Muito do que penso da prestação de Portugal no Campeonato do Mundo Alemanha/2006, foi sendo vertido neste Blog ao longo do último mês. Para encerrar o Capítulo Português no Mundial, segue-se a apreciação individual dos jogadores e do seleccionador e o da própria selecção.
***** Maniche: Foi, para mim, o melhor jogador português no Mundial. Joga, ataca, defende, circula a bola, desmarca-se, remata muito e bem de meia distância e marcou 2 golos. Devo admitir que superou as minhas expectativas.***** Ricardo Carvalho: Dificultou a escolha do melhor Português. Classe, segurança, liderança, confirmou-se como um dos melhores centrais do mundo. Nem o penalty cometido na meia-final hipoteca aquele que foi um grande campeonato liderando uma defesa que com ele em campo, sofreu 2 golos em 6 jogos.***** Ricardo: Fez bons jogos, exibindo sempre grande segurança e confiança, não cometeu falhas, excepto no jogo com a Alemanha, e teve o seu momento de glória ao defender 3 dos 4 penalties que os Ingleses lhe marcaram.***** Figo: Esteve em grande nível. Tecnicamente esteve impecável, fintando, passando, centrando, assistindo; como capitão, foi um líder e uma referência para a equipa em campo; fisicamente, paracia ter recuado uns anos. Deixa a selecção da melhor maneira, com bom deempenho individual e colectivo. Tal como Rui Costa em 2004, vai deixar saudade.***** Miguel: A reprise de 2004: saiu lesionado e a equipa ressentiu-se. Importante nos desequilíbrios atacantes e consistente a defender. Esteve ao seu melhor nível.**** Fernando Meira: Foi titular por força da lesão de Jorge Andrade e estava, por, isso, sob suspeita. Após a tremideira dos jogos com Angola e Irão (felizmente os mais fáceis), Meira ganhou confiança e foi um baluarte da defesa portuguesa, mormente contra o México, Holanda e Inglaterra.**** Nuno Valente: Outra boa surpresa, a começar pela boa condição física, grande regularidade exibicional e somou ao bom trabalho defensivo boas iniciativas atacantes.**** Cristiano Ronaldo: Era, juntamente com Figo, a estrela da companhia. Fez bons jogos, mas não foi regular. Alternou boas acções individuais com sentido colectivo com outras inconsequentes por exageradas. Parece ter um íman para a confusão e a polémica. A culpa não é só sua, mas também não está inocente. Mesmo assim, uma boa estreia.**** Simão Sabrosa: saltitou entre a titularidade e o banco e também alternou as boas exibições com outras menos conseguidas. Foi, no entanto, genericamente, um valor acrescentado numa equipa onde não abundaram as boas performances no ataque.
*** Petit: Começou bem, mas teve o pior jogo no final, contra a Alemanha. Mesmo assim, foi o mais consistente e fiável médio defensivo português. Não fora o último jogo e teria mais uma estrela.*** Nuno Gomes: Três estrelas podem parecer um exagero, mas estamos perante o mais eficaz e produtivo ponta de lança da Selecção: jogou 10% do tempo de Pauleta e ambos marcaram um golo; aquele marcou à Alemanha e este a Angola. A não utilização de Nuno Gomes, especialmente contra a Inglaterra e a França, é incompreensível, mais ainda quando se verifica que marcamos dois golos nos últimos 4 jogos! Nuno Gomes prometeu deixar a sua marca no Mundial e cumpriu; se mais não fez, é porque Scolari não quis.*** Paulo Ferreira: Regular, cumpriu quando chamado a substituir Miguel, mas percebeu-se bem porque era ele o suplente.** Deco: Um desapontamento. Para quem apostava nele como um dos fulcros da selecção, foi uma desilusão total. Um bom jogo e um bom golo contra o Irão é muito curto para o que se esperava dele. A sua magia resumiu-se ao truque de se fazer desaparecer.** Tiago: Outra desilusão. Fez uma grande época no Lyon e teve bastantes oportunidades na Alemanha. Não soube aproveitar nenhuma e fez falta.** Hélder Postiga: É um jogador fetiche para Scolari, mas o seu rendimento não o justifica. Os golos contra a Inglaterra no Euro/2004 e contra a Eslováquia na qualificação para o Mundial foram importantes, mas são fogachos de um jogador inconstante. Deste Mundial, no qual jogou 120 minutos e marcou 0 golos, recordo o seu salto à frente de Figo quando este tentava cabecear para o que poderia ser o golo do empate contra a França.** Marco Caneira: Foi titular contra o México: não esteve bem, nem comprometeu.** Ricardo Costa: Foi titular contra a Alemanha e acusou a responsabilidade. Apesar de constituir uma das convocatórias estranhas, não foi por causa dele que perdemos.
* Costinha: Um flop total. Um dos casos em que não me enganei: a sua convocatória roçou o nepotismo. Excepto a 1ª parte contra o Irão, jogou sempre mal, fisicamente inapto, pouco esclarecido, violento (campeão dos cartões do Mundial juntamente com um Ganês), foi mesmo infantil contra a Holanda. Mesmo assim voltou a ser titular e foi-lhe perdoada nova expulsão contra a Alemanha.
* Pauleta: Outro flop. Alheio da equipa na qual parecia um corpo estranho. Poucas bolas ganhou, menos ainda segurou, remates ainda menos. Conseguiu marcar um golo a Angola, oferta de Figo sem guarda-redes na baliza. Inacreditável ter sido sempre titular. Teimosia, estupidez, ou nepotismo? Escolham. É um pouco injusto, mas apetece dizer, que depois do jogo com Angola, não havia mais Liechensteins ou Andorras.* Hugo Viana: Erro de casting. Teve oportunidades contra Angola e Inglaterra e nada fez que justificasse a viagem à Alemanha. * Boa Morte: Jogou 10 minutos contra o México o que é insuficiente para avaliar, mas conseguiu fazer tantos disparates em tão pouco tempo…
- Quim: Não jogou, por isso não é avaliado, mas foi vítima de uma grande injustiça ao não jogar contra o México. Com Portugal já qualificado, não havia motivo nenhum para Scolari não lhe dar a oportunidade de jogar num Mundial. No Euro/2000 na Holanda, em circunstâncias idênticas, Humberto Coelho conseguiu que até o 3º guarda-redes (ironicamente, à época o mesmo Quim) jogasse uns minutos contra a Alemanha.- Paulo Santos: Não jogou, o que é quase uma fatalidade para o 3º guarda-redes, por isso não é avaliado.
**** Scolari: Apontou os quartos de final como objectivo, no que foi realista e ambicioso e chegou às meias-finais, superando a meta traçada. Confesso que eu, até pensei que Portugal ganharia o Grupo D e cairia nos oitavos de final e por isso estou muito contente com o 4º lugar alcançado. Porque é que não dou 5 * a Scolari? A leitura das apreciações aos jogadores dá a resposta. Scolari tem capacidade de liderança e de criação de um espírito de grupo forte, coeso e ambicioso. Não é tão talentoso como treinador, especialmente no banco: o que lhe sobra em teimosia, falta-lhe em flexibilidade. Isso vê-se na repetição interminável das convocatórias, na manutenção do mesmo onze independentemente dos adversários ou da forma dos jogadores, na incapacidade para aproveitar 1 hora de vantagem numérica contra a Inglaterra e em fazer uma tentativa convincente de virar o resultado contra a França, na manutenção de um ataque que não marcava golos. Scolari conseguiu chegar muito longe e tem muito mérito nisso. No entanto, fica-se com o travo agridoce de com ele termos ido tão longe e de, por causa dele, não termos ido mais além.
***** Portugal: Selecção, jogadores, técnicos, adeptos, todos se podem orgulhar da carreira portuguesa. O espírito de união da equipa e dos Portugueses, o orgulho na bandeira, no ser Português e em fazer uma prova de sucesso, é o mérito e orgulho de todos. E, por esse prisma, todos merecem 5 estrelas.