29 outubro, 2006

Descubra as Diferenças

DESCUBRA AS DIFERENÇAS



Facto: centenas de milhares, a Encliclopédia Britânica estima em cerca de 600.000, o número de Arménios que morreram em 1915, em plena I Guerra Mundial, no que era então o Império Otomano.

A Arménia defende que foram mortos 1.500.000 de Arménios no que constituiria um genocídio perpetrado pelos Otomanos.

A Turquia considera que o número de mortes foi na ordem dos 300.000 e que tal aconteceu num contexto de guerra, lutas intestinas, doença e fome, agravadas pela desordem do colapso do velho Império Otomano.
Posto isto, descubra as diferenças:
Na Turquia é crime punível com prisão aludir à existência de um genocídio arménio às mãos dos Turcos.

Em França, a negação do genocídio arménio (reconhecido como tal por Paris) é crime punível com multa e prisão.

Senão descobrir nenhuma diferença relevante pode concluir que:


a) A intolerância é a mesma e portanto a distância da Île de France à Anatólia não é tão grande como se pensaria.
b) Que ambos podem estar na União Europeia.
c) Que nenhum dos dois devia pertencer à UE.
d) Que os governos de Paris e Ankara deviam ter mais que fazer do que se entreter com estas coisas.

P.S. Quem tiver a melhor resposta ganha um croissant ou um kebab, conforme a preferência.

24 outubro, 2006

Na Mouche

NA MOUCHE
 
Como é habitual, o cartoonista Bandeira, do “Diário de Notícias”, acertou na mouche. O que é que fazem com o meu/nosso dinheiro? Porque é que em Portugal parece não existir aquele maravilhoso conceito Anglo-Saxónico que se designa de Accountability. Ou seja, porque é que o Estado não presta contas de forma transparente, perceptível e exaustiva? Porque é que temos a sensação/certeza de sermos explorados/espoliados/esmifrados/gamados diariamente e indecentemente?

Tal como os arrumadores com a heroína, também o Estado Português se mostra irremediavelmente viciado no nosso dinheiro. E o pior é que não se contenta com a moedinha da praxe...


Por Bandeira, in "Diário de Notícias" de 21/10/06
 
 
P.S. O eleitor que passa 4 anos a resmungar contra um governo, que acusa os políticos de não cumprirem promessas e que nas eleições seguintes se abstém, ou vota nos mesmos, também é responsável por este estado de coisas. No fundo, está a branquear a irresponsabilidade e a mentira.

23 outubro, 2006

Uma História de Veneza

UMA HISTÓRIA DE VENEZA



Em 2001 participei numa conferência sobre Segurança e Defesa em Veneza com o Instituto de Defesa Nacional e os seus congéneres de Itália, França e Espanha.

A parte social do programa incluía as inevitáveis e inesquecíveis visitas à Piazza San Marco à Basílica San Marco e ao Palácio dos Doges. A dado momento da visita, a guia veneziana mencionou que determinada pintura não se encontrava no local, porque tinha sido levada pelo Exército Napoleónico; mais adiante, esclareceu que certa escultura era uma cópia, pois o original se encontrava em França. À terceira referência (feita de forma casual) às pilhagens francesas, alguém perguntou à guia – “Porque é que a Itália (ou Veneza) não exige a devolução das suas obras de arte à França?” Após uma breve pausa, a guia respondeu: -“ Porque se pedíssemos para nos devolverem o que outros nos levaram e eles nos solicitassem a entrega do que nós tirámos, não sei se não ficaríamos a perder.”

Game, Set and Match! Foi uma das mais breves, lúcidas e inteligentes análises que já ouvi e que resume a impossibilidade, a inutilidade, a impertinência, a petulância e a hipocrisia de tentar corrigir o que de mal aconteceu ao longo de séculos de História.

Pior ainda, é que o ónus das correcções e desculpas pela História fica sempre nos mesmos: os ditos países desenvolvidos, o Ocidente. Como se cada um de nós (Ocidentais), carregasse sobre os ombros o peso de séculos de guerras, opressões, miséria e injustiça, uma espécie de portadores do pecado original, sem os quais os demais povos viveriam felizes, prósperos e contentes. Será que não podemos aprender alguma coisa com aquela guia de Veneza?

20 outubro, 2006

O Cretino

O CRETINO
 
Gerou compreensível revolta e celeuma o arrepiante aumento de 15,7% das tarifas de electricidade para os consumidores domésticos, proposto pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos para o ano de 2007.

O Secretário de Estado da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, resolveu imputar aos consumidores este extraordinário aumento, “acusando-os” de aumentarem o consumo. É extraordinário! A electricidade nos anos anteriores não aumentou mais nem menos do que o previsto na lei, ou seja, ao ritmo da inflação. Aquilo que os consumidores consumiram, pagaram ao preço estipulado (que não é negociável). E agora, Sua Excelência tem a insolência de culpar os Portugueses pelos prejuízos acumulados. Provavelmente também somos culpados dos aumentos da gasolina (até foram os consumidores que exigiram novo aumento do ISP), do café (porque bebemos muitos), das portagens (porque não queremos circular por estradas antigas e congestionadas), do gás (porque não temos aquecimento a diesel), do diesel (porque não temos carros a gás) e por aí fora.

No dia seguinte, disse que teve um dia mau (acontece a qualquer um) e pediu/exigiu… paciência. Desculpas? Zero! Retratação? Nada. Arrependimento? Nenhum. Conclusão: não só foi cretino, como, provavelmente, é mesmo cretino.

15 outubro, 2006

100 Golos

100 GOLOS

Nuno Gomes festeja com Miccoli o 0-3 em Leiria, 100º golo pelo Benfica no Campeonato Nacional.

Numa época em que os golos rareiam, é justo destacar a marca que Nuno Gomes atingiu no fim-de-semana passado: 100 golos com a camisola do Benfica só no Campeonato Nacional (123 se somados os marcados pelo Boavista). Para além da relevância da marca, esta foi obtida com um golo verdadeiramente espectacular digno do grande avançado que ele é.

Numa semana em que subiu (juntamente com Rui Costa) ao 4º lugar dos goleadores da Selecção Nacional, Nuno Gomes vai firmando o seu nome na história do futebol português, mesmo tendo de lutar contra incompreensões e enquadrar-se em sistemas de jogo que muitas vezes não o favorecem. Eu prefiro lembrar-me dele no Euro/2000, do golo de calcanhar em Viena, dos fantásticos golos que marcou nalguns jogos do campeonato passado, enfim dos 130 golos marcados no Benfica e dos 26 por Portugal nas mais variadas competições, somados à forma inteligente de jogar e assistir os companheiros. Espero ver ainda muitos mais golos com a marca “Nuno Gomes”.

13 outubro, 2006

O Império Onde o Sol (Re)Nasce

O IMPÉRIO ONDE O SOL (RE)NASCE


O Japão é a 2ª potência económica mundial com um PIB de US$ 4.850 biliões (2,5 vezes maior do que o da Alemanha). No entanto, desde que foi derrotado na II Guerra Mundial em 1945, que tem uma Constituição “pacifista” que lhe limita drasticamente a utilização das forças armadas (convenientemente designadas por Japanese Defence Forces). Noutro plano, o Japão viveu em crise e estagnação económica durante a última década do século XX, apresentando um caso raro de deflação e taxas de juro negativas.

Junichiro Koizumi foi Primeiro-Ministro do Japão de 2001 a 2006 e conseguiu um conjunto de sucessos notável: quebrou o domínio que os clãs e facções exerciam sobre o LPD, partido hegemónico do Japão; começou a desmontar os monopólios estatais que permitiam e fomentavam a promiscuidade e a troca de favores entre políticos e empresários; reformou o sistema bancário; ajudou a criar condições para que o Japão retomasse a via do crescimento e dinamismo económico; foi, gradualmente, rompendo o espartilho em que a política externa e de defesa nipónica vivia há mais de meio século, enviando tropas para o Iraque (non-combat missions), estreteitando mais a cooperação com os EUA, “aumentando o “defence burden-sharing”, iniciando uma nova era no reequipamento militar japonês e, embora apresentasse desculpas peos crimes de guerra japoneses na II Guerra Mundial, não se deixou ficar refém da chantagem psicológica, hipócrita e oportunista da China e da Coreia do Sul.

Shinzo Abe é o novo Primeiro-Ministro do Japão. Era o Secretário do Governo de Koizumi e tem fama (e proveito) de ser nacionalista e reformador. Dele se espera que prossiga e aprofunde as reformas económicas e políticas que devolvam ao Japão a pujança de há 20 anos atrás. Deseja-se, também, que seja bem sucedido a implementar as emendas à Constituição Japonesa, que permitam que o mundo livre possa contar com um poderoso e activo aliado numa área do globo em que os perigos e as ameaças, latentes e patentes, são de primeira grandeza.


























Junichiro Koizumi (Primeiro-Ministro do Japão,  2001/2006
)

10 outubro, 2006

The Big Small Bang

THE BIG SMALL BANG
 
 Se bem  o disse, melhor o fez: a Coreia do Norte de Kim Jong Il, declarou que ia realizar um teste nuclear, e no dia 9 de Outubro, fê-lo. Assim, tornou-se a 9ª potência nuclear do planeta.


Embora o Bang Norte-Coreano não tenha sido exactamente small para uma explosão nuclear normal, o efeito político-diplomático no mundo inteiro foi really big.

A realidade é que não se tratou de nada surpreendente e veio na sequência do anúncio feito em Fevereiro de que a Coreia do Norte se tinha tornado uma potência nuclear e dos testes com mísseis balísticos realizados em Julho. E não é surpreendente, porque Pyongyang, especialmente desde 1994, vem demonstrando um comportamento errático, imprevisível e pouco permeável a pressões externas.

Portanto, vir hoje pedir o reatamento das “Six Party Talks” (conversações envolvendo os EUA, a China, o Japão, a Rússia, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte) é ignorar a desagradável realidade de a Coreia do Norte ter passado os últimos anos a jogar com o tempo, com a cumplicidade de Pequim, com o medo de Seoul e com a passividade das outras potências, protelando negociações, recebendo ajuda energética e alimentar e dando promessas vazias em troca. De quando em vez o dito “Querido Líder” amua e faz um número deste género (lembre-se o míssil que sobrevoou o Japão em 1998).

É óbvio que conversar com os camaradas de Pyongyang é um número estafado e que vale zero. É claro para mim, que eles percebem melhor os actos do que as palavras, como percebem que a China e a Coreia do Sul os criticam, mas mantém-nos ligados à máquina, como percebem que os EUA estão demasiados ocupados do outro lado da Ásia, como sabem que a Rússia não está preocupada com o assunto e sabem que o Japão está, mas não pode fazer grande coisa sobre isso.

E agora? Agora, passado o espalhafato do choque, da surpresa e das condenações palavrosas, é altura de o Conselho de Segurança da ONU impor sanções duras contra a Coreia do Norte.

E isso vai acontecer? É claro que não. A China e a Coreia do Sul e até a Rússia, vão fazer tudo para que o menino Kim não tenha mais que um puxão de orelhas.

E depois? Bem, depois, quando o menino Kim ficar aborrecido outra vez, vai tentar brincar com coisas perigosas novamente.

Solução? Apresentar uma frente unida dos 5 países supra-mencionados mais o Reino Unido e a França para impor medidas duras que ponham Kim Il Sung entre a espada e a parede e fazê-lo escolher. Assim, pelo menos, somos “nós” a escolher o tempo e o modo.

Como já vimos, tal não vai acontecer, e portanto o menino Kim provavelmente terá a possibilidade de escolher o timing do seu apocalipse.

06 outubro, 2006

A Importância da NATO no Afeganistão

A IMPORTÂNCIA DA NATO
NO AFEGANISTÃO


Parece ter passado um pouco desapercebido em Portugal um evento muito significativo que ocorreu esta semana: o alargamento do âmbito, das responsabilidades e do contingente da NATO no Afeganistão.

Ao número já impressionante de 31.000 soldados, soma-se o facto histórico da integração de 8.000 tropas dos EUA na ISAF (designação da força sob comando da NATO), colocando pela primeira vez desde 1945, tropas norte-americanas sob comando estrangeiro, no caso, do General David Richards do Reino Unido.

Já no mês passado, salientei noutro post (“Portugal no Afeganistão” de 17/09/06) a importância vital de que se reveste para o Ocidente e para a NATO, a missão que está a ser levada a cabo no Afeganistão. Na altura, critiquei o facto de Portugal ter optado por enviar tropas para o Líbano, em prejuízo de um reforço do nosso contingente na ISAF.

A incorporação de tropas dos EUA na força da NATO (permanecem 8.000 sob comando norte-americano em missões anti-terroristas, de treino do exército afegão e de caça a Bin Laden e comandita), representa uma valiosa e significativa aposta de Washington, não só na vitória definitiva no Afeganistão, mas também no interesse e valor estratégico, político e militar da Aliança Atlântica.

Seria bom que muitos países europeus, especialmente os que não quiseram colaborar no Iraque, que torceram o nariz ao Líbano e que preferem o conforto relativo das missões nos Balcãs (no século XXI), despertassem para a realidade do Afeganistão, onde se joga o futuro do país e muito do sucesso da luta contra o terrorismo e o tráfico de droga e muito, também, do futuro da NATO.

05 outubro, 2006

Bandeiras do Reino de Portugal

BANDEIRAS DO REINO DE PORTUGAL
Bandeira de Portugal (1128-1185)



Bandeira de Portugal (1385-1481)


Bandeira de Portugal (1834-1910)