IRAQ: MAKE OR BREAK?

MAKE:
1- O reforço do
contingente militar norte-americano no Iraque apresenta-se como um factor sine qua non para tentar conter e
inverter a escalada de violência que se abateu sobre o Iraque desde Fevereiro
de 2006. A
insuficiência desse contingente é o pecado original da intervenção
Anglo-Saxónica. O seu reforço traz alguma esperança de que, à capacidade para limpar uma zona de grupos armados, se
soma a capacidade de manter essas zonas violence-free. O factor segurança é
primordial. Sem ele não há estabilidade política, nem desenvolvimento económico.
2- O compromisso de
Bagdad em atacar de frente as
fontes de violência, sejam elas sunitas ou xiitas. Sem a participação activa
das forças armadas e de segurança do Iraque, não há segurança à la longue, dado que a Coligação não
pode lá ficar eternamente.
3- O compromisso de
Bagdad de tentar resolver de
forma efectiva as graves fracturas políticas que dilaceram o país, mormente
criando condições para que os Sunitas sintam ter uma boa oportunidade de
participação na governação do Iraque e na gestão dos respectivos recursos
(petróleo).
4- Ausência de prazo
e exigência de resultados. O Presidente
Bush não estabeleceu um deadline para a retirada. Fez muito bem. Tal opção
condicionaria as operações militares e constituiria um incentivo aos
terroristas e às milícias. O Presidente Bush exigiu que o governo do Iraque
produzisse resultados nas frentes política, económica e da segurança. Fez muito
bem. Sem um compromisso eficaz do Governo Iraquiano não há vitória possível. Os
EUA, Reino Unido e outros países podem ajudar, mas se os Iraquianos não se
quiserem salvar, então pouco haverá a fazer.
5- Nem Irão, nem
Síria. O Irão e a Síria são
parte do problema e não parte da solução. Como tal deve-se combater a sua
influência nefasta e não ser arrastado para mais umas negociações intermináveis
em que as outras partes apostam no tempo e no desgaste para fazer prevalecer os
seus objectivos.
6- O reforço e a diversificação
da ajuda económica é vital para
escapar do ciclo da morte. Uma vez “libertada” uma área, é crucial apostar no
desenvolvimento sócio-económico dos seus residentes para neutralizar a
apetência pela violência.
BREAK:
1- Too little? Tenho dúvidas que 21.500 soldados sejam suficientes para atingir
os objectivos propostos. Não sei se seria possível enviar um reforço mais
substancial, mas dado que este será possivelmente o último que realisticamente
Washington poderá enviar, teria sido melhor subir mais a parada para maximizar as
possibilidades de sucesso.
2- Too late? Penso que não, mas é óbvio que estas medidas vêm tarde. Tomadas
meio ano antes (para não dizer mais), teriam tido mais possibilidades de
inverter a situação no terreno e até poderiam ter amenizado a derrota eleitoral
dos Republicanos em Novembro.
3- A vertigem
Democrata pela retirada é um dos
obstáculos para o sucesso deste ou de qualquer outro plano com alguma
possibilidade de sucesso. A irresponsabilidade desta postura consegue
ultrapassar quase todos os erros cometidos pela Administração Republicana no
pós-Guerra do Iraque: é a receita para a catástrofe final.
Dentro da conjuntura
difícil que se vive no Iraque, penso que as medidas vão no sentido correcto.
Curiosamente, embora não tenha sido consultado, elas estão na linha do que
defendi aqui mesmo no post “One Million Dollar Report”, publicado no dia 21 de
Dezembro de 2006 (http://tempos-interessantes.blogspot.com/2006/12/one-million-dollar-report.html).