CAVACO SILVA E A SUA PENSÃO
Cavaco Silva conduziu
a sua carreira política com um discurso e atitudes anti-partidárias. Umas vezes
fê-lo de forma vincada, outras de forma velada. Contudo, construiu a sua bem
sucedida carreira política firmemente apoiado num e por um partido: o Partido
Social Democrata.
Cavaco Silva catapultou-se
para uma década de sucesso político (3 vitórias eleitorais, 2 maiorias
absolutas e 10 anos como Primeiro-Ministro) com uma atitude DE ruptura: rompeu
o consenso partidário de então (1985) entre PS e PSD, o chamado Bloco Central.
Esse mesmo Cavaco Silva,
aproveitou o 5 de Outubro para exultar pela enésima vez nos últimos dois anos a
“cultura do compromisso” e o consenso entre os partidos. Fá-lo contra a sua
prática passada, fá-lo contra a evidência de divergências (aparentemente) insanáveis
entre os partidos e fá-lo contra o interesse e a necessidade de um sistema
político democrático disponibilizar alternativas aos eleitores.
Cavaco Silva (e o
PSD) defende a reforma do sistema político para “aproximar políticos e
eleitores”. O que ele não faz é explicar como reduz o número de deputados,
aproxima os mesmos dos eleitores (cada deputado passaria a representar mais
eleitores) e como mantém o sistema proporcional (com credibilidade).
Cavaco Silva ataca
aqueles que fazem “promessas de facilidades” e condena a “demagogia e o
populismo”. Contudo, o mesmo Cavaco, apadrinha e protege um Governo que
atropela o seu programa eleitoral e as promessas e declarações que fez. O mesmo
Cavaco Silva, Presidente da República, ignora olimpicamente os desmandos e os
abusos praticados pelo seu governo sobre a maioria dos Portugueses. A única
coisa que o apoquenta é a problemática das pensões na medida em que o afecta
pessoalmente.
A realidade é que
Cavaco Silva, seja por solidariedade partidária, seja por servilismo ao
exterior, seja por medo de enfrentar certos poderes, subscreve e apoia as
medidas extorsionistas do actual Governo (excepto as das pensões quando ele é
afectado).
Penso por isso, que
a razão do desespero pelo consenso que Cavaco vem demonstrando, contra-natura,
advém do pavor de que algumas das medidas mais gravosas do Governo venham a ser
desfeitas ou mitigadas pelo próximo (excepto as das pensões….). Infelizmente não
acho que tal seja muito provável, mas é um risco.
Portanto temos a
ironia (descaramento?) de um Presidente da República discursar no Dia da
República, cuja extinção da lista dos feriados nacionais apoiou, a defender
conceitos a que sempre se mostrou alheio, apoiando um governo que atropela a ética
que ele (Cavaco) pretende defender em suposto favor de uma população que já não
os pode ver (a Cavaco e ao Governo).
P.S. Será que a próxima
reforma (gravosa, é claro) das pensões, exemptará de novas taxas e sobre-taxas
todos os doutorados e só os doutorados, desde que nascidos em Boliqueime e
apenas em Boliqueime? Então, o apoio de Cavaco Silva ao Governo será total e
incondicional.
1 comentário:
Cavaco Silva é, na minha opinião, o pior de todos os presidentes de todas as nossas repúblicas - de todas, sem excepção. E explico porquê - porque o acho hipócrita (e eu prefiro um ditador honesto a um "democrata" hipócrita, que é mais fácil de combater); porque o acho falso como Judas e, como Judas, capaz de aceitar 30 dinheiros; porque o acho incompetente, incapaz de cumprir e fazer cumprir a Constituição; porque o acho tíbio quando deveria ser audaz e rompante quando deveria ser prudente; porque o acho balofamente arrogante; porque, acho eu, é um dos principais responsáveis pela destruição económica deste desgraçado País - certament muito mais que Sócrates, indubitavelmente mais que Guterres; a meu ver, a sua responsabilidade na destruição da economia nacional só tem paralelo na destruição do contrato social levado a cabo pelo actual (des)governo. Américo Tomás, ao menos, limitava-se a cortar fitas - este diz coisas: e as coisas que diz ferem-me a inteligência. Deve ser um problema da minha inteligência, não do seu douto discurso, obviamente... o que vale é que a má moeda expulsa a boa!
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