30 dezembro, 2018

Obélix, Astérix e os Coletes Amarelos


OBÉLIX, ASTÉRIX E OS COLETES AMARELOS

Obélix e Astérix proporcionam tratamento de choque às legiões de Roma.
Toda a gente conhece o Astérix e o Obélix, figuras máximas da pequena aldeia gaulesa que “resistia, ainda e sempre ao invasor” romano, entretendo-se a desancar as legiõe s de Roma que se atreviam a pôr em causa a liberdade e os direitos dos Gauleses.

Pois, um aspecto notável dos Franceses contemporâneos é a capacidade que têm de bater o pé aos excessos d poder de Paris, lutando, bloqueando, pressionando, insistindo, até o poder ceder. Essa notável herança genética, certamente oriunda da Gália de Astérix e Obélix, é um caso quase único na Europa e, pese alguns excessos condenáveis, digno de admiração.

A realidade é que há muito tempo que governos por toda a Europa tomam decisões ao arrepio da vontade dos eleitores, dos seus próprios programas eleitorais e do bom senso, frequentemente optando por caminhos sugeridos/impsotos por terceiros desprovidos de legitimidade democrática.
A maioria desses governos confia na apatia, comodismo, impotência, ou perda de esperança dos cidadãos para fazer prevalecer a sua vontade sem enfrentar mais do que umas críticas, uns resmungos e uns desabafos mais exaltados à mesa do café.

Contudo, os Gauleses, perdão, os Franceses vão-nos demostrando regularmente que não se trata de uma fatalidade. É possível bater o pé a governos abusivos e prepotentes e ter sucesso parcial, ou mesmo total. Coragem, determinação e persistência são so ingredientes. A organização também é importante, se bem que os coeltes amarelos começaram o seu moviemnto de forma espontânea e os Gauleses também não eram propriamente organizados e disciplinados. Mais, os Franceses já nem estão dependentes dos bloqueios brutalmente eficazes de camionistas, agricultores e pescadores para paralisar a França (e não só) e vergar governos.

 
Les Gillets Jaunes: “Quando semeias a miséria, colhes a cólera!”

Certo é que o arrogante e inflexível Presidente da França, alguns dias depois de ter declarado a sua intransigência, acabou por aparecer na televisão a tomar um duche gelado de humildade e a fazer significativas concessões aos coletes amarelos. Et voilà!

Em Portugal, com determinação, é possível fazer o mesmo e ter sucesso. Veja-se os protestos e o bloqueio da Ponte 25 de Abril, o chamado Buzinão,  em Junho de 1994 e as gigantescas manifestações contra o aumento brutal da TSU em Setembro de 2012. No entanto, os desmandos governamentais  a memória curta fazem com  que uma demontsração de protesto de 20 em 20 anos é insuficiente. A reivindicação da altura vingou, mas ao longo das duas décadas subsequentes voltam os abusos impunemente. Não se trata, obviamente, de fazer dos protesto maciços um modo de vida, mas há alturas em que os cidadãos devem fazer ouvir a sua voz, alto e bom som.