30 dezembro, 2008

The Best of 2008

THE BEST OF 2008

Michael Phelps: Ouro x 8




Michael Phelps: Flying for the Gold!

Não posso dizer que 2008 tenha sido um ano famoso. A vontade de fazer uma súmula do ano não é grande, por isso optei por destacar um único (super)-homem: MICHAEL PHELPS! OITO (8) MEDALHAS DE OURO nuns únicos Jogos Olímpicos, 14 de ouro e 2 de bronze no total de 2004 e 2008. FABULOSO! IMPRESSIONANTE! INACREDITÁVEL!

Bateu o record de 7 medalhas de ouro do também norte-americano Mark Spitz (Munique/1972) que durante muito tempo julguei imbatível. É o atleta com maior número de medalhas de ouro olímpicas em 112 anos de História olímpica moderna e o 2º com mais medalhas (16 contra as 18 da ginasta soviética Larissa Latynina.


Harmonia, potência e rapidez na água.

A performance de Michael Phelps colocá-lo-ia no ranking de países em 9º no nº de medalhas de ouro e em 18º na classificação geral.

Ver Phelps nadar/voar valeu bem algumas noites de sono mais curtas este Verão, para ver o Baltimore Torpedo!

A euforia após a incrível vitória dos EUA nos 4x100m livres.

P.S. Também dormi pouco para ver Vanessa Fernandes conquistar a medalha de prata no triatlo. Outra boa aposta. A fantástica medalha de ouro de Nélson Évora no triplo salto foi-me menos custosa pois foi à hora de almoço, mas foi um dos melhores momentos dos Jogos e de 2008.
Uma última palavra para o… Benfica: 2 medalhas de ouro (Nélson Évora e Di Maria pela Argentina no futebol) e 1 de prata (Vanessa Fernandes) justificaram o investimento estratégico feito nesta área e deram ao Benfica um curriculum olímpico mais consentâneo com a grandiosidade do clube.

23 dezembro, 2008

Feliz e Santo Natal

FELIZ E SANTO NATAL


LEONARDO DA VINCI – Adoração dos Reis Magos – Galeria dei Uffizi, Firenze

Desejo a todos os leitores e frequentadores do “Tempos Interessantes” um Santo e Feliz Natal, na companhia dos que mais amam.

Rui Miguel Ribeiro

15 dezembro, 2008

Can You Believe It? No Change!

CAN YOU BELIEVE IT?
 NO CHANGE!

Já começou. Apesar de ainda não ser Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama já começou a desapontar (desesperar) falanges de fervorosos seguidores. O cerne da questão está na escolha que fez para a sua equipa governativa nas áreas da defesa, segurança e política externa: Robert Gates, General James Jones e Hillary Clinton, respectivamente.

O principal problema está no primeiro. Na verdade, Robert Gates é o Secretário da Defesa nomeado há dois por George W. Bush! Esse mesmo, o terrível, abominável e malévolo George W., fautor de todos os males e desgraças que assolam os terráqueos.

E então é este homem que geriu politicamente o famoso surge do contingente militar dos EUA no Iraque que Obama repudiou, que o mesmo Obama nomeia?

É.

E este é o mesmo Gates que arrasou (e bem) o plano de Obama para a retirada a galope do Iraque, que agora aceita a nomeação de Obama?

É.

Hilariante! Palavra que me faz lembrar Hillary, Clinton é claro. Aquela que Obama demoliu pelo seu posicionamento em política externa e por ter apoiado (e bem) a invasão do Iraque e também aquela que considerou Obama naive em política externa e que rebentou com ele por ter demonstrado vontade em reunir com Ahmadinejad, Chavez e Castro.

Na área económica, os liberais do Partido Democrata também já levam as mãos à cabeça ao verem ser escolhidos membros da alta finança, apoiantes do free trade e antigos elementos da Administração Clinton.  equipa económica também tresande a dejá vu, ou seja, little or no change: Timothy Geithner (Presidente da reserva Federal de New York, será o Secretário do Tesouro), Lawrence Summers (Secretário do tesouro com Bill Clinton, chefiará o National Economic Council) e Christina Romer (escreve a favor de impostos baixos e de comércio livre, liderará o Council of Economic Advisers), ou seja, um conjunto de pessoas que indicia uma certa solução de continuidade em relação às administrações Clinton e Bush no que concerne a (des)regulação dos mercados e o livre comércio.

Este padrão de nomeações é significativo, mas só o tempo dirá o que ele revela. Três hipóteses:

1- Barack Obama é um logro, o seu registo de voto à esquerda no Senado foi uma manobra calculista para mobilizar a franja militante mais radical e mobilizadora do partido e a sua campanha foi um exercício interesseiro e oportunista de cavalgar a onda da mudança para chegar à Casa Branca.
2- Os seus nomeados lançaram o seu historial político e as suas convicções às urtigas para garantirem um lugar no próximo comboio do poder. Um ponto a favor da capacidade persuasiva do Presidente-eleito e outro pouco abonatório da verticalidade política dos nomeados.
3- Um mix das duas anteriores.

A proposta benigna de que Obama vai formando um governo de inclusão, não colhe, principalmente quando estão em causa lugares-chave numa administração. Penso que é a 3ª hipótese que está mais perto da verdade. Por um lado, Obama vai girando de acordo com os ventos dominantes e a principal data gravada no seu íntimo é 07/11/2012. Se para isso for preciso esquecer alguns disparates da pré-campanha e da campanha, tanto melhor. Por outro lado, certos personagens, com Robert Gates à cabeça, revelam um oportunismo pessoal despudorado, e são capazes de servir qualquer um de alfa a omega desde que sirva os seus interesses particulares.

Estas nomeações reportam-se às áreas da defesa, segurança, negócios estrangeiros, economia e finanças. É muita coisa, mas não é tudo. Na chamada agenda doméstica, nomeadamente na área social, saúde, educação e costumes, ainda pode acontecer a prometida mudança. Duvido é que a maior parte seja de aplaudir…

27 novembro, 2008

O Socialismo de Sócrates

O SOCIALISMO DE SÓCRATES


José Sócrates tem a fama (e algum proveito) de não ser um verdadeiro socialista. No entanto, para quem tinha dúvidas, a recente crise económica revelou que ater pode não ser, mas os tiques continuam lá. Senão vejamos:

Quando a crise eclodiu, José Sócrates proclamou, com indisfarçável satisfação, que a era do Liberalismo tinha acabado e que ao Estado estava reservado um renovado e imprescindível intervencionismo na economia.

Depois, disse que a única forma de superar o clima recessivo, era pôr o Estado a investir desenfreadamente, presumivelmente mandando às urtigas os resultados orçamentais que esmifrou dos Portugueses nos últimos três anos. Para dar consistência teórica ao argumento, bramou “Keynes! Keynes! Keynes!” em pleno Parlamento. A mim soou mais a “Mitterrand! Mitterrand!!”

Finalmente ontem, confrontado com o plano de combate à crise da Comissão Europeia, Sócrates rejeita a possibilidade de descida de impostos. Sim, porque ele até já desceu o IVA uns estonteantes…1%! E lá voltou o refrão dos investimentos do Estado que nos vão tirar da crise com pé enxuto. Até deu para sublinhar os sinais de optimismo: parece que até estamos a decrescer (economicamente) menos do que os outros. Morrer sim, mas devagar.

O pior disto tudo, é o tal tique socializante e estatista. Havendo falta de liquidez, reduzida capacidade para investir, diminutas possibilidades para consumir, sérias dificuldades para cumprir obrigações contratuais, mandaria o bom senso disponibilizar mais liquidez à sociedade, ou seja, aos cidadãos. Tal seria feito, nomeadamente, diminuindo o IRS, assim fazendo com que os Portugueses tivessem mensalmente mais dinheiro vivo disponível e, consequentemente, mais capacidade para pagar, mais disponibilidade para consumir, mais vontade de investir.

Mas não. O governo encara a riqueza produzida pelos Portugueses como propriedade do Estado da qual, com maior ou menor magnanimidade, deixa os cidadãos reterem uma parte. O que se compreende, porque o Estado é um bom gestor, é um bom pagador, não gasta mais do que recebe, não deve nada a ninguém e sabe melhor do que os indigentes mentais que povoam o país quais são os seus (nossos) superiores interesses e, é claro, como gastar o seu (nosso) dinheiro.

E assim se vai realizando a velha prática socialista de igualizar por baixo, preservando o império estatal e os privilégios daqueles que à sua volta gravitam.
 
 

24 novembro, 2008

Sabedoria Infantil

SABEDORIA INFANTIL E
A CRISE ECONÓMICA
A crise económica mundial continua a preocupar milhões de cidadãos e a desafiar políticos, economistas, banqueiros e empresários.

Há uns dias atrás, o Afonso Duarte (o meu filho de 9 anos), perguntou-me o que era isso da “crise económica mundial”. Tentei explicar da melhor forma possível e referi a componente psicológica das crises económicas, nomeadamente a convicção generalizada de que há crise tende a agravar os seus sintomas.

Responde o Afonso:

“Papá, se não dissessem a ninguém que havia crise, as pessoas já não se preocupavam porque não sabiam e a crise talvez desaparecesse!”

Case closed.

13 novembro, 2008

Os Ovos e a Educação

OS OVOS E A EDUCAÇÃO

 
Não sei se foram os 1000 alunos e a chuva de ovos que levou em Fafe, ou se foi a mega-manifestação de 120.000 professores que levaram a Ministra da Educação a fazer um arremedo de acto de contrição no Parlamento. Seja o que for, a Ministra esteve, outra vez, mal.

Maria de Lurdes Rodrigues pede desculpa por estar a desmotivar, frustrar e zangar a classe docente, mas acrescenta que tal é necessário porque é para o bem dos alunos e da educação. É extraordinário. A Ministra sacrifica os professores no altar do valor supremo da educação, como se esta pudesse existir sem aqueles. Depois de banir as reprovações, só faltava instituir o ensino sem os professores.

Vendo bem, os alunos de Fafe desperdiçaram os seus ovos numa senhora que, afinal, já faz omeletes sem eles (os ovos).

10 novembro, 2008

US Elections Live at UFP

US ELECTIONS LIVE AT UFP

Na noite eleitoral americana, a Universidade Fernando Pessoa, por iniciativa do seu curso de Ciência Política e Relações Internacionais, levou a cabo uma iniciativa inédita em Portugal: o acompanhamento em directo das eleições nos Estados Unidos, desde as 22.00h do dia 4 de Novembro até às 03.00 do dia 5.

Igualmente inédito, foi o facto de o evento ter sido transmitido em directo pela estação televisiva Porto Canal ao longo de 3 horas, a partir do Auditório da UFP e perante uma plateia de mais de uma centena de pessoas, maioritariamente composta por alunos.

Sendo uma iniciativa que valorizou e divulgou as Relações Internacionais e na qual estive envolvido, não podia deixar de a referir num Blog que é, principalmente, dedicado às RI.

04 novembro, 2008

The Obama Flop

THE OBAMA FLOP
 

Jeremiah Wright e Barack Obama.
in The Economist

O Senador Barack Hussein Obama entra no dia das eleições dos Estados Unidos à frente na corrida presidencial. É pena.

É pena porque Obama é, na melhor das hipóteses, um grande ponto de interrogação. Na pior, é um dos maiores logros da história política recente.

1- Tem uma atitude arrogante perante o eleitorado hostil e os adversários, sejam eles John McCain, George W. Bush, ou Hillary Clinton. O seu comentário sobre os brancos da Pennsylvania rural que se agarravam à religião e às armas é ilustrativo. Pior, tem o comportamento de virgem ofendida perante as críticas dos adversários, como se fosse possível estar imune a ataques.
2- Proclama-se portador de mudança e de uma forma pós-partidária de fazer política. No entanto, a sua campanha fez inúmeros anúncios e declarações falsas e desonestas sobre os adversários, de que é bem exemplo a insistência de que McCain queria os EUA a combater no Iraque durante 100 anos.
3- Oportunismo e hipocrisia. Cedo na campanha prometeu que aderiria ao sistema público de financiamento de campanhas se o candidato Republicano também o fizesse. McCain fê-lo, mas Obama, ciente de que recolhia muito, muito mais dinheiro permanecendo fora do sistema, esqueceu a promessa.
4- Tem o historial mais liberal, leia-se esquerdista, do Senado dos Estados Unidos.
5- Tem o curriculum mais minúsculo e irrelevante da história recente de candidatos presidenciais: 4 anos no Senado, zero de actividade legislativa de relevo.
6- Irresponsável em política de defesa e externa: retirada a curto prazo do Iraque (pelo seu plano original, já não haveria tropas americanas no Iraque) e negação do sucesso evidente da surge de tropas dos EUA no Iraque. Os seus propósitos negociais com o Irão e outros regimes totalitários são ingénuos, no mínimo.
7- Céptico do liberalismo económico, ameaça pôr em cheque a NAFTA (North American Free Trade Association que reúne EUA, Canadá e México) e apoiou a rejeição do acordo comercial com a Colômbia, um dos mais importantes aliados dos EUA na América do Sul.
8- Change, change é um dos slogans menos originais que se pode imaginar. Quantos políticos pró esse mundo já apregoaram a mudança como um dos seus slogans eleitorais? Pacoviamente, alguns políticos europeus adoptaram-no como se tratasse de uma criativa inovação. Yes we can é básico e reflecte a superficialidade e o cariz socialite da campanha de Obama.
9- Ligações perigosas: Rezco, o corrupto que apoiou Obama na política de Chicago, William Ayers, o terrorista arrependido por não ter matado e destruído mais e Jeremiah Wright, o reverendo racista e anti-americano são três presenças inaceitáveis na vida política e social de Obama. O caso do reverendo é vergonhoso: o homem que veio para cicatrizar as feridas raciais, tinha como guia espiritual durante 20 anos, um sujeito que prega o racismo e que acusa o governo dos EUA de criar o HIV para praticar o genocídio dos negros americanos. Acrescente-se que a não utilização desta ligação por McCain foi talvez o seu erro mais nefasto nesta campanha. Esta omissão jamais teria ocorrido numa situação inversa.
10- Barack Obama é convencido para lá do aceitável: frases como “sou aquele que vocês esperavam”, “gerações olharam para trás e dirão aos filhos que ESTE foi O momento” e este é o momento em que os oceanos começaram a baixar”, mostram um indivíduo pretensioso numa escala delirante.

Por tudo isto, Barack Obama é uma má escolha presidencial. Vai beneficiar de uma conjuntura política e económica altamente favorável aos Democratas, da sua capacidade oratória e da protecção dos mainstream media, que nunca exploraram os seus pontos fracos e contradições. Méritos próprios: notável carisma, grande eloquência, projecção de uma imagem positiva e serena, grande racionalidade e uma ambição sem limites.

Pouco, mas aparentemente suficiente para chegar à Casa Branca.


P.S. Apesar da análise que aqui deixo, penso que Obama vai desiludir muitos dos seus apoiantes nos EUA e, principalmente, no estrangeiro, caso ganhe. O peso do lugar e o seu calculismo político farão com que governe de forma a pensar em 2012 e talvez um pouco longe dos radicalismos da sua plataforma original. É óbvio que os milhares que o aplaudiram em Berlim e lhe tecem loas por essa Europa fora, provavelmente estarão a rogar-lhe pragas daqui a dois anos, mas isso faz parte da ingenuidade das elites esquerdistas bem pensantes, dum e doutro lado do Atlântico. Se, por outro lado, seguir a sua agenda e a dos Democratas que controlam hoje o partido, provavelmente será cilindrado em 2012.

23 outubro, 2008

"Gajo" Sem Princípios

GAJO SEM PRINCÍPIOS
Assisadamente, Portugal foi um dos (muitos) países a nível mundial que não reconheceu a independência do Kosovo em Fevereiro passado.

Logo então se percebeu algum desconforto do Governo com a (in)decisão, aparentemente mais resultado das fortes reservas do Presidente da República Cavaco Silva do que de alguma convicção formada.

Pouco mais de meio ano depois, eis que o Governo vira o bico ao prego e, após um simulacro de consultas, reconhece a independência do pequeno protectorado balcânico.

As justificações (?) foram lamentáveis, reduzindo-se a um pífio sentimento de solidão, dado a maioria dos Estados membros da NATO e da EU já terem feito o referido reconhecimento. Esse desesperado sentimento foi ilustrado pelo MNE Português Luís Amado com o desabafo “Os nossos aliados olham para nós e pensam: Mas afinal o que é que estes gajos estão a fazer?”*, supostamente ilustrando a perplexidade dos nossos parceiros nessas organizações perante o nosso não-reconhecimento. Não contente, voltou à carga: “Porque é que estes gajos não tomam uma decisão?”* Na verdade já tínhamos tomado: não reconhecer a independência do pequeno protectorado. Devo acrescentar que só estas frases do MNE me levou a colocar um título que noutras circunstâncias não escolheria.

Esta viragem vergonhosa do Governo (apoiado pelo PSD) não tem justificação. Em primeiro lugar, o que Lisboa decide em ralação a Pristina não preocupa Washington, Berlim, Londres, Paris ou Roma. A decisão destes países em reconhecer o Kosovo foi decisiva. A partir daí, poucos reconhecimentos seriam relevantes e o nosso não se enquadra nessa categoria.

Em segundo lugar, o timing do reconhecimento português é dos mais infelizes, dois meses após a Guerra na Geórgia e do reconhecimento da independência da Abkhazia e da Ossétia do Sul pela Rússia. Na verdade, os acontecimentos do Cáucaso sublinham uma das mais fortes contra-indicações ao reconhecimento do Kosovo, pois, por muitos malabarismos que se façam, a diferença entre um caso e os outros é muito pequena, se é que existe.

Será talvez de esperar, que daqui a uns meses Portugal reconheça a independência da Abkhazia e da Ossétia do Sul, não vão os gajos na Rússia interrogar-se com impaciência de que é os gajos em Portugal estarão à espera.

Portugal demonstra não ter princípios e, por outro lado, parece ter uma confrangedora incapacidade de não ter de seguir sempre as pequenas e as grandes opções das grandes potências, mesmo quando daí não resulta nenhum prejuízo. Popularmente falando, não temos espinha.

* in Diário de Notícias, 11 de Outubro 2008, p. 15

13 outubro, 2008

The Surge


THE SURGE

General David Petraeus: o rosto do Surge.
Há dois anos atrás medravam os catastrofistas que anunciavam a derrota dos EUA no Iraque, a implosão deste país, o carácter irreversível da espiral de violência.

No final de 2006, num acto de coragem política e de (tardia) visão, o Presidente George W. Bush optou pela via impopular mas racional: mudou a liderança militar americana no Iraque, aumentou em 5 brigadas (cerca de 30.000 homens) o contingente militar aí colocado (The Surge) e deu luz verde para que uma nova estratégia fosse implementada.

O General David Petraeus, recentemente promovido a Comandante do US Central Command (que superintende os teatros do Afeganistão e do Iraque), foi o cérebro e o rosto da nova abordagem, que passou pela colocação de soldados norte-americanos em pequenos aquartelamentos numa espécie de tropa de vizinhança, pelo incremento de operações conjuntas EUA/Iraque e pela cooptação de insurgentes sunitas insatisfeitos com a vertigem sanguinária da Al-Qaeda. Petraeus é o rosto e o símbolo de uma viragem notável nos destinos da Guerra do Iraque e, se conseguir dar o mesmo ímpeto positivo ao esforço de guerra no Afeganistão, poderá ser o mais notável militar americano do início do século XXI.

Volvidos cerca de 20 meses, o Surge constitui um sucesso notável. O número de vítimas da violência, ainda elevado, caiu drasticamente, sejam elas militares dos EUA, da Coligação, ou do Iraque, sejam elas civis. As forças de segurança iraquianas já receberam o controle de mais de metade das províncias do Iraque. Condições foram criadas para que o normal processo político possa desenvolver-se, como atestam a aprovação de leis infra-estruturantes como a dos hidrocarbonetos e das eleições regionais e o regresso ao governo de partidos sunitas.

Lentamente, o desenvolvimento económico e social vão ganhando importância para os Iraquianos, sinal de que a segurança e a sobrevivência deixaram de ser a preocupação nº 1 da grande maioria.

George W. Bush também merece crédito por ter resistido a uma redução abrupta, ou mesmo a uma retirada acelerada do contingente militar. Os ganhos são muito grandes, mas custaram a conseguir e seria estúpido deitar tudo a perder com uma jogada política popular.

Nem tudo está ganho ou garantido no Iraque, mas o que se passou nos últimos dois anos deixa um sinal de esperança, afinal aquilo que se havia perdido nos tempos difíceis de 2005/06. Como sempre defendi, o veredicto final sobre se valeu a pena a invasão de 2003 ainda não saiu. Eu continuo a acreditar que valeu a pena, apesar do tempo perdido.


P.S. A Guerra do Iraque quase desapareceu do radar das Eleições Presidenciais dos EUA. Isso é um bom e um mau sinal. Bom sinal, porque significa que as coisas no terreno vão correndo bem. Mau sinal, porque foi a hecatombe financeira e bolsista que varreram da atenção dos eleitores outros assuntos.

Também é pena porque se esquece que o Senador John McCain foi um dos principais defensores do surge e é, indirectamente um dos principais responsáveis pela reviravolta positiva no Iraque. É pena, finalmente, porque faz esquecer que o Senador Obama, sobre o Iraque, se limitou a defender as posições que, no momento, eram as mais populares; por ele, a guerra já teria sido perdida há muito.

06 outubro, 2008

Nuno 150 Golos


NUNO 150 GOLOS


Nuno Gomes celebra o 2-0 contra o Nápoles na Taça UEFA e o seu 150º golo pelo Benfica
in www.maisfutebol.iol.pt


Nuno Gomes atingiu mais uma marca histórica ao serviço do Benfica: 150 GOLOS em jogos oficiais.* O golo da efeméride aconteceu no melhor palco (Estádio da Luz), perante 57.000 espectadores e num jogo importante: Benfica-Napoli para a Taça UEFA. Minuto 83, centro de Carlos Martins, duas desmarcações sucessivas do nº 21, defesa fora da jogada e remate de cabeça cruzado e imparável a fazer o 2-0 e a confirmar a presença do Benfica na fase de grupos da Taça UEFA.

Para se ter uma ideia da dimensão da proeza, é preciso recuar 32 anos para se encontrar um Benfiquista mais goleador, no caso, Nené com 362 golos; é preciso recuar 14 anos (Rui Águas com 104 golos), para encontrar o último jogador do Benfica a atingir os 100 golos. Nuno Gomes apresenta um registo invejável: 10º melhor marcador de sempre do Benfica, 4º melhor nas competições da UEFA, 9º melhor de sempre no Campeonato!

Esta marca foi conseguida por Nuno Gomes ao longo de 10 épocas, muitas das quais jogando no sistema que menos o favorece, actuando como único avançado da equipa e raramente tendo o privilégio de marcar penalties (embora não falhe quando é chamado a marcá-los), isto para não falar das lesões que lhe roubaram longos períodos de actividade em várias ocasiões.


Nuno Gomes festeja com Miccoli o 0-3 em Leiria, 100º golo pelo Benfica
no Campeonato Nacional in
www.maisfutebol.iol.pt

Finalmente, refira-se que o Capitão do Benfica e da Selecção de Portugal (29 golos – 4º maior goleador de sempre) não é um goleador puro e duro. Porventura se fosse mais egoísta na grande-área, já teria marcado mais, mas quem o vê jogar, sabe que se trata de um jogador de equipa, que cria espaços para os colegas, faz assistências e não regateia esforços na hora de defender. A prova da sua utilidade, é que as grandes contratações se sucedem e Nuno Gomes encontra sempre o seu espaço no onze encarnado.

Os 150 golos de Nuno Gomes são a sua imagem de marca, o selo com que marca o seu lugar na História do Sport Lisboa e Benfica! Espero ver ainda muito mais golos com a marca “Nuno Gomes”.

* Os 150 Golos de Nuno Gomes

Campeonato Nacional - 113 (9º da História do SLB)
Competições Europeias - 22 (4º da História do SLB)
Taça de Portugal - 14 (23º da História do SLB)
Supertaça - 1 (4º da História do SLB)
TOTAL - 150 (10º da História do SLB)


Nuno Gomes festejando um dos dois golos marcados na vitória 0-2 do Benfica
no Estádio do Dragão.