29 novembro, 2016

À 46ª Foi de Vez



À 46ª FOI DE VEZ

 
in “STRATFOR” em www.stratfor.com

No dia 31 de Outubro o parlamento libanês realizou a 46ª tentativa de eleger um novo Presidente da República. E à 46ª tentativa foi de vez, o Líbano pôs fim a um hiato de dois anos e meio sem Presidente.

Embora se tenha tratado de um desenvolvimento positivo, o sistema político libanês deverá continuar marcado pelo impasse e pelo conflito condicionado como está por rivalidades intra-sectárias, conflitos inter-sectários, somados às manobras e interferências de potências externas com interesses no país, são o que ditam verdadeiramente o curso dos acontecimentos.

Pouco ou nada mudará também porque os protagonistas são os mesmos desde há décadas e quando morrem ou são assassinados, são substituídos por filhos ou irmãos que seguem o trilho do antecessor. Senão, vejamos os protagonistas:

MICHEL AOUN, 81 anos, Cristão.
            Líder do Movimento Patriótico Livre
            Primeiro-Ministro 1988/90
            Presidente da República desde 31 de Outubro 2016

HASSAN NASRALLAH, 56 anos, Xiita.
            Secretário-Geral do Hezbollah desde 1992 (há 24 anos)

SAAD HARIRI, 46 anos, Sunita.
Líder da Aliança 14 de Março e do Movimento do Futuro desde 2005 (há 11 anos)
Primeiro-Ministro desde 22 de Novembro de 2016
Filho e sucessor de Rafic Hariri, duas vezes PM: 1992-1998 e 2000-2004. Foi assassinado em 2005.

NABIH BERRI, 78 anos, Xiita.
            Presidente do Parlamento desde 1992 (há 24 anos)
            Líder do Partido Amal desde 1980 (há 36 anos)
            4 vezes Ministro

WALID JUMBLATT, 67 anos, Druzo.
            Líder do partido Socialista Progressista desde 1977 (há 40 anos)
            Ministro uma vez

SAMIR GEAGEA, 66 anos, Cristão.
            Líder do 2º maior partido Cristão, Forças Libanesas, desde 1986 (há 20 anos)

SULEIMAN FRANGIEH, 51 anos, Cristão.
            Líder do Partido Marada desde 1982 (há 34 anos)
            Neto, filho e sobrinho dos 3 líderes anteriores do Marada
O avô, Suleiman Frangieh, foi Presdiente da República de 1970 a 1976.
Os 4 Frangieh lideraram o Marada desde a fundação até ao presente. 50 anos!

Perante esta superestrutura dirigente ossificada que ocupa os cargos de tipo há 30/40 anos, com toda a bagagem de conflitos, alianças, traições, ódios pessoais ou sectários e contas a ajustar, é difícil imaginar um exercício de superação que, se não foi conseguido nas décadas anteriores, dificilmente sê-lo-á na presente conjuntura de guerra e confronto no Médio Oriente.

O Líbano, além de ser um mosaico sectário, também é um tabuleiro de xadrez onde se confrontam a Síria, que vê no Líbano como um território que lhe foi amputado, o Irão, que tem no Líbano o seu acesso ao Mediterrâneo e a Israel, a Arábia Saudita, que almeja reverter a influência sírio-iraniana e Israel que não quer ver o sul do Líbano transformado novamente numa plataforma de lançamento de ataques contra si.

País pequeno, com escassos meios, dividido entre Cristãos, Xiitas, Sunitas, Druzos, entre outros, acossado de vários lados, refém de uma milícia (Hezbollah) que opera acima da lei e que detém um poder militar ímpar, assoberbado por mais de um milhão de refugiados da Guerra da Síria a que acresce pelo menos meio milhão de refugiados palestinianos, o Líbano sobrevive sempre perto do abismo onde já caiu com as intervenções sírias e israelitas e, principalmente, com a Guerra Civil de 1975-90.

Perante esta conjuntura, demorar dois anos e meio e 46 votações para eleger o Presidente da República, por muito caricato que seja, é um problema menor.

17 novembro, 2016

Hubris and Intolerance



HUBRIS AND INTOLERANCE


There is a significant segment of people (including groups, parties and media) in Europe and North America who seem to be convinced that they are the guardians of truth in political and social life. According to these people, Democracy is fine as long as their views, policies and candidates prevail. The rub is when they do not. When they do not, all hell breaks loose.

The recent referendum in the United Kingdom and the United States’ presidential election, as well as, EU-related referenda in the past quarter-century, are the starkest examples of these displays of anti-democratic hubris and intolerance.

The arguments presented are mostly stupid, or futile. Here are some examples.

1- The electoral system is a major culprit in the USA, because Hillary Clinton got more votes and yet she lost the election to Donald Trump. However, the American electoral system has been well established for 200 years and everyone knows (or at least they should) that what matters in these elections are the electoral votes garnered in each of the 50 states. You win when you reach the 270 vote threshold, regardless of your name or party. Obviously, anyone can dislike the system, but you cannot contest it after the deed is done.

2- In the UK, some people in Scotland and Northern Ireland claimed they were not bound by the referendum’s results because in those regions the majority voted “Remain”, whereas in the country as a whole the “Leave” vote prevailed. However, the referendum was a countrywide vote and so was the outcome, which is valid and binding to everyone, from the Shetlands to Dover. If things actually worked in this absurd way, countries would split their way out of existence after a few elections and referenda.

3- The winning candidate/party/policies/ideas are bad; we do not like them, so they cannot win. Well, tough. Welcome to Democracy.

The bottom line is that the people who are looking for tricks, schemes and pretexts, or are resorting to violence to subvert the electoral outcomes in the UK and in the US are, first and foremost, intolerant, arrogant, hypocritical and they just cannot stand the idea of losing an important election/referendum.

I have been through many elections, some of them as a candidate and I have been unhappy with the results many times, especially at the local level, but I have never questioned the legitimacy of the winners, much less have I tried to subvert the elections outcome. In Democracy there are no winners by design.

It is highly ironic that people who portray themselves as tolerant and enlightened are neither. They just act as if they were only to the extent that their views prevail. When they do not, the thin veneer cracks and their true selves emerge: arrogant, intolerant, sore losers, full of rage, in one word, non-democratic.

These self-entitled holders of the truth are the ones who, above anyone else, subvert Democracy with totalitarian thoughts and actions.

13 novembro, 2016

Game Over, Clinton




GAME OVER, CLINTON


 
YOU’RE TOAST.


After decades playing the political game, Hillary Clinton was delivered the political coup de grace just as the long coveted prize of going to the White House as Commander in Chief seemed to be within easy grasp.

Hillary Clinton had qualifications and remarkable experience in politics. Unfortunately, that experience is dotted with scandals, overreach, quid pro quos, shady relations with even shadier characters and a distressing pattern of secrecy, hiding, deflecting, deceiving and lying, all completed by a defiant and unapologetic behaviour.

These flaws probably helped her gain power, leverage and a long political career, but it also garnered her a huge cohort of sworn enemies and not just in the corridors of power: millions of ordinary Americans just could not stand her.

This made it almost inevitable that a time of reckoning would eventually come. And so it did, at the hands of Donald Trump, a man she despised and underestimated, the same way she underestimated Barack Obama in 2008 and Bernie Sanders in this year’s primaries. In the same way she took for granted states and voters who had flocked to vote for her husband and even for Obama in successive elections, but who had had enough in 2016. Notwithstanding, she did not show up in Michigan for the primaries campaign until the weekend prior to the vote and she lost the state to Sanders. Likewise, she did not campaign in Wisconsin, the first major party candidate shunning the state since 1972: she lost the state, the first Democrat to do it since 1984.

Twilight: Hillary Clinton delivers a campaign speech in Detroit, Michigan.
 in ”THE WASHINGTON POST” at www.washingtonpost.com

As in many situations past, Clinton’s story is one of rise, success, hubris, greed and deception that ultimately led to the fall. In her case, I believe this election was the end. Game Over, Hillary Clinton.