29 novembro, 2006

O Comboio dos Fracos

O COMBOIO DOS FRACOS 





Em 1982, na Guerra das Falkland, um submarino britânico torpedeou e afundou o cruzador argentino General Belgrano, um dos dois maiores vasos de guerra da marinha de Guerra da Argentina. A partir daí, o almirantado argentino decidiu manter o outro, o porta-aviões Vinte e Cinco de Maio, resguardado no Mar da Prata, não fosse a Royal Navy afundá-lo também!!!

Perguntar-se-á: mas então o porta-aviões não era para utilizar em situações de guerra e, consequentemente, de risco? Ou servia para abrilhantar os desfiles militares e encher de bazófia os almirantes argentinos? A resposta é: devia ser a primeira hipótese, mas a realidade mostrou que era a segunda.

Avançando 24 anos e deslocando-nos para o Afeganistão, verificamos que lá se trava um combate sem tréguas pela pacificação do Sul e do Leste do país e pela erradicação dos Taliban ressurgidos, de restos da Al-Qaeda e ainda da cultura da papoila»ópio»heroína. Nessa missão, a cargo da NATO estão envolvidos 37 países e 33.000 soldados. Tal como acontece em muitos casos, cada contingente tem os seus “rules of engagement”, ou seja, a tipologia de missões que podem levar a cabo, a tipificação das situações em que podem usar a força (e em que grau) e de quem é que podem receber luz verde para actuar.

Como se refere no post anterior, “O Comboio dos Duros” , vários países de grandes, médias e até pequenas dimensões, estão envolvidos em missões de combate contra os Taliban, enquanto outras estão disponíveis como reserva, prontas a ser utilizadas quando, onde e se necessário. Tal é o caso de Portugal.

Porém, um grupo de grandes (?!?) potências europeias, nomeadamente a França, a Alemanha, a Itália e a Espanha, recusam terminantemente: flexibilizar as possibilidades de actuação das suas tropas, não permitindo que possam acorrer em auxílio de aliados em dificuldades (a não ser com equipas médicas e humanitárias); permitir que as tropas sejam deslocadas das zonas relativamente calmas e confortáveis do Norte e do Oeste para as zonas de combate; em suma, envolverem-se em situações de combate e de risco. Esta posição foi reafirmada na recente Cimeira da NATO realizada em Riga.

Para países com este potencial económico, político, tecnológico, demográfico, militar (supostamente), não está mal: encaram as suas tropas da mesma forma que os Argentinos tratavam o porta-aviões, guardando-as com cuidado não se vão estragar. Curiosamente, a maioria destes estados, nos últimos 200 anos, foi cilindrada em grande parte das guerras em que participaram. E queriam alguns destes países liderar uma alternativa de poder aos EUA e esvaziar a importância da NATO! Risível!

É evidente que, com isto, não quero dizer que vidas humanas sejam postas em risco de forma aligeirada, irresponsável e desnecessária. O que se trata aqui é de um conflito muito importante, no qual o sucesso é vital para o Ocidente e para o mundo, e de tropas profissionais que se supõe estarem bem treinadas, bem armadas e preparadas para combater.

Infelizmente, a guerra implica riscos, coragem e baixas, mas a história mostra-nos sobejamente que a cobardia, a fraqueza e a incapacidade de assumir posições firmes em tempos de crise, podem conduzir a resultados bem piores a prazo.

No Afeganistão, enquanto uns arriscam a vida pela segurança dos seus países e dos outros, este autêntico “Comboio dos Fracos” vai criticando os outros de palanque, enquanto que se esquiva da acção como o diabo da cruz.

O Comboio dos Duros

O COMBOIO DOS DUROS
 

Já tive oportunidade de referir por duas vezes neste Blog que o Afeganistão é uma frente fundamental no combate ao terrorismo internacional (maxime Al-Qaeda), à produção e tráfico de droga (ópio/heroína) e ao islamismo mais radical (Talibans).


Neste cenário de 3 em 1, está tanto em jogo que dezenas de países investiram tropas, técnicos e dinheiro para apoiar a reconstrução do país e a erradicação das ameaças.


Como é evidente, o desiderato estruturante de repor o Afeganistão a funcionar nos planos político, económico e social, é necessário, antes da ajuda técnica e financeira, criar condições de segurança e estabilidade. Tal tem-se mostrado crescentemente complicado em 2006, quando se assiste a um ressurgimento dos Taliban.


Ora, a única maneira (ou pelo menos a principal) de resolver este problema é através da força armada aplicada com a contundência necessária para tentar o extermínio das forças Taliban/Al-Qaeda, ou pelo menos, feri-las severamente de forma a colocá-las fora de combate.

No entanto, conforme já escrevi no post
“Portugal e o Afeganistão” de 09/09/06, Até agora, para além dos EUA, só o Reino Unido, a Holanda e o Canadá, tiveram a coragem política de reforçar os seus contingentes no Afeganistão e de movimentar tropas do relativo conforto de Cabul e outras cidades, para desenvolver uma acirrada caça aos terroristas na zona meridional do país, nomeadamente nas províncias de Helmand e Kandahar.

Já passaram quase 3 meses e a situação mantém-se quase idêntica, havendo a acrescentar a Austrália e a Dinamarca aos países que têm a coragem e a firmeza para enviar as suas forças para desempenhar a missão primordial para a qual existem: combater! A estes podemos acrescentar pequenos países, como Portugal e a Estónia, hoje referenciados positivamente pelo Presidente George W. Bush têm rules of engagement suficientemente latas para poderem ser empregues em missões de combate efectivo.


A NATO tem 26 Estados-Membros. Destes, 6 (EUA, Reino Unido, Holanda, Canadá, Austrália e Dinamarca) combatem pelo interesse comum num ambiente agreste, hostil e perigoso. Há mais uns poucos que estão a postos para colaborar.


Usando linguagem cinematográfica, é com este “Comboio dos Duros” que podemos contar para este combate vital. Bem hajam!

 

 
Distribuição dos principais contingentes da NATO no Afeganistão.

23 novembro, 2006

O Regresso de Pedro

O REGRESSO DE PEDRO


Depois de um ano e meio a “andar por aí”, Pedro Santana Lopes regressou. Primeiro, numa intervenção em reunião do Grupo Parlamentar do PSD, depois com a publicação de um livro e uma subsequente entrevista à RTP1.

Naquela, no plano político-partidário esteve bem, equilibrado, apontando de forma clara algumas das deficiências do estilo e substância da oposição que o PSD faz ao Governo e fazendo-o no sítio certo.

O livro não o li, portanto vou reportar-me à entrevista. Santana Lopes expôs uma tese conspirativa, que envolveria Jorge Sampaio, Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates, Marques Mendes, pelo menos, para além de dar um rude golpe no carácter de Durão Barroso. Num tempo em que as teorias da conspiração mais mirabolantes proliferam em livros, na televisão (recordo o pseudo-comentário sobre o 09/11 que a RTP1 inacreditavelmente teve o desplante de apresentar no passado 11 de Setembro) e na Internet, confesso ser um céptico em relação a essas teorias. Por outro lado, também não sou muito propenso a coincidências excessivas, sendo verdade que todos os supra-citados se opuseram de uma forma ou de outra a Santana Lopes e que a maioria deles está hoje melhor do que há dois anos.

Não é fácil tomar uma posição, pelo que talvez seja melhor comprar o livro e fazer uma análise mais cuidada. É, porém, possível, tirar algumas conclusões com os factos que se conhecem e com a própria entrevista.

1- Pedro Santana Lopes fez bem em escrever o livro e dar a entrevista. Ele foi, antes, durante e após a sua passagem pelo Governo, alvo de uma barragem de ataques ad hominem como não haverá paralelo na História recente de Portugal. O tempo em que “andou por aí” foi um período de nojo, mas chegou a altura de contar a sua versão das coisas e demonstrar que, maugrado os seus erros e defeitos, há outros responsáveis pelo que se passou no Verão/Outono de 2004.
2- É evidente que não faltou no PSD quem lhe fizesse oposição para além do razoável e não me refiro ao Conselho Nacional da sucessão, nem ao Congresso de Barcelos.
3- Last, but not least, Jorge Sampaio. Ficou patente na entrevista o que já se percebera na época: Sampaio actuou de má fé, de forma arbitrária e parcial, violando de forma grosseira os deveres de lealdade e imparcialidade do Presidente da República. Toda a sua conduta, desde Julho até Dezembro, aponta para uma premeditação, patente nos condicionalismos que colocou ao novo Governo, nos constantes avisos e ameaças, na espera por uma solução mais credível no PS e, finalmente, na falta de sustentação da decisão de dissolver o Parlamento.

Não sei se o destino de Pedro Santana Lopes continua ou não escrito nas estrelas; sei que este ainda não é o seu tempo. Encerrado este lamentável episódio, Pedro Santana Lopes deverá prosseguir a sua vida, andar por aí se assim entender e resguardar-se. Quanto ao resto, vivemos Tempos Interessantes, nos quais é quase impossível prever como Portugal e o mundo irão ser em 2009, 2010, 2011… e se realmente estiver escrito nas estrelas, o segredo está em saber esperar que a roda da fortuna lhe torne a passar à porta.










 
 
 
 
 
 
Pedro Santana Lopes
in BBC News
at
http://www.newsimg.bbc.co.uk/media/images/

19 novembro, 2006

Saiu o Elo Mais Forte

SAIU O ELO MAIS FORTE

Eu leio, vejo, ouço e custa-me acreditar. O PSD atirou pela janela fora a maioria que, com o CDS, detinha na Câmara Municipal de Lisboa, quando o Presidente da Câmara resolveu retirar os pelouros a Maria José Nogueira Pinto, vereadora do CDS.

Eu não vivo em Lisboa, mas Maria José Nogueira Pinto parece ser um dos melhores membros da vereação: calma, ponderada, com ideias e capacidade de realização e de pensar pela sua cabeça.

Esta decisão de Carmona Rodrigues segue-se a uma votação em que Nogueira Pinto votou contra uma proposta dele para a administração da Sociedade de Reabilitação Urbana. Realmente, parece mal. O estranho é que entre a feitura da lista e a sua ida a votação, um dos três nomes que a integrava, desapareceu. Pior é saber-se que tal terá acontecido por imposição do Presidente ou da Direcção do PSD. A ser tudo isto verdade, e os indícios são muito fortes, as leituras que se podem retirar do episódio são lamentáveis:

1- Carmona Rodrigues que tanto gostava de apregoar a sua qualidade de independente, portou-se como um qualquer amanuense do Partido.
2- Marques Mendes parece estar mais empenhado numa espécie de “limpeza étnica” interna do que em realizar uma oposição eficaz e intransigente ao governo do PS.
3- A Presidente da Distrital do PSD de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, também não fica bem na fotografia, dado que teve uma desavença pública com Maria José Nogueira Pinto, após a qual disse que o assunto seria resolvido no sítio próprio. Seria através do tribunal ou de uma vendetta?
4- A Câmara Municipal de Lisboa perdeu uma boa vereadora, porventura o elo mais forte do executivo.

Os Lisboetas têm realmente motivos para estar mesmo “satisfeitos”: entre as depurações do PSD, a guerra civil no PS e os desvarios do vereador do BE, quem saiu foi o elo mais forte. Triste sina.

 
P.S. Dias depois da publicação deste post, Carmona Rodrigues deu uma entrevista à Antena 1, parcialmente reproduzida no Jornal de Notícias de 25/11/06. Nela, registam-se contradicções, manifesta-se uma total ausência de sensibilidade política e confirma-se que Marques Mendes o pressionou a deixar cair o nome de Pedro Portugal Gaspar. Para além de tardia, fica-se com a sensação que a franqueza resulta mais da falta de jeito do que da vontade de ser transparente. Resultado: credibilidade ao fundo.

17 novembro, 2006

When The Going Gets Tough...

WHEN THE GOING GETS TOUGH…


Poucos dias passaram sobre as mid-term elections nos Estados Unidos e aí temos os primeiros sinais exteriores de irresponsabilidade de Congressistas Democratas. Pedem a retirada das tropas americanas, alvitram/exigem deadlines, reclamam a redução do contingente no Iraque.

E não se trata de figuras menores acabadas de chegar a Washington D.C. Falamos, por exemplo, de Harry Reid, Senador Democrata do Nevada e futuro líder da maioria que anunciou que iria pressionar o Presidente Bush a anunciar uma rápida e faseada retirada das tropas americanas e também de Carl Levin, Senador Democrata do Michigan e futuro Presidente do Comité para as Forças Armadas do Senado exige que aquelas comecem a retirar num prazo de 4 a 6 meses. Se a estes acrescentarmos os personagens do cartoon: os Senadores John Kerry e Edward Kennedy (Massachussets) o Presidente do Partido Democrata Howard Dean e a futura Speaker da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Califórnia), o cenário torna-se potencialmente aterrador. Pelosi apoiou (em vão) o Congressista John Murtha (Pennsylvania), apesar de um comportamento eticamente duvidoso, porque este foi dos primeiros a reclamar a retirada do Iraque.

Ora, um dos problemas que têm afectado a actuação e os resultados da coligação no Iraque, é a insuficiência de homens no terreno. Isso mesmo foi admitido pelo Comandante do Central Command dos EUA, General John Abizaid, perante uma Comissão do Senado. Há quem vá mais longe, como o Senador Republicano do Arizona, John McCain, defende mesmo um substancial incremento do contingente americano no Iraque. Tal não será, porventura, viável.

É, porém, evidente que uma retirada iniciada prematuramente e o anúncio de um calendário de retirada é um exercício de demagogia totalmente irresponsável e mostra o desastre que pode constituir a gestão democrata no Congresso. Esta atitude só iria motivar todas as facções combatentes no Iraque e conduziria inevitavelmente a uma guerra civil generalizada, pautada com uma violenta limpeza étnica, à medida que os diversos grupos tentavam definir o controle da sua etnia/religião/partido sobre o maior e melhor território possível. Felizmente, o próprio Partido Democrata é um mosaico diversificado e nem todos os Congressistas alinharão por este diapasão.

Não pretendo ignorar os erros cometidos no Iraque durante o pós-guerra. Mas a partir do momento em que os EUA, o Reino Unido, a Austrália, a Itália, a Polónia e outros lá estão, bater em retirada quando a situação se torna mais complicada, revela cobardia, oportunismo e falta de sentido de estado.

Como os Anglo-Saxónicos costumam dizer, “when the going gets tough, the tough get going”, que é como quem diz, quando as coisas se complicam, os durões põem-se a milhas. Não é disso que os Iraquianos precisam neste momento.
 



P.S. Ontem, 16/11/06, o "Tempos Interessantes" registou a sua 1000ª entrada. Não sendo algo de vital e muito menos de notável, aproveito o pequeno landmark para agradecer o interesse de todos os que contribuiram para estas 1000 visitas em mês e meio.


12 novembro, 2006

Os Elefantes Também se Abatem

OS ELEFANTES TAMBÉM SE ABATEM





















Caricatura de Thomas Nast, publicada na Harper’s Weekly em 1872 e que originou os ícones dos dois grandes partidos dos EUA.

O “worst case scenario” para os Republicanos confirmou-se: a revolução republicana de 1994 deu lugar à reviravolta democrata de 2006 e o GOP perdeu a maioria no Senado e na Câmara dos Representantes. Recorrendo à simbologia dos partidos Norte-Americanos, o Burro venceu o Elefante.

À desvantagem habitual do partido maioritário, ou melhor, do que ocupa a Casa Branca, nas mid-term elections, somaram-se a impopularidade crescente que o atrito do conflito no Iraque vem gerando e os escândalos que abalaram algumas figuras republicanas proeminentes no Congresso.

E agora George W.? Bem, o Presidente dos EUA já enviou uma mensagem pós-eleitoral conciliatória, mesmo para aqueles cujo único lema eleitoral parecia ser “Vote contra o Bush!” Há, no entanto, alguns aspectos que importa não ignorar:

1- George W. Bush teve uma experiência, enquanto Governador do Texas, de governar com uma legislatura de maioria democrata e foi bem sucedida.
2- George W. Bush foi eleito com o slogan de Compassionate Conservative, e mostrou mais disto do que daquilo. Tal traduziu-se na forma determinada (ou obstinada, ou inflexível) como conduziu a sua política nos últimos 5 anos.
3- O ponto anterior, não invalida que o Presidente dos EUA não saiba adaptar-se, mesmo que tacticamente, a novas e menos favoráveis situações: já o fez no plano externo depois de reeleito em 2004.
4- Os Democratas estão inebriados com a vitória, mas não têm os trunfos todos: a sua maioria no Sendo é virtual – o resultado foi de 49-49 e 2 independentes com ligações ao Partido Democrata; no entanto, um deles, o Senador Joseph Lieberman do Connecticut, foi batido nas primárias do partido por um candidato da ala radical dos Democratas que depois foi esmagado nas urnas. E porque é que Lieberman perdeu dentro do partido? Porque apoiava fortemente Bush na questão do Iraque. E poderá haver cismas entre os democratas mais radicais que são visceralmente anti-Bush e os moderados que acreditam que não será com uma plataforma (?) dessas que poderão vencer em 2008.
5- A iniciativa em política externa e de defesa, como em muitas outras num sistema presidencialista, pertence ao Presidente, o que significa que a margem de manobra democrata para inverter o rumo das coisas no Iraque, no Afeganistão, na Palestina, na Coreia do Norte, é muito limitada.
6- Finalmente, exceptuando os radicais irresponsáveis que querem uma rápida retirada do Iraque, como o pateta do Senador John Kerry, os Democratas não têm um real plano B para o Iraque. Estão, tal como os Republicanos, à espera das conclusões de uma comissão bipartidária nomeada para o efeito. Ou seja, fosse qual fosse o resultado a 7 de Novembro, alguma coisa iria mudar na postura dos EUA face ao Iraque.

Posto isto, será obviamente mais difícil para George W. Bush governar nos próximos dois anos. No entanto, algo me diz que a sua popularidade será maior no final de 2008 quando for eleito o seu sucessor do que é actualmente. Para os Elefantes isso seria um bom sinal. Para o mundo também.

O Maior do Mundo

O MAIOR DO MUNDO



O MAIOR DO MUNDO!!! 160.400 associados, tornaram o SPORT LISBOA E BENFICA no maior clube do mundo no que a número de sócios diz respeito, superando o anterior líder, Manchester United (152.000) e encabeçando uma lista na qual figuram o Bayern Munchen (145.000), Barcelona (130.000) e Arsenal (100.000).

É claro que esta distinção não substitui outras, nomeadamente a conquista de títulos, mas que constitui motivo de orgulho e o testemunho vivo da enorme e fiel falange de apoio que o Benfica tem em Portugal, mas também na Europa, América e África, isso é indesmentível.

Releva também, que o Benfica consiga ser o líder mundial de sócios, sendo de um país com 10.000.000 de habitantes, quando os países dos quatro clubes que se seguem têm 82 milhões (Alemanha), 60 milhões (Reino Unido) e 40 milhões (Espanha).

Parabéns Benfica! Na qualidade de Sócio nº 11.035 do SLB, sinto-me orgulhoso por ser parte desta “chama imensa”.

06 novembro, 2006

Mil Perdões

MIL PERDÕES
 
Na sequência da “História de Veneza”, prometi que voltaria à temática dos pedidos de desculpas que tem estado em voga estadistas (quase sempre ocidentais) pedirem a outros povos/países por acções cometidas pelos respectivos antepassados.

Por princípio, considero esta prática uma aberração sem sentido, que resulta da era politicamente correcta (condicionada por complexos e hipocrisia) em que vivemos e do sentimento de culpa que alguns grupos conseguem inculcar nas lideranças políticas.

1- Estes pedidos de desculpas são unilaterais: são sempre os mesmos a pedir desculpa e os mesmos a recebê-las, como se uns fossem uns pecadores impenitentes ao longo dos séculos e os outros fossem uns mártires sem mácula. Não posso subscrever esta visão unilateral e redutora da História.

2- Estes pedidos de desculpa ignoram a natural evolução das coisas e a relatividade dos valores ao longo da História. Até há meio século atrás, a conquista era um acto normal nas Relações Internacionais, que só não era praticado por quem não tinha poder para isso. Há 500 anos, a escravatura era normal, como o era há 2000 anos; e foram muitos os povos que a praticaram e as culturas que a aceitaram. Há 600 anos atrás era comum passar a fio de espada os vencidos; já Júlio César exclamava “vae victis” (ai dos vencidos).

3- Se TODOS, os povos e países pedissem desculpa pelas “malfeitorias” que ao longo de 500, 800, 2000, 3500 anos de História os seus antepassados foram fazendo a outros, a diplomacia mundial resumir-se-ia a um corropio de troca de desculpas. Os Árabes pediriam desculpa a todos, desde a Índia até à Península Ibérica, passando por todo o Norte de África, para não falar nos escravos que capturavam na África negra; os Italianos, herdeiros do Império Romano, teriam de o fazer ao mundo Euro-Mediterrânico; os Franceses e os Alemães fá-lo-iam a quase toda a Europa, a que acresce, no caso da França, a inúmeras colónias; Portugal, por exemplo, teria de se desculpar perante os nativos do Brasil, Guiné, Angola, Moçambique, Timor, etc, mas receberia desculpas da Espanha, França, da Liga Árabe e da Itália.

Há, naturalmente, que fazer uma distinção entre factos remotos e acontecimentos contemporâneos. Uma coisa é a Alemanha assumir as suas responsabilidades pelo Holocausto e dele pedir desculpa, outra bem diferente seria a Grã-Bretanha pedir desculpa à França pela ocupação territorial e pelos massacres cometidos durante a Guerra dos Cem Anos. Não obstante, isto não significa que a Alemanha tenha de viver vergada pelo sentimento de culpa ou coagida na sua acção política pelo Holocausto. O capítulo encerra-se e segue-se em frente. Isto não significa esquecer a barbárie, ou ignorar a dor das vítimas e dos seus descendentes, mas apenas a ordem natural das coisas: life goes on.

Esta prática – a reivindicação de desculpas e a subsequente das ditas – resulta na manutenção do Ocidente como refém moral do resto do mundo, como se lhe fossem assacáveis os males do mundo, ignorando todas as benfeitorias e como se povos, nações, estados, que são independentes há 30, 50, 100 anos, tivessem vivido todo este tempo num estado de inimputabilidade absoluta e fossem alheios ao estado miserável em que muitos deles estão.

Eu não sinto nem necessidade, nem dever, nem vontade, nem obrigação de pedir desculpa a povo algum por aquilo que os nossos antepassados fizeram. Estamos no III Milénio e os países têm de seguir o seu caminho e assumir a responsabilidade pelo seu presente e pelo seu futuro, sem estarem permanentemente a recriminar D. Afonso de Albuquerque, Cristóvão Colombo, Elizabeth I, George Washington, ou Pedro o Grande, ou quaisquer outros, pelas suas desditas actuais.
 

02 novembro, 2006

Festa, Vitória e Fair-Play

FESTA, VITÓRIA E FAIR PLAY

Nuno Gomes festeja o 2-0 contra o Celtic no Estádio da Luz.

Aproveitando o feriado, fomos (eu, o Afonso Duarte e dois amigos - o João Carlos e o Fernando Daniel) a Lisboa ver pela segunda vez este ano um jogo da Liga dos Campeões (o primeiro foi o Benfica, 3 – Áustria Viena, 0). Desta vez, com grandiosidade acrescida por já se estar na fase de grupos; 55.000 espectadores no Estádio da Luz, 10.000 dos quais Escoceses. De longe a maior falange de adeptos visitantes que eu já vi na Luz; quase que diria que em Lisboa, poucas vezes se terá visto tantos adeptos de futebol vestidos de verde e branco.

Ambiente de festa, muito fair-play (notável a iniciativa dos supporters do Celtic de homenagear Miklos Fehér exibindo uma gigantesca camisola nº 29 do Benfica ao som do “You Will Never Walk Alone”.

Bom também ver o Benfica a fazer um bom jogo e a vencer outra vez por 3-0 (podia ter sido 4-0), resultado que aconteceu nas 4 vezes que os dois clubes se defrontaram e sempre a favor dos visitados.

No final, festa, fair-play, sã convivência entre os adeptos (nisto os Britânicos são inigualáveis). Tudo muito diferente, o oposto mesmo, do que se passa no plano interno. Assim dá mais gosto ir ao futebol.