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19 dezembro, 2006

Europa e África


EUROPA E ÁFRICA

Portugal tem insistido frequentemente na realização de Cimeiras Europa-África, ou melhor, UE-UA. Este ano, o Governo Português porfiou para conseguir essa realização durante o 2º semestre de 2007, durante a Presidência Portuguesa da EU. Esta semana conseguiu-o: a Cimeira terá lugar em Lisboa.

Um dos obstáculos à realização do evento foi a resistência que alguns Estados-Membros, mormente o Reino Unido, puseram à participação de Robert Mugabe, Presidente vitalício do Zimbabwe.

Aliás, a União Europeia tem uma posição comum, que terá de alterar, que veda tais convites a tal criatura. O problema é que vários países africanos não participarão se Mugabe for excluído “em nome da solidariedade entre Africanos.” (DN, 16/12/06; p. 12) Duas notas:


1- EUROPA: Lá se vai a suposta “superioridade” moral dos Europeus; para conseguir realizar uma cimeira, provavelmente inconsequente, tem de ceder aos caprichos de alguns dirigentes africanos e receber um ditador assassino, cleptocrata e racista. É claro que se se tratasse de Pinochet, Alexander Lukashenko, ou Jorg Haider, haveria um tsunami político-mediático condenando a atitude imoral dos líderes europeus. Se for Mugabe ou Fidel Castro, tudo corre bem, pertencem à turma de ditadores aceites pela intelligentsia europeia. Pior ainda, é que além de Mugabe, virá mais uma clique de ditadores mais ou menos sanguinários, mas que nem da lista negra constam.

2- ÁFRICA: “Solidariedade entre Africanos”?!? Seria verdadeiramente hilariante se não fosse tão trágico. Solidariedade entre Sudaneses? Entre Hutus e Tutsis no Ruanda e no Burundi? Entre o Ruanda e o Congo? Entre a Etiópia, a Eritreia e a Somália? Entre Marrocos e a Argélia? Entre o Uganda e a Tanzânia? Entre o Sudão e o Chade? Entre Nigerianos? Entre Liberianos? Na Serra Leoa, ou na Costa do Marfim? Entre a Guiné-Bissau e o Senegal? É claro que alguns dos “solidários” também não terão grande moral para condenar Mugabe, mas isso só vem agravar o problema.

Pelo menos que a Cimeira sirva para deixar cair a máscara de que a UE e/ou os seus Estados-Membros não praticam a Real Politik. Desde que haja interesses envolvidos, nem que seja o da mera vaidade e prestígio de organizar uma grande cimeira internacional, guarda-se os princípios na gaveta por uns dias. It’s business as usual.