WHEN THE GOING GETS TOUGH…
Poucos dias passaram sobre as mid-term elections nos Estados Unidos e aí temos os primeiros sinais exteriores de irresponsabilidade de Congressistas Democratas. Pedem a retirada das tropas americanas, alvitram/exigem deadlines, reclamam a redução do contingente no Iraque.
E não se trata de figuras menores acabadas de chegar a Washington D.C. Falamos, por exemplo, de Harry Reid, Senador Democrata do Nevada e futuro líder da maioria que anunciou que iria pressionar o Presidente Bush a anunciar uma rápida e faseada retirada das tropas americanas e também de Carl Levin, Senador Democrata do Michigan e futuro Presidente do Comité para as Forças Armadas do Senado exige que aquelas comecem a retirar num prazo de 4 a 6 meses. Se a estes acrescentarmos os personagens do cartoon: os Senadores John Kerry e Edward Kennedy (Massachussets) o Presidente do Partido Democrata Howard Dean e a futura Speaker da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Califórnia), o cenário torna-se potencialmente aterrador. Pelosi apoiou (em vão) o Congressista John Murtha (Pennsylvania), apesar de um comportamento eticamente duvidoso, porque este foi dos primeiros a reclamar a retirada do Iraque.
Ora, um dos problemas que têm afectado a actuação e os resultados da coligação no Iraque, é a insuficiência de homens no terreno. Isso mesmo foi admitido pelo Comandante do Central Command dos EUA, General John Abizaid, perante uma Comissão do Senado. Há quem vá mais longe, como o Senador Republicano do Arizona, John McCain, defende mesmo um substancial incremento do contingente americano no Iraque. Tal não será, porventura, viável.
É, porém, evidente que uma retirada iniciada prematuramente e o anúncio de um calendário de retirada é um exercício de demagogia totalmente irresponsável e mostra o desastre que pode constituir a gestão democrata no Congresso. Esta atitude só iria motivar todas as facções combatentes no Iraque e conduziria inevitavelmente a uma guerra civil generalizada, pautada com uma violenta limpeza étnica, à medida que os diversos grupos tentavam definir o controle da sua etnia/religião/partido sobre o maior e melhor território possível. Felizmente, o próprio Partido Democrata é um mosaico diversificado e nem todos os Congressistas alinharão por este diapasão.
Não pretendo ignorar os erros cometidos no Iraque durante o pós-guerra. Mas a partir do momento em que os EUA, o Reino Unido, a Austrália, a Itália, a Polónia e outros lá estão, bater em retirada quando a situação se torna mais complicada, revela cobardia, oportunismo e falta de sentido de estado.
Como os Anglo-Saxónicos costumam dizer, “when the going gets tough, the tough get going”, que é como quem diz, quando as coisas se complicam, os durões põem-se a milhas. Não é disso que os Iraquianos precisam neste momento.
E não se trata de figuras menores acabadas de chegar a Washington D.C. Falamos, por exemplo, de Harry Reid, Senador Democrata do Nevada e futuro líder da maioria que anunciou que iria pressionar o Presidente Bush a anunciar uma rápida e faseada retirada das tropas americanas e também de Carl Levin, Senador Democrata do Michigan e futuro Presidente do Comité para as Forças Armadas do Senado exige que aquelas comecem a retirar num prazo de 4 a 6 meses. Se a estes acrescentarmos os personagens do cartoon: os Senadores John Kerry e Edward Kennedy (Massachussets) o Presidente do Partido Democrata Howard Dean e a futura Speaker da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Califórnia), o cenário torna-se potencialmente aterrador. Pelosi apoiou (em vão) o Congressista John Murtha (Pennsylvania), apesar de um comportamento eticamente duvidoso, porque este foi dos primeiros a reclamar a retirada do Iraque.
Ora, um dos problemas que têm afectado a actuação e os resultados da coligação no Iraque, é a insuficiência de homens no terreno. Isso mesmo foi admitido pelo Comandante do Central Command dos EUA, General John Abizaid, perante uma Comissão do Senado. Há quem vá mais longe, como o Senador Republicano do Arizona, John McCain, defende mesmo um substancial incremento do contingente americano no Iraque. Tal não será, porventura, viável.
É, porém, evidente que uma retirada iniciada prematuramente e o anúncio de um calendário de retirada é um exercício de demagogia totalmente irresponsável e mostra o desastre que pode constituir a gestão democrata no Congresso. Esta atitude só iria motivar todas as facções combatentes no Iraque e conduziria inevitavelmente a uma guerra civil generalizada, pautada com uma violenta limpeza étnica, à medida que os diversos grupos tentavam definir o controle da sua etnia/religião/partido sobre o maior e melhor território possível. Felizmente, o próprio Partido Democrata é um mosaico diversificado e nem todos os Congressistas alinharão por este diapasão.
Não pretendo ignorar os erros cometidos no Iraque durante o pós-guerra. Mas a partir do momento em que os EUA, o Reino Unido, a Austrália, a Itália, a Polónia e outros lá estão, bater em retirada quando a situação se torna mais complicada, revela cobardia, oportunismo e falta de sentido de estado.
Como os Anglo-Saxónicos costumam dizer, “when the going gets tough, the tough get going”, que é como quem diz, quando as coisas se complicam, os durões põem-se a milhas. Não é disso que os Iraquianos precisam neste momento.
P.S. Ontem, 16/11/06, o "Tempos Interessantes" registou a sua 1000ª entrada. Não sendo algo de vital e muito menos de notável, aproveito o pequeno landmark para agradecer o interesse de todos os que contribuiram para estas 1000 visitas em mês e meio.
6 comentários:
Sr. Rui Miguel Ribeiro
Mais uma vez, parabens pelos seus 1000 visitantes!
Compreendo perfeitamente a fidelidade e o respeito das suas convicções, que o levam a considerar ainda que G.Bush poderá ser reconhecido como um estadista no fim do mandato actual.
Respeito estas convicções, claro está.
Mas não sei se a teoria da "resistência" aos factos que são aqueles que conhecemos no Iraque poderá "resistir" muito tempo à realidade.
Recordo que nos tempos do Vietname, gradualmente, e cada vez que os Vietcong lançavam uma ofensiva, o General em Chefe dos Exércitos no Vietname pedia mais reforços. Pouco a pouco, 250.000 GI's encontravam-se nas selvas deste pais, sem resultado.
O inimigo Viet sendo cada vez mais agressivo, alastrou-se a guerra ao Cambodia vizinho. Sem resultado.
Entretanto, os bombardeamentos mais selvagens da guerra, com bombas de todos os calibres, napalm, produtos químicos, (há ainda hoje crianças que vêm ao mundo completamente disformes), não conseguiam deter os Viets, como eles lhes chamavam.
O resultado final: os Americanos saíram para a rua em Washington em números tais que não era possível continuar.Os EUA deixaram o pobre povo vietnamita ao seu destino.
Hoje,
pela primeira vez em quatro anos, G.Bush considerou que a situação no Iraque evoca o Vietname.
Dois anos atras , um tal discurso teria sido considerado como uma traição.
Jim Baker e o seu comité de estudo da situação, disse claramente que será necessário passar pela negociação com os países vizinhos, para encontrar uma porta de saída.
Mas qual será o preço a pagar ? A resolução do problema Israel-Palestina.
Mesmo Blair o considera hoje como condição absoluta.
E talvez um acordo sobre o nuclear iraniano.
O que é trágico neste problema é que se é altamente prejudiciàvel para os EUA de manter as forças da coligação no Iraque, seria uma catástrofe de as fazer partir. A América caiu numa armadilha criada por ela mesmo. Trágico.
E quando se constata a situação no Afeganistão, onde Kardai só governa Kabul, graças à força internacional, e que Moucharraf, no Paquistão ,fez largas concessões às tribos do Paquistão Ocidental, então a situação é ainda mais trágica. Sem esquecer que o Afeganistão nunca produziu tanta droga como hoje.
Como vê, Sr. Rui Miguel Ribeiro, não sei se se pode dizer que os democratas são inconscientes quando propõem a retirada do Iraque, mas não vejo outra solução a curto, ou pelo menos a médio prazo, senão partir. Bush tem talvez dois anos para o fazer, qualquer que seja o resultado da retirada.
Sr. Rui Miguel Ribeiro:
Achei muito oportuno o ultimo parágrafo deste 'post', quando cita os Anglo-Saxonicos :" when the going gets tough, the tough get going"! Quando tudo vai mal, os "duroes" fogem!..Um pouco como os ratos que deixam o barco, quando o naufrágio está perto!
O " Washington Post" confirma os seus dizeres.
By Peter Baker
Updated: 11:05 a.m. ET Nov. 19, 2006
The weekend after the statue of Saddam Hussein fell, Kenneth Adelman and a couple of other promoters of the Iraq war gathered at Vice President Cheney's residence to celebrate. The invasion had been the "cakewalk" Adelman predicted. Cheney and his guests raised their glasses, toasting President Bush and victory. "It was a euphoric moment," Adelman recalled.
Forty-three months later, the cakewalk looks more like a death march, and Adelman has broken with the Bush team. He had an angry falling-out with Defense Secretary Donald H. Rumsfeld this fall. He and Cheney are no longer on speaking terms. And he believes that "the president is ultimately responsible" for what Adelman now calls "the debacle that was Iraq."
Adelman, a former Reagan administration official and onetime member of the Iraq war brain trust, is only the latest voice from inside the Bush circle to speak out against the president or his policies. Heading into the final chapter of his presidency, fresh from the sting of a midterm election defeat, Bush finds himself with fewer and fewer friends. Some of the strongest supporters of the war have grown disenchanted, former insiders are registering public dissent and Republicans on Capitol Hill blame him for losing Congress.
In an interview last week, Perle said the administration's big mistake was occupying the country rather than creating an interim Iraqi government led by a coalition of exile groups to take over after Hussein was toppled. "If I had known that the U.S. was going to essentially establish an occupation, then I'd say, 'Let's not do it,' " and instead find another way to target Hussein, Perle said. "It was a foolish thing to do."
Sr. Freitas Pereira:
Obrigado pelas congratulações.
Eu assumo o risco da minha previsão e poderei ter de a "engolir" em 2008/09, mas o Iraque não tem que ser uma reprise do Vietname, embora também possa vir a ser pior. O Sr. até foi amável ao referir o envolvimento dos EUA no Vietname, visto que este atingiu cerca de 540.000 soldados em 1969. Hoje, no Iraque "só" estão 150.000, o que é um dos problemas.
Eu insisto que é uma inconsciência e uma irresponsabilidade retirar do Iraque agora, o que também é rejeitado pela maioria dos responsáveis políticos iraquianos. Sem ter no terreno um exército que seja capaz de controlar o país e enfrentar a violência e uma polícia minimamente credível e não enfeudada a interesses partidários, étnicos, ou religiosos, abandonar o Iraque significa mergulhar o país num banho de sangue que fará empalidecer os níveis de violência actuais.
Finalmente, a armadilha não foi ter invadido o Iraque, mas sim a condução do pós-guerra. Aliás, a fidelidade política e pessoal, ao nível governativo, tem limites e Bush devia ter dado um louvor acomapnhado de uma guia de marcha ao Secretário Donald Rumsfeld há, pelo menos, um ano.
O Afeganistão já foi objecto de dois posts recentes (17/09/06 e 06/10/06) que, curiosamente, não colheram reacções dos frequentadores do Blog, mas o crucial da guerra contra o terrorismo trava-se lá e a responsabilidade não é só dos EUA, também é nossa (NATO).
Afeganistao ?
Sr. Rui Miguel Ribeiro: Jà comentei. Cordialmente, Freitas Pereira
Curioso, eu sempre associei a expressão “when the going gets tough, the tough get going”, a qualquer coisa do genéro: quandas as coisas ficam más os duros continuam, ou seja, um sentido completamente oposto ao que usaste. Estaria errado, pelos vistos.
Muitos parabéns pelo teus 1000 visitantes.
Muitos mais mil. Votos do Bruno Rodrigues
Parabéns atrasados pelas 1000 visitas. Descobri recentemente o Blog e acho muito interessante. E não sou só eu porque já tem mais de 4500 visitas.
José Manuel
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