DESCUBRA AS DIFERENÇAS
Facto: centenas de milhares, a Encliclopédia Britânica estima em cerca de 600.000, o número de Arménios que morreram em 1915, em plena I Guerra Mundial, no que era então o Império Otomano.
A Arménia defende que foram mortos 1.500.000 de Arménios no que constituiria um genocídio perpetrado pelos Otomanos.
A Turquia considera que o número de mortes foi na ordem dos 300.000 e que tal aconteceu num contexto de guerra, lutas intestinas, doença e fome, agravadas pela desordem do colapso do velho Império Otomano.
Posto isto, descubra as diferenças:
Na Turquia é crime punível com prisão aludir à existência de um genocídio arménio às mãos dos Turcos.
Em França, a negação do genocídio arménio (reconhecido como tal por Paris) é crime punível com multa e prisão.
Senão descobrir nenhuma diferença relevante pode concluir que:
a) A intolerância é a mesma e portanto a distância da Île de France à Anatólia não é tão grande como se pensaria.
b) Que ambos podem estar na União Europeia.
c) Que nenhum dos dois devia pertencer à UE.
d) Que os governos de Paris e Ankara deviam ter mais que fazer do que se entreter com estas coisas.
A Arménia defende que foram mortos 1.500.000 de Arménios no que constituiria um genocídio perpetrado pelos Otomanos.
A Turquia considera que o número de mortes foi na ordem dos 300.000 e que tal aconteceu num contexto de guerra, lutas intestinas, doença e fome, agravadas pela desordem do colapso do velho Império Otomano.
Posto isto, descubra as diferenças:
Na Turquia é crime punível com prisão aludir à existência de um genocídio arménio às mãos dos Turcos.
Em França, a negação do genocídio arménio (reconhecido como tal por Paris) é crime punível com multa e prisão.
Senão descobrir nenhuma diferença relevante pode concluir que:
a) A intolerância é a mesma e portanto a distância da Île de France à Anatólia não é tão grande como se pensaria.
b) Que ambos podem estar na União Europeia.
c) Que nenhum dos dois devia pertencer à UE.
d) Que os governos de Paris e Ankara deviam ter mais que fazer do que se entreter com estas coisas.
P.S. Quem tiver a melhor resposta ganha um croissant ou um kebab, conforme a preferência.
22 comentários:
Well! This is a provocation, Sir!
Sr. Rui Miguel Ribeiro: Cada item da lista das respostas possíveis, constituí uma provocação! Talvez seja o que pretende neste novo tema, e se o objectivo é o de provocar a reflexão vale a pena responder. De qualquer maneira este tema entra bem no quadro dos "Tempos Interessantes" e é de actualidade.
O Genocídio dos Judeus foi a obra do Nazismo. Ele foi perpetrado pelos filhos do pais de Goete, Schiller, Beethoven, Mozart, e tantos outros.
Perdoou-se à Alemanha, mas não se deve nem pode esquecer. Como disse Elie Wiesel " o dever de memória" !
A Alemanha sendo um pilar importante da construção europeia, não se podia nem devia agir doutra maneira. E também não seria justo de fazer pagar à geração actual os crimes da geração precedente.
Mas o anti-semitismo é punido de prisão e multa nos EUA, em França, e não sei se noutros países. Em França, houve intelectuais expulsos das Universidades, e punidos pela lei, por 'negacionismo' . Seria isto "INTOLERÂNCIA" ?.
Mas houve tantos outros genocídios: Staline, Pol Pot, Uganda, etc.etc.
E houve também o Genocídio Arménio, perpetrado pelos Turcos. Foi meio milhão ? Um milhão? Um milhão e meio? ? Que importa, foram muitos demais, nem que fossem só mil.
Negar este crime é portanto um outro crime contra a civilização. INTOLERÂNCIA ?. Não é.
O problema com este genocídio é que certas forças político-económicas fazem pressão para que a Turquia entre na EU e que se esqueçam
as responsabilidades deste crime contra a humanidade.
Este pais, que não só não reconheceu Chipre como membro da EU, que mantém usos e costumes na sociedade incompatíveis com os direitos dos cidadãos segundo o padrão dos valores da EU e do mundo livre, considera que o estatuto de membro da NATO e de aliado dos EUA ( recordar o apelo de Bush em favor da admissão os olhos fechados!) é suficientemente abonatório para integrar a EU passando por cima destes valores.
Bom, isto, sem pensar na situação da Europa (já o disse noutro 'post') que teria uma fronteira com a Síria e o Iraque se a Turquia fizesse parte da UE.
Sr. Rui Miguel Ribeiro: eu ainda prefiro comer um croissant em Île de France e um kebab em Marselha, e porque não em Guimarães, que ter os Turcos como vizinhos, pelo menos até que eles admitam que as nossas sociedades ainda estão longe de poder viver "together"!
Meu caro,eu fico-me pelos pasteis de Belém !
Sobre os franceses,essa raça arrogante e vaidosa,já sabes o que penso.
sobre a Turquia e os turcos acho uma perfeita aberração inclui-los na União Europeia nos proximos cinquenta anos.
De facto,e em bom rigor,eles não tem nada a ver connosco.
E,assunto para discussao mais alargada,a U.E. também tem de ter limites em numero de paises membros,de orientações e objectivos.
Sob pena de uma total descaracterização e da perda dos seus principios norteadores.
Sr. Luís Cirilo
Eu também gosto dos pasteis de Belém. E estamos de acordo sobre o resto. Mas diga-me por favor o que é que justifica a raiva mal contida contra os Franceses, pais escolhido por um milhão de Portugueses como segunda Pátria, e na qual eles são muito considerados e perfeitamente integrados ? Ao contrário dos próprios Árabes , Franceses ou não, em França e dos Turcos na Alemanha. Será por causa das esperanças perdidas , duas vezes, contra o Zidane?
Se assim for , então o futebol não seria mais um desporto mas antes um "casus belli" entre as nações!
Ainda assim, entendo que os franceses, neste caso, têm mais razão do que os turcos, cuja adesão à UE só veria como medida pragmática para evitar originalidades corânicas, às nossas portas (o que acaba por ser uma falácia, já que a entrada para a UE passaria, aí sim, a confinar com a balbúrdia adjacente à Turquia).
Quanto aos franceses, embora mais certos do que os turcos, têm a incontornável mania de julgarem o alfa e o ómega da política internacional, mesmo quando não há dados sobra a sua relevância real que apoiem tal arrogância.
Por mim, começava por acabar com escândalo da PAC, para baixarem a crista.
Bom, nao sei qual é o valor do chèque que Portugal recebe, mas sei que os chèques mais chorudos vao para a Rainha de Inglaterra e para o Principe de Monaco, grande proprietario de terras de França. E os 20 maiores produtores de França levam quase dois terços do chèque francês, creio.
Também sei que a PAC custa caro à UE: 45% das despesas orçamentais. Mas como o orçamento da PAC corresponde a 1% da IVA + 1% do PNB cumunitario, e que a PAC é a unica "coisa" politica que funciona na UE...nao vamos mandà-la para o ar!
Mas as subvençoes também existem fora da UE:- 280$/habitante na UE, 346 nos EUA, 467 no Japao, 650 na Suiça, 531 na Noruega, etc,etc.
Emfim graças à PAC, Sr. Gonçalo, a Europa é autosuficiente e é o 2° exportador de produtos agricolas no mundo.
Mas também estou de acordo que seria certamente muito importante de subvencionar melhor o sistema ERASMUS, que dar tanto dinheiro à Rainha deInglaterra e ao Principe de Monaco! assim como aos grandes cerealeiros franceses...e outros.
Yes, I admit it is a bit of a provocation. Mas não é apenas isso. Pretendia, fundamentalmente, demonstrar que os critérios que os Franceses aplicam aos Turcos, não são os mesmos que aplicam a eles próprios. E esta nova norma tem motivações políticas evidentes que nada têm a ver com os Arménios, mas sim com a colocação de novos obstáculos à adesão da Turquia, o que é manifestamente incorrecto. Eu sei que os estimados comentadores são todos contra a adesão da Turquia à UE, mas isso não permite que se brinque com os Turcos.
Finalmente, não se pode comparar o inaceitável extermínio de Arménios num ambiente de desagregação do Império Otomano (entidade política que já não existe), provavelmente executado maioritariamente por irregulares, com o planeado, premeditado e disciplinado Holocausto nazi. E como diz o Sr. Freitas Pereira, há a habitual prática dos dois pesos e duas medidas.
Finalmente, eu também não gosto dos Franceses. Não por causa das marradas do Zidane, mas na linha do Gonçalo: chauvinistas ao extremo, arrogantes e petulantes, pretendendo uma importância que a realidade não comprova.
A primeira reacção de que me recordo em relação à França e aos outros países europeus, foi nas velhas escolas de Guimarães, quando li o desastre da ponte das barcas, no Porto, e a violação do túmulo de Inês de Castro, pelas hordas napoleonicas. Detestei nesse momento esses estrangeiros que tinham invadido a minha Pátria, levada para essa situação pela política dos blocos que imperava nessa altura na Europa.
Quando Junot se foi embora, li que foi necessário pegar nas armas outra vez, mas para lutar contra os soldados de Wellesley e Bedford, que tinham vido ajudar-nos mas não queriam voltar para casa! Sonhei de transformar-me no "Magriço" da historia para os pôr lá fora... se tivesse vivido nessa época.
Bom , mais tarde, compreendi que as relações internacionais são dependentes dos interesses do momento, e que a apreciação que se faz dum povo deve ter em conta estes interesses , sem presumir das qualidades e defeitos dos indivíduos em si.
Porque os interesses nacionais são defendidos pela classe política no poder, acontece que estes interesses não correspondem , por vezes, aos interesses reais do povo. E quando o poder político muda de mão, a política por vezes também muda.
Assim, hoje, a maioria do povo americano condena a política estrangeira do seu governo. A maioria do povo inglês condena a política estrangeira de Blair. E a condenação desta política aproxima-se.
Eu condeno os políticos de Washington e o morador do 10 ,de Downing Street, pelo grande prejuízo moral e material que infligiram aos países deles, que não mereciam, porque são duas grandes democracias, de que o mundo tem necessidade.
Mas eu não condeno os povos em si, que têm grandes qualidades que eu aprecio. Claro que os povos têm características próprias, legadas pela historia. E que nos agradem ou não, eles conservam, talvez "malgré eux", essas características que ...os caracterizam.
Acontece que vivi nos EUA, na Inglaterra, na Alemanha e na França, onde dirigi filiais duma grande multinacional. Os meus subordinados eram muito diferentes, o que me levou a adaptar a minha atitude segundo as reacções humanas de cada nacionalidade.
Quando leio o termo "arrogância " no dicionário, este diz-"Arrogância " = "Altivez", "Presunção" . Esta característica encontrei-a , é verdade, nos Franceses, mas também em muitos Americanos . Estes porque são os mais poderosos e os Franceses porque são uma velha civilização, uma grande cultura, uma grande Historia e um pais maravilhoso para viver.
E eles sabem disso. 100.000 Britânicos deixaram o pais deles para se instalarem em França. 25% pensam emigrar no futuro para viver em França, 35% na Espanha e 5% ...em Portugal. Leiam por favor o estudo da ICM (organismo inglês).
Chauvinistas ? Claro, pelas mesmas razoes. Mas se pego na definição de "Chauvin"= Patriota", então não há mais patriota que o Americano, característica que admiro.
A falta de cultura dos Americanos é normal para um pais tão jovem. A violência que impera nos EUA é normal quando se conhece como nasceu o pais:- pela exterminação dum povo.
A "suficiência" dos Ingleses , povo único acima dos restantes e que não se mistura facilmente , é normal para um pais que tinha a divisa "Rule Britânia".
Em conclusão, sejamos europeus e que o pais que é o 3° fornecedor/cliente de Portugal, 15%, depois da Alemanha 16%, e da Espanha-quase 40%, seja visto como um parceiro que investiu criando 400 empresas e participa ao pagamento de 3 biliões de euros por ano, desde há 15 anos, para ajudar a modernizar o nosso pais, que bem precisa.
Quanto à influência política e diplomática da França no mundo, à qual não corresponde, como diz o Sr. Gonçalo e o Sr.Rui Miguel RIbeiro, o seu poder económico, é uma velha historia que data do fim da ultima guerra. Numa Europa devastada, com uma Itália manchada pelo fascismo e devastada também, uma Alemanha devastada e sem estruturas políticas, e uma Inglaterra que continuava a tratar as suas feridas e a ..olhar para o Oeste, em vez de olhar para o continente, a França, que escapou, graças a Churchill, a ser governada por um General Americano, e desarmada (só a gendarmerie e a Policia, dizia Eisenhower), resolveu ser independente para o futuro. E deu-se os meios para o ser. O SHAPE de Fontainebleau foi para a Bélgica(?) , a NATO ficou sem um parceiro, o que não foi, a meu ver, uma boa decisão, e a partir da ideia de Konrad Adenauer e De Gaulle trabalhou para criar a Europa de hoje. Mas estamos longe da Europa política, hèlas.
A infeliz historia do Iraque veio consolidar essa imagem de independência. Mas hoje, 80% dos Americanos dizem que a França tinha razão e que foi pena que a arrogância de Washington não impedisse a guerra. E que o digam os 2500 GI's e as centenas de milhares de mortos iraquianos.
Please, Gentlemen, just a few words:
A imagem internacional duma Nação nao é só a economia. O aspecto moral conta.
Deixemos de lado as noções de Liberdade, Fraternidade e Igualdade, os Direitos do Homem, a Justiça, a distribuição das riquezas duma maneira mais justa, a solidariedade, nao porque nao são noções essenciais, mas porque os perigos corridos pela Humanidade são diversos hoje. O Terrorismo, a Poluição geral do planeta, o desperdício dos recursos do planeta, etc,etc.
Mas quando a França, pela voz de J. Chirac, que me desagrada como político e como cidadão, mas que respeito como Chefe de Estado duma Nação, a França, vai a Joahannesburgo e diz- "A nossa casa (o planeta) está a arder e nos ficamos a olhar para o incêndio, referindo-se à poluição, ao desperdício da energia, etc.
Ele tinha razão.
Al Gore confirmou recentemente este perigo. Blair encomendou "a report" que diz a mesma coisa. Só que Blair deve agora vender o "report" ao seu amigo George, que nao aceitou Kyoto, enquanto os meus antigos clientes de Detroit continuam a fabricar os "4 x wheel drive", terríveis consumidores de petróleo e poluidores de primeira, sem pensar nas fabricas de Pensylvania que , muitas, nao utilizam as ultimas técnicas de despoluiçao dos fumos.
Claro, o Governador da Califórnia , o grande Arnold, compreendeu que num estado de 45 milhões de habitantes e 45 milhões de automóveis o problema é sério. Baste aterrar em L.A. para o notar.
Quando a França pede uma contribuição para ajudar os Africanos a combater a SIDA, e que os Laboratórios se encolhem, nao querendo que lhes toquem nas patentes, nao me parece que a França abuse.
A acção da França no Líbano, no Afeganistão estão conformes. Mas a sua posição em relação ao problema Palestino/Israelita, é diferente da dos EUA.
Creio sinceramente que é esta atitude nao conformista dos Franceses que irrita os Anglo-Saxonicos e dão dela a imagem que descreveram.
Sr. Freitas Pereira: Em todos os países se encontram boas e más pessoas e características dominantes melhores ou piores. Eu admiro, sob muitos aspectos, os Anglo-Saxónicos e confesso que os seus argumentos, que respeito, não fazem aumentar o meu capital de simpatia pela França. E francamente, quando critica Blair e Bush, especialmente aquele que é porventura o o único líder europeu de grande estatura que resta, e elogia o incompetente e inconsequente Chirac, que jogou fora uma maioria parlamentar por gula (e falta de juízo político), que dis e desdiz com espantosa facilidade, que se arroga o direito de repreender a Polónia, a Rep. Checa e a Hungria em tom de mestre de escola, que contribuiu para a relativa estagnação económica da França ao colaborar e patrocinar políticas proteccionistas e ao temer a implementação de reformas na área económica e laboral, que envia tropas para o Afeganistão com rules of engagement tão estritas que as torna quase inúteis para missões mais exigentes do que o mero patrulhamento, confesso que me deixa chocado.
No que concerne aquilo que designa por "Não conformismo", eu chamr-lhe-ia complexo histórico e disfarce de impotência.
Senhor Rui Miguel Ribeiro
Eu também não aprecio o político Chirac e ainda menos as declarações inaceitáveis para os países recentemente admitidos na UE.
Mas para mim, Chirac não é a França, nem o Povo Françês, da mesma maneira que G.Bush não é a América nem os Americanos , que aprecio.
E nao se pode condenar todo um Povo por causa dum politico ou da politica dos seus governantes. Porque os governantes passam, mas o Povo é eterno.
Mas como o Senhor muito bem disse há já algum tempo, os governantes defendem os interesses dos países que representam.
Senhor Rui Miguel Ribeiro
Se me permite, volto ao "post" precedente. Não pretendo convencê-lo da justeza da minha opinião - sou absolutamente tolerante e respeito as opiniões contrarias- em relação à simpatia ou antipatia que nos merece um povo, qualquer que ele seja, a partir da acção política dos dirigentes e, sem duvida, do nível de honestidade e moralidade que os caracterizam.
Procuro apenas compreender o mecanismo intelectual que leva alguém como o Senhor, que aprendi a apreciar ao fio dos comentários, não só pelo estilo e a estrema correcção, como e sobretudo, pela profundeza profissional da analise.
Estudei durante anos( um hobby !) a acção de alguns homens políticos europeus , e não só, de quem dependeu a paz e a guerra neste mundo, e cheguei sempre à conclusão, que ,em muitos casos , a reflexão que os levou a uma decisão com resultados trágicos ou com resultados positivos para a humanidade, mas por vezes trágicos também, dependeram de circunstâncias independentes da personalidade dos indivíduos.
Quero dizer com isto, que por vezes, a pressão exterior, na maneira como foi suportada, teve uma incidência enorme na decisão tomada.
Os historiadores é que fazem depois a historia a partir duma optica propria, dando maior ou menor importância a certos detalhes. Esta liberdade de analise é certamente necessària, mas nem sempre coincide com a opiniao dos leitores.
Assim, por exemplo, alguém que me deixou um travo amargo na minha consciência de europeu, foram Neville Chamberlain e Edouard Daladier. O primeiro, ainda mais pacifista que o segundo, que procurava ganhar tempo para poder rearmar o seu pais, estava convencido que em "vendendo" a Tchécoeslovàquia a Hitler, a paz estava salva 'for longtime.
Todos viram o "bocado de papel" assinado por Hitler, nas mãos de Chamberlain! quando este era ovacionado pela multidão no aeroporto de Londres.
Foi preciso a invasão da Polónia para lhe abrir os olhos; mas já era tarde demais.
No regresso de Munique,o segundo, Daladier, ao ser ovacionado pela multidão no aeroporto de Paris, esboçou um sorriso triste e disse, sob capa : Ah les cons ! (desculpe "la grossiéreté", mas é histórico).
A pressão de que falava mais acima era aquela dos povos Inglês e Francês que , saindo duma guerra 20 anos atrás, não queriam mais uma. Os movimentos pacíficos tiveram uma influência capital.
E ,portanto, estes políticos cometeram um erro terrível que custaria muito caro logo a seguir a esta viagem vergonhosa de Munique.
Este facto deixou uma nódoa na historia pessoal dos homens políticos em questão. Mas os dois Povos Britânico e Francês não podem ser julgados culpados pela Historia.
De Gaulle , na Argélia, quando promete aos "pieds noirs" Franceses uma grande compreensão do problema deles, ao lançar o famoso "Je vous ai compris"!, sabia que iria fazer o contrario, porque a descolonisaçao estava em marcha. Ele mentiu, para o bem dos Franceses e dos Argelinos.
As circunstâncias da retirada é um outro sujeito, que nos conhecemos bem em Portugal. Mal executada ? Sem duvida.
A França não pode ser culpada da acção do seu Chefe. De qualquer maneira "que faire"? Continuar a guerra colonial ?
Kennedy e Kroutchev , no caso de Cuba, tiveram a catástrofe nuclear nas mãos deles. A inteligência de Kennedy permitiu de evitar o desastre.
Louvamos a acção de Kennedy, neste caso, mas julgàmo-lo severamente quando autorizou o desembarque da baia dos porcos! Duas decisões , dois julgamentos diferentes. Mas sem culpabilizar o Povo Americano.
Quando Richard Nixon decide de enviar Kissinger preparar o terreno na China, para um eventual reconhecimento do governo comunista de Mao, são os altos interesses dos EUA que ele defende, apesar da aversão profunda entre os dois homens e os dois países.
O facto do "Watergate" destruiu a imagem do homem político , mas ninguém culpou o Povo Americano.
Ao olhar para a foto dos Açores, com os quatro políticos reunidos, (faltava Berlusconi!) não posso deixar de pensar no destino de Aznar, que os Espanhóis puseram fora duma maneira mais que brutal, de Berlusconi que arrisca a prisão e que é julgado neste momento, em Blair que a maioria do seu Povo deseja que ele se vá embora, (estava previsto, eu sei,) de Bush a quem a maioria do Povo Americano retirou a confiança duma maneira impressionante.
Não penso que seja justo de julgar severamente o Povo Espanhol, Inglês, Americano, Italiano, pelos erros ou desvios da verdade, cometidos por estes dirigentes.
Da mesma maneira, Chirac será julgado pelos tribunais quando for simples cidadão. Mas A França e os Franceses não podem ser os culpados.
Sr. Freitas Pereira: Agradeço-lhe a bondade dos seus elogios. É muita simpatia sua.
É uma realidade que as decisões dos governantes e as suas idiossincrasias não têm que ser associadas necessariamente ao povo que eles conjunturalmente representam/governam. Assim, os Alemães não são como Hitler, os Russos (ou os Georgianos) não são como Staline, nem os Chineses como Mao, etc, etc.
Não obstante, muitas vezes, líderes desastrosos tiveram grande acolhimento e apoio junto das respectivas populações. É o Sr. mesmo que recorda as apoteóticas recepções aos cobardes de Munique em 1938.
Reconheço que isto de ter simpatia ou aversão por povos e países tem, muitas vezes,uma carga subjectiva muito grande, mais marcada pelas emoções do que pela razão.
Não será, portanto, fácil explicar-lhe porque não nutro simpatia pela França (o que não significa que não goste de ir a França, ou que não possa ter boas relações pessoais com Franceses). Mesmo assim vou tentar:
* A sua desmesurada arrogância e desproporcionado sentido de auto-importância patente, por exemplo, na forma como se arrogam o direito de falar em nome da Europa, como se estivessemos em 1810.
* A sua ingratidão e complexo de inferioridade perante os EUA e o Reino Unido, que os libertaram do jugo nazi na II Guerra Mundial. De Gaulle, em particular, parecia guardar rancor e ressentimento (seria vergonha?) àqueles que o salvaram, acolheram e libertaram o país e ainda lhes fizeram a cortesia de deixar a brigada de carros de combate do General Leclerc ser a primeira a entrar em Paris.
* Apresentam-se como uma grande potência, depois de terem sido sovados em guerras sucessivas e ainda tiveram a sorte de serem incluídos no lote dos vencedores da II Guerra, com direito a ocupar uma parte da Alemanha, depois de esta ter marchado sob o Arco do triunfo em Junho de 1940. Grande vitória! O lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU foi outro brinde.
* Genericamente, na política externa, na política de defesa, nas posições sobre a UE, as mais das vezes estou em desacordo com a França.
* Outro exemplo de arrogância despropositada: para além do já referido raspanete de Chirac em 2003, lembro que a França chegou a defender a expulsão da Dinamarca da CE quando os Dinamarqueses disseram não a Maastricht; não me lembro de alvitrarem a sua própria saída depois do seu próprio não do ano passado.
* Adoptam uma postura hipócrita de rejeição do que é Norte-Americano e da anglofonia, como sendo culturalmente inferior, mas não deixam de consumir música, cinema e fast-food anglo-saxónica.
* São, historicamente, o país que mais vezes tentou alcançar a hegemonia sobre a Europa, nem que fosse com o pretexto de divulgar a "Liberté, Égalité et Fraternité".
Pode, no entanto, estar descansado que, sempre que achar que a França actuou bem, também o admito sem problemas.
P.S. ao anterior comment: Para ter uma pequena ideia das minhas preferências, sugiro que veja o post de 05/06/06, intitulado "Campeonato do Mundo Alemanha/2006 - 1- Introdução", ainda do tempo em que o Blog se chamava "Rosa-Laranja". Embora se reporte ao futebol, poderá dar-lhe uma melhor ideia das minhas preferências. O link é: http://tempos-interessantes.blogspot.com/2006/06/campeonato-do-mundo-alemanha-2006-1.html
Sr. Rui Miguel Ribeiro :
Ab imo pectore !
Creio que não podia ser mais franco. Compreendi, tanto mais que podemos estar de acordo sobre certos factos históricos que cita. Mas não esqueço, que apesar do apoio massiço dos Italianos a Mussolini, não deixo de ter uma simpatia particular por este Povo e pelo pais, que visito frequentemente.
Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa : detesto o 'fast food' ! Prefiro a cozinha Francesa, Portuguesa e Chinesa !
Quanto às suas previsões futebolísticas tinham-me impressionado, pois tinha lido este post na altura.
E a apreciação da equipa Francesa, extremamente correcta.
Eu tinha escolhido a da Argentina!
Sr. Rui Miguel Ribeiro
Acho que pelo menos dois parágrafos do seu comentário precedente merecem, pelo seu interesse, o seguinte comentário:-
1°- Aversão da França e dos Franceses:
Não me recordo se foi Scott-Fitzgerald ou James Joyce que escreveu: ' O Povo Francês é talvez o único na Europa que provoca os sentimentos mais contraditórios, mas todos sempre caracterizados pela exageração". Ele queria dizer que " se detesta , se gosta ou se ignora profundamente!
Mas eu creio que foi James Joyce, portanto o mesmo , que nascido em Dublin, residiu e estudou em Paris , onde , dizia ele, " os intelectuais do mundo inteiro vinham aperfeiçoar o espirito ". E verdade que Eça e tantos outros lá passaram.
Ele também dizia que, como Irlandês , sentia mais afinidades com a Espanha, a França e a Itália que para com a Inglaterra, que considerava como um pais estrangeiro com o qual não havia mesmo a comunidade da língua!
E portanto, a sua obra literária foi escrita em Inglês que é a língua da Irlanda moderna e a dos EUA.
Vê-se bem que era catolico e foi aluno duma escola jesuíta, e que isso explica talvez o que precede.
2°- Construção da Europa:
Quando em 1990 a filha do merceeiro de Grantham, Ms. Thatcher, Primeiro Ministro de Sua Majestade, foi empurrada para a demissão, após varias manobras subalternas daqueles que no interior do seu partido a acusavam de atitude negativa e agressiva em relação à construção europeia, ela, que dizia aos seus amigos que aprendeu mais na mercearia de seus Pais que nos livros de economia, soube modernizar a economia do seu pais e deixar uma imagem de tenacidade em todos os problemas que teve para resolver. E foram muitos, incluindo a guerra.
Quando em Maastricht o RU recusou a Europa Social , depois de ter recusado o Euro, o R.U. é visto por muitos europeus como o menos "europeu" da comunidade .
Curiosamente é a França que é acusada de todos os males e agora que o motor franco-alemão está em pane, por causa do "Não" francês e holandês àConstituiçao, não constatei nenhuma diligência ou iniciativa da parte do RU para criar um outro motor de substituição, por ex. anglo-alemão ou anglo-alemão-italiano ou espanhol.
E nao creio na motivaçao do sucessor de Blair para activar o que quer que seja.
E portanto sabemos todos que sem um eixo forte não poderemos relançar o problema da Constituição Europeia e muito menos de construir os outros pilares da União: política estrangeira e de defesa, segurança e justiça.
E francamente, apôs Delors, que foi um incansável promotor da Europa, e um Prodi que aparentemente não deixou muitos sentimentos de pesar em Bruxelas , não vejo o nosso compatriota, que é visceralmente anti-Francês, capaz ou desejoso de excitar um novo motor qualquer .
A não ser que Ségolène ou Sarkozy tragam um ar mais fresco. Wait and see...
Continuo, por favor:
3°- O voto do ano passado sobre a Constituição:
Tem de admitir que a natureza deste voto - aceitação ou não da Constituição - mal ensinada aos Povos, não tem nada a ver com o voto de Maastricht, tratado que abrangia tanto a União Monetária e Económica que a União Política.
Recusar a Constituição, que se pode lamentar, não tem as mesma consequências que recusar Maastricht. Logo, não havia razão de sair da UE após o fracasso do referendum sobre a Constituição.
As reticências Britânicas em Maastricht em relação ao programa de "relance" da construção europeia, que obrigou os outros Estados a serem mais razoáveis nos objectivos, retirou alguma coisa do valor deste tratado. Mas foi melhor assim que explodir aquilo que já estava adquirido. Pelo menos foi assim que compreendi o "compromisso"!
4° A excepção cultural Francesa.
Sr. Rui Miguel Ribeiro: Pode crer que este combate de "arrière-garde" dos Franceses na defesa da língua e da cultura deles, merece todo o meu respeito. Eu, que durante mais de 30 anos fui obrigado a falar outras línguas, que nao a minha, da minha infância, por razoes profissionais no estrangeiro, ( na verdade só há três ou quatro anos é que a pratico (escrita) mais frequentemente, já que nao a falo em minha casa, minha Esposa sendo estrangeira,), fico por vezes revoltado quando vejo a influência da "língua" Portuguesa falada no Brasil, em Portugal. Tenho por vezes a impressão que são os Portugueses que se alinham à língua "Portuguesa" do Brasil e nao o contrario. Mas também posso estar errado.
A gente do Quebeque, ao contrario, são os depositários da língua Francesa original, e nao a França. Mas isso compreende-se quando se conhece a historia do Canada e dos sobreviventes do "grand dérangement" i.e., - a colonização Inglesa - , que os obrigou a falar Inglês e ser protestantes ou.. sair.
Mas o Inglês sendo hoje a língua universal da tecnologia, é normal que ela seja ensinada em todas as escolas, como nos países escandinavos, na mais tenra idade.
Mas, creio, que quando um pais possui ainda uma industria cinematográfica de qualidade, que pretende defender contra os gigantes de Hollywood, (onde está a Italiana, outrora tão influente no tempo de Visconti, De Sica, Pasolini, Rosselini, Fellini et Rosi , etc ?), uma Literatura de primeiro plano, entre as mais ricas do mundo, tradições seculares nas regras do bem viver, enfim, uma Cultura do nível da sua, como é que nao se possa conceber que os Franceses procurem resistir à vaga planetária precisamente da cultura Americana, cultura que hoje é tão influente que ela ultrapassa o poder de influência dos próprios governos por esse mundo fora, através do cinema, da musica, dos livros, dos jogos electrónicos, e da "gastronomia"(?)!...
Isto nao quer dizer que eu nao seja sensível à 'folk-music" , ao "jazz" e a muitas outras tendências musicais e literárias dos Anglo-Saxonicos.
Sr. Freitas Pereira: Não me espanta que Irlandeses tenham uma opinião pouco favorável sobre o Reino Unido (o mesmo se passa em Portugal em relação à Espanha, na Holanda e Dinamarca para com a Alemanha, ou na Polónia vis-à-vis a Rússia e a Alemanha). Gostava de lhe contrapor uma citação de Thomas Carlyle, escrita no "Times" em 1870 após a débacle da França de Napoleão III às mãos da Prússia: "Que a nobre, preserverante, sagaz, devota e sólida Alemanha se unisse finalmente numa só nação, tornando-se a Rainha do Continente, em lugar de uma frança soberba, presunçosa, gesticuladora, quezilenta e hipersusceptível, parece-me ser o facto público mais promissor que tenha ocorrido no meu tempo." É demasiado extremado, mas interessante.
Quanto à construção europeia, é verdade que o Reino Unido nunca foi o seu motor, será antes um (precioso) contra-vapor. Contudo, depois da eleição de Schroeder, Tony Blair tentou uma aproximação política e programática à Alemanha, para colocar Londres no centro da UE e reduzir a importância de Paris. Schroeder, como se veio a demonstrar não era uj parceiro fiável, o timing perdeu-se e hoje, é verdade, não há motor nenhum. Mas tendo em conta precipitações passadas, talvez não seja pior "ir a pé".
Sr. Freitas Pereira: Sobre o referendo de Maastricht não posso concordar consigo: então, tal como agora, o Tratado tinha de ser ratificado pela totalidade dos Estados-Membros. Um dos 12 recusou. Nada havia nos tratados europeus que permitisse a sua penalização e muito menos a expulsão. Recordo que os Franceses estiveram muito perto de chumbar o mesmo Tratado. Acredita que eles iriam propôr a dupla exclusão da França e da Dinamarca? É claro que não.
Cultura/Língua: A França tem toda a legitimidade de defender a sua língua e a sua (brilhante) herança cultural. Também acho que portugal o deve fazer. O que eu penso é que não é por meios impositivos que isso se faz. O que se passa é que a realidade do "mercado" pôs muito do que é francês na margem: veja quantos jovens aprendem o francês em Portugal comparando com o que se passava há 20 ou 25 anos atrás. No cinema e na música, as pessoas consomem o que preferem e a realidade é que há muito pouca gente a ver cinema francês e a ouvir música francesa.
Eu gosto de fast food (tento não abusar) e vou agora mesmo com o meu filhotes e dois amiguinhos ao McDonald's antes de irmos ver uns desenhos animados (made in USA) ao cinema. mas amanhã vamos (eu e o Afonso) a casa dos meu Pais comer rojões. E também gosto de cozinha italiana, francesa e, apesar da sua má reputação, de alguma cozinha inglesa.
Em Francês. Bon weekend!!! :-)
Nao tenho nada a acrescentar ao que escreveu, porque estou de acordo com quase tudo. A Prussia levou a Alemanha longe demais e pagamos caro. Mas a França era isso tudo sem duvida, nessa época.
Eu so tenho raiva duma coisa: dos rojoezinhos, que o Senhor vai comer! E que minha Esposa nao sabe fazer! Good appétit !.. Bonne fin de semaine, Monsieur Rui Miguel Ribeiro.
Sr. Freitas Pereira: Muito obrigado. Estavam efectivamente muito bons. Não resisto a deixar-lhe uma pequena citação que vi este fim-de-semana na "Jane's Security News Frief": "French hesitation bodes ill for UNIFIL II
Last summer's confusion regarding France's contribution to the expanded UN Interim Force in Lebanon (UNIFIL), which threatened to ridicule both French claims to international stature and UN credibility in the region, was analysed variously as yet another example of the dissonance between French rhetoric and actual power; as a case of a bureaucratic confusion between the country's diplomats and its military; or as a tactic to push the UN into revising the rules of engagement towards greater strategic leeway for UNIFIL troops."
Sr.Rui Miguel Ribeiro
Afim de lhe preservar a boa disposição para o tal almoço que lhe soube bem, (se houvesse desses petiscos no Mc Do até eu lá ia!) deixei ficar para hoje o seguinte comentário sobre Carlysle, que é talvez um pouco difícil a digerir!
Acontece que li dois ou três livros dele, dos quais o famoso "The French Revolution" . A decapitação de Robespierre é bastante estranha na maneira como foi "vista" por Carlysle. Mas reconheço que conheço melhor as obras do amigo dele , Edward Irving.
De Carlysle, nao era de esperar um elogio da França , quando se é um admirador de Frederico o Grande, o Rei Soldado (como Napoleao), o Déspota amável, sabendo que Carlysle era um grande admirador da Prussia e da cultura Alemã en geral, que ele estudou perfeitamente. Mesmo quando se sabe que a Prussia foi criada à custa da Áustria, da Polónia, da Silésia, e de todos os vizinhos e foi sem duvida o molde da grande Alemanha que Hitler poria em marcha anos mais tarde.
Aliás, a ultima obra literária lida por Hitler nos últimos dias do "bunker" , em Berlim, em 1945, era a biografia de Frederico da Prussia, escrita por...Carlysle.
Sem duvida um grande filosofo, que criou algum alvoroço quando defendeu a causa da escravatura como uma alternativa do capitalismo.
De facto, as ideias de Carlysle anunciavam a emergência do fascismo e do racismo, dos quais ele foi o promotor, no seu tempo.
Sartre considerou- o como " um agente eficaz do existencialismo " à reculons" !
A democracia , para Carlysle, era "Eleutheromania" ( Uma mania ou o zelo frenético da liberdade ).
Enfim, um filosofo que não deixou ninguém indiferente.
PS) Se um dia viajar para esses lados valeria a pena visitar " Le Palais Sanssoucis " ( O Palàcio sem Cuidados " ?) , de inspiraçao Francesa (como a Professora de Frederico !)
Sr. Rui Miguel Ribeiro
Creio que há dois países onde a política Francesa hesita sempre e onde a diplomacia nunca está à vontade :- A Argélia e o Líbano. O primeiro porque o antigo colonizador tem alguns remorsos e tem uma população de 5 milhões de muçulmanos em França ; e o segundo porque é uma "obra" da França, que a criou, autêntico mosaico de etnias e religiões, que vivem desde 1982 num equilíbrio precário. E que ameaça novamente guerra civil de um dia para o outro.
O Líbano, por outro lado, custou caro no passado ( 55 mortos num ataque suicida dos Heezbollah contra o Q.G. Francês em Beirute. (Os Americanos perderam mais de 100; também não quiseram lá voltar !). Ao síndroma da Somália para os Americanos, corresponde o síndroma do Líbano para os Franceses.
A diplomacia Francesa hesitou, é verdade.
Mas também compreendo que a FINUL recomposta não recebeu uma ordem de missão clara da ONU. Deve participar ao desarmamento do Heezbollah ? ou só o Exército Libanês é que o deve fazer ?. ( Sabendo que de qualquer maneira o Heezbollah não desarmará nunca.) Quem decide de utilizar as armas se os aviões israelitas passam no espaço aéreo Libanês ?
Interesso-me muito aos problemas de política internacional, mas não tenho nenhuma competência para fazer uma analise digna deste nome; mas tenho a impressão que o problema Libanês estará resolvido quando o problema Israel-Palestina o estiver. Esta é a verdadeira chave de todos os problemas do Médio Oriente, e a partir dai a solução para o vespeiro iraquiano no qual a América e os seus aliados se meteram.
Mesmo se devemos admitir que neste drama Libanês o principal perigo é de ordem conceptual : nao existe uma leitura comum dos acontecimentos, e que de uma certa maneira assistimos a uma guerra fria entre o Ocidente e o Islao. A Turquia e a visita do Papa acordam-nos de novo nesse sentido.
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