26 junho, 2006

Campeonato do Mundo 2006 - 11: Que Bom: Errei!

CAMPEONATO DO MUNDO ALEMANHA/2006

11- QUE BOM: ERREI!
 
Quem tiver lido o post anterior, saberá o significado deste título. Aí, eu previa a qualificação de 8 equipas para os quartos de final, entre elas, a Alemanha, a Argentina, a Inglaterra e a Holanda! E errei onde mais queria errar: num jogo atípico, fraco, conflituoso e com má arbitragem, Portugal conseguiu escapar da confusão com a vitória no bolso. Dadas as circunstâncias, teve alguma sorte, mas lutou bravamente, nunca se desuniu e foi mais equipa do que a Holanda. Nos outros três jogos imperou a normalidade, sendo que a Alemanha foi, claramente a equipa que mais convenceu.


Alemanha: vitória clara por 2-0, despoletada por um primeiro terço de jogo alucinante que destroçou a forte equipa sueca. Foi a equipa mais forte dos primeiros 4 jogos dos oitavos. Embora beneficiasse de uma expulsão errada do nº4 da Suécia, Teddy Lucic e de um penalty falhado por Larsson, a vitória foi inconstestável.

Portugal: mais correcto seria dizer a equipa portuguesa: o espírito de unidade, solidariedade e coragem com que enfrentaram o jogo, 11v11, 10v11, 10v10, 9v10 e 9v9 e a lucidez e eficácia mantida pela grande maioria dos seus elementos trouxe-os para a coluna positiva. É difícil destacar os muitos que estiveram bem; fica a referência para aqueles que, dos 14, não os acompanharam: Costinha (por tudo), Deco (pela expulsão) e Pauleta (pela nulidade do jogo).


Maxi Rodriguez e David Beckham: O Argentino marcou um golo decisivo no prolongamento que livrou a Argentina dos penalties, com um pontapé fabuloso da quina da área que é candidato à medalha de ouro dos golos deste Mundial. E já marcou 3 golos. O Inglês deixou a sua marca neste Mundial com um golo igualmente decisivo, na inevitável e perfeita conversão de um livre; sem ter a espontaneidade explosiva do outro golo, o de Beckham tem uma premeditação e racionalidade que nos faz crer que ele pode ainda marcar outros assim; o de Rodriguez, talvez tenha sido once in a lifetime...

Scolari: Também sei dar o braço a torcer: Portugal manietou a Holanda e à medida que ia perdendo jogadores, Scolari fez as substituições e os ajustamentos tácticos certeiros para manter a ameaça laranja relativamente inócua, especialmente a troca de Pauleta por Petit ao intervalo. Está de parabéns. Ao contrário do que eu pensava, também acertou em cheio ao convocar Maniche. Só lhe falta trocar dois jogadores que pouco trazem à equipa (Costinha e Pauleta).

Podolsky e Isaksson: O avançado alemão fez um belo jogo e marcou dois golos que colocaram a Alemanha a caminho da fase seguinte com 12 minutos jogados. O guarda-redes sueco sofreu dois golos, mas fez uma das melhores exibições de keepers neste Mundial e evitou, quase sozinho, que a Suécia saísse de Munique esmagada.


Uruguai-Argentina: É, obviamente, uma piada, que me perdoem Uruguaios e Argentinos, por que o Portugal-Holanda chegou a parecer um dos jogos, frequentes na América do Sul, em que campeia a indisciplina, a batalha campal e a confusão total.

Ivanov e Portugal-Holanda: Agora a sério. O árbitro russo fez uma péssima exibição, que parece ter ficado marcada pela troca do vermelho pelo amarelo na agressão de Boulharouz a Cristiano Ronaldo. Apesar de ter batido o recorde mundial de amostragem de cartões (20, 16 amarelos e 4 vermelhos), nunca conseguiu ter o controle do jogo, nem travar a conflitualidade crescente, embora estivesse bem nas expulsões. O jogo fica marcado pela má arbitragem, mas foi um jogo fraco mal jogado (?), incaracterístico de duas equipas que sabem jogar bom futebol. E é óbvio que o nervosismo, a agressividade e a conflitualidade dos jogadores ajudou a estragar o jogo.

Marco Van Basten: Não me lembro de ver a Holanda jogar tão pouco como neste jogo. Sem fio de jogo, com má circulação de bola, com as principais unidades desinspiradas (excepção a Van Persie), a Holanda, de que tanto gosto, não merecia ir mais além. Para agravar a situação, jogando quase toda a 2ª parte em superioridade numérica, Van Basten teimou em manter o seu avançado mais perigoso no banco: Van Nistelrooy pode não estar em forma, mas com certeza que é mais letal do que Kuyt e Hesselink juntos.

Costinha: presença já habitual nesta coluna, hoje esmerou-se: participação banal no jogo, até que em pouco minutos teve três intervenções para amarelo, tendo escapado incólume na segunda. No entanto, ao contrário de Graham Poll, ao segundo amarelo, Ivanov mostrou-lhe mesmo o vermelho. Felizmente, tudo correu bem, mas podia ter deitado a perder um jogo que estava controlado. Uma boa notícia a terminar: contra a Inglaterra não joga!


3 comentários:

Anónimo disse...

Sacana do Scolari. Não posso com ele, mas confesso que adoro quando me contraria! E os ingleses que se cuidem: armada portuguesa "in the house"!!!!
Só faltou apontar um facto: a falta que lesionou o C. Ronaldo era pra vermelho.

PVM disse...

Ó Rui, uma interrogação: tiramos o Pauleta e pomos quem? O Nuno Gomes? Só se for para mudar de cavalo para burro...
PVM

Rui Miguel Ribeiro disse...

É verdade: a falta do nº 3 da Holanda sobre Cristiano Ronaldo era merecedora de vermelho. Também devo dizer que o pontapé dado por Nuno valente na cabeça de Robben na 2ª parte, devia ter castigo semelhante e acredito que no meio da confusão outras coisas me tivessem escapado. Devo acrescentar que não concordo em absoluto com as declarações de hoje de scolari, que são para consumo interno (unir o grupo, proteger e moralizar os jogadores, etc, etc): Deco foi bem expulso e podia ter visto o vermelho directo na falta/agressão sobre o Heitinga. A não devolução da bola não foi bonita, apesar de o lesionado de ocasião ser Português, mas não dá o direito de "malhar" no jogador que conduz a bola. O desforço e a manha, tipicamente sul-americanos, levaram Deco até ao cartão vermelho.

Em relação à questão do Paulo a resposta é óbvia e ele já a deu: Nuno Gomes. É claro que eu não subscrevo a comparação zoológica, mas a realidade é que, sendo Pauleta muito mais um goleador do que Nuno Gomes, a sua produtividade tem sido bastante afectada nos grandes jogos e nos grandes momentos (com algumas excepções). Nuno Gomes é um jogador mais completo, que faz jogo de equipa e que tem provas dadas neste tipo de competições, sendo que o Euro/2004 é um bom exemplo. Com o tipo de meio campo que Portugal tem, o nº 21 encaixaria muito melhor e seria mais produtivo, mesmo que não marcasse golos.
No entanto, não se preocupe, o Pauleta vai ser titular (a não ser que parta uma perna até lá) e se for substituído ainda nos arriscamos a ver o Postiga em vez do Nuno Gomes. Isto não invalida que eu gostaria muito de ver o Pauleta, ou outro qualquer, a marcar 2 ou 3 golos.