Em 1982, na Guerra das Falkland, um submarino britânico torpedeou e afundou o cruzador argentino General Belgrano, um dos dois maiores vasos de guerra da marinha de Guerra da Argentina. A partir daí, o almirantado argentino decidiu manter o outro, o porta-aviões Vinte e Cinco de Maio, resguardado no Mar da Prata, não fosse a Royal Navy afundá-lo também!!!
Perguntar-se-á: mas então o porta-aviões não era para utilizar em situações de guerra e, consequentemente, de risco? Ou servia para abrilhantar os desfiles militares e encher de bazófia os almirantes argentinos? A resposta é: devia ser a primeira hipótese, mas a realidade mostrou que era a segunda.
Avançando 24 anos e deslocando-nos para o Afeganistão, verificamos que lá se trava um combate sem tréguas pela pacificação do Sul e do Leste do país e pela erradicação dos Taliban ressurgidos, de restos da Al-Qaeda e ainda da cultura da papoila»ópio»heroína. Nessa missão, a cargo da NATO estão envolvidos 37 países e 33.000 soldados. Tal como acontece em muitos casos, cada contingente tem os seus “rules of engagement”, ou seja, a tipologia de missões que podem levar a cabo, a tipificação das situações em que podem usar a força (e em que grau) e de quem é que podem receber luz verde para actuar.
Como se refere no post anterior, “O Comboio dos Duros” , vários países de grandes, médias e até pequenas dimensões, estão envolvidos em missões de combate contra os Taliban, enquanto outras estão disponíveis como reserva, prontas a ser utilizadas quando, onde e se necessário. Tal é o caso de Portugal.
Porém, um grupo de grandes (?!?) potências europeias, nomeadamente a França, a Alemanha, a Itália e a Espanha, recusam terminantemente: flexibilizar as possibilidades de actuação das suas tropas, não permitindo que possam acorrer em auxílio de aliados em dificuldades (a não ser com equipas médicas e humanitárias); permitir que as tropas sejam deslocadas das zonas relativamente calmas e confortáveis do Norte e do Oeste para as zonas de combate; em suma, envolverem-se em situações de combate e de risco. Esta posição foi reafirmada na recente Cimeira da NATO realizada em Riga.
Para países com este potencial económico, político, tecnológico, demográfico, militar (supostamente), não está mal: encaram as suas tropas da mesma forma que os Argentinos tratavam o porta-aviões, guardando-as com cuidado não se vão estragar. Curiosamente, a maioria destes estados, nos últimos 200 anos, foi cilindrada em grande parte das guerras em que participaram. E queriam alguns destes países liderar uma alternativa de poder aos EUA e esvaziar a importância da NATO! Risível!
É evidente que, com isto, não quero dizer que vidas humanas sejam postas em risco de forma aligeirada, irresponsável e desnecessária. O que se trata aqui é de um conflito muito importante, no qual o sucesso é vital para o Ocidente e para o mundo, e de tropas profissionais que se supõe estarem bem treinadas, bem armadas e preparadas para combater.
Infelizmente, a guerra implica riscos, coragem e baixas, mas a história mostra-nos sobejamente que a cobardia, a fraqueza e a incapacidade de assumir posições firmes em tempos de crise, podem conduzir a resultados bem piores a prazo.
No Afeganistão, enquanto uns arriscam a vida pela segurança dos seus países e dos outros, este autêntico “Comboio dos Fracos” vai criticando os outros de palanque, enquanto que se esquiva da acção como o diabo da cruz.
Perguntar-se-á: mas então o porta-aviões não era para utilizar em situações de guerra e, consequentemente, de risco? Ou servia para abrilhantar os desfiles militares e encher de bazófia os almirantes argentinos? A resposta é: devia ser a primeira hipótese, mas a realidade mostrou que era a segunda.
Avançando 24 anos e deslocando-nos para o Afeganistão, verificamos que lá se trava um combate sem tréguas pela pacificação do Sul e do Leste do país e pela erradicação dos Taliban ressurgidos, de restos da Al-Qaeda e ainda da cultura da papoila»ópio»heroína. Nessa missão, a cargo da NATO estão envolvidos 37 países e 33.000 soldados. Tal como acontece em muitos casos, cada contingente tem os seus “rules of engagement”, ou seja, a tipologia de missões que podem levar a cabo, a tipificação das situações em que podem usar a força (e em que grau) e de quem é que podem receber luz verde para actuar.
Como se refere no post anterior, “O Comboio dos Duros” , vários países de grandes, médias e até pequenas dimensões, estão envolvidos em missões de combate contra os Taliban, enquanto outras estão disponíveis como reserva, prontas a ser utilizadas quando, onde e se necessário. Tal é o caso de Portugal.
Porém, um grupo de grandes (?!?) potências europeias, nomeadamente a França, a Alemanha, a Itália e a Espanha, recusam terminantemente: flexibilizar as possibilidades de actuação das suas tropas, não permitindo que possam acorrer em auxílio de aliados em dificuldades (a não ser com equipas médicas e humanitárias); permitir que as tropas sejam deslocadas das zonas relativamente calmas e confortáveis do Norte e do Oeste para as zonas de combate; em suma, envolverem-se em situações de combate e de risco. Esta posição foi reafirmada na recente Cimeira da NATO realizada em Riga.
Para países com este potencial económico, político, tecnológico, demográfico, militar (supostamente), não está mal: encaram as suas tropas da mesma forma que os Argentinos tratavam o porta-aviões, guardando-as com cuidado não se vão estragar. Curiosamente, a maioria destes estados, nos últimos 200 anos, foi cilindrada em grande parte das guerras em que participaram. E queriam alguns destes países liderar uma alternativa de poder aos EUA e esvaziar a importância da NATO! Risível!
É evidente que, com isto, não quero dizer que vidas humanas sejam postas em risco de forma aligeirada, irresponsável e desnecessária. O que se trata aqui é de um conflito muito importante, no qual o sucesso é vital para o Ocidente e para o mundo, e de tropas profissionais que se supõe estarem bem treinadas, bem armadas e preparadas para combater.
Infelizmente, a guerra implica riscos, coragem e baixas, mas a história mostra-nos sobejamente que a cobardia, a fraqueza e a incapacidade de assumir posições firmes em tempos de crise, podem conduzir a resultados bem piores a prazo.
No Afeganistão, enquanto uns arriscam a vida pela segurança dos seus países e dos outros, este autêntico “Comboio dos Fracos” vai criticando os outros de palanque, enquanto que se esquiva da acção como o diabo da cruz.
13 comentários:
Estou inteiramente de acordo contigo quer me relação ao "Comboio dos Duros" quer em relação ao "Comboio dos Fracos".
Especialmente em relação aos franceses que nada ganham militarmente sozinhos desde Napoleão (e nem dele gostavam por ter nascido na Córsega)e tem o feio hábito de, sem correrem riscos, quererem cavalgar as vitórias dos outros.
Aliás hoje,no combate ao terrorismo,prefiro mil vezes as posições americanas e britânicas com alguns erros que cometem,do que a pusilanimidade dos franceses,italianos,espanhois (mas tambem com aquele inenarrável Zapatero que se podia esperar ?)convictos que é com falinhas mansas que resolvem os problemas.
Já não se lembram,seguramente,de Chamberlain,Daladier e de Munique.
Só que agora os Hitler são outros...
Preferir é escolher. Escolher é a liberdade. Respeitável, portanto. Mas,
1)- Preferir mil. vezes "os erros" de Bush e de Blair, significa preferir mil vezes os 600.000 mortos iraquianos, 3.000 GI's e centenas de Britânicos e outras nacionalidades. Se o calculo fosse somente aritmético, 1.000 vezes ...? Horrível!
2)- Será também preferir uma nação completamente destruída, uma guerra civil sem solução à vista , o terrorismo exacerbado e dentro em pouco o espectáculo terrível do " Ultimo Helicóptero " de Saigon.
3) -Será também preferir o terrível espectáculo da política do " running away" , deixando o Iraque e o Afeganistão e sem duvida todo o Médio Oriente ao louco de Teerão, que poderá assim modelar esta região a seu bom prazer, com a ajuda dos seus aliados regionais.
O Irão que conseguiu chegar aos bordos do Mediterrâneo com uma presença forte na Síria, no Líbano, no Iraque, e nos territórios da Palestina, graças a esses "erros", começa a crer que um dia ele vai liderar o combate do mundo muçulmano contra os Cruzados e os Sionistas liderados pelos EUA, dixit Ahmadinejad.
4)- A América invencível do após guerra aparece vulnerável hoje, depois do 9/11. A derrota da URSS no Afeganistão leva muitos países a pensar que a mesma coisa acontecerá à NATO.
Hamid Karzai procura fortalecer as relações com Teerão. Porquê ? Na perspectiva do "runing away" da NATO.
5)- Muitos políticos iraquianos não colaboram com os EUA porque não sabem quanto tempo os EUA vão continuar no Iraque. Mas eles também sabem que uma mudança de governo na Austrália, Grande-Bretanha e EUA pode levar a uma mudança radical de política.
6)- Preferir os erros de Bush consiste a aceitar os erros dos EUA no passado, agravados , na medida em que se no passado os EUA foram aliados de Saddam Hussein na guerra contra as forças islamistas radicais de Teerão, que guardou cativo o pessoal da Embaixada US durante 444 dias , hoje os EUA preparam-se a pedir a ajuda deles para acabar com o problema iraquiano.
7)- Preferir os erros de Bush é considerar que ,quando os EUA e o Paquistão trouxeram uma ajuda absoluta aos mujahideen rebeldes do Afeganistão, liderados por um tal Osama bin Laden, no combate à URSS e ao regime comunista de Kabul, o bicho foi introduzido no fruto, e que a partir dai o islamismo estava no poder e que o islamismo radical extremista dos Taliban não tardaria a pôr fora Massoud.
8)- E que por conseguinte, logo a seguir ao 9/11 a solução não era de invadir o Iraque, mas de levar toda a força disponível para o Afeganistão , e o mundo inteiro estava de acordo, para erradicar este perigo islamista radical e a escola do terrorismo. E que quaisquer que sejam as forças militares que se possam enviar hoje para esse pais, a sociedade dos clãs, tribos e chefes de guerra em todo o território não aprenderá nunca a democracia. E como já disse, nem o vizinho Paquistão fará mais que o dever mínimo para nos ajudar a levar a bom fim o nosso combate. Porque o Paquistão está ele mesmo contaminado pelo mesmo mal.
Este "ERRO" fundamental foi o que levou os Povos Americano e Britânico a condenar Bush e Blair, recentemente.
Então , cada um tem o direito de preferir aqueles que cometeram tais erros trágicos, mesmo quando os Povos respectivos demonstraram o contrário, mas não podemos deixar de pensar que nos pagaremos todos um dia por esses erros. Como pagamos no passado os erros do Britânico Chamberlain e do Francês Daladier.
Quanto à carga repetida contra os nossos irmaos latinos do pais de Voltaire, o autor do "Tratado da Tolerância, direi simplesmente que, " o que é excessivo é insignificante"!
Luís: Exactamente. As referências a Munique/1938 vão ao âmago da questão: a cobardia perante a ameaça totalitária leva a males piores ou a capitulação.
P.S. Por uma questão de sistematização, as respostas que digam directamente respeito ao "Comboio dos Duros" coloco-as nesse post.
Meu caro Freitas Pereira:
Nao tenho a presunção da infalibilidade nem de ter razaõ em tudo o que penso.
Agora tenho é a convicção que o contraponto aos "erros" americanos e britanicos seria a manutenção no poder de um tirano sanguinário(ou ja se esqueceu de Saddam ?),cheio de recursos,que o levariam inevitavelmente á tragica aventura nuclear.
A exempo aliás dos vizinhos do Irão,a que mais dia menos dia,os EUA,a Grã Bretanha e os não cobardes da Nato vão ter de fazer...uma visita !
Porque podemos ter os discursos que quisermos,até cheios de razão no plano teórico,sobre os erros cometidos pelas democracias.
Mas no dia em que um qualquer ditador fanático,seja no Irao,na Coreia do Norte,na Siria,etc,tiver uma arma nuclear e meios de a lançar contra Israel ou a Europa,aí não há teorias que valham de nada.
Talvez apenas espaço para lamentar que EUA,Inglatera e poucos (infelizmente muito poucos)mais não tenham tido possibilidade de o evitar.
Quanto aos irmãos latinos,bem,lembro-me da França na Argélia,da Itália na Etiópia,e de outros exemplos de como "olha para o que eu digo,não olhes para o que eu faço".
É que EUA e Grã Bretanha,mesmo cometendo os tais erros(nomeadamente durante a guerra fria),vi-os sempre do lado da liberdade e da democracia.
Dos irmãos latinos não posso dizer bem o mesmo.
Sr. Freitas Pereira: "A carga" não é contra os seus irmãos franceses. É contra os países que têm e/ou exibem alguma capacidade e têm contingentes significativos no Afeganistão, e que assumem uma postura cobarde num cenário de combates; neste caso, a crítica abrange a França, a Espanha, a Alemanha e a Itália.
Quanto à "Carta Sobre a Tolerância" ("Epistola de Tolerantia"), foi escrita em 1689 por um Britânico: John Locke.
Senhores Rui Miguel Ribeiro e Luís Cirilo
Nada de mais agradável que de dialogar com pessoas que têm ideias bem ancoradas e que não desviam de uma polegada contra ventos e marés! Assim é que é !
Sr. Miguel Ribeiro:
O Tratado para a Tolerância a que sempre me referi é exactamente o de Voltaire, que data de 1763, o original do qual se encontra no Instituto e Museu Voltaire de Genebra. Cherchez, cherchez, Cher Monsieur !
Este tratado é mais conhecido que o de Glocke, e foi inspirado pelo caso Calas que já descrevi noutro post há tempos. Voltaire, nesse tratado, que contem vários capítulos, até ai deixou uma prece a Deus, o que parece estranho para alguém que passou sempre por ser um anti-clerical e que um dia , um amigo surpreendeu a retirar o chapéu quando passava em frente duma igreja. A surpresa do amigo ele respondeu " Oh, como sabe, com Deus não nos falamos, mas respeitamo-nos e saudamo-nos sempre"!
Eu sei, Sr.Luís Cirilo, que ninguém é infalível. Disso temos tantos exemplos como de seres humanos. O que me parece é que podemos ter razão em certos casos e que noutros casos podemos dar a impressão que descuramos certos factos. O resto é uma questão de convicções, como muito bem disse.
A guerra colonialista da França na Argélia mereceu sempre a minha critica. Como a da Indochina. Como a de Madagáscar. Como a do Marrocos, se bem que breve.
Todas as guerras dos antigos países colonizados acabaram como deviam acabar: no drama da fuga por vezes desordenada, trágica frequentemente, para os que ficaram enfim independentes, mas na miséria, e para os que tiveram que partir deixando o fruto de trabalho de anos, deixando os cemitérios onde repousam os entes queridos, e isto depois de séculos, para alguns, como , por ex. os nossos compatriotas.
A Itália na Etiópia ? Claro. O Reino Unido na Índia ? Claro. Quem esqueceu a guerra dos Ingleses no Quénia , contra o povo de Kenyata ? E dos Inglêses contra os " boers" do Transval ?
Estas guerras coloniais eram democráticas ? Claro que não. Ninguém gosta de abdicar do "seu" Império!
Mas desculpe: a guerra do Vietname, era ela democrática ? E o Vietname não era uma colónia USA ! Não creio francamente, que a acção dos EUA na Nicarágua, no Guatemala, no Chile, no Panamá, e noutros países da América Latina foi realmente democrática. Quando penso à guerra de Reagan contra a ilha Barbados, que pertencia ao Commonweallth !
Quando escreve que o R.Unido e os EUA estiveram sempre do lado da democracia quer com isso dizer que a França não o esteve ?
Eisenhower disse que a resistência Francesa do interior foi o equivalente de 10 divisões, que muito contribuíram para a vitoria. O sacrifício da resistência foi imenso.
Os Franceses bateram-se heroicamente em Bir Hackeim, na batalha do Monte Cassino, na batalha do desembarque de Provence e foram até ao ninho de águia de Hitler na Áustria. A 2a Divisão Blindada de Leclerc foi louvada por Eisenhower.
Evidentemente o R.Unido e os EUA estiveram sempre nos momentos cruciais da historia do lado dos Europeus.
Claro que as afinidades com tal e tal povo dependem de circunstâncias da vida. Quando escrevi ' irmãos latinos entende-se que tenho mais afinidades com o povo de França e com a França que com o R.Unido e os EUA. E portanto, tenho certamente mais amigos nestes dois países que em França.
Acontece que fiz muitas conferências no estrangeiro, em inglês, e que cada vez que o meu nome chamava a atenção dizia o meu pais de origem. Em conversas privadas sempre gostei de explicar a Historia deste pequeno pais. E como nasci a 300 metros do Castelo de Guimarães, numa rua (de Santa Cruz) hoje desaparecida, levava a minha explicação histórica até contar que o meu primeiro Rei era filho dum Cavaleiro de Borgonha, terra que ainda não era da França, e que a esposa do primeiro Rei , D.Mafalda, era uma Senhora nascida na Saboia, que é hoje da França. Mas a Historia de Portugal também se cruzou frequentemente com o Reino Unido, sem duvida.
E tenho muita pena que tantas vezes as pessoas com quem discutia do meu pais ficassem admiradas que os Portugueses falem tão pouco da imensa Historia que eles têm ! Eu creio que eles eram objectivos !
Esta é uma afinidade .
A outra afinidade é que minha Esposa é Francesa e é filha dum Herói medalhado da primeira guerra mundial. Piloto de avião de caça, participou nos primeiros combates aéreos da Historia na esquadrilha de Guynemer.
Em 1940, a França sendo de novo invadida, a família vivia na Lorena, e esta província tendo sido anexada de novo, a população foi substituída por Alemães e assim toda a família se encontrou num campo de concentração. O Pai entretanto entrou na resistência e ai encontrou a morte. Estes factos criam afinidades profundas. E quando escrevem que este povo é cobarde, eu digo não.
Este povo é independente e não se alinha sobre esquemas de géopolitica que eles não aceitam ou mesmo, e porque não, que não lhes convém. E não tem, é verdade, as mesmas afinidades com os Americanos que têm os Ingleses. daqui que eles não sigam cegamente os mesmos caminhos da diplomacia Americana; Bem ou mal, assim é.
A minha posição sobre a guerra do Iraque é conhecida. Eu podia transcrever as palavras dos responsáveis Americanos e Ingleses sobre as armas nucleares, bacteriológicas e outras armas de destruição maciça. Mas o Senhor leu-as com certeza.
Senhor Cirilo, hoje está confirmado por Colin Powell e muitos outros que tudo isso foi concebido com um objectivo único : invadir o Iraque. Essas armas não existiam e o Iraque era controlado pelos especialistas da ONU. Mas quando se quer matar um cão, basta acusà-lo de estar contaminado com a raiva!
O Saddam era um assassino que merecia mais que uma morte. Mas não creio que nesse momento e mesmo hoje ele constituísse o perigo mais elevado para o ocidente. Há outros piores, mas ninguém se atreve a lá ir desalojà-los. O Iraque era uma prioridade estratégica.
Sr. Rui Miguel Ribeiro:
Desculpe mas eu tenho a certeza que rectificou o meu erro : Locke" e não "Glocke".
Tanto mais que este Sr. Locke é o tal que disse que " All wealth is the product of labour" , do que eu duvido!
A respeito do "Tratado sobre a Tolerância" de Voltaire, creio bem que vi um exemplar na Gulbenkian em Lisboa, ou mesmo na B. Municipal de Guimarães.
Cumprimentos
VOLTAIRE
(1694 - 1778)
TRAITE SUR LA TOLERANCE
(1763)
Page de titre du Traité sur la Tolérance
Institut et Musée Voltaire, Genève, CH.
Meu caro Freitas Pereira:
apreciei a sua exposição retrospectiva sobre parte da história do século XX e não deixo e concordar consigo em alguns pontos,nomeadamente na dificuldade com que os paises europeus abdicaram das suas possessões africanas ou asiáticas.
Quero contudo fazer um acto de contricção,não em relaçao aos dirigentes politicos franceses,mas sim em relação a parte significativa do seu povo.
É evidente que durante a II guerra mundial a Resistência francesa desempenhou um papel tão heroico quanto fundamental no combate á barbárie hitleriana.
Nunca confundirei a heroicidade dos franceses com a pusilanimidade histórica dos seus dirigentes.
Com uma ou outra excepção,com Charles de Gaulle á cabeça
Sr. Freitas Pereira: Je l'ai cherché et je ne l' ai trouvé pas.
Perante a sua insistência, fiz uma pesquisa mais aturada e (sem com isto duvidar de si) encontrei-o. Mea culpa.
Devo dizer, porém, que tenho dúvidas quando à "maior" importância do trabalho de Voltaire: na disciplina de História das Ideias Políticas, a "Epistola de Tolerantia" de Locke era estudada e o Tratado de Voltaire nem seuqer mencionado; no próprio site em que encontrei o Tratado de Voltaire é referida na sequência do trabalho pioneiro de Locke. Isto não encerra um juízo de valor sobre a obra de Voltaire que não conheço.
P.S. É evidente que o "Glocke" é um erro de dactilografar. Nunca outra coisa me passaria pela cabeça. Tomara eu nunca os fazer...
Sr. Rui Miguel Ribeiro:
Your French is very good, vous devez seulement changer la place du "pas" ! "Tempos Interessantes", "Depois Falamos" e o "Lodo" sao realmente grandes "blogs" Aprende-se ai muitas coisas! Diversidade, Fidelidade na diversidade, Convicções arreigadas", Hauteur d'Esprit' ... Tudo ai se encontra. (Uma confidência: -Comento bastante frequentemente em dois "blogs" de Boston e Washington: não consigo elevar o debate porque a religião interpõe-se e desvirtua as ideias , vitimas do fanatismo! Dommage ! ) .
Tem razão sobre a importância do "Tratado" de Voltaire. Talvez seja menos ensinado nos países Anglo-Saxonicos. E mesmo nos países latinos assim acontece, excepto em França e na Alemanha. Voltaire era polémico e anti-clerical o que o baniu das Universidades e Escolas Católicas. Excepto em Louvain, Universidade Católica Belga, onde, curiosamente, no Centro da Filosofia do Direito, disciplina "Direitos Fundamentais", o seu Tratado era ensinado.
Talvez porque não o puderam evitar, numa disciplina que tem como objectivo a elaboração duma teoria de governo democrático adaptada à evolução da nossa sociedade contemporânea.
Sciences Po em Paris, ensinou- o mas também saiu do programa.
Sr. Luís Cirilo:
Estamos de acordo sobre a distinção necessária entre um Povo e os seus políticos. Mesmo se estes sao eleitos pelo Povo , que por vezes tem uma vista a curto prazo e paga substancialmente por isso. Guy Mollet no caso da Argélia errou, Mendes France no caso da Indochina acertou, De Gaulle no caso da Argélia acertou, mesmo mentindo aos interessados, como acertou quando recusou o " fait accompli " da ocupação nazi enquanto outros aceitaram de colaborar. Paul Reynaud, Daladier e outros foram culpados de cegueira nos anos que precederam a Segunda Guerra Mundial.
Mas o Povo comete erros historicos também :- nunca compreendi a atitude dos Ingleses no fim da guerra quando derrotaram Winston Churchill, o Homem que incarnou tao bem a tenaciade e a coragem dum Povo, a quem devemos muito.
PS):
(Sr. Rui Miguel Ribeiro,desculpe por favor a minha indisciplina ao utilizar este "blog" para estes comentários) mas gostaria de dizer ao Caro Luís Cirilo, que ao ler o seu grito de desespero perante a agonia do nosso Vitoria no seu "blog", há alguém, que conheci na nossa terra, apaixonado como ele , e que lhe foi e é querido, que lá no alto onde ele se encontra, deve estar revoltado com o triste panorama que cá em baixo alguns criaram. Era bom que os dois pudessem ressuscitar.
PS): Sobre F.Carneiro: Apanhei duas ou três vezes o ultimo voo da noite, da TAP, do Porto para Lisboa, nos velhos Boeing 727, e tive a oportunidade de conhecer brevemente este Senhor, tanto mais que alojado no Sheraton, trocamos algumas palavras no bar. Impressionou-me a inteligência , aguda, fina ou talvez melhor dito - sharp -, a clareza do discurso e a profundidade do raciocínio. Uma boa visão do mundo exterior. Claro que um Povo é eterno e os políticos passam. Mas foi injusto de não se lhe ter dado a oportunidade de mostrar o que ele era capaz de fazer para o pais.
Os nossos "blogs" vão-me fazer falta, porque parto para Nova Iorque uns quatro dias. A bientôt.
Sr. Freitas Pereira: Pois. Je ne l'ai pas trouvé! Damn it! I use French so seldom that I should stick to "my" English!
P.S. Devolvo a "indisciplina" com uma indiscrição: Estará a referir-se ao José Alberto Gomes Alves? Eu não sou do Vitória, but he is certainly someone I miss.
Sr. Rui Miguel Ribeiro:
Como sabe eu li o "Tratado sobre a Tolerância" ,completamente, por isso sou tolerante quando alguém "estropia" (si peu) o Francês, tanto mais que eu sou Vimaranense e Português!
O que eu disse sobre as afinidades que nos podem levar ao caminho duma cultura no lugar duma outra, se eu tivesse aprendido o Inglês antes do Francês, ( foi o Dr.Mario Menezes que me ensinou)talvez eu fosse hoje um leitor mais assiduo da literatura inglesa, embora leia ainda bastante nesta lingua. A escolha duma lingua prioritària pode ter muita influência , como bem sabe.
O meu primeiro PS) era para o Sr.Luis Cirilo e referia-se ao Pai, que conheci como Vitoriano apaixonado.
Quanto ao Amigo Gomes Alves que conheci muito bem, também o recordo com saudade.
Enviar um comentário