31 outubro, 2014

Vêm Aí os Russos


VÊM AÍ OS RUSSOS!


Este é um título saído directamente dos arquivos dos anos 70 e 80. Mas foi o que me ocorreu quando há umas horas recebi um SMS alarmado do meu amigo João Carlos: “Pela 2ª vez em 3 dias os nossos caças interceptaram aviões russos!”

Eu bem tentei, mas não consegui sentir-me alarmado. Nem sequer preocupado.

F-16 da Força Aérea Portuguesa intercepta um bombardeito russo Tu-95 “Bear”, ao largo da costa portuguesa.
in Estado Maior da Força Aérea, em http://www.emfa.pt/www/noticia-712-f16-intercetam-aeronaves-russas


Há meses que leio relatos sobre um forte incremento de vôos militares russos, incluindo bombardeiros estratégicos, no Atlântico, no Pacífico, no Báltico e no Mar Negro, roçando o (ou entrando no) espaço aéreo de países como o Canadá, os EUA, o Japão, a Finlândia, ou a Suécia.


Estas incursões inserem-se na crispação provocada pela crise da Ucrânia e, num contexto mais amplo de forte modernização e incremento militar pós-Soviético que Moscovo tem empreendido nos últimos anos.


Nunca pertenci ao numeroso grupo daqueles que estavam convictos que a guerra na Europa pertencia ao passado. Contudo, tal não significa que o seu regresso esteja iminente. A guerra, a acontecer, o que se apresenta cada vez menos provável, será confinada à Ucrânia, por duas razões: a Rússia não tem nenhum interesse em alastrar o teatro da guerra; e nenhum país ou organização terá vontade ou interesse em se envolver directamente no conflito.


Estes vôos intrusivos da Rússia eram normais mas preocupantes há 30 anos. Agora são anormais, mas não são preocupantes. Fazem parte de um jogo de mensagens e percepções.




O bombardeiro estratégico Tupolev TU-95 Bear.




Um F-16 da Força Aérea Portuguesa.
in Estado Maior da Força Aérea, em http://www.emfa.pt/www/aeronave-18

6 comentários:

João Figueiredo disse...

Obrigado Rui. Vou dormir mais descansado esta noite. ��

Sérgio Lira disse...

Espero que tenhas razão, mas temo que não a tenhas...

Podemos imaginar que Putin é movido pela racionalidade das "relações internacionais" - dito de outra forma, que está a olhar para o tabuleiro e a imaginar que jogadas lhe darão o benefício da torre, ou a possibilidade de comer um bispo... e, se assim for, tens razão, Rui.

Mas podemos imaginar um cenário totalmente diferente: Putin está consciente de que vai morrer em breve (dizem as más línguas que tem um cancro incurável); Putin ficou emocionalmente destroçado com a esposa a voltar-lhe as costas (a ele! ao homem mais poderoso do Mundo!!!) [sim, Rui, enquanto tu recebes relatos fidedignos de agências noticiosas internacionais, e lês os mais importantes especialistas de geo-estratétia eu vou ao dentista e passo os olhos pelas revistas cor-de-rosa - estou a brincar, não foi nada disso!]; Putin está-se nas tintas para uma vida longa e para uma velhice cheia de dores ciáticas, gota, próstata inchada e verrugas nos calos do pé direito: o homem é um KGB, um operacional da cabeça aos pés, que não suporta a ideia de morrer velho e doente.

Então, se o 2º cenário for verdadeiro - e não estou a dizer que é, mas pode ser - Putin está a provocar uma guerra global, na qual tem a certeza de que morrerá. É exactamente isso que ele quer.

Ou seja, podemos voltar a ter medo, com tínhamos nos anos 1970....

Rui Miguel Ribeiro disse...

Folgo saber João Carlos. Eu preocupo-me com a tua saúde e bem estar ;-)

Rui Miguel Ribeiro disse...

Pois, Sérgio, eu não estou na cabeça de Putin, mas acredito que se rege primordialmente pela racionalidade. Do cancro lu oela 1ª vez uma alusão há poucos dias, da mulher não sei mesmo, mas francamente não acredito que ele se queira imolar numa IV Guerra Mundial.
Contudo, acredito que queira deixar como legado uma Mãe Rússia maior e mais poderosa do que a que o Yeltsin lhe entregou e acho que vai conseguir.
Se fosse Ucraniano, Moldavo, ou Georgiano, estaria preocupado. Se fosse Polaco, Letão, ou Lituano, poderia estar um pouco inquieto. Como Português durmo como um justo. Muito maior maleita me faz o Coelho com as suas políticas espúrias do que o Putin com milhares de ogivas nucleares....

Joaquim de Freitas disse...

Pobre Portugal ... Não tem um euro para mandar cantar um cego, e joga "aos grandes" na fronteira russa , com os F16 , com a protecção do Tio da América ! Os russos tiverem muito medo dos pilotos Portugueses! Bastou um contacto visual para que regressassem imediatamente donde vinham : 600 metros mais longe, do enclave russo de Kaliningrado....

O IL-2O russo fazia na sua fronteira, exactamente o que fazia o piloto americano Powers a bordo do seu U-2 por cima da Rússia em 1977 : obter informações!

Pobre Portugal, que para poder vender os seus 12 velhos F16 a mais pobre que ele, a Roménia, precisou da autorização dos mestres, os EUA ....

Esta historia faz-me pensar nos anos da guerra em Guimarães, tinha eu 15 anos, quando via, aos domingos, encostados à muralha do Toural, homens do povo fazer engraxar os sapatos a outros homens do povo, mas mais pobres que os engraxadores ! Só que, por vezes, as solas dos sapatos estavam furadas mas não havia dinheiro para mandar deitar meias solas!!!!


Mas, se retirassem as quimeras aos homens, que prazer lhes restava?

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Joaquim de Freitas,

Incrível essa história de Guimarães nos anos 40. É o mundo das aparências, ilusões e percepções. Hoje como ontem.