12 outubro, 2014

Cavaco Silva e a sua Pensão


CAVACO SILVA E A SUA PENSÃO

 

 

Cavaco Silva conduziu a sua carreira política com um discurso e atitudes anti-partidárias. Umas vezes fê-lo de forma vincada, outras de forma velada. Contudo, construiu a sua bem sucedida carreira política firmemente apoiado num e por um partido: o Partido Social Democrata.

 

Cavaco Silva catapultou-se para uma década de sucesso político (3 vitórias eleitorais, 2 maiorias absolutas e 10 anos como Primeiro-Ministro) com uma atitude DE ruptura: rompeu o consenso partidário de então (1985) entre PS e PSD, o chamado Bloco Central.

 

Esse mesmo Cavaco Silva, aproveitou o 5 de Outubro para exultar pela enésima vez nos últimos dois anos a “cultura do compromisso” e o consenso entre os partidos. Fá-lo contra a sua prática passada, fá-lo contra a evidência de divergências (aparentemente) insanáveis entre os partidos e fá-lo contra o interesse e a necessidade de um sistema político democrático disponibilizar alternativas aos eleitores.

 

Cavaco Silva (e o PSD) defende a reforma do sistema político para “aproximar políticos e eleitores”. O que ele não faz é explicar como reduz o número de deputados, aproxima os mesmos dos eleitores (cada deputado passaria a representar mais eleitores) e como mantém o sistema proporcional (com credibilidade).

 

Cavaco Silva ataca aqueles que fazem “promessas de facilidades” e condena a “demagogia e o populismo”. Contudo, o mesmo Cavaco, apadrinha e protege um Governo que atropela o seu programa eleitoral e as promessas e declarações que fez. O mesmo Cavaco Silva, Presidente da República, ignora olimpicamente os desmandos e os abusos praticados pelo seu governo sobre a maioria dos Portugueses. A única coisa que o apoquenta é a problemática das pensões na medida em que o afecta pessoalmente.

 

A realidade é que Cavaco Silva, seja por solidariedade partidária, seja por servilismo ao exterior, seja por medo de enfrentar certos poderes, subscreve e apoia as medidas extorsionistas do actual Governo (excepto as das pensões quando ele é afectado).

 

Penso por isso, que a razão do desespero pelo consenso que Cavaco vem demonstrando, contra-natura, advém do pavor de que algumas das medidas mais gravosas do Governo venham a ser desfeitas ou mitigadas pelo próximo (excepto as das pensões….). Infelizmente não acho que tal seja muito provável, mas é um risco.

 

Portanto temos a ironia (descaramento?) de um Presidente da República discursar no Dia da República, cuja extinção da lista dos feriados nacionais apoiou, a defender conceitos a que sempre se mostrou alheio, apoiando um governo que atropela a ética que ele (Cavaco) pretende defender em suposto favor de uma população que já não os pode ver (a Cavaco e ao Governo).

 

P.S. Será que a próxima reforma (gravosa, é claro) das pensões, exemptará de novas taxas e sobre-taxas todos os doutorados e só os doutorados, desde que nascidos em Boliqueime e apenas em Boliqueime? Então, o apoio de Cavaco Silva ao Governo será total e incondicional.

1 comentário:

Sérgio Lira disse...

Cavaco Silva é, na minha opinião, o pior de todos os presidentes de todas as nossas repúblicas - de todas, sem excepção. E explico porquê - porque o acho hipócrita (e eu prefiro um ditador honesto a um "democrata" hipócrita, que é mais fácil de combater); porque o acho falso como Judas e, como Judas, capaz de aceitar 30 dinheiros; porque o acho incompetente, incapaz de cumprir e fazer cumprir a Constituição; porque o acho tíbio quando deveria ser audaz e rompante quando deveria ser prudente; porque o acho balofamente arrogante; porque, acho eu, é um dos principais responsáveis pela destruição económica deste desgraçado País - certament muito mais que Sócrates, indubitavelmente mais que Guterres; a meu ver, a sua responsabilidade na destruição da economia nacional só tem paralelo na destruição do contrato social levado a cabo pelo actual (des)governo. Américo Tomás, ao menos, limitava-se a cortar fitas - este diz coisas: e as coisas que diz ferem-me a inteligência. Deve ser um problema da minha inteligência, não do seu douto discurso, obviamente... o que vale é que a má moeda expulsa a boa!