem ideias, parece o reflexo da situação política, económica e social do próprio país. A continuar assim, dificilmente passará dos oitavos de final.
Figo e Deco: Os melhores de Portugal na vitória sobre o Irão, que parece ter mais êxito a enriquecer urânio do que a enriquecer a sua qualidade de jogo. Sem serem atómicos, Figo e Deco mostraram ser, neste momento as mais consistentes estrelas de Portugal.
Gana: Desafiou as probabilidades e bateu de forma convincente uma das selecções que melhor impressão tinha deixado na 1ª ronda. Beneficiou de um golo madrugador, de um penalty estúpido e de um vermelho duvidoso, mas jogou com uma qualidade global que até agora não se tinha visto em equipas africanas.

17 junho, 2006

"Explica-me Como Se Eu Fosse Muito Burro"

“EXPLICA-ME COMO SE EU FOSSE MUITO BURRO”


Por causa do Mundial Alemanha/2006, estamos em época de bandeiras, bandeirinhas e bandeirolas, mas hoje venho falar de outras bandeiras: as semafóricas, vermelhas, amarelas e verdes que se hasteiam nas praias para informar os banhistas do estado do mar.

Sempre tomei essas bandeiras como uma indicação/informação ao banhista mais distraído que não distinguisse as vagas das marés vivas das pocinhas da baixa-mar.
 
Não é essa, contudo, a visão do estado tentacular que temos: as bandeiras são autênticos semáforos balneares. Quem não respeita a sinalética é…multado. Como diria a outra, “explica outra vez como se eu fosse muito burro!” Ok. Mergulhas no Atlântico quando a bandeira do Benfica, perdão, a bandeira vermelha estiver hasteada e eis que a BT, perdão outra vez, a Polícia Marítima aplica-te uma valente multa que pode chegar a 1000 euros. A multa deve aumentar com o grau de envolvimento com o oceano: molhas o dedo grande do pé – 50 euros; molhas os calções – 100 euros; engoles água do mar da bandeira vermelha – 250 euros; mergulhas frenética e repetidamente e a seguir nadas – 900 euros; afogas-te miseravelmente – 1000 euros.
 
Estou tão contente. Já não preciso que o meu Pai me leve à praia, o Afonso também já pode ir sem mim, os Pais estão todos dispensados dessa maçada, porque o grande Estado socialista vela por nós e pelos nossos filhos em cada palmo de areia deste jardim à beira mar plantado. E cada afogado, deixa de receber subsídio de desemprego, pensão de reforma, ou abono de família e ainda paga uma multa: o futuro da Segurança Social apresenta-se menos vermelho; pode-se hastear a bandeira verde.
 
Mal posso esperar que chegue o Verão de 2007. Já se prevê multas para quem: pisar a areia quando está demasiado quente; fizer castelos na areia quando estiver nortada (risco de derrocada); não tiver um guarda-sol do Vinho Gazela ou do Óleo Fula; e quem levar um farnel mais informal do que um arroz de cabidela, ou um cozido à portuguesa.


P.S. Será que vou poder sair de casa quando estiver a chover?

16 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 7: Inglaterra, Argentina, Holanda, Alemanha e Equador



CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

7- INGLATERRA, ARGENTINA, HOLANDA, ALEMANHA E EQUADOR

 

Inglaterra, Alemanha e Holanda: A presença nos destaques positivos deve-se ao facto de, somando 6 pontos em 2 jogos, terem garantido com antecedência a esperada qualificação. Vantagem para os Ingleses a quem o empate basta na última jornada para vencerem o Grupo B. As três selecções mostraram-se sólidas e com bons momentos, mas precisam de jogar mais e melhor para ir longe no Mundial. Houve demasiada contenção demasiado cedo quando em vantagem.
Argentina: Em princípio estaria emparelhada com os outros 3 favoritos referidos acima, mas a goleada de 6-0 à Sérvia, torna-a a equipa com melhor classificação no momento e merece um destaque exclusivo. Este esmagamento seria dificilmente repetível, mas foi obtido contra uma equipa que concedeu apenas um golo em 10 jogos
de qualificação. Deu gosto ver Crespo, Saviola, Maxi Rodriguez, Riquelme, Messi, Tevez, Cambiasso, combinarem o virtuosismo individual com o sentido do colectivo. Se continuarem assim… são bem capazes de chegar ao topo.
Equador: Igualmente qualificada com duas vitórias em dois jogos, figura à parte porque constituiu a boa surpresa destes dois grupos: goleadora, sem sofrer golos, ganha com clareza e parte para o confronto final com a Alemanha bastando-lhe um empate para ganhar o Grupo A. Se o fizer, regressa aos destaques.
 
Polónia: É a segunda vez que entra pelo lado negativo desta rubrica. Melhor do que contra o Equador (pior era difícil), voltou a mostrar um jogo inconsequente e pouco perigoso. Desperdiçou numa prova realizada praticamente em casa a possibilidade de se aproximar minimamente da performance do anterior Mundial realizado na Alemanha (3º em 1974 na RFA). Resta-lhe vencer o 3º jogo para não voltar a figurar aqui.
Sérvia: Este não está a ser o Mundial das equipas da antiga Europa de Leste (excepto a Rep. Checa). Depois de um bom jogo com a Holanda perdido por 0-1, a Sérvia foi positivamente arrasada por uma Argentina demasiado forte. O Mundial para os Sérvios é como a Jugoslávia: já é passado.
Costinha: Já é um pouco cansativo referenciar membros da equipa portuguesa nesta coluna quando Portugal nem sequer joga, mas, depois da insolência de Scolari, levar com o enfado de Costinha é dose que os Portugueses não merecem. Tal como já havia acontecido com outros (Pauleta, por exemplo) são os jogadores que mais devem favores ao seleccionador que mais pressurosamente o vêm defender. Pudera! Convocado para um Mundial depois de 8 meses sem jogar à bola! Se eu tivesse sido convocado e usufruído do prestígio, dinheiro e mordomias correspondentes, talvez também elogiasse o Scolari! Será condição para serem convocados e titulares crónicos? Costinha, tido nos meios futebolísticos como sendo dotado de um intelecto superior, veio declarar que Portugal não merece Scolari e mais uma vez vem questionar o direito dos Portugueses à crítica. Haja decoro. É pena não ter sido tão lesto a jogar contra Angola como foi a falar para a imprensa.


Mal começou a segunda jornada da fase de grupos do Mundial (Grupos A, B e C) e já há 5 qualificados (Inglaterra, Argentina, Holanda, Alemanha e Equador), um outro (Suécia) que está quase e quatro que já estão knock out (Polónia, Costa Rica, Sérvia e Costa do Marfim). Numa jornada onde poucos foram os factos salientes, excepção à estrondosa goleada da Argentina (6-0 à Sérvia) e aos grande golos de Stephen Gerrard e de Van Persie, vou limitar-me aos destaques positivos e negativos.

14 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 6: Aussies, Azzurri e Checos

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

6- AUSSIES, AZZURRI E CHECOS

 
Tomas Rosicky: Fantástica exibição: força física, grande capacidade de organização do jogo juntamente com Nedved e dois golos, um dos quais espectacular. Rivaliza com Robben para a melhor exibição individual da 1ª ronda.
Austrália: E tudo a força e a determinação dos Aussies levou. A perder 0-1 a 6 minutos do fim, os Australianos porfiaram incansavelmente, mas com cabeça e fulminaram o Japão com 3 golos em 8 minutos. Bem merecida a primeira vitória da Austrália depois da estreia em 1974, na … RFA.


Só falta o grupo H para terminar a 1ª jornada e já todas as grandes potências do futebol entraram em cena. Nestes últimos dois dias, ao contrário das expectativas, o destaque não foi para o Brasil, mas sim para Rep. Checa, Itália e Austrália.

Os Cangurus realizaram o mais espectacular e fulminante volte-face do Mundial, mostrando determinação, persistência e capacidade realizadora (3 golos). Italianos e Checos mostraram bom futebol, grande consistência defensiva, capacidade de controle do jogo e poder concretizador.

Já o Brasil, vencedor perante a Croácia, fez uma exibição pouco mais do que sofrível e acabou tendo sorte na segunda parte em que os Croatas podiam ter feito o empate. Foi apenas o primeiro jogo, mas os Brasileiros ficaram longe da imagem de rolo compressor invencível que trouxeram para a Alemanha. A rever. O fiasco do dia ficou reservado à França, que empatou 0-0 com a Suíça e, também ela, esteve perto de sofrer piores dissabores na segunda metade. Mais uma vez, um jogo é pouco, mas se Henry não estiver inspirado o caso deve estar mal parado.


Tim Cahill: Simboliza a raça e o querer da Austrália. Potência física aliada a capacidade concretizadora, permitiram-lhe saltar do banco e virar o resultado com 2 golos, um dos quais de grande qualidade.
Andrea Pirlo: Inúmeros desarmes, boas transições defesa-ataque, capacidade organizativa e disponibilidade física e um golaço a quebrar a resistência ganesa. Bravo!
Rep. Checa e Itália: Exibições seguras, consistentes, com qualidade, pinceladas com momentos de muito bom futebol Fica a promessa. Aguarda-se a confirmação.


França: Desinspirada, lenta, amorfa. É uma equipa cujo zénite já passou há muito. O núcleo duro dos gauleses está velho e cansado e a maioria dos sucessores (ainda) não tem a qualidade daqueles. Até agora, o pior dos principais candidatos.
Scolari: Portugal não jogou, mas o seu treinador continua a meter golos na própria baliza. Agora veio dizer que os comentadores não sabiam o que era uma bola, quantos gomos tinha e quanto pesava. Acrescentou que, assim, nunca seriam treinadores. Terminou o arrazoado, dizendo que Portugal tinha perdido o primeiro jogo no Mundial 2002 (2-3 com os EUA) e nos Europeus de 2000 (é mentira! Ganhámos 3-2 à Inglaterra num jogo fabuloso) e de 2004 (de quem será a culpa?).
Será preciso saber o peso da bola, a altura da relva e a cor das bandeirolas de canto para se perceber de futebol? Será que Scolari pensa que todos os comentadores sonham ser treinadores? Porque que é Scolari foi incapaz de admitir que a exibição de Portugal contra Angola foi fraca e que devíamos ter marcado mais golos (ninguém pediu 5, 6 ou 7 golos!)? A palavra é forte, mas somadas às anteriores declarações do mesmo estilo, só apetece dizer: tanta imbecilidade e arrogância!
 

Insulto Gratuito

INSULTO GRATUITO

As generalizações podem ser perigosas e injustas. Esta é, além do mais, grosseira pelo conteúdo e surpreendente pela origem.
 
Em entrevista ao Diário de Notícias de 07/06/06, Maria Filomena Mónica declara que “Os Deputados são preguiçosos, incultos e eleitos de forma errada.”
 
Curiosamente, compara os actuais deputados e sistema eleitoral com os do século XIX, preferindo estes. Não sou um expert como Maria Filomena Mónica (MFM), mas sei que muita da actividade parlamentar oitocentista se pautava por uma retórica gongórica inconsequente e que muitos dos círculos uninominais eram controlados por caciques locais.
 
Quanto às acusações aos Deputados actuais, revelam ignorância, má fé, má educação e arrogância. Fui Deputado durante 3 anos, mas em relação à qualidade dos Deputados, limitei-me a confirmar o que já pensava: como em todos os meios sócio-profissionais, há os bons, os médios e os medíocres. Há Deputados cultos, competentes, empenhados e esforçados e que fazem o melhor que o sistema político-partidário lhes permite. É lamentável que uma investigadora e universitária, alinhe no coro populista e demagógico que desqualifica a praxis política e os seus agentes, como se estes fossem uma selecção dos piores.
 
No que respeita o sistema eleitoral, parece partilhar da ingenuidade de acreditar na panaceia dos círculos uninominais. Como se tal impedisse a escolha dos candidatos pelas máquinas partidárias (ou pelos caciques locais) e como se esses deputados, com os poderes que, individualmente, detêm, pudessem decidir, fazer, ou executar promessas eleitorais referentes ao seu círculo eleitoral.
 
O sistema precisa de alterações e melhorias, mas as ideias sobre as quais se possa fazer uma boa reforma não irão, concerteza, surgir da ignorância, da arrogância, ou do insulto gratuito.

12 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 5: Boa Laranja e Pouco Portugal

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

5- BOA LARANJA E POUCO PORTUGAL

Arjen Robben: A melhor exibição individual até ao momento: golo, assistências. Sprints, dribles em progressão e durou o jogo todo.Merecia mais um golo que esteve perto. Brilhante!
Figo: Grande jogo. Assistência para o golo de Portugal, jogou para a frente com velocidade e técnica, fez a diferença numa selecção um pouco amorfa.
Holanda-Sérvia: O melhor jogo até agora. Pecou por ter tido só um golo, mas vimos duas boas equipas que atacaram, criaram oportunidades e disputaram bem o jogo. Assim, vale a pena.

Portugal e a Holanda ganharam ambos por 1-0. Infelizmente, essa foi a maior similitude entre as duas selecções.

A Holanda realizou um bom jogo contra uma boa equipa (a Sérvia), com bom toque e troca de bola, ataques bem planeados e emoção. Foi, até agora o melhor jogo do Campeonato e merecia um resultado final com mais golos: 3-1 ou 2-1.

Portugal realizou uma exibição pouco convincente frente a uma selecção notoriamente fraca para os standards mundialistas. Devo dizer que concordei em absoluto com o onze inicial que Scolari apresentou, mas a equipa revelou falta de inspiração individual, de imaginação e, principalmente, de velocidade. Arriscaria mesmo dizer que não teve a ambição para, em vantagem aos 4 min. cair em cima de Angola e desferir-lhe os golpes fatais que permitiriam, aí sim, gerir o jogo com tranquilidade na segunda parte. Duas das substituições foram flops (Costinha joga parado e Viana não pertence ali) e a condição física não me parece a melhor. Salvou-se o essencial (os 3 pontos), mas os Portugueses tinham o direito de querer também somar 3 golos. Aguardemos o Irão.

Cristiano Ronaldo:Simboliza a falta de inspiração geral. Figura aqui porque foi o mais desinspirado de todos.Costinha: Devagar, devagarinho e parado, foram os seus registos durante os 30 min. Que esteve em campo. Fez-me lembrar dois jogadores de má memória que passaram pelo Benfica (Michael Thomas e Paulo Almeida). Espero enganar-me, mas agravaram-se as suspeitas de que não devia ter ido à Alemanha

10 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006: 4- Boa Entrada dos Colossos



CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

4- BOA ENTRADA DOS COLOSSOS


 
Philipp Lamm: Lateral esquerdo da Alemanha, marcou o primeiro golo do Mundial 2006 e foi um verdadeiro golão.
Torsten Frings: O médio alemão não marcou o 1º, mas também marcou um golo colossal e jogou muito no meio campo.
Colossos: Sem terem siderado, Alemanha, Inglaterra e Argentina entraram com pé direito e confirmaram candidatura ao 1º lugar dos Grupos A, B e C.
 

Polónia: Que saudade da Polónia dos 3º lugares nos Mundiais de 1974 e 1982!

Porras: Guarda-Redes da Costa Rica, sofreu 4 golos da Alemanha e deve ter passado o jogo a gritar o próprio nome. P****!
Suécia: Jogo todo ao ataque, muito tempo contra 10 e nem um golito.

Trinidad e Tobago: Todo o jogo na retranca ainda se poderia compreender se estivéssemos nos play-off, agora no primeiro jogo de um mini-campeonato? Mesmo
conseguindo o 0-0, foi mau.


Uma última nota: amanhã entramos nós em campo. Contra Angola só a vitória interessa e Scolari esteve bem ao colocar aí a fasquia mínima. O tempo de debater e contestar as opções de Scolari já passou, mas quero estar à vontade para dizer de minha justiça quando a prova acabar e por isso deixo uma síntese do que penso sobre o assunto: não sou anti-Scolari, mas não aprecio a personagem (demasiado inflexível, teimoso, autoritário e popularucho) e não concordo com uma parte significativa da convocatória, nem com algumas ausências, nem, principalmente, com algumas presenças. Ponto final.

E agora vamos ganhar a Angola. FORÇA PORTUGAL!

09 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 3- Let the Game Begin

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

3- LET THE GAME BEGIN


Hoje começa finalmente o Campeonato do Mundo Alemanha/2006 com o jogo inaugural, Alemanha-Costa Rica em Munique, seguido do outro jogo do Grupo A, Polónia-Equador, em Gelsenkirchen. Portugal entra em campo no Domingo frente a Angola, em Colónia.

Para além do impacto mediático do jogo de abertura e dos jogos de Portugal, permito-me destacar, nesta fase de grupos, meia dúzia de jogos que, pela valia e prestígio dos oponentes ou pela história do confronto, poderemos considerar os grandes jogos a não perder. Por ordem de importância:

1- Holanda-Argentina (21/06/06)
2- Inglaterra-Suécia (20/06/06)
3- Itália-Rep. Checa (22/06/06)
4- Alemanha-Polónia (14/06/06)
5- Brasil-Croácia (13/06/06)

Ao nível dos Grupos, o C, com a Argentina e a Holanda à cabeça e o B (Inglaterra e Suécia) são, claramente, os de maior grau de dificuldade.

Cumprindo a promessa feita, concluo agora o exercício de alto risco das previsões:

FINAL DOS VENCIDOS:

HOLANDA - BRASIL

FINAL:

INGLATERRA - ITÁLIA

LUGARES DE HONRA:

1- ITÁLIA
2- INGLATERRA
3- HOLANDA
4- BRASIL

CAMPEÃO DO MUNDO 2006: ITÁLIA

And now, let’s get the ball rolling! Let the game begin!

Go To Hell al-Zarqawi

GO TO HELL AL-ZARKAWI




















Al-Zarkawi após o bombardeamento.
Photo downloaded from CNN at www.cnn.com


É comum e normal dizer-se que não se deseja a morte a ninguém. No entanto, devo confessar que, apesar de ser Cristão e Católico, há escumalha a quem não consigo desejar nada de diferente.

Abu Musab al-Zarqawi, natural da Jordânia, era o líder da al-Qaeda no Iraque e o responsável directo ou indirecto de milhares de mortos no período que se seguiu ao derrube do regime de Saddam Hussein. Matou alvos específicos com a mesma vontade e crueldade com que assassinou civis inocentes, a maior parte das vezes Iraquianos cujos interesses proclamava promover. Não teve mesmo dúvidas em rebentar com um hotel em Aman onde decorria um casamento muçulmano, com o pretexto de que o local era frequentado por Ocidentais.

O ódio e a cegueira assassina de al-Zarqawi, só poderiam conduzir a este desenlace. Foi pena que não tenha sido mais cedo. Os milhares de vítimas que causou, devem garantir-lhe um lugar cativo no inferno. Apetece mesmo desabafar: “Go to hell al-Zarqawi!”




















Esquadrilha de F-16's dos EUA em espaço aéreo japonês.


P.S. Curiosamente, al-Zarqawi foi morto com duas bombas lançadas de F-16s da USAF. Sim, F-16, os tais que Portugal pode dar-se ao luxo de não usar e de dispensar porque não servem para nada no século XXI. Portugal não é os Estados Unidos, mas o actual cenário geoestratégico não dispensa uma boa capacidade de defesa e ataque aéreos. Este é um assunto abordarei com mais detalhe.

07 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 2- Previsões

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

2- PREVISÕES

Eis um exercício que tem tanto de sedutor como de complicado e arriscado. Primeiro, pelo sortilégio do jogo; em segundo lugar, pela tentação de confundirmos previsões com wishful thinking.

Vou avançar dois tipos de previsões: dividir as equipas por 3 patamares de favoritismo e perspectivar e arriscar as 16 equipas que se qualificarão para os oitavos de final, as 8 dos quartos de final e as 4 que estarão nas meias finais.

FAVORITOS:

1- Equipas com possibilidades de vencer e de quem se espera que ocupem um dos 4 lugares de honra: Itália; Inglaterra; Holanda; Brasil; Argentina; Alemanha.
2- Outsiders: equipas de quem se espera que cheguem aos quartos de final e que poderão, uma ou outra, chegar um pouco mais longe: Suécia; Rep. Checa; Portugal; Polónia; França; Espanha.
3- Surpresas: equipas que deverão chegar à segunda fase e parar aí; dar um passo à frente já seria ganho de monta. Ucrânia; México; Jugoslávia; Croácia.

Por aqui se conclui, que, sem excluir uma ou outra excepção (até de África – Costa do Marfim? Gana?), espero um Campeonato do Mundo onde impere a tradição do Campeonato da Europa reforçado com o Brasil e a Argentina.

OITAVOS DE FINAL:

ALEMANHA - SUÉCIA
INGLATERRA - POLÓNIA
HOLANDA - MÉXICO
PORTUGAL - ARGENTINA
ITÁLIA - CROÁCIA
BRASIL - REP. CHECA
FRANÇA - ESPANHA
UCRÂNIA - SUÍÇA

Admito que nos grupos C e D, os dois primeiros lugares possam ficar invertidos, o que até poderia resultar nos mesmos jogos.

Arriscando um pouco mais:

QUARTOS DE FINAL:

ALEMANHA - HOLANDA
ITÁLIA - UCRÂNIA
INGLATERRA - ARGENTINA
BRASIL - FRANÇA

MEIAS FINAIS:

HOLANDA - ITÁLIA
INGLATERRA - BRASIL

Antes de começar o Campeonato, publicarei a parte final das minhas previsões.

06 junho, 2006

Dia D








DIA D

Já passaram 62 anos que as tropas aliadas dos Estados Unidos e do Reino Unido, desembarcaram aos milhares nas praias da Normandia, dando o passo decisivo para a vitória na II Guerra Mundial.

 
Ironicamente, esta efémeride calha no dia que alguns apontam como sendo o Dia da Besta (ou demónio) pela coincidência do triplo 666 (6 do 6 do 06). Na realidade, por uma vez, estas especulações esotéricas têm razão de ser: faz 62 anos que aqueles bravos soldados começaram a libertação definitiva da Europa do jugo da Besta Nazi. E por cá ficariam mais 50 anos para nos proteger da Besta Comunista. Bem hajam pelo que fizeram por todos nós.

Esperemos que quando tivermos de enfrentar a próxima besta, os seus sucessores estejam à altura dos feitos dos protagonistas do Desembarque na Normandia no dia 6 de Junho de 1944: the D Day.

05 junho, 2006

Campeonato do Mundo Alemanha 2006 - 1- Introdução

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006 1- INTRODUÇÃO



Está a chegar o mês do futebol. De 4 em 4 anos, os adeptos do pontapé na bola, nos quais me incluo, desligam alguns dos seus chips rotineiros para focar uma parte significativa da sua atenção, tempo e existência no fenómeno da World Cup.

Resolvi, por isso, editar regularmente (não necessariamente todos os dias) posts sobre o Campeonato do Mundo Alemanha 2006, com impressões, opiniões, sensações, ALEGRIAS e frustrações, destaques bons e maus, enfim, tudo o que pareça relevar.

Normalmente, as pessoas gostam de saber as preferências/tendências de quem comenta. Eu farei o possível por ser racional e isento, mas o futebol envolve paixão e emoções, por isso entendo que é bom que os bloguers saibam qual é o meu leque de preferências e de embirrações, para saberem com o que podem contar.

Primeiro, it goes without saying, PORTUGAL, PORTUGAL, PORTUGAL. When and if Portugal’s out, my personal winners are: England and Holland! Desde sempre que a Inglaterra e a Holanda congregam as minhas paixões nestes Campeonatos, especialmente nos longos anos em que Portugal nem lá chegava.

Continuando, a seguir vem a Itália, até por especial deferência para com o meu filho Afonso Duarte, para quem a Squadra Azzurra vem logo a seguir a Portugal, por motivos pessoais fortes. Depois, simpatizo com a Suécia, Alemanha, República Checa, Polónia e Croácia. To cut a long story short, gostava que ganhasse uma selecção da Europa (excepto a Espanha e a França). Se tal não for de todo em todo possível, fora da Europa as minhas preferências resumem-se aos Estados Unidos e à Austrália.

Penso que está tudo clarificado. Sei que estou em franca minoria em Portugal com o meu ranking de preferências, mas é assim que sente este Laranja, vestido de Vermelho & Verde.

04 junho, 2006

Cavaco Silva, 1 - Maioria de Esquerda, 0

 
 
CAVACO SILVA, 1 – MAIORIA DE ESQUERDA, 0

O Presidente da República devolveu ao Parlamento a lei sobre a paridade entre os géneros (que tinha como medida mais controversa a imposição de um mínimo de 33% de candidatos de qualquer um dos dois sexos nas listas candidatas à Assembleia da República, ou aos órgãos municipais.

Se não tivesse votado no Prof. Cavaco Silva com convicção, estaria agora a começar a dar por bem empregue o meu voto. Este Governo de esquerda reciclada, para disfarçar políticas económicas e sociais pouco socialistas (exceptuando o aumento da carga fiscal), tenta esquerdizar-se no plano dos costumes, esperando manter satisfeito certo eleitorado mais ideologicamente marcado e sensível às medidas sociais de natureza fracturante, para recorrer à fórmula de um antigo Secretário-Geral da JS.

As quotas para as mulheres na política são uma temática já antiga, que colhe bastantes apoios na vanguarda intelectual estabelecida na capital e não tem custos (orçamentais). Infelizmente para o PS e para Portugal, é uma má ideia: em primeiro lugar, as mulheres já são claramente maioritárias em áreas vitais como a frequência do ensino superior e ocupam lugares que poucos imaginariam há 20 anos atrás, tudo indicando que este é um trend sustentado que nos permite supor que a esfera política também irá mudar nesta área; em segundo lugar, porque as quotas lançariam um manto de suspeita de falta de mérito por parte de mulheres que hoje em dia ascendem na carreira e ocupam cargos importantes em função do seu valor técnico-profissional e não porque lhes foi disponibilizada uma benesse legal; em terceiro lugar, porque o Estado tem de permitir que as pessoas e as organizações respirem e tenham margem de manobra para evoluir dentro dos seus ritmos, capacidades e necessidades em vez de se imiscuir de forma sufocante na nossa vida diária.

Foi bom ver um Presidente da República a agir sem estar condicionado a preocupações com o politicamente correcto e a actuar fora das balizas ideológicas de uma certa esquerda cujo prazo de validade já terminou, mas que mantém o seu acesso privilegiado ao espaço mediático. A bem da política e do país, espero que o Parlamento reflicta bem sobre o destino a dar a esta embrulhada que, nem sequer responde a nenhum dos principais preocupações dos Portugueses.


03 junho, 2006

A Pipoca e o PSD

A PIPOCA E O PSD
Ouvi na Antena 1 e não acreditava. O PSD acabava de apresentar um novo projecto legislativo. Coisa forte. De arrasar! Portugal não mais será o mesmo. Aguardei expectante: o Grupo Parlamentar do PSD acabava de propor a instituição do Dia Nacional do Cão!?! Confirmei mais tarde no Diário de Notícias: o PSD propõe a criação do Dia Nacional do Cão.

Fiquei lívido! Eu até gosto de cães e tenho um, ou melhor, tenho uma cadela: a Pipoca! Mas o Dia Nacional do Cão? E porque não do gato ou mesmo do porco? Será isto o melhor que a alternativa ao poder socialista em Portugal consegue propor? Ou será uma homenagem encapotada ao grande número de Portugueses que leva uma vida de cão?

Não haverá ninguém no Grupo Parlamentar ou na Direcção do Partido que não perceba o ridículo disto? Até às férias, pelo menos, o PSD (e eu que não tenho culpa nenhuma!) vai ser alvo do anedotário nacional à conta desta ideia peregrina. Já estou a imaginar os sketches na Contra-Informação e os trocadilhos nos debates parlamentares. E a silly season ainda nem chegou!


Confesso que no fim, já nem sabia se devia ficar deprimido ou se devia ter um ataque de riso. A Pipoca, essa sim, latia de alegria, pensando que haveria um dia por ano em que eu lhe teria de oferecer um cheque-livro, perdão, um cheque-talho, para ela se poder regalar com lombinhos e escalopes no magarefe mais próximo.

 
P.S. Para cúmulo, o dia proposto assinala uma das efemérides mais importantes do século XX: o Dia D; o dia do desembarque dos Aliados Britânicos e Norte-Americanos nas praias da Normandia.

01 junho, 2006

Avaliação dos Professores

AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES


 
O cartoon é, por natureza, um exagero, uma caricatura da realidade. Este, da autoria de Bandeira e publicado no Diário de Notícias de 30 de Maio de 2006, faz-me pensar se estará para além da realidade, ou se, pelo contrário, retrata uma importante e lamentável realidade.

29 maio, 2006

O Regresso do Desejado

O REGRESSO DO DESEJADO


Depois de muitas "ameaças" nunca concretizadas, eis que Rui Costa regressa finalmente à sua "casa futebolística": ao Estádio da Luz e ao Benfica. Os adeptos do Benfica em particular, e os apreciadores de bom futebol em geral, saúdam o regresso a Portugal de um dos melhores futebolistas portugueses dos últimos 20 anos. Felicidades Rui Costa!

Guimarães e o Futebol

GUIMARÃES E O FUTEBOL


Os adeptos de futebol britânicos são os melhores do mundo. Para muitos não é essa a reputação que têm por causa de uma minoria de hooligans, mas a grande maioria apoia as suas equipas com um entusiasmo, uma persistência e um fair play inigualáveis.

Os adeptos de futebol de Guimarães, particularmente a maioria que são do Vitória, são também adeptos entusiásticos, mas que por vezes não gozam da melhor reputação.

Ontem fui, em família, ver o Portugal, 1 – Alemanha, 0 para o Europeu de Sub-21 no Estádio D. Afonso Henriques. A selecção portuguesa estava praticamente eliminada, mas o Estádio encheu com 28.000 adeptos que apoiaram a selecção com um entusiasmo e crença sem limites, respeitando os Alemães e prolongando o seu apoio aos minutos finais quando tudo já estava perdido e os adeptos portugueses típicos estariam a abandonar o recinto em massa.

Esses 28.000 Vimaranenses foram recompensados com um golo no período de descontos e ficaram longos minutos depois do jogo a aplaudir Portugal, e até a Alemanha, e a festejar uma selecção que jogou mal, foi eliminada, mas que se esforçou, ganhou o jogo e, acima de tudo, era a nossa.

Confesso que saí do Estádio contente e orgulhoso. Parabéns aos 28.000 adeptos do futebol e da festa, que estiveram em Guimarães a participar no Portugal-Alemanha.

23 maio, 2006

Que Parte do "NÃO" É Que Não Perceberam?

QUE PARTE DO “NÃO” É QUE NÃO PERCEBERAM?

Não sou alguém que se possa qualificar de europeísta, mas considero-me, acima de tudo, um democrata. Posso não gostar de decisões que são tomadas nas urnas, mas acato-as com serenidade e resignação democráticas.

Digo isto, porque esta semana, o ex-Presidente de França e da Convenção Europeia, Giscard d’Éstaing, disse que as pessoas mudam de ideias e que se devia tentar novamente aprovar por via referendária a ratificação do Tratado. Entretanto, o Governo da Holanda parece considerar a hipótese de ratificar o Tratado (no todo, ou em parte?) depois de introduzidas alterações não especificadas, sem recorrer ao referendo. É fantástico!

Na União Europeia é assim: a democracia é muito boa, mas só quando os resultados agradam. Os referendos correram mal? Repete-se até que se vença os eleitores pela saturação. Nunca vi ninguém contestar o resultado de referendos sobre questões europeias em que o Sim triunfou. Não há registo de uma vitória do Não que não fosse objecto de recriminações e tentativas de subverter por meios mais ou menos ínvios a decisão dos eleitores.

O Não ao Tratado Constitucional teve 62% na Holanda e 55% na França! Apetece perguntar ao Senhor Giscard d’Éstaing e aos que pensam como ele: Que parte do “NÃO” é que não perceberam?

18 maio, 2006

Só Falta Um Bocadinho

SÓ FALTA UM BOCADINHO

O Governo de José Sócrates está quase lá. Já só faltam uns dias.

Lá onde? À retoma económica? Ao equilíbrio orçamental? Ao boom exportador? À catadupa de investimentos estrangeiros? Não, não é tão bom assim, mas também ajuda: está quase a chegar à estação da tranquilidade, via distracção e esquecimento.

Mais uns dias e os Portugueses vão entrar no frenesim do Europeu de Sub-21, pelo meio relaxam com os feriados, as festas e o bom tempo, para logo de seguida mergulharem de cabeça no Mundial de Futebol, especialmente se Portugal for longe na competição. Quando terminar este corrupio cansativo, entramos todos de merecidas férias, que isto de correr atrás de uma bola, ir para a rua celebrar e beber mais cervejas do que o costume também cansa.

Entretanto, o Governo pode governar ou desgovernar, atear ou apagar fogos, dinamizar-se ou dinamitar-se com as rivalidades ministeriais, o barril de petróleo pode chegar aos 100 Dólares, Israel pode rebentar com os Ayatollahs nucleares, os atentados podem cessar no Iraque e o Bin Laden ser enforcado, até pode haver mais dois congressos do PSD, que muito poucos Portugueses prestarão alguma atenção.

Que descanso regalado para o Governo. Já só falta um bocadinho! Depois, em Setembro, quando todos acordarem, logo se verá onde estamos.

 

14 maio, 2006

Uma Rosa Laranja

UMA ROSA LARANJA
 

Uma Rosa Laranja. Verdadeiro dois em um. Simples e bonita como as rosas são, com a atracção e vivacidade do laranja. Cortesia da Ana Cristina Ferreira, esta Rosa Laranja poderia ser uma boa candidata a símbolo do Blog. Um Domingo bonito e com colorido para todos.

11 maio, 2006

O Neo-Iberismo Revisitado

O NEO-IBERISMO REVISITADO


Algum do feedback que teve o post o “Neo-Iberismo” merece alguns esclarecimentos:

1- A menção ao iberismo toca-me numa corda sensível porque coloca em causa o cerne de muito daquilo em que acredito e coloca em cheque a própria existência do país que, tendo muitas deficiências, é o meu.
2- O caso da maternidade de Elvas é, do meu ponto de vista, da maior gravidade. Eu não a conheço e não posso dizer se as suas condições são boas, razoáveis ou medíocres. O que eu posso dizer é que o Estado Português tem o dever de garantir boas condições para que os filhos dos Portugueses de qualquer região possam nascer em Portugal.

3- Conforme referi numa resposta a um comentário, não tenho a pretensão de que deva haver maternidades disseminadas por todo o território e que se deve contrariar, por um imperativo de racionalidade e de eficiente gestão de recursos, a multiplicação de infra-estruturas que se sobrepõem às dos concelhos vizinhos levando à sub-utilização de todas elas. Tanto assim que só referi o caso de Elvas e não os de Bragança, Santo Tirso, Barcelos, ou Lamego, que até me são mais próximos. Não obstante, existem limites à eficiência económica e este é claramente um deles. Não é a mesma coisa um Português nascer em Espanha, ou a TMN ou a Vodafone terem um call centre na Índia.
4- Admito e aceito que seja desagradável para as pessoas de Barcelos ou de Santo Tirso terem os seus filhos no Porto, em Guimarães, ou em Braga, mas é muito diferente de os terem na Corunha, em Casablanca, ou em Bordeaux. O primeiro caso pode justificar-se à luz das limitações económicas e orçamentais de Portugal. O segundo caso, não há nada que o justifique.
5- Sendo um assunto grave, o tom da crítica foi contundente e mordaz, mas não escrevi, nem pensei, que há ministros traidores ou que o Ministro da Saúde tem um plano maquiavélico para dissolver a portugalidade. O que eu disse e penso, é que o Ministro “cortou a direito”, pensou economês e negligenciou valores imateriais que são superiores às poupanças que possa fazer. Isso é mau, mas tem remédio: assume que houve um lapso e encontra outra solução. Insistir nesta opção já depois de alertado, é péssimo.
6- Isto não é um ataque político-partidário. Num assunto destes, é-me indiferente que o governo seja rosa, laranja, azul, ou vermelho. O que me interessa é PORTUGAL.

09 maio, 2006

Península Ibérica Multipolar

PENÍNSULA IBÉRICA MULTIPOLAR




Na nossa memória só temos presente a Península Ibérica bipolar, tendencialmente unipolar e claramente centrípeta. Pode ser apenas uma curiosidade histórica, mas é interessante recordar que nem sempre foi assim. Portugal nasceu num contexto ibérico multipolar, em que prevaleciam as forças centrífugas. O mapa retrata a realidade do início do século XVI, a meio caminho entre a pulverização do século XIII e a realidade do século XX. E no século XXI? Mantém a estabilidade dos últimos 400 anos? Retoma o processo unificacador? Ou inverte-se o processo? Quo vadis Península?

O Neo-Iberismo

O NEO-IBERISMO

Pouco depois de o actual Governo tomar posse, o Primeiro-Ministro José Sócrates foi a Espanha e declarou que as prioridades da nossa política externa eram “Espanha, Espanha, e Espanha!” Só não fiquei aterrado porque pensei que tivesse sido algum chip que tivesse bloqueado.

Há poucos dias, o Ministro dos Transportes, Mário Lino, foi a Santiago de Compostela declarar que é um iberista. Não sei se os Galegos ficaram aterrados, mas devem ter tido vontade de lhe perguntar se queria trocar a sua (de Portugal) posição com a deles (da Galiza).

Agora fico a saber que o Ministro da Saúde divisou um plano pelo qual as crianças que até agora nasciam em Elvas, vão passar a nascer em Badajoz! Os Alentejanos devem estar mesmo aterrados.

Eu quero crer que o Governo de Portugal não está infestado de Miguéis de Vasconcelos, mas esta inusitada deriva iberista é estranha e preocupante. Não por causa de D. Afonso Henriques, Aljubarrota, Filipe II, ou Olivença, embora a História deva ser um factor a ponderar nas Relações Internacionais, mas porque:

* Se trata de um enviesamento da nossa política externa que poderá acarretar custos estratégicos a prazo – os nossos interesses são diversificados e não é racional nem prudente que a Espanha neles possa ocupar uma posição tão relevante.

* Lança uma suspeita sobre as motivações de um Ministro que lançou projectos faraónicos como a Ota ou o TGV, sabendo-se que aquele pode causar danos sérios à viabilidade do Aeroporto do Porto.

* Violenta um grupo de cidadãos portugueses na medida em que são coagidos a terem os filhos no estrangeiro. Eu sei que para alguns o nacionalismo e o patriotismo são conceitos ultrapassados, mas até ver Portugal é Portugal e Espanha é Espanha e a nacionalidade é um traço identificador, de pertença, de comunhão, que não conhece paralelo em qualquer outro. Negar aos Portugueses da região de Elvas o direito de nascerem em Portugal é vergonhoso e indigno de um Governo de Portugal.

As relações de Portugal com Espanha devem ser de cooperação e de amizade. O que vá para além disso e entra na intimidade excessiva, na submissão ou na dependência é um erro histórico. O iberismo nunca resultou em nada de bom para Portugal e não há nada que nos indique que tal seja diferente no início do século XXI.

04 maio, 2006

A Assembleia da República e os Deputados

A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E OS DEPUTADOS

 
A problemática da Assembleia da República e da falta de quórum para as votações da semana de Páscoa foi o grande tema político das últimas semanas.

Como é habitual nestas situações, os media fizeram uma abordagem massacrante e enviesada do problema e as lideranças parlamentares encetaram a típica fuga para a frente. Os primeiros porque lhes cheirou a sangue e porque gostam de se apresentar como os moralistas da sociedade e os segundos porque são reféns dos primeiros e lhes falta coragem política para assumir o que deve ser feito em vez de reagir às pressões dos mass media.

Como diria o outro, eu sei do que estou a falar: Been there, done that. Vamos por pontos.

1- Os Deputados são eleitos pelos Portugueses e são responsáveis perante eles. Têm a dignidade de pertencerem a um órgão de soberania, respondem perante os eleitores e não são funcionários que tenham de picar o ponto e trabalhar das 9.00 às 17.00h. Têm autonomia política e funcional, garantida pela Constituição e pelo Regimento da AR.
2- Não obstante, os Deputados têm deveres estatutários, que passam, fundamentalmente, pelo cumprimento das funções para que foram eleitos. Isso pode ser realizado de várias maneiras, mas implica a presença/participação nos momentos nobres da vida parlamentar, maxime, as votações. A estes acrescem deveres funcionais, que decorrem do facto de os Deputados serem eleitos em listas partidárias que implicam um conjunto de compromissos perante o grupo parlamentar a que pertencem.
3- Posto isto, importa clarificar alguns aspectos: o Parlamento funciona mal e o problema não é o excesso de deputados (que não existe), nem as tradições parlamentares, muitas das quais são inócuas e não ferem o bom desempenho das funções de Deputado. Sem ser exaustivo, aponto quatro aspectos.
4- A desvalorização do Parlamento: de certa forma inevitável dada a complexidade técnica de muita actividade legislativa, o que ajudou a transpor grande parte desta responsabilidade para o Governo, poderia/deveria ser atenuada se: o Parlamento se munisse das assessorias técnicas necessárias (em quantidade e qualidade) que permitissem aos deputados fazer um acompanhamento qualificado da maioria dos assuntos; se os Deputados/Grupos Parlamentares tivessem a capacidade e coragem para recuperar alguma autonomia funcional, deixando de ser uma simples correia de transmissão das lideranças partidárias.
5- A dignificação dos Deputados: o Deputado não é reconhecido publicamente com a importância política e protocolar que o Protocolo de Estado lhe atribui. Dizer-se que o protocolo é irrelevante é falso. O protocolo tem regras e reflecte um estatuto e uma importância. Ninguém aceitaria que o Presidente da República ou o Primeiro-Ministro fossem a uma cerimónia pública e, lá chegados, lhes arranjassem uma cadeira na terceira fila com um pouco de favor. No entanto, toda a gente acha normal que os Deputados sejam preteridos por Governadores Civis havendo membros do Governo presentes, ou por directores-gerais e directores de institutos públicos. Enquanto que o Parlamento não fizer valer o estatuto dos Deputados, a nação dificilmente lhes terá respeito.
6- A disfuncionalidade do Parlamento: o acento tónico em plenários intermináveis e maçadores sobre temas que poucos entendem e a menos interessam são factores de desvalorização do espaço nobre que devia ser a sessão plenária e de desmobilização do deputado que sente que a sua presença é uma inutilidade. A intensificação do trabalho das Comissões e uma maior selectividade dos assuntos e da duração dos plenários, prestigiaria todos e evitaria o cenário confrangedor das bancadas vazias; mesmo que muitos estejam a ser mais úteis trabalhando no recato dos seus gabinetes, a imagem pública da sala das sessões semi-desertas é devastadora.
7- A dependência dos media: a maioria dos media e dos jornalistas, adopta perante a política e os políticos uma postura de superioridade moral que é sublinhada pelos “sermões” e “correctivos” que gostam de aplicar a quem exerce a actividade política em muito ultrapassando a mera função de informar. Esta atitude condiciona irreversivelmente a opinião pública e lança sobre o conjunto dos Deputados um manto de suspeição que poderá ser bem aplicado a alguns, mas não o é a todos. A culpa disto é repartida: de um lado temos muitos Deputados que vivem da proximidade (quase promiscuidade) com os jornalistas e que subordinam tudo o que pensam, fazem e dizem ao efeito positivo que pensam que tal poderá ter junto dos media; do outro, temos muitos jornalistas que percorrem os corredores à procura da intriga, da maledicência, da fofoca, que lhes valha uma primeira página no dia seguinte. Esta é uma actividade que interessa às duas partes e, como sempre, quer entre os Deputados, quer entre os jornalistas, pagam os justos pelos pecadores. A actividade política não pode prescindir dos media, mas deles depender é um dos factores geradores do politicamente correcto e do pensamento único, castrador da inovação, da criatividade, da alternativa, da coragem.

A mudança (no sentido positivo) da imagem que os Portugueses têm do Parlamento e dos Deputados é uma tarefa ciclópica, mas não impossível. Não acredito que seja realizável por quem lá está há muitos anos e que já se acomodou ao sistema, ou pior, que vive dele.

Sendo um adepto convicto do parlamentarismo que, combinado com a participação directa, é a forma mais perfeita de Democracia, estou convicto de que a regeneração do sistema político português terá de passar necessariamente pela Assembleia da República e pelos Senhores Deputados, legítimos representantes eleitos do Povo Português. No entanto, na actual conjuntura político-partidária, tal não passa de uma quimera.