FARINHA DO MESMO
SACO
Uma parte significativa da actual geração de líderes
políticos está marcada por algumas características comuns, tais como:
pertenceram às Juventudes partidárias (vulgo Jotas) e fizeram toda a sua
carreira académica (?) e profissional (?) na política, sob a política, ao lado
da política, dentro da política.
José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e
António José Seguro são os expoentes deste modus vivendi, embora haja muitos
mais. São todos farinha do mesmo saco.
Estes indivíduos fizeram carreira
nas Jotas, frequentemente alcandorando-se a lugares nas associações estudantis
e académicas, que potenciam a carreira na Jota e vice-versa. Este círculo
virtuoso (para eles), se for bem conduzido e apadrinhado poderá levá-los às
direcções nacionais das Jotas. Uma vez lá, o caminho está aberto para serem
deputados, assessores e adjuntos de membros do Governo e membros de órgãos
nacionais do partido. Entretanto, já terão há muito aderido à facção
conjunturalmente dominante no partido, ou à sua mais forte alternativa. Ponto
importante no processo é garantir um padrinho, seja ele uma figura importante
no aparelho do partido, ou uma facção do mesmo.
A partir deste ponto, a criatura está devidamente
entrincheirada no circuito político-partidário e criadas as condições para que
a sua presença nele se eternize.
É evidente que as coisas podem
correr mal. O caso mais clássico é a aposta no cavalo errado, que pode levar a
uma morte súbita. No entanto, estes jovens apparatchiks são mestres na arte do
“Morreu o Rei, Viva o Rei”, ou mais coloquialmente no vira-casaquismo, que
praticam despudoradamente.
Nesta altura, alguns descobrem que
o canudo, o Dr., o Eng. dão muito jeito. Ir a uma conferência partidária com o
Dr. Fulano, o Arquitecto Beltrano e o simples Sr. Sicrano, fica muito mal
perante as bases, os media e o público. Como o jeito, a vocação, a pachorra e, possivelmente, a capacidade
não abundam e como não há a mais remota intenção de utilizar os conhecimentos
supostamente adquiridos nos estudos, vale tudo para se deitar a mão ao dito
diploma. Daí as trapalhadas em que os pequenos se envolvem quando são
descobertos.
Finalmente, como nada mais fizeram
na vida senão política (essencialmente) partidária são frequentemente incapazes
de exercer qualquer outra actividade na vida. Por isso, quando há cargos em
disputa, ou quando estão na iminência de ficar sem cargo (por exemplo, aquando
da feitura das listas de deputados), as criaturas, como quaisquer outras, lutam
pela sobrevivência e são capazes de vender pai e mãe para garantir o salvífico
lugarzito.
Desenganem-se quando algum dentre
eles é visto a ocupar funções doutra natureza. O mais certo é o lugar em causa
ter sido arranjado pelo padrinho ou de outras conexões partidárias, para que o
apparatchik se afaste dos holofotes por uns tempos, aconchegue a conta pessoal,
ou fique a marinar à espera de melhor oportunidade.
O pior de tudo, é que esta falange de políticos não tem
especiais qualificações para o exercício da Política e do serviço público. Pelo
contrário, tais são conceitos que lhes passam ao lado. Isto porque, o seu
treino e formação é na política subterrânea, nos conluios, nas conspirações, nas
trocas de favores, na feitura opaca de listas, na troca de informações e
coscuvilhices, na promiscuidade com os media, nas negociatas, na vanitas
vanitatum.
Não têm visão estratégica, não têm convicções, são
desprovidos de princípios, falta-lhes sentido de estado e não têm espírito de
serviço público. Em resumo, são parasitas do aparelho de estado à custa do qual
vivem, do qual dependem em absoluto e ao qual nada de útil dão em troca.
Se pensarmos no que nos custa o proveito destas
criaturas, se pensarmos no mal que fizeram, fazem e farão a Portugal e aos
Portugueses em troca do seu benefício e vaidade pessoal, facilmente
concluiremos que não passam de uns vermes. Bem sucedidos, mas mesmo assim
vermes.
NOTA: Este texto visa retratar uma realidade da política partidária
portuguesa. Tal não significa, contudo, que não haja excepções. Infelizmente
são poucas e cada vez menos significativas.
APÊNDICE:
A Farinha é do mesmo saco e é a
mesma farinha. As caras, essas variam:
Relvas
Sócrates
Seguro
Coelho