19 maio, 2010

Sem Desculpa

SEM DESCULPA


José Sócrates não pede desculpa. Pouco importa.

José Sócrates exibe aos Portugueses a sua característica arrogância, temporariamente amansada pela perda da maioria absoluta. Fala como dono da verdade, dono do Estado, dono de Portugal. Demonstra falta de respeito pelos Portugueses. Não tem desculpa.

José Sócrates exibiu uma redução do deficit de 2005 a 2008 à custa das contribuições acrescidas dos Portugueses, pouco fazendo para reduzir o peso da despesa pública sobre a economia nacional. Não tem desculpa.
José Sócrates aumentou despudoramente o deficit orçamental em 2009 para 9.3%, a pretexto da crise internacional e numa tentativa de maximizar as suas hipóteses eleitorais, enfraquecendo ainda mais as contas públicas e vulnerabilizando Portugal perante os mercados. Não tem desculpa.
José Sócrates dirige ou tolera uma máquina de propaganda e pressão sobre os media e a administração pública que constrange e atemoriza quem, tem (devia ter) o direito à liberdade de expressão sem receio de represálias. Não tem desculpa.
José Sócrates prometeu um referendo sobre o último tratado europeu e sonegou-o com uma desculpa capciosa. Mentiu aos Portugueses. Não tem desculpa.
José Sócrates assina o contrato no valor de 1.4 biliões de euros pela construção/exploração de um troço do TGV na mesma altura em que aumenta os impostos para salvar as finanças públicas (e supostamente a Europa). Não tem vergonha. Não tem desculpa.

José Sócrates culpa os mercados e os especuladores pelos nossos males, tentando desviar a atenção do óbvio: os nossos problemas são a causa e não o efeito do comportamento dos mercados. Assim o endereço principal da responsabilidade está em S. Bento e no Terreiro do Paço. Não tem desculpa.
José Sócrates prometeu na campanha eleitoral que não aumentaria os impostos e logo no PEC 1 aumentou-os através das deduções fiscais, mentindo aos Portugueses. Não tem desculpa.
José Sócrates proclamou no Parlamento a 16 de Abril que não aumentaria os impostos e aumentou-os três semanas depois. Mentiu outra vez aos Portugueses. Não tem desculpa.
José Sócrates anunciou aumentos de impostos por um ano e meio, até ao final de 2011. Dias depois, o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais já falava em retroactividade a Janeiro de 2010 (entretanto desmentida), o Ministro das Finanças primeiro e o Primeiro-Ministro a seguir, já abriram a porta à extensão desses aumentos até ao final de 2013. Continua a tentar ludibriar os Portugueses. Vale tudo. Não tem desculpa.
José Sócrates mente recorrentemente aos Portugueses. Não tem desculpa.
José Sócrates não tem estatura moral nem dimensão política para governar Portugal. Tem razão em não pedir desculpas. Não as merece. Devia fazer as malas e partir. Sem perdão, sem desculpa, sem remissão.

18 maio, 2010

Tories Back in Downing Street

TORIES BACK IN DOWNING STREET


David Cameron (Conservador) à direita e Nick Clegg (Liberal-Democrata) à esquerda:
Primeiro-Ministro e Vice Primeiro-Ministro do Reino Unido, respectivamente.in BBC News at http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/politics/election_2010/default.stm ´
 
Após 13 anos de oposição, os Tories (Conservadores) regressam finalmente ao nº 10 de Downing Street, que é como quem diz, à liderança do governo do Reino Unido.in BBC News

No entanto, as eleições deste ano foram as mais atípicas de que há memória:

• Produziram um hung Parliament (inexistência de maioria absoluta monocolor pela primeira vez desde 1974.

• A maioria das sondagens falhou, como que perturbadas pela ascensão de popularidade dos Liberais.

• O Primeiro-Ministro cessante perdeu em toda a linha e ainda tinha esperança de continuar (agarrado) no poder.

• Pela primeira vez houve debates televisivos entre os candidatos

• O Partido Liberal-Democrata desceu, contrariando as sondagens, mas ascende ao governo pela primeira vez desde 1931.

• Há um governo de coligação em Westminster pela primeira vez desde a II Guerra Mundial.

Mesmo tendo pena que os Conservadores não tivessem uma vitória total, as eleições trouxeram boas notícias. Acabou o domínio do Labour e de Gordon Brown, que fica na História por ter conseguido um elevado a despesa pública britânica e o respectivo endividamento a níveis record e por se ter agarrado como uma lapa ao poder, negando eleições que prometera quando percebeu que as perderia e quando tentou, vergonhosamente, manter-se no poder depois de ter sido cilindrado nas urnas.

Mais do que isso, regressa ao poder um Partido Conservador que promete menos estado, mais contenção nas despesas públicas, mais Atlântico e menos Bruxelas. Boas perspectivas. Se serão boas notícias, esperemos pela realidade para decidir.

A coligação Tory/Lib tem pontos em comum na área da economia, finanças públicas e educação que serão decisivos para o seu sucesso, que se jogará essencialmente naquelas áreas. Na defesa, interior e assuntos europeus, os dois partidos estão a milhas de distância, o que poderá gerar atritos, porventura só depois de a tempestade económica ter amainado. De qualquer forma, os Conservadores são o partido maioritário e detêm as pastas relevantes nestas áreas -Liam Fox (Defence), William Hague (Foreign Office e Theresa May (Home Office)- pelo que será razoável que as suas posições nestas pastas prevaleçam, o que, aliás, transparece do que já foi apresentado do programa de governo.

Resta aguardar que David Cameron, Nick Clegg e George Osborne (Chancellor of the Exchequer) possuam a determinação e o sentido de interesse nacional para prosseguir uma agenda política e económica que será espinhosa mas necesária para colocar o Reino Unido de novo na rota do crescimento interno e da afirmação externa.

UK - NATIONAL SEATS AT A GLANCE

 Political Party SEATS CHANGE


Conservative 306 +9
Labour 258 -91
Liberal Democrat 57 -5
Democratic Unionist Party 8 -1
Scottish National Party 6 0
Others 14 0

SHARE
1. CON 36.1%
2. LAB 29.0%
3. LD 23.0%
4. Others 11.9%

FULL UK SCOREBOARD

Party Seats Gain Loss Net Votes % +/-%
Conservative 306 100 3 +97 10,706,647 36.1 +3.8
Labour 258 3 94 -91 8,604,358 29.0 -6.2
Liberal Democrat 57 8 13 -5 6,827,938 23.0 +1.0
Democratic Unionist Party 8 0 1 -1 168,216 0.6 -0.3
Scottish National Party 6 0 0 0 491,386 1.7 +0.
Sinn Fein 5 0 0 0 171,942 0.6 -0.1
Plaid Cymru 3 1 0 +1 165,394 0.6 -0.
Social Democratic & Labour Party 3 0 0 0 110,970 0.4 -0.
Green 1 1 0 +1 285,616 1.0 -0.1
UK Independence Party 0 0 0 0 917,832 3.1 +0.9
British National Party 0 0 0 0 563,743 1.9 +1.2
Others 1 1 1 0 319,891 1.1 0.0

Turnout 29,653,638 65.1 4.0

After 649 of 650 seats declared.
P.S. Na véspera das eleições deixei aqui os meus palpites. Eis o acerto de contas:

1- O Partido Conservador (Tory) ganha.
CERTO

2- O Partido Trabalhista (Labour) fica em 2º em votos e mandatos.
CERTO
 
3- O Partido Conservador consegue a maioria absoluta (326 MP’s ou fica muito perto dela.
INCERTO (depende do ponto de vista, mas pensei que ficasse mais perto)

4- Na sequência do ponto anterior, o Partido Liberal Democrata fica fora do governo.
ERRADO

 
5- O Partido Liberal fica perto dos Trabalhista em votos.
ERRADO (embora reduzida em 1 milhão de votos, a diferença ainda é de 1.8 milhões)

12 maio, 2010

Mentirosos Impenitentes

MENTIROSOS IMPENITENTES


Na campanha eleitoral de 2009, o PS afirmou que não aumentaria os impostos. No Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) versão 1, o Governo PS propõe-se reduzir e/ou eliminar as deduções fiscais (despesas com educação, saúde, etc) o que configura objectivamente um aumento da carga fiscal dos cidadãos. Até hoje, com um misto de hipocrisia e desfaçatez, o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças continuam a afirmar que não há aumento dos encargos fiscais dos contribuintes.

A 16 de Abril de 2010, em pleno Parlamento, José Sócrates declarou que não aumentaria os impostos. Nos últimos dias, o seu (dele) Ministro das Finanças, vai preparando o terreno para o aumento dos impostos. Os arautos do regime na imprensa vão deixando cair sugestões: aumento do IVA (a mais popular), do IRS, redução de salários, imposto extraordinário sobre o 13º (ou 14º) mês.

As medidas impostas na (à) Grécia e as propostas pelo Primeiro-Ministro de Espanha (outro free spender que de repente descobriu que corria para a bancarrota) são aplaudidas e apontadas como exemplo. Até o inefável Obama terá telefonado a Zapatero a instá-lo a tomar medidas draconianas. Tudo se conjuga para a construção do cenário da inevitabilidade, do dever patriótico, do sacrifício solidário, da escolha entre o assalto à nossa carteira e a falência colectiva.

Estranhamente, o PSD, ainda antes de o PS assumir o aumento de impostos, já parece encará-los como um facto consumado e propõe condições para a sua aprovação, efectivamente comprometendo-se com esses aumentos a priori. É um duplo erro: um erro táctico porque o PSD fica com um ónus maior do que o seria normal dado não ser governo; um erro estratégico porque está a ir contra o que o actual líder proclama há dois anos e até há poucos dias atrás. Será lamentável, tão pouco tempo depois de ter sido eleito, se já demonstrar os tiques de bloco central e o vício de dizer uma coisa e fazer outra, que arruínam todos os dias a reputação dos políticos em Portugal.

Se tal acontecer, será reforçada a convicção da maioria dos Portugueses de que eles (os políticos) são todos iguais: são todos uns mentirosos impenitentes.

P.S. Reforçando a ideia que as burocracias têm uma voracidade permanente por aumentar o seu poder e influência, o líder da burocracia europeia, Durão Barroso, propõe que a Comissão Europeia faça uma triagem prévia dos orçamentos dos Estados-Membros. O polvo vai estendendo os seus tentáculos…

10 maio, 2010

05 maio, 2010

Palpite Conservador

PALPITE CONSERVADOR
 



Amanhã realizam-se as mais entusiasmantes eleições no Reino Unido dos últimos 13 anos, precisamente desde que os Conservadores perderam o poder para os Trabalhistas de Tony Blair, após 18 anos em Downing Street com Margaret Thatcher (12 anos) e John Major (6 anos).

E são-no devido à incerteza dos resultados, ao facto de ser tri-partida (os Liberais, tradicional terceiro partido parece competir pela vitória) e pela perspectiva de surgir um hung Parliament (sem maioria absoluta) pela primeira vez desde 1974.

Deixo, então, os meus palpites (hunches) para as eleições de 6 de Maio:

1- O Partido Conservador (Tory) ganha.


2- O Partido Trabalhista (Labour) fica em 2º em votos e mandatos.


3- O Partido Conservador consegue a maioria absoluta (326 MP’s ou fica muito perto dela.


4- Na sequência do ponto anterior, o Partido Liberal Democrata fica fora do governo.

5- O Partido Liberal fica perto dos Trabalhista em votos.

Alguns destes pontos correspondem às expectativas gerais, outros não. Dentro de 24 horas saberemos até que ponto se aproximam da vontade soberana dos Britânicos.

04 maio, 2010

Gregos com os Gregos

GREGOS COM OS GREGOS



A Grécia está à beira da falência. Primeiro, fez-se forte e disse que não contava necessitar de apoio internacional. O número durou poucos dias, porque espremer os Gregos até à medula não era suficiente e lá teve de ir a correr a Bruxelas, Berlim e Washington, desesperadamente à busca de ajuda. Inicialmente o pacote internacional seria de 45 biliões de euros; quando completado o plano de ajuda, a conta tinha ascendido a 110 biliões. Antes que se recuperasse o fôlego, foi prontamente acrescentado que 150 biliões poderiam não chegar.

A situação não é demasiado surpreendente: trata-se de um país que aderiu ao euro fazendo batota (assumida) com as contas públicas, que é “vítima” de muitos anos de gestão incompetente e socializante, onde o estado atingiu proporções desmedidas.

A questão abrangente que agora se devia colocar é a de saber se e porquê é que cidadãos de outros 15 Estados devem arcar com uma quota importante do fardo de salvar a Grécia do naufrágio. E a questão particular que deveríamos colocar é a de saber se Portugal pode e deve emprestar 2 biliões de euros à Grécia, quando é um país que também se encontra numa situação financeira e económica muito complicada.

Tenho para mim que, enterrar tanto dinheiro numa Grécia irresponsável e insolvente corre o risco de enviar o sinal errado: gasta de mais, produz de menos, endivida-te até ao tutano, que depois a Alemanha, a Holanda, a França, a Áustria e outros, lançam-te a bóia da salvação. Até que ponto é que, a longo prazo, o euro não ficaria mais sólido passando agora pelo abalo da exclusão de um país, mas assentando em bases mais consistentes no futuro? Será que as agências de rating não reagiriam de forma mais favorável?

A propósito das agências de rating, não sei que motivações e influências políticas possam ter, mas penso que são empresas que estão no mercado e que têm de emitir pareceres e relatórios credíveis para prosperarem. Até ver, não foram a Standard & Poor’s ou a Moody’s que esbanjaram os euros dos Gregos, os endividaram para além do razoável e que continuam a tentar enganar os mercados com números erróneos sobre as suas contas.

A realidade é que todos nos vemos gregos com os Gregos: uns, como os Alemães, vêem as suas poupanças enterradas numa empreitada de êxito e interesse duvidosos e outros, como os Portugueses ou os Espanhóis, vêem a sua credibilidade e solvabilidade hipotecadas pelo mau exemplo de Atenas (e pela sua própria gestão incompetente).