A IMPORTÂNCIA DA NATO
NO AFEGANISTÃO
NO AFEGANISTÃO
Parece ter passado um pouco desapercebido em Portugal um evento muito significativo que ocorreu esta semana: o alargamento do âmbito, das responsabilidades e do contingente da NATO no Afeganistão.
Ao número já impressionante de 31.000 soldados, soma-se o facto histórico da integração de 8.000 tropas dos EUA na ISAF (designação da força sob comando da NATO), colocando pela primeira vez desde 1945, tropas norte-americanas sob comando estrangeiro, no caso, do General David Richards do Reino Unido.
Já no mês passado, salientei noutro post (“Portugal no Afeganistão” de 17/09/06) a importância vital de que se reveste para o Ocidente e para a NATO, a missão que está a ser levada a cabo no Afeganistão. Na altura, critiquei o facto de Portugal ter optado por enviar tropas para o Líbano, em prejuízo de um reforço do nosso contingente na ISAF.
A incorporação de tropas dos EUA na força da NATO (permanecem 8.000 sob comando norte-americano em missões anti-terroristas, de treino do exército afegão e de caça a Bin Laden e comandita), representa uma valiosa e significativa aposta de Washington, não só na vitória definitiva no Afeganistão, mas também no interesse e valor estratégico, político e militar da Aliança Atlântica.
Seria bom que muitos países europeus, especialmente os que não quiseram colaborar no Iraque, que torceram o nariz ao Líbano e que preferem o conforto relativo das missões nos Balcãs (no século XXI), despertassem para a realidade do Afeganistão, onde se joga o futuro do país e muito do sucesso da luta contra o terrorismo e o tráfico de droga e muito, também, do futuro da NATO.
4 comentários:
Sr. Rui Miguel Ribeiro
Passei varias vezes pelo 'post' referente ao Afeganistão. Não ousei comentar, embora tivesse muito desejo de o fazer. Não o fiz porque tinha alguns preconceitos pelo facto que soldados Portugueses ai se encontram também, com os outros soldados da NATO, e não só, e porque o meu comentário é bastante pessimista, desde o inicio desta guerra contra o terrorismo. E que criticar a estratégia no Afeganistão podia ser considerado como uma traição moral.
O Senhor tem razão quando diz que é lá que se trava o combate primeiro contra o terrorismo. Por essa mesma razão, sempre considerei que os EUA e a NATO deviam ter concentrado todos os meios militares nesse pais, logo após o 9/11 , em vez de dispersarem esses esforços no Iraque. Eu creio que um dia, mesmo G.Bush e os seus conselheiros (maus) hão-de fazer um exame de consciência e chegarão à mesma conclusão..
Aqueles que decidiram de fazer esta guerra deviam ter lido Joseph Kessel antes de lá irem. Assim eles saberiam que os Afegaos são um povo indomável desde Alexandre o Grande.
Que esse mesmo povo venceu o exército soviético, apesar deste ter investido meios enormes para o dominar. E apesar da proximidade geográfica que, em principio , devia ajudar.
Sabemos todos que foram os EUA que criaram a resistência Afegao contra os soviéticos , que formaram, equiparam e armaram os Moudjahidine do Povo.
Quando estes chegaram a Kabul, e que os soviéticos tinham abandonando a partida, os Moudjahidine encontraram-se em frente dos extremistas Taliban.
Todos conhecemos o resultado do confronto: Os Moudjahidine regressaram as suas montanhas do Panchir. O Chefe Massoud tendo sido assassinado, esta força cessou de existir.
A chapa de chumbo caiu sobre Kabul, de novo.
A situação hoje é critica. O meios da NATO não são suficientes para dominar definitivamente os Taliban, que dominam de novo o Afeganistão ocidental. e criam instabilidade por toda a parte.
A JCMB que controla sob direcção da ONU as acções do governo de Kabul, é a primeira a avisar que a violência ameaça todos os ganhos verificados desde a intervenção do ocidente. Por outro lado as destruiçoes devido à guerra revoltam as pessoas, assim como a corrupção ancestral.
Aparentemente, fazem -se hoje ensaios de passagem do poder local aos chefes tradicionais, a velha geração, que poderiam negociar mais facilmente com os Taliban e que estes poderão obedecer aos "anfitriões" se os bombardeamentos cessarem. Mas há quem não esteja de acordo sobre tal estratégia, devido ao caracter fundamentalista dos Taliban.
Por conseguinte, apresentam-se duas opções para o futuro:
a) manter a pressão e levar os Taliban à derrota total e definitiva;
b) aceitar a presença dos Taliban nos distritos que eles controlam e onde os chefes tribais poderiam fazer-se obedecer.
Neste problema, a acção do Paquistão é essencial, porque sem a ajuda do Paquistão, desde há muito que os Taliban , não tendo ponto de apoio, teriam abandonado a partida.
Mas os $ dos EUA não chegam para compensar o tráfego da droga nos dois países! e muito deste dinheiro desaparece nas malhas da corrupção.
E quando os diplomatas ocidentais constatam em Kabul, que um dos principais factores d
Mas, enfim, na minha maneira de ver, esta será mais uma guerra sem fim. Nesta Ásia , onde tantas guerras " religiosas " continuam a fazer tantas vitimas, nos, ocidentais, pretendemos introduzir a Democracia, onde as tradições , a vida tribal e a religião imperam.
Guerra entre o Hinduismo e o Budismo (Sri Lanka);
Guerra entre o Cristianismo e o Islão;
Guerra entre o Hinduismo e o Islão;
Não sei se o Ocidente terá paciência e meios para ir até ao fim nesta cruzada da Democracia.
Sr. Rui Miguel Ribeiro
Passei varias vezes pelo 'post' referente ao Afeganistão. Não ousei comentar, embora tivesse muito desejo de o fazer. Não o fiz porque tinha alguns preconceitos pelo facto que soldados Portugueses ai se encontram também, com os outros soldados da NATO, e não só, e porque o meu comentário é bastante pessimista, desde o inicio desta guerra contra o terrorismo. E que criticar a estratégia no Afeganistão podia ser considerado como uma traição moral.
O Senhor tem razão quando diz que é lá que se trava o combate primeiro contra o terrorismo. Por essa mesma razão, sempre considerei que os EUA e a NATO deviam ter concentrado todos os meios militares nesse pais, logo após o 9/11 , em vez de dispersarem esses esforços no Iraque. Eu creio que um dia, mesmo G.Bush e os seus conselheiros (maus) hão-de fazer um exame de consciência e chegarão à mesma conclusão..
Aqueles que decidiram de fazer esta guerra deviam ter lido Joseph Kessel antes de lá irem. Assim eles saberiam que os Afegaos são um povo indomável desde Alexandre o Grande.
Que esse mesmo povo venceu o exército soviético, apesar deste ter investido meios enormes para o dominar. E apesar da proximidade geográfica que, em principio , devia ajudar.
Sabemos todos que foram os EUA que criaram a resistência Afega contra os soviéticos , que formaram, equiparam e armaram os Moudjahidine do Povo.
Quando estes chegaram a Kabul, e que os soviéticos tinham abandonando a partida, os Moudjahidine encontraram-se em frente dos extremistas Taliban.
Todos conhecemos o resultado do confronto: Os Moudjahidine regressaram as suas montanhas do Panchir. O Chefe Massoud tendo sido assassinado, esta força cessou de existir.
A chapa de chumbo caiu sobre Kabul, de novo.
A situação hoje é critica. O meios da NATO não são suficientes para dominar definitivamente os Taliban, que dominam de novo o Afeganistão ocidental. e criam instabilidade por toda a parte.
A JCMB que controla sob direcção da ONU as acções do governo de Kabul, é a primeira a avisar que a violência ameaça todos os ganhos verificados desde a intervenção do ocidente. Por outro lado as destruiçoes devido à guerra revoltam as pessoas, assim como a corrupção ancestral.
Aparentemente, fazem -se hoje ensaios de passagem do poder local aos chefes tradicionais, a velha geração, que poderiam negociar mais facilmente com os Taliban e que estes poderão obedecer aos "anfitriões" se os bombardeamentos cessarem. Mas há quem não esteja de acordo sobre tal estratégia, devido ao caracter fundamentalista dos Taliban.
Por conseguinte, apresentam-se duas opções para o futuro:
a) manter a pressão e levar os Taliban à derrota total e definitiva;
b) aceitar a presença dos Taliban nos distritos que eles controlam e onde os chefes tribais poderiam fazer-se obedecer.
Neste problema, a acção do Paquistão é essencial, porque sem a ajuda do Paquistão, desde há muito que os Taliban , não tendo ponto de apoio, teriam abandonado a partida. Mas os $ dos EUA não chegam para compensar o tráfego da droga nos dois países! e muito deste dinheiro desaparece nas malhas da corrupção.
Mas, enfim, na minha maneira de ver, esta será mais uma guerra sem fim. Nesta Ásia , onde tantas guerras " religiosas " continuam a fazer tantas vitimas, nos, ocidentais, pretendemos introduzir a Democracia, onde as tradições , a vida tribal e a religião imperam.
Guerra entre Hinduismo e o Budismo (Sri Lanka);
Guerra entre o Cristianismo e o Islão;
Guerra entre o Hinduismo e o Islão;
Não sei se o Ocidente terá paciência e meios para ir até ao fim nesta cruzada da Democracia.
Sr. Freitas Pereira: Compreendo a sua posição, embora o facto de ser pessimista quanto à guerra, não significa que não seja solidária com as tropas protuguesas que lá estão, como indubitavelmente será.
Apesar do carácter irredutível dos Afegãos, depois do 11 de Setembro, os EUA não tinham alternativa senão fazer-lhes a guerra. É evidente que os EUA são melhores a vencer as guerras do que a gerir o day after (no pós- II Guerra Mundial foi diferente), mas também me parece que o processo foi melhor conduzido no Afeganistão do que no Iraque. Acho, também, que os Aliados podiam e deviam contribuir mais, em dinheiro e em tropas, para recuperar o Afeganistão.
Em relação às suas opções, penso que só a primeira será viável: o tempo dos Taliban no poder e a sua acção desde 2001, diz-me que é gente com quem não se negoceia, extermina-se. Pelo menos para o hard core dos Taliban e da Al Qaeda essa é a única solução.
Quanto ao Paquistão, estou plenamente de acordo: é uma das chaves essenciais do problema. Aliás, o dramático é que o Paquistão é, simultaneamente, parte importante da solução e parte igualmente do problema.
Solidario ? Sem duvida, tanto mais que o ninho do terrorismo tem de desaparecer de qualquer maneira. Mas conservo a opiniao que jà exprimi, que a estratégia foi errada e que o ocidente devia ter empregado ai todo o seu potencial militar. E que receio que a insuficiência dos meios nos leve para um desastre como o do Iraque.
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