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15 novembro, 2012

Violência e Violência

VIOLÊNCIA E VIOLÊNCIA
 


Fogo e violência nas manifestações contra a austeridade em Lisboa.

 
No “Tempos Interessantes” já tomámos posições fortemente críticas de actos de violência gratuita, banditagem, vandalismo e saque em manifestações, protagonizados por profissionais deste tipo de crime, que actuam habitualmente a coberto de protestos anti-NATO, anti-EUA, anti-globalização e no âmbito de cimeiras internacionais. Inclusive já defendemos a dura repressão desses bandidos.*


Ontem ocorreram em Lisboa cenas de violência na sequela da greve geral e das manifestações a ela associadas. Embora não se revestissem das características destruidoras e de saque supra descritas, não é líquido que não tenham sido protagonizadas por profissionais da violência.


Hoje ouvimos na SIC o Presidente da República repudiar estes acontecimentos “que querem destruir a sociedade [….] e visam destruir a riqueza do nosso país [….] e a força humana que existe no nosso país”.


Curiosamente, o mesmo Presidente da República, não teve mais que suaves e subliminares admoestações ou avisos para com o último e o actual governos que mais não fizeram/fazem que destruir a sociedade, a riqueza nacional e a força humana.


Efectivamente, nos últimos anos os Portugueses têm sofrido sucessivos assaltos fiscais e sociais que lhes provocaram reduções brutais nos seus rendimentos, já para não falar dos que caíram no desemprego. Tais reduções lançaram muitos milhares de famílias que viviam sem grande margem entre os rendimentos e as despesas, na miséria, na indigência, incapazes de pagar a casa e os estudos dos filhos. Isto é uma violência brutal exercida sobre milhões de pessoas de forma unilateral e sem qualquer consideração pelas consequências que esses cidadãos vão sofrer.


Contra esta violência generalizada e cobarde os cidadãos não têm grande defesa. Os manifestos e programas eleitorais são uma fraude, os governos mandam em desmando, o Parlamento divide-se entre uma caixa de ressonância do governo e a vacuidade da oposição, o Presidente é cúmplice dos governos, o Tribunal Constitucional é uma farsa. Finalmente, os protestos e manifestações fazem abanar a governação, podem levar a um recuo táctico como aconteceu com a TSU, mas passado o abalo, os governos retomam o saque dos cidadãos, especialmente os da ex-classe média.


Perante esta impotência, até que ponto é que será legítimo o recurso à força para resistir ao abuso do aparelho de estado, para resistir ao assalto fiscal, para resistir ao empobrecimento compulsivo?


Perante esta realidade, até que ponto é que o recurso à força constitui um exercício de legítima defesa perante o ataque sem quartel à vida e propriedade dos cidadãos, das famílias, das empresas?


Toda a vida acreditei no são funcionamento da democracia. Hoje debato-me com estas graves interrogações. Fui eu que mudei? Não me parece. O Estado de Direito não existe e a Democracia está amarfanhada pela rapacidade de poderes espúrios e há limites para a capacidade das pessoas suportarem o abuso e o sofrimento….

 
*

“Roma e os Bárbaros” em



“Vândalos em Londres” em


 

 

30 novembro, 2010

NATO XXI

NATO XXI

A NATO desde 1949 até 2010. (in “The Economist”)


Pela segunda vez em 61 anos de existência da NATO, Lisboa vê o seu nome inscrito nos anais da Aliança. Depois da admissão da Turquia e da Grécia em 1952, naquele que foi o primeiro alargamento da Aliança Atlântica, foi o palco da aprovação do novo Conceito Estratégico da NATO, o primeiro do século XXI.
 
Olhando para além das intenções piedosas e politicamente correctas sobre a Rússia, a EU e as parcerias externas, o primeiro destaque vai para a manutenção do fundamental, a defesa colectiva: NATO members will always assist each other against attack, in accordance with Article 5 of the Washington Treaty. That commitment remains firm and binding. NATO will deter and defend against any threat of aggression, and against emerging security challenges where they threaten the fundamental security of individual Allies or the Alliance as a whole. (NATO’s “Strategic Concept”, Nº 4, a)
 
O segundo, realisticamente, assegura a manutenção da NATO como uma Aliança dotada de armas nucleares, julgadas como sendo parte importante da capacidade dissuasora: Deterrence, based on an appropriate mix of nuclear and conventional capabilities, remains a core element of our overall strategy. The circumstances in which any use of nuclear weapons might have to be contemplated are extremely remote. As long as nuclear weapons exist, NATO will remain a nuclear alliance. (NATO’s “Strategic Concept”, Nº 17).
 
Elucidativa e completa é a enumeração das ameaças que a NATO enfrenta no dealbar do III Milénio: ataque convencional (NATO’s “Strategic Concept”, N º8), mísseis balísticos, proliferação de WMD (Nº 9), terrorismo (Nº 10 e 11), crime organizado (Nº 11), ataques cibernéticos Nº 12), ataques às rotas marítimas, fontes e redes energéticas Nº 13), novas tecnologias militares.

 
Dentre estas, merece destaque a questão dos mísseis balísticos. Actualmente existem cerca de 30 países que detém ou trabalham para dominar a tecnologia. Os programas nucleares da Coreia do Norte e do Irão despoletaram a actual urgência em desenvolver e instalar sistemas de defesa anti-míssil. Depois de ter torpedeado o sistema escolhido pela Administração de George W. Bush sob pressão da Rússia, a actual Administração propôs um modelo alternativo que foi acolhido pelos Aliados (tal como o anterior) e que deverá estar operacional em 2014. Este será um dos projectos mobilizadores da NATO nos próximos anos e poderá contar com a participação da Rússia. Digo poderá, porque, não obstante toda a euforia com a aproximação entre a NATO e a Rússia, este é um número já conhecido e que tem registado frequentes recuos, porque, na verdade, as ambições e interesses da Rússia são muitas vezes divergentes dos da Aliança: a Rússia aceita uma aproximação crescente à NATO se tiver um estatuto de paridade no seu processo decisório, o que equivaleria a um poder de veto no processo decisório, o que é obviamente inaceitável. A Rússia não se conforma com a entrada da NATO na sua esfera de interesses e a NATO mantém em aberto o seu alargamento ao coração do antigo espaço soviético (Ucrânia). A Rússia quer manter o seu lugar de grande potência no xadrez geoestratégico mundial e pata tal precisa de manter uma liberdade de acção que perderá se for integrada de alguma forma numa Aliança liderada pelos EUA.
 
Outro assunto crucial da Cimeira de Lisboa, foi a Guerra do Afeganistão. Aqui residirão, porventura, as melhores notícias da cimeira: o compromisso político-militar e económico da NATO para com o país da Ásia Central estende-se até 2014 e mais além. A Aliança reafirmou a sua vontade em combater os Taliban e a Al-Qaeda e em reforçar a aposta na formação de um exército afegão gradualmente apto a enfrentar as ameaças ao Estado. Mais, 2014 é o target para que o exército afegão assume a liderança na garantia da segurança no Afeganistão, mas a NATO e os EUA continuarão a desempenhar um papel no treino e no apoio às forças locais. No mínimo, este compromisso dá à Aliança mais 3 anos para além do prazo irrealista de Julho de 2011 que Obama lançou há um ano atrás.
 
A Cimeira de Lisboa significou um toque a reunir e uma nova estratégia formal que vem formalizar muito do que a NATO já fazia out-of-area no Afeganistão. Não menos importante, representou a enésima prova de vida de uma Aliança que, como o próprio Conceito Estratégico refere, é a mais bem sucedida aliança político-militar da História e um fórum imprescindível para garantir a ligação transatlântica

P.S. A manutenção do Comando da NATO em Oeiras foi um sucesso significativo para Portugal. Apesar de ter sido downgraded do segundo para o terceiro escalão, passa a ser o único Comando Naval da Aliança, o que lhe garante importância e protagonismo.
P.P.S. A PSP fez um trabalho exemplar. A Cimeira decorreu com segurança dos participantes e com ordem na via pública. Os habituais desmandos que vândalos, energúmenos e facínoras costumam perpetrar nas cimeiras internacionais não aconteceram em Lisboa. Esteve bem o Primeiro-Ministro ao decidir visitar o Comando da PSP para felicitar o trabalho da Polícia. Foi merecido.

31 maio, 2007

A Ota e os Camelos

A OTA E OS CAMELOS
Cartoon do Público.

“Quanto mais se fala, ouve, escreve, lê e conhece sobre o dossier do Aeroporto da Ota, mais cheira a esturro.” Escrevi isto a abrir o post “A Ota e os Otários”, publicado neste Blog em 22 de Março de 2007. Confesso que não imaginava regressar a este tema tão cedo. Contudo, não controlo a agenda política e muito menos a incontinência verbal de um significativo número de membros do executivo de José Sócrates, começando no Ministro da Economia, passando pelo Ministro da Saúde e desbocando, perdão desembocando, no Ministro da Obras Públicas.

Este último tem feito um forcing notável para superar os seus pares, conduzindo a cruzada da Ota com o zelo de um Taliban e a prudência de um rinoceronte a visitar uma loja da Vista Alegre.

O que escrevi no supra-referido post: “sendo que o argumentário que lhe costumo ouvir é do tipo: é na Ota porque tem que ser e assim está decidido.”, já não parece ser suficiente perante a barragem de críticas consistentes e sustentadas que vão sendo debitadas por pessoas qualificadas a um ritmo impressionante.

Então Mário Lino ataca com um argumento arrasador: um aeroporto tem de estar numa envolvência que inclua uma população numerosa, hospitais, escolas, hotéis, lojas comerciais, etc. Pensei para comigo: então ele já quer o Aeroporto em Lisboa. Ingenuidade minha. Esta metrópole de gente, infra-estruturas e serviços encontra-se na Ota!!! Antes que recupere o fôlego, Lino desfere o coup de grâce: ao contrário da Ota, a margem sul do Tejo é um deserto!!! Fiquei arrasado! E eu convencido que lá moravam 800.000 pessoas, havia cidades, indústrias, a principal base naval da Armada Portuguesa, explorações agro-pecuárias, os Centros de Estágio do Benfica e do Sporting e, afinal, aquilo é um mar de areia, com uns cactos, uns quantos camelos e meia dúzia de beduínos.

Lino despertou para a realidade e descobriu que estava a pensar no Mali ou na Mauritânia, quando os representantes dos tais 800.000 cidadãos (que não camelos) fizeram ouvir o seu veemente protesto pela ofensa a que o otismo excessivo do Ministro o havia levado.

Para pôr a cereja no topo do bolo, quiçá desperto pelo tropel de milhares de camelos, o Presidente do PS, Almeida Santos desvendou, com juvenil ingenuidade, o verdadeiro segredo da Ota: a Al-Qaeda estava a fazer lobby para que o novo aeroporto de Lisboa fosse na margem sul do Tejo porque já tinha guardado um stock de dinamite nas imensas dunas da Península de Setúbal para diligentemente colocar nos pilares da futura ponte, isolando a capital do seu nóvel aeroporto. Presume-se que o Presidente do PS terá acesso a informação classificada que lhe permite saber que os referidos explosivos seriam inócuos se utilizados nas pontes Vasco da Gama ou 25 de Abril!

Em Março escrevia que o Governo queria fazer os Portugueses passar por otários. Agora tivemos um downgrade para camelos. Entretanto, vamos sendo vítimas de um otismo trágico-delirante, que seria hilariante, senão fosse pago por nós para servir o interesse de outrém.

19 novembro, 2006

Saiu o Elo Mais Forte

SAIU O ELO MAIS FORTE

Eu leio, vejo, ouço e custa-me acreditar. O PSD atirou pela janela fora a maioria que, com o CDS, detinha na Câmara Municipal de Lisboa, quando o Presidente da Câmara resolveu retirar os pelouros a Maria José Nogueira Pinto, vereadora do CDS.

Eu não vivo em Lisboa, mas Maria José Nogueira Pinto parece ser um dos melhores membros da vereação: calma, ponderada, com ideias e capacidade de realização e de pensar pela sua cabeça.

Esta decisão de Carmona Rodrigues segue-se a uma votação em que Nogueira Pinto votou contra uma proposta dele para a administração da Sociedade de Reabilitação Urbana. Realmente, parece mal. O estranho é que entre a feitura da lista e a sua ida a votação, um dos três nomes que a integrava, desapareceu. Pior é saber-se que tal terá acontecido por imposição do Presidente ou da Direcção do PSD. A ser tudo isto verdade, e os indícios são muito fortes, as leituras que se podem retirar do episódio são lamentáveis:

1- Carmona Rodrigues que tanto gostava de apregoar a sua qualidade de independente, portou-se como um qualquer amanuense do Partido.
2- Marques Mendes parece estar mais empenhado numa espécie de “limpeza étnica” interna do que em realizar uma oposição eficaz e intransigente ao governo do PS.
3- A Presidente da Distrital do PSD de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, também não fica bem na fotografia, dado que teve uma desavença pública com Maria José Nogueira Pinto, após a qual disse que o assunto seria resolvido no sítio próprio. Seria através do tribunal ou de uma vendetta?
4- A Câmara Municipal de Lisboa perdeu uma boa vereadora, porventura o elo mais forte do executivo.

Os Lisboetas têm realmente motivos para estar mesmo “satisfeitos”: entre as depurações do PSD, a guerra civil no PS e os desvarios do vereador do BE, quem saiu foi o elo mais forte. Triste sina.

 
P.S. Dias depois da publicação deste post, Carmona Rodrigues deu uma entrevista à Antena 1, parcialmente reproduzida no Jornal de Notícias de 25/11/06. Nela, registam-se contradicções, manifesta-se uma total ausência de sensibilidade política e confirma-se que Marques Mendes o pressionou a deixar cair o nome de Pedro Portugal Gaspar. Para além de tardia, fica-se com a sensação que a franqueza resulta mais da falta de jeito do que da vontade de ser transparente. Resultado: credibilidade ao fundo.