29 agosto, 2014

Silly Season II


SILLY SEASON II


Depois do bom acolhimento do ano passado Tempos Interessantes adere novamente à Silly Season. Tal como em 2013, em vez de escrever patetices, partilhamos com os leitores alguns cartoons. Se arrancarmos alguns sorrisos, ficaremos satisfeitos. Have fun!


Na Europa… As eleições e Hieronymus Bosch.



Em Espanha….



Em Portugal….



Na Síria e no Iraque….. Foi há alguns anos, mas pouco ou nada mudou.






Nos Estados Unidos…. Como no Mundial 2014 no Brasil: John Boehner e Barack Obama em vez de Suarez e Chilellini.






No comments.


POST RELACIONADO:

“SILLY SEASON I” de 19/08/13 em

http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2013/08/silly-season.html


24 agosto, 2014

Morte da Vaca Sagrada? - Fronteiras no Futuro


MORTE DA VACA SAGRADA?

AS FRONTEIRAS NO FUTURO

O mapa étnico da Bósnia-Herzegovina antes e após a Guerra de 1992/95.
in STRATFOR em http://www.stratfor.com /


Até que ponto se justifica a sacralização das fronteiras? Não estou, obviamente, a questionar as soberanias nem a autoridade dos Estados sobre os seus territórios. Aquilo que trago à colação é a viabilidade política, geográfica e social de certos países, a que poderia juntar problemas de coexistência étnica e religiosa.


Será que há povos e países que ficariam melhor com novas fronteiras?


Porque será que há países que implodem, ou se fragmentam, ou vivem em conflito permanente?


A Síria e o Iraque são o Leitmotiv destas questões, embora estejam longe de ser casos únicos: levantam-se dúvidas à viabilidade e coerência interna de países tão díspares como o Congo, a Somália, a Tailândia, a Birmânia, o Afeganistão,  a Ucrânia, Iémen, a Síria, o Iraque, a Bósnia-Herzegovina, ou o híbrido Kosovo.


O mapa do Médio Oriente parece um anacronismo face à realidade no terreno. A Síria não existe como tal e o Iraque está estilhaçado e não apenas pelo Estado Islâmico; o Governo Regional do Curdistão tem feito o possível por cortar as amarras que ainda o prendem a Bagdad, com o curioso e irónico apoio da Turquia que empurra os Curdos do Iraque nesse sentido ao mesmo tempo que rejeita idênticas aspirações aos Curdos domésticos e aos da Síria.


As fronteiras desenhadas no século XIX e após a I Guerra Mundial obedeceram aos interesses, poderes e equilíbrios das potências dominantes nesses tempos. Não interessa muito se foi bom ou mau (haverá exemplos melhores e outros piores), era a prática da época. O que importa perceber é se é vantajoso defender à outrance o dogma da imutabilidade das fronteiras, ou se é preferível fazer ajustamentos que permitam trazer paz e estabilidade a povos que vivem num estado de insatisfação e insegurança, mais latentes nuns períodos, mais patentes noutros.

O mapa étnico do Kosovo.
in STRATFOR em http://www.stratfor.com /

A aberração do Kosovo criada pelos EUA, Alemanha, Reino Unido e França na viragem do século (um exemplo contemporâneo de grandes potências a desenharam novas fronteiras contra a sua suposta imutabilidade) continua ser uma chaga política, jurídica e securitária numa região, Balcãs, que já tem problemas suficientes.


Dado que a reposição do statu quo ante não é viável, podia reintegrar-se o norte da província (metade da cidade de Mitrovica incluída) na Sérvia com a possibilidade de deslocar os Sérvios que vivem  noutras zonas para esta área.


Poderá haver quem venha gritar “limpeza étnica”, mas tal é irrelevante. O movimento de pessoas que acontecesse seria voluntário, apoiado, enquadrado e com garantias para os que optassem por ficar. Os objectivos não são a expansão territorial per se mas sim desatar um nó cego geopolítico criado há 15 anos e prevenir novos episódios de perseguição e matança no futuro.


O mesmo princípio se poderia aplicar à Bósnia-Herzegovina (BiH), país artificial, mera marca de impérios para onde afluiram diferentes povos de acordo com os fluxos e refluxos dos impérios que dominaram a região. Se é essa a sua vontade não seria melhor deixar a zona croata reintegrar-se na Croácia e a chamada República Srspka reintegrar-se na Sérvia? Parece-me evidente que sim.


E os Bósnios muçulmanos? Ficariam numa BiH reduzida.


Essa Nova Bósnia-Herzegovina não será inviável? Sim, tal como a actual, que só subsiste com o apoio económico, político e militar das potências europeias. A vantagem é que, ao contrário da actual, poderia ser estável, governável e coesa.


Para se chegar a estas soluções, e outros povos e países também precisariam, será necessário matar a vaca sagrada das fronteiras imutáveis. Afinal de contas, a vaca até já foi toureada e bandarilhada na Sérvia e no Kosovo…

21 agosto, 2014

Morte da Vaca Sagrada? - Fronteiras no Passado


MORTE DA VACA SAGRADA?

AS FRONTEIRAS NO PASSADO

O Mapa do Mundo em 1989.
in US Library of Congress em http://www.loc.gov/item/2010585495/


Desde o fim da II Guerra Mundial as fronteiras foram elevadas à categoria de vaca sagrada: imutáveis e inamovíveis, as fronteiras eram e são defendidas contra as evidências, a racionalidade e a vontade dos povos. Não podem ser postas em causa nem em benefício da paz.


Há excepções, mas em casos muito contados. Houve 4 situações em que existiam pares de países que partilhavam o nome, a História, a língua, a religião e a cultura (num deles tal não é completamente assim) que foram separados por imperativos geopolíticos, em dois casos derivados directamente da II Guerra Mundial e nos outros de problemas relacionados com a descolonização. Referimo-nos à Alemanha Ocidental e à Alemanha Oriental, à Coreia do Norte e à Coreia do Sul, ao Vietname do Norte e ao Vietname do Sul e ao Iémen e ao Iémen do Sul.


O nome partilhado parece ter conquistado um consenso tal que se assumia que, quais gémeos separados à nascença, estes países mais cedo ou mais tarde se reunificariam. Tal já aconteceu, com as Alemanhas, com os Vietnames e com os Iémenes (se bem que este, a tal excepção, pode muito bem vir a desintegrar-se novamente). Já as Coreias ainda têm um longo caminho a percorrer divididas.


Além destes casos pacíficos, existiram mais 4, dos quais 3 também decorrem directamente do final da Guerra Fria. Estes, ao contrário dos anteriores, configuraram desintegrações em vez de uniões: União Soviética, Checoslováquia e Jugoslávia, que deram à luz 15, 2 e 6 novos Estados, respectivamente.


Finalmente, temos o caso do Sudão que após 40 anos de guerra civil (I Guerra Civil 1957-1972; II Guerra Civil 1983-2005), aceitou relutantemente a secessão do Sudão do Sul que, suprema ironia, se encontra já envolvido num arremedo de guerra civil desde o ano passado.


A maioria das fonteiras fora da América e da Europa Ocidental datam do final da I Guerra Mundial ou da II Guerra Mundial. E a grande maioria das que foram modificadas foram-no na sequência do final da Guerra Fria e do rebentar dos espartilhos geopolíticos, militares e ideológicos por ela impostos.


Nessa altura, a Alemanha, na impossibilidade de recuperar o statu quo pré-Versailles, recuperou a unidade possível. A Jugoslávia, abstrusa criação da Paz de Paris de 1919, implodiu numa vaga de ódio e violência. A Checoslováquia partiu-se num misto de de oportunismo e inércia e a URSS pagou com severidade os custos da derrota na Guerra Fria.


As fronteiras foram, portanto, desenhadas na ressaca dos abalos telúricos das duas Guerras Mundiais e alterados apenas na sequência de outro life-changing event, o fim da Guerra Fria, de certo modo, a III Guerra Mundial.


Pode-se então presumir que, na ausência de novos terramotos geopolíticos, ou de uma IV Guerra Mundial, as fronteiras regressarão ao seu estatuto de imutabilidade.


Será que devia ser assim?

20 agosto, 2014

Ainda o Estado Islâmico


AINDA O ESTADO ISLÂMICO


O Estado Islâmico com uma configuração muito próxima da que apresentámos sob o título Estado Islâmico do  Iraque Ocidental e Síria Oriental no dia 13 de Junho.
in “STRATFOR” em www.stratfor.com

Confesso que foi com alguma surpresa que há dois meses li análises e avaliações  sobre a ofensiva generalizada do então ISIS, agora Estado Islâmico, no Iraque que previam um rápido, assertivo e bem sucedido contra-ataque de Bagdad. Essas análises iam mais longe e frisavam a cautela do ISIS em evitar confrontos com os Peshmerga (forças para-militares curdas), supostamente fora do alcance da capacidade bélica dos Islamitas radicais.


Com menos surpresa li (e continuo a ler) que o Estado Islâmico constitui uma ameaça iminente, grave e directa à Europa e à América do Norte.


Aqueles representam os que esperavam que o problema desaparecesse, como que varrido pelos ventos e areias do deserto mesopotâmico. Estes representam os que há 3 anos se esfalfam por uma intervenção militar em força dos Estados Unidos no Médio Oriente.


Tal como foi previsto em Tempos Interessantes, o Estado Islâmico mostrou-se mais resiliente e competente e o Iraque menos capaz e assertivo do que essas análises julgavam.


O Estado Islâmico não só conseguiu manter o território sob o seu controlo, como o foi paulatinamente expandindo, para Nordeste e Oeste na Síria e para Norte no Iraque. Neste último, conseguiu abalar a temível reputação dos Peshmerga, conquistando cidades sob o seu controlo e ameaçando a infra-estrutura energética regional. A posição complicada em que ficaram os Peshmerga só foi aliviada pelos bombardeamentos aéreos norte-americanos.


Como já aconteceu diversas vezes no passado, o radicalismo e a brutalidade do Estado Islâmico e dos seus antecessores, se é uma parte da sua driving force, também é  a fonte de muitos dos seus problemas e vulnerabilidades, alienando grupos e populações que, com mais tacto e moderação, podiam ser uma base de apoio.


No caso presente, além disso, também atrairam a atenção e os bombardeamentos da aviação dos EUA. Desse modo, os seus últimos avanços, que chegaram a pôr em risco Irbil, a capital do Curdistão iraquiano, tornaram-se em perdas e recuos.

As conquistas do Estado Islâmico no início de Agosto.
in “STRATFOR” em www.stratfor.com

Mesmo assim, mantendo-se a intervenção americana num plano modesto, é previsível que o Estado Islâmico mantenha a maioria das suas conquistas, pelo menos até ao Outono.


Curiosamente, um dos principais factores indirectos do sucesso do ISIS/Estado Islâmico, o Primeiro-Ministro do Iraque Nouri Al-Maliki, saiu de cena no passado dia 14 de Agosto, cenário previsto em Tempos Interessantes precisamente há dois meses (“Maliki Out” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2014/06/maliki-out.html ).


É previsível que, removido o sectário Al-Maliki, alguns dos apoios de que goza o Estado Islâmico dele se afastem para participarem na nova partilha de poder(es) em Bagdad.


Quanto mais prolongados foram esse jogos de poder e quanto maior for a acrimónia envolvida, mais tempo terá o Estado Islâmico para consolidar os seus ganhos. Naturalmente, quantos mais inimigos for acumulando, maiores serão as dificuldades que enfrentará a curto e médio prazo.


Seja como for, no contexto actual o Estado Islâmico ainda tem trunfos para jogar e não há dúvidas que vai a jogo. O mais recente desaire do Exército Iraquiano frente ao Estado Islâmico na vã tentativa de retomar a cidade de Tikrit é disso um bom exemplo.


P.S. Barack Obama continua a fazer de conta que manda no século XXI. Depois de ter excluído a Guerra Fria, o Balance of Power, Bashar Al Assad e a Rússia, agora declarou que também o Estado Islâmico não tem lugar no século XXI. Para azar dele, e como se pode ver no mapa supra-publicado, não só tem lugar, como ele é bastante avantajado. Definitivamente, decretar mandamentos é com ele, aceitar a realidade internacional é que é mais difícil.

15 agosto, 2014

Óscar Cardozo: 172 X Obrigado!


ÓSCAR CARDOZO:
172 X OBRIGADO!

 


Óscar Cardozo marca dois golos na vitória frente ao Rio Ave que garante o Campeonato Nacional 2009/10.

 

Óscar Cardozo esteve longe de ser um dos mais fascinantes, virtuosos e completos pontas-de-lança que já vi jogar pelo Benfica. Lembro-me de Nené (o meu favorito), Jordão, Filipovic, Magnusson, Nuno Gomes, Miccoli, entre outros.
 
 
Óscar Cardozo só tinha um pé (não era bem assim), tinha um jogo de cabeça razoável apesar do seu 1.93m, era lento, tinha limitações técnicas e por vezes alheava-se do jogo.
 
Na verdade tinha 3 qualidades:
 
1- Tinha um magnífico pé esquerdo com um pontapé preciso e fulminante.
2- Marcava GOLOS.
3- E marcava muitos GOLOS!
 
Ou seja, fazia aquilo para que foi contratado: golos. Não veio do Paraguai com extras e opcionais, mas marcava GOLOS. 172 GOLOS!!!

 


O dia em que Cardozo correu mais depressa que Mangala para fazer o 3-2 final!!!

 Jogo da Taça da Liga na Luz em 2012!!! (3.34min do vídeo)

 

 


Golo de penalty ao Rio Ave na Luz em Dezembro de 2012 na vitória do Benfica por 5-1.

 

Cardozo marcava GOLOS em todas as provas:
 
Campeonato Nacional »»»             112
Taça de Portugal »»»                         19
UEFA »»»                                              34
Taça da Liga »»»                                    7
TOTAL »»»»                                        172
 
Não se limitava a encostar como alguns criticavam, também marcava GOLAÇOS.

 


Cardozo faz 1-4 em Alvalade na Taça da Liga 2009/10.

 

 


Hat-Trick de Cardozo ao Sporting para a Taça de Portugal 2013/14.

 
E não marcava apenas contra equipas acessíveis: na sua lista de matador constam nomes como Liverpool, Manchester United, Chelsea, PSV Eindhoven, Bayer Leverkusen, Celtic, Zenit, Fenerbahce, Newcastle, Porto e, é claro, o Sporting.

 


Benfica 5 – Everton, 0 com 2 golos de Cardozo.

 


O hobby de Cardozo: marcar golos ao Sporting! Neste caso, em Setembro de 2010, bisou na Luz para o Campeonato fazendo o resultado: 2-0.

 

Tenho consciência de que o tempo do Tacuara no Benfica estava a chegar ao fim, mas não é por isso que deixo de ser grato. Da época passada guardo o último GOLO que lhe vi ao vivo no Estádio frente ao Vitória de Guimarães no D. Afonso Henriques que valeu ao Benfica a vitória por 0-1 e o fantástico hat-trick na vitória por 4-3 sobre o Sporting para a Taça de Portugal, a obra-prima d despedida do perigoso Óscar Cardozo.

 

Agradeço ao Óscar Cardozo as alegrias que me (nos) deu em 7 anos ao serviço do Benfica. 172 vezes obrigado! Um obrigado por cada GOLO! Até à vista!

 


Óscar “Tacuara” Cardozo: “Shoot to Thrill”, uma colecção de golos.