GUERRA
EXPLICADA EM CARTOONS
Eis uma proposta diferente sobre um tema muito analisado em Tempos
Interessantes: a Guerra na Síria e no Iraque, o Estado Islâmico e a
nova intervenção dos Estados Unidos no Médio Oriente. Para tal socorremo-nos de
cinco excelentes cartoons de Tom Toles
publicados no “The Washington Post” (http://www.washingtonpost.com/ ).
O ESTADO ISLÂMICO
O Estado Islâmico. Cruel, implacável, perigoso, eficaz. Como já foi
referido em Tempos Interessantes, (“Ainda o Estado Islâmico” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2014/08/ainda-o-estado-islamico.html)
apesar das qualidades, o Estado Islâmico tem a tendência histórica de
multiplicar inimigos. Nesta encarnação as coisas têm corrido bem, mas lutar
contra tudo e contra todos consta das contra-indicações de qualquer manual
sobre a Guerra.
AS DIFICULDADES DOS ESTADOS UNIDOS I
A
primeira dificuldade é a de saber quem é aliado, alheado, ou inimigo no quadro ultra-complexo
da actual Guerra. A realidade é que, excepto os países ocidentais, os EUA não têm nenhum
aliado no total sentido da palavra. O Iraque é, antes do mais, um aliado do
Irão que recorreu aos Estados Unidos em desespero de causa, quando viu Mosul a
cair, o exército a debandar e o Estado Islâmico às portas de Bagdad. A Arábia
Saudita e os outros Estados do Golfo Pérsico querem Assad derrubado, a
influência do Irão no Levante (e se possível na Mesopotâmia) enfraquecida e também gostava de liquidar o Estado
Islâmico. A Turquia quer substituir o Irão como país tutelar da Síria e quer
conter os Curdos; os da Turquia, os do Iraque e os da Síria. Daí que o Estado
Islâmico a atacar os Curdos a sul da fronteira turca não é um cenário
desagradável. Aliás, a primeira intervenção armada da Turquia desde que a crise
se agravou foi bombardear os Curdos do PKK (Turcos) e não o Estado Islâmico. O
Irão é, com benevolência, um adversário. A Síria (de Assad) é inimiga, mas não
é para tocar. Os rebeldes sírios são inimigos (Estado Islâmico, Jabhat
Al-Nusra), ou amigos (os moderados de quem se fala muito e de quem se vê
pouco).
AS DIFICULDADES DOS ESTADOS UNIDOS II
Daqui resulta uma Coligação Sem Ligação (http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2014/10/coligacao-ou-sem-ligacao.html). Protagonistas díspares, com agendas e
objectivos distintos, por vezes antagónicos. Quando a Guerra se prolongar e as
dificuldades aumentarem, a coesão e propósito da Coligação tenderão a erodir-se
cada vez mais, eventualmente até à ruptura.
AS DIFICULDADES DOS ESTADOS UNIDOS III
Esta
é a rábula de treinar e armar os rebeldes na Síria e o exército e milícias no
Iraque e entronca na Dificuldade I: saber quem é quem e quando. A
obsessão ocidental com a rotulagem ainda não chegou a estas paragens e os
combatentes não trazem um rótulo na testa com a indicação “moderado”, “Salafista”,
“jihadista”, “traidor”, nem uma bula no bolso com instruções de utilização. A
realidade é que muitas das armas enviadas pelos EUA, França, Turquia e Estados
do Golfo Pérsico acabaram em mão jihadistas, se não foram lá ter directamente.
Isto sem mencionar as que são capturadas, ao ponto de o Estado Islâmico exibir
fartura de armamento norte-americano.
AS DIFICULDADES DOS ESTADOS UNIDOS IV
Esta é a dificuldade doméstica. Esta
é a 23ª intervenção militar dos Estados Unidos no Médio Oriente, Norte de
África e Ásia do Sul em 12 países diferentes nos últimos 34 anos! A última
no Iraque foi longa, penosa e desgastante e terminou há poucos anos. As do
Afeganistão, Paquistão, Iémen e Somália ainda prosseguem. Agora o Iraque
revisited e a histeria da Síria. Quando a memória da degola dos dois
Norte-Americanos se for desvanecendo, substituída por uma guerra que, até
agora, tem poucos resultados visíveis, por sucessos do inimigo, por falhas ou
desistências dos aliados e o relógio a contar o tempo do envolvimento, the Permanent War may be a real problem.
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