28 março, 2012

Obama Caught Red-Handed

OBAMA CAUGHT RED-HANDED


 Obama e Medvedev. in “The Washington Post”
“Conto contigo e com o Vladimir (Putin) para me ajudarem nas eleições!” (Texto meu)

Na Cimeira Nuclear realizada em Seoul, Coreia do Sul, Barack Obama was caught red-handed, que é como quem diz, foi apanhado em flagrante, ou com a boca na botija.~

Eis um excerto de uma conversa, supostamente oof-record, entre o Presidente dos Estados Unidos e o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev:

But in an unscripted moment picked up by camera crews, the American president was more blunt: Let me get reelected first, he said; then I’ll have a better chance of making something happen.

“On all these issues, but particularly missile defense, this, this can be solved, but it’s important for him to give me space,” Obama can be heard telling Medvedev, apparently referring to incoming Russian president — and outgoing prime minister — Vladi­mir Putin.

“Yeah, I understand,” Medvedev replies, according to an account relayed by an ABC News producer, who said she viewed a recording of the discussion made by a Russian camera crew. “I understand your message about space. Space for you ...

“This is my last election,” Obama interjects. “After my election, I have more flexibility.”

Medvedev, who last week demanded written proof that Russia is not the intended target of U.S. missile defense efforts, responded agreeably.
“I understand,” he told the U.S. president. “I will transmit this information to Vladimir.”

in “The Washington Post” at

Video disponível em Sky News at

Ah! Aí está ele, o Grande Manipulador, perdão, Comunicador, a comunicar a um Chefe de Estado estrangeiro a sua disponibilidade para fazer cedências numa área de interesse estratégico, mas só depois das eleições, depois dos otários, perdão, dos eleitores já lhe terem supostamente garantido mais 4 anos na Casa Branca.

Nada que me surpreenda. Já por duas vezes o “Tempos Interessantes” apontou a forte tendência que Obama tem para subordinar a política externa aos seus interesses eleitorais. O caso mais flagrante, “A Guerra que Já Era”, pode ser consultado em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/02/obamas-wars-3-guerra-que-ja-era-este.html.

E é este o auto-proclamado portador da mudança na vida e na praxis política norte-americana e mundial! Change I never believed in.

22 março, 2012

A Pergunta do Ano

A PERGUNTA DO ANO


A Pergunta do Ano de 2012 é: haverá guerra no Irão?
Não sou vidente, portanto não posso fazer mais do que an educated guess, mas dada a relevância e impacto da questão, vou analisar as motivações, objectivos e constrangimentos dos 3 actores mais pertinentes nesta equação: Irão, Estados Unidos e Israel.
O ponto de partida é, obviamente, o programa nuclear iraniano e a sua vertente militar.

in “Stratfor”


IRÁ O IRÃO CEDER?
Não. O Irão teve múltiplas janelas de oportunidade para chegar a um acordo com o grupo negociador P5+1 (EUA, Rússia, Reino Unido, França, China + Alemanha) em bases que lhe permitiam salvar a face e manter um programa nuclear civil sob controle internacional e sempre as recusou. Uma década de negociações mostrou que Teerão vai negociando, protelando, adiando e prosseguindo com o desenvolvimento do seu programa.


AS SANÇÕES RESULTARÃO?

Dificilmente. As sanções têm sido endurecidas nos últimos meses, mas o Irão está sujeito a sanções internacionais há 6 anos e o seu comportamento não se alterou. Por um lado, há países que as cumprem relutantemente, ou seja, de forma limitada e outros que as ignoram; por outro lado, o regime tem-se mostrado disponível para acarretar o custo das sanções em nome do objectivo de prosseguir o seu programa nuclear. As sanções não se apresentam como uma solução provável para conseguir cedências significativas de Teerão em tempo útil.


in “The Economist”


OS EUA ATACARÃO?

Não creio. A Administração Obama está a apostar tudo nas sanções que tem vindo a impor com o apoio dos aliados europeus e alguma colaboração dos aliados asiáticos (Japão e Coreia do Sul), mas a lentidão dos seus resultados conflictuam com o avanço inexorável da ameaça nuclear iraniana.
A resposta é condicionada por outro aspecto que considero vital: as eleições presidenciais norte-americanas. Como já foi aqui defendido (check “A Guerra que Já Era” at http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/02/obamas-wars-3-guerra-que-ja-era-este.html, Barack Obama põe a sua reeleição na primeira linha de considerações em matéria de política externa. Assim sendo, um ataque ao Irão em ano eleitoral, com repercussões negativas na sua base social de apoio e, principalmente, com o subsequente aumento do preço dos hidrocarbonetos, virtualmente exclui a opção do ataque das considerações da Casa Branca.

Também não é por acaso que Washington insiste na tecla de “all options are on the table”, mas as red lines que definem os limites do tolerável são suficientemente vagas para colocarem poucos travões ao avanço do programa nuclear do Irão; ou seja, o Irão pode avançar em várias frentes do seu programa ficando muito (demasiado?) perto de alcançar a arma nuclear, até despoletar uma reacção armada dos Estados Unidos. As diferenças da retórica norte-americana em relação à questão nuclear e à ameaça de encerramento do Estreito de Ormuz, dizem muito sobre a escala de prioridades de Washington e, mais uma vez, sobre o impacto de cada decisão sobre o preço do petróleo.
E ISRAEL?
Talvez. Esta é a variável-chave, porque é a mais difícil de prever. Israel tem feito uma escalada retórica indiciando um ataque iminente. No entanto, Jerusalém também joga com as percepções: não só pode intimidar o Irão, como, principalmente, vai condicionando as opções dos EUA. À medida que a retórica belicosa vai subindo de tom, aumenta a pressão sobre os EUA e o P5+1 para pressionar o Irão a fazer cedências que possam evitar a guerra.
Ao contrário do “all options are on the table” de Obama, as ameaças de ataque vindas de Israel têm credibilidade externa. Mais, também têm sustentabilidade interna. Israel tem curriculum estabelecido na matéria, com ataques aéreos bem sucedidos contra os programas nucleares do Iraque (1981) e da Síria (2007) e tem motivações bem fortes que, em última análise se podem resumir numa palavra: sobrevivência. O Irão será um alvo bem mais complexo, pela distância, pelo número de alvos ( ver mapa supra), pela capacidade defensiva activa e passiva, pela relativa ausência do elemento surpresa e ainda pelo potencial retaliatório. Contudo, nada disto será decisivo se Israel concluir que no outro prato da balança está a sobrevivência do estado judaico.
O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu já afirmou diversas vezes que não admitirá que os Israelitas vivam sob a sombra de um novo holocausto. E o Ministro da Defesa Ehud Barak, no dia 2 de Fevereiro introduziu um novo conceito no debate: “Today, as opposed to the past, the world has no doubt that the Iranian militar nuclear program is steadily approaching maturity and is about to enter the zone of immunity, after which the Iranian regime will be able to complete the program without effective interruption and at a time it finds convenient.” Ou seja, Israel considera que o Irão se aproxima do ponto em que terá a componente militar ou militarizável do seu programa suficientemente fortificada para não temer ataques destruidores. A partir desse momento, gozará de imunidade.
Para Israel, o melhor seria os EUA assumiram o ónus do ataque: os custos políticos seriam deflectidos para Washington e, principalmente, as probabilidades seriam maiores dada a superior capacidade e dimensão dos meios norte-americanos.
Contudo, para Israel, as red lines são bem claras; iminência da fortificação do cerne do programa nuclear e/ou aproximação do momento em que o Irão poderá atingir o limiar do nuclear. Quando uma destas coisas acontecer, a minha previsão é que Israel atacará, com ou sem os Estados Unidos.

E esse momento poderá não estar muito distante. Citando novamente Ehud Barak: “Whoever says ‘later may find that later is too late.”

14 março, 2012

O Sr. Pereira e o Coelho do País das Maravilhas

O SR. PEREIRA NO PAÍS DAS MISÉRIAS
E O COELHO DO PAÍS DAS MARAVILHAS

Álvaro Pereira era, aparentemente, uma das grandes apostas do XIX Governo. Até ver, é um dos grandes flops.

O Senhor Pereira é um fundamentalista das horas:

·         São as horas que o comboio leva a chegar a Madrid que o preocupam. Sobre as reais intenções e decisões do Governo sobre o famigerado TGV pouco mais se sabe do que umas fugas para os jornais.
·         São as horas de encerramento do metro que era para antecipar e depois já não era (até porque atrapalhava o plano de pôr as pessoas a trabalhar mais horas).
·         São as meias horas extra e de borla que o Sr. Pereira quer impor aos Portugueses, mesmo contra as reservas dos empresários.
·         São as horas/dias extra que decorrem da abolição dos dias de férias de prémio de assiduidade.
            .    São as horas de trabalho extra e gratuitas decorrentes da extinção   caprichosa de feriados.
                                             



O Coelho de Alice no País das Maravilhas (Lewis Caroll)

E o que mais adiante se verá. O Sr. Pereira parece o Coelho da Alice no País das Maravilhas. Sempre a corre com o relógio na mão, mas não fazendo nada de útil. Infelizmente, enquanto o Coelho vivia no País das Maravilhas, o Sr. Pereira inferniza-nos no país das misérias.

O Senhor Pereira no País das Misérias que ele vai ajudando a agravar.

O Sr. Pereira está convencido de que a competitividade é um valor que decorre apenas de factores quantitativos: trabalhas 9h/dia em vez de 7, produzes mais. Trabalhas Sábados, Domingos e feriados, produzes mais. Comes e dormes no local de trabalho, produzes mais.

Os ganhos de produtividade que decorrem da superior formação, ou os horários e cargas laborais que proporcionam melhor qualidade de vida e melhor rendimento no trabalho não contam. Não, porque o Senhor Pereira, tal como o coelho (não o Passos, mas o da Alice) não larga o relógio e, para ele, só o relógio conta.

A extinção de feriados é, porventura, o golpe mais miserável do Sr. Pereira. Alheio aos valores históricos, religiosos e culturais de Portugal e dos Portugueses e à necessidade que, mesmo em tempo de crise, todos têm de usufruir de momentos de lazer, o Sr. Pereira arremete contra os feriados.

O Sr. Pereira alternadamente, queixa-se de ser maltratado por ter sido emigrante e gaba-se de ter vivido e trabalhado em Vancouver, no Canadá. Não tenho nenhum problema com isso. Só que, ao contrário da maioria esmagadora dos emigrantes, o Sr. Pereira fez delete de muitos dos valores tradicionais portugueses. Se assim é, em vez de ter regressado, podia ter dado um pulinho um pouco mais para oeste e estacionar numa região mais de acordo com as suas ideias.

Enquanto não vai para a China, o Sr. Pereira foi despromovido, perdeu um Secretário de Estado e começa a perder espaço político dentro e fora do Governo.

O relógio continua a fazer tic-tac, também para o Sr. Pereira.


P.S. O episódio da demissão de Henrique Gomes, Secretário de Estado da Energia, por ver bloqueado o seu esforço para reduzir a rentabilidade excessiva do sector energético (a expensas do Estado) na produção de energia, veio confirmar o que já se sabia: esmifrar dinheiro dos cidadãos é bom e fácil. Cortar despesas, ainda mais se for à custa da EDP e quejandos é que não. Eles podem zangar-se…. Os nossos governantes são sempre corajosos e intransigentes…com os indefesos.

P.P.S. Passos Coelho foi encostado às cordas por Francisco Louçã em pleno Parlamento por causa das portagens das pontes sobre o Tejo e da Lusoponte. Quem diria: o senhor anti-pontes, espalhou-se em duas pontes. Ironia do destino…