09 agosto, 2014

Iron Dome, Rockets & Tunnels


IRON DOME, ROCKETS & TUNNELS 

O sol pôs-se sobre o conflito de Gaza, mas estes carros de combate Merkava do Exército Israelita a Norte de Gaza continuam a postos para novos episódios.
in “The Washington Post” em http://www.washingtonpost.com/  

A última Guerra de Gaza parece ter terminado. Para trás ficou a habitual litania de acusações, afirmações e lamentações. O Secretário-Geral da ONU afirmou convicto que esta teve de ser a última vez que tal aconteceu. É possível. Mas também é improvável. Já aconteceu em 2009, em 2012 e em 2014, não contabilizando os incidentes de menor dimensão.


A frequência com que acontecem até leva alguns Israelitas a chamar a estas operações “mowing the lawn” (cortar a relva), dada a frequência e regularidade com que urge atacar as ameaças do Hamas e da Jihad Islâmica Palestiniana (PIJ).


Enquanto  decorrem as agitadas negociações no Cairo, vamos espreitar os protagonistas deste conflito.

  

IRON DOME


As baterias anti-míssil Iron Dome são o novo ídolo em Israel: este sofisticado sistema de defesa detecta os mísseis que são lançados sobre Israel, calcula em segundos a área de impacto e só dispara o engenho interceptor se o rocket se dirigir para zonas de interesse (habitadas ou de alguma forma ocupadas).

Os números da recente Guerra de Gaza falam pelo Iron Dome:  o Hamas e a PIJ atingiram Israel com 2303 rockets dos quais 694 (30%) se dirigiram para zonas habitadas; destes, 578 (83%) foram interceptados pelo Iron Dome!

Iron Dome em acção na cidade de Ashdod no Sul de Israel.

in “The Washington Post” em http://www.washingtonpost.com

  

OS ROCKETS DO HAMAS E DA PIJ

Os rockets e mísseis foram, tal como em 2012, os grandes trunfos jogados pelo Hamas e pela PIJ. Para além dos tradicionais Qassam e Grad que costumam afligir o Sul de Israel, os terroristas incrementaram (já o tinham usado em 2012) o recurso a um rocket de maior alcance, o Fajr-5 de fabrico iraniano. Estas armas têm um alcance de 140km e foram elas que chegaram a Telavive e a Jerusalém. São potentes, mas imprecisas e normalmente deviam ser usadas em barragens de artilharia, com o lançamento simultâneo de múltiplos rockets para cobrir uma área onde alguns acabarão por atingir alvos de interesse. As barragens de artilharia israelita e os ataques aéreos impediram os Palestinianos de executarem essa manobra. O Iron Dome fez o resto


Apesar da experiência que detêm, os terroristas palestinianos conseguiram rácios de acerto muito baixos: lançaram 3356 rockets para Israel, dos quais 2303 (68%) atingiram território do Estado judaico; destes, apenas 694 (21%) se dirigiram para alvos de interesse e uns meros 116 (3%) conseguiram passar o crivo das defesas israelitas; 475 atingiram a própria Faixa de Gaza.


As IDF calculam que houvesse cerca de 10.000 rockets em Gaza. Destes, cerca de 1/3 foram disparados e outro terço foi destruído nos ataques israelitas. Restará o último terço.



Esquema do Fajr-5, de fabrico iraniano e utilizados pelo Hamas e pela PIJ.

in “SRATFOR” em www.stratfor.com



Gráfico mostrando o nº diário de lançamento de rockets palestinianos e de ataques aéreos israelitas. Note-se que só ao fim de 10 dias de ataques é que se verifica uma sensível redução do nº de rockets lançados, o que demonstra que o stock bélico de Gaza estava bem abastecido.
in “SRATFOR” em www.stratfor.com 


OS TÚNEIS DA MORTE


A rede de túneis de Gaza representam um perigo real e um medo psicológico para os Israelitas. Não foi por acaso que o ataque terrestre que custou mais de 50 vidas às IDF, teve por objectivo primordial a destruição desses túneis que servem para contrabando, de refúgio às lideranças política e militar do Hamas, de local de fabrico, montagem e armazenamento de rockets e outro armamento e respectivos sistemas de lançamento e para fazer incursões em território israelita. Israel destruiu 32 túneis, dos quais 14 desembocavam no seu território.




Um dos famigerados túneis de Gaza descobertos pelo Exército de Israel.

in STRATFOR em www.stratfor.com




NOTA: Deixo uns números mais para ajudar a mostrar, mais uma vez, a verdadeira natureza do Hamas e da PIJ:


Nº aproximado de rockets lançados de:


Escolas:           260

Cemitérios:    127

Mesquitas:     160

Hospitais:       50

TOTAL:            587


Palavras para quê?





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“TALVEZ SE AS PESSOAS SOUBESSEM…” em


“O BECO DE GAZA” em



“A GUERRA DE GAZA” em

http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2009/01/guerra-de-gaza.html

6 comentários:

Defreitas disse...

"Palavras para quê?" Tem razão Caro Professor. Melhor que as palavras, os números: 2 000 mortos. Centenas de crianças. 9 000 Feridos. 85% de civis.1 500 Casas destruídas. E os números mudam todos os dias. Os números, gélidos, sinistros, dizem melhor que as palavras, de todos os discursos.

Palavras para quê? Os EUA e Israel determinaram o discurso mundial sobre esta questão, definindo parâmetros estritos que limitam cada vez mais o conteúdo e a orientação do debate.
Toda discussão fora destes parâmetros, é largamente considerada como irrealista, improdutiva e mesmo subversiva.

Palavras para quê?

A participação no debate é reservada àqueles que subscrevem aos seus grandes princípios: a aceitação de Israel, a sua hegemonia regional e a sua superioridade militar: "Olhem para o número de bombas lançadas por Tsahal, a sua precisão, a sua capacidade de intercepção dos pobres foguetes palestinianos, que falham 85% dos alvos" ! A aceitação da lógica duvidosa sobre a qual é fundada a reivindicação da Palestina pelo Estado judeu; a aceitação de quais são os interlocutores, movimentos e governos aceitáveis ou não na solução do conflito.

Palavras para quê?

Mas estas são necessárias, porque constituem a linguagem que preserva " o direito a Israel a existir" sem pôr nenhuma questão: tudo o que invoca o Holocausto, o anti-semitismo e os mitos sobre os direitos históricos dos Judeus à terra legada pelo Todo-poderoso, – como se Deus fosse um agente imobiliário.
Esta linguagem não visa só a impedir toda contestação da colonização judaica da Palestina, mas procura sobretudo a punir e a marginalizar aqueles que se atacam à legitimidade desta experiência colonial moderna.

Mas este pensamento colectivo não chega a nenhum lado. Só conseguiu ocultar, distrair, desviar, esquivar e diminuir, e desta maneira, não estamos prestes de chegar a uma solução satisfatória... porque a premissa é falsa.

Não há solução para este problema. Este é o género de crise onde se constata o fracasso, se verifica os erros e se deve voltar para trás. O GRANDE ISRAEL é o verdadeiro problema. Porque é a ultima experiência colonial dos tempos modernos, uma experiência levada a cabo no momento mesmo em que tais projectos se desmoronam por toda a parte no mundo.

Não existe" conflito israelo-palestiniano" - que permitiria de pensar numa espécie de igualdade no poder, no sofrimento e nos elementos concretos negociáveis. Não existe nenhuma simetria nesta equação. Israel é o ocupante e o opressor. Os Palestinianos estão ocupados e oprimidos. O que é que há para negociar? Israel detêm todas as cartas. Mas tenho a impressão que nem vêm esta evidência. Bombardear é mais fácil.

Freitas Pereira

Sérgio Lira disse...

Rui, uma vez mais um excelente post, obrigado.

Obviamente serei criticado pelos que acolhem a ritualização do choradinho tão querido do faduncho de taverna e que assumem o papel de carpideiras, velando um morto que não conhecem mas que fica bem velar, arrepelando cabelos e lançando lancinantes gritos de histeria mórbida - paciência, não me afecta. Afirmo, como sempre afirmei: Israel nasce como último reduto para onde os judeus perseguidos e chacinados por todo o mundo (mas especialmente na Europa, e na Rússia) pudessem ir para viver longe da ameaça de um forno crematório. Daí para cá, ao contrário, Israrel enfrentou a permanente ameaça de chacina generalizada. Imaginemos apenas isto: Israel adopta uma posição de absoluto pacifismo, destrói todas as suas armas e desarma todos os seus cidadãos, militares e milicianos e afirma ao Mundo - ISRAEL NÃO MAIS DISPARARÁ UM TIRO PARA SE DEFENDER E ACREDITA, CRÊ VERDADEIRAMENTE, QUE ESTA SUA ATITUDE DE PAZ E DE BOA-VONTADE FARÁ COM QUE A REGIÃO SE TRANSFORME NUM OÁSIS DE BEM-AVENTURANÇA, ONDE OS HOMENS E AS BESTAS POSSAM CONVIVER EM PAZ E EM HARMONIA. Pergunta imbecil: quanto tempo (dias? horas?) demoraria até termos uma chacina de todos os judeus? não sobraria um para contar a história. Por isso deixemo-nos de ladainhas e de ingenuidades: Isarel defende-se olho por olho, dente por dente E MUITO BEM. Até os judeus poderem viver em paz, sem a ameaça permanente de genocídio - ou até nunca, porque parece que há quem lhes tenha jurado ódio eterno.
(Nota marginal: com a escalada de violência e de perseguição aos judeus - reabriu a caça ao judeu na Europa - Israel é mais necessária que nunca, seja por que via for, seja a que preço for: os judeus têm que ter um sítio qualquer para onde ir, se a perseguição tomar os rumos dos anos de 1930 - e pode tomar, os sinais estão todos aí, só não vê quem não quer ver).

Defreitas disse...

Antes de mais, obrigado senhor Professor pelo espaço que me concede no seu blogue.

Mas Caro Senhor Lira : Israel já existe, não?

Ao lê-lo tenho a impressão que, como alguns de meus amigos Judeus, o que receiam é a sua "deslegitimizaçao"! Por trás duma cortina de veludo, eis um Estado construído sobre mitos e narrativas, mas também sobre um Holocausto horrível, protegido unicamente por um gigante militar, milhares de milhões de dólares de ajuda dos EUA e um só direito de veto no conselho de segurança da ONU. Sem estas três coisas, os Israelitas não viveriam numa entidade que, finalmente, se transforma no lugar mais perigoso no mundo para os Judeus.

Retirem todo o discurso e todo o verniz da propaganda e verão que Israel não tem mesmo as bases dum Estado normal. Após 64 anos, não tem mesmo fronteiras. Nunca esteve tão isolado. Mais de meio século mais tarde, Israel precisa dum exército gigantesco simplesmente para impedir os Palestinianos de regressar a casa a pé!

O GRANDE ISRAEL , baseado na absorçao da Palestina,é uma experiência abortada. Como o foi o Iraque democrático. Israel está sob respiração assistida - retirem os três tubos e morreu -.
Ora isso seria uma tragédia humana terrível, como o é hoje a desses pobres cristãos do Iraque, que a folia americana de Bush, e agora Obama , em transes sem saber o que fazer para parar os assassinos islamistas do Califa, criou no maior caos imaginável.

A coisa mais importante que podem fazer na óptica dum só Estado é de abandonar rapidamente a velha e ultrapassada linguagem. Que desenvolvam um novo vocabulário de possibilidades - o novo Estado será a nascença da grande reconciliação da humanidade: Muçulmanos, Cristãos e Judeus vivendo juntos na Palestina como o fizeram antes.

Os Israelitas que não quiserem partilhar a Palestina como cidadãos iguais com a população palestiniana indígena - ou seja, aqueles que não quererão renunciar aquilo que pediram aos Palestinianos de renunciar há 64 anos - poderão utilizar o segundo passaporte e regressar a casa deles. A Portugal, A França, aos EUA e por toda a parte donde vêm.

Sérgio Lira disse...

Sr. Freitas! a sério? a França? à mesma França do abrutalhado Le Pen, onde se degolam pessoas só porque visitam um museu judaico ou passam em frente e uma sinagoga? ou não, não, claro que não! na civilizada França nunca!... terá sido na Bélgica, claro, foi na Bélgica, no museu judaico de Bruxelas, ainda este ano: faz toda a diferença. E na Hungria, e na Alemanha... onde se grita nas ruas, impunemnte, "Morte aos Judeus" (por acaso até foi em França mesmo, mas para o caso é irrelevante). Em 1930', antes da "noite de cristal" muitos europeus disseram o mesmo, que são casos pontuais, que não, que na Europa civilizada nunca haveria perseguições em grande escala, que eram grupelhos... e depois dessa fatídica data também; e durante o Holocausto todos juraram não saber, não ver... e mesmo depois, perante as mais horríveis evidências. E quem jurou morte aos judeus foram todos os seus vizinhos, não foi Israel, que - mal declarada a independência - iniciou guerra contra tudo e contra todos. Mas deixemo-nos de "razões históricas", a minha utopia mantém-se: quantos judeus ficariam vivos se se não defendessem? a resposta é só uma, e não padece de argumentações sofísticas: NEM UM, não escaparia um único. Seria, certamente, uma «solução final» para o problema do Médio Oriente, mas quer-me parecer que os israelitas (e todos os judeus de todo o Mundo) não estarão lá muito pelos ajustes e não lhes parece lá grande ideia o uso de Zyklon B no deserto do Negueve.

Vejo, no entanto, que temos posições inconciliáveis. A argumentação é, assim, inútil. Remeto-me pois ao silêncio.

Defreitas disse...

Só algumas palavras para esclarecer certos pontos, Senhor Lira, às quais compreendo que não responda.
Os crimes cometidos contra Judeus em França, são sempre cometidos por muçulmanos, quaisquer que sejam as suas nacionalidades. Estes dois povos conviveram, como sabe, durante séculos , nas antigas colónias ou territórios franceses, como a Argélia, Marrocos, Tunísia e outros.

A independência destas colónias ou territórios, deu como resultado a imigração massiva dos Judeus da África do Norte para França, tanto mais que, contrariamente aos Muçulmanos, os Judeus tinham obtido a nacionalidade francesa quando viviam nestas colónias. Esta diferença de tratamento foi aliás uma causa de profundo ressentimento dos Árabes contra a França, durante a guerra da Argélia.

Os imigrantes muçulmanos das colónias nem sempre foram bem recebidos pelos franceses; os "Pieds Noirs" nunca os aceitaram de bom grado . O que é compreensível.

Quanto aos Judeus, a integração foi normal e não houve problema nenhum com eles. Vivia nessa época em França - 1958- e assisti a essa vaga de "retornados" .
Os Judeus não são discriminados. Alguns dos meus colaboradores na firma que dirigi eram Judeus, mas esse aspecto nem se levantava. Estamos longe de "l'affaire Dreyfus"!

Os Judeus franceses ocuparam e ocupam, desde sempre posições cimeiras, até mesmo a Presidência da Republica. Sarkozy e a esposa têm ascendência Judaica. Fabius, MNE, e vários ministros dos governos precedentes eram Judeus. Mendès- France ainda é uma referência do socialismo francês, como Léon Blum.

Pretender que a França é mais perigosa para os Judeus que outros países seria injusto. O nazi Le Pen não é a França. Mas é verdade que a presença de 5 milhões de muçulmanos , dos quais muitos nasceram em França e são franceses, cria problemas entre as duas comunidades. Os actos criminosos são conhecidos. Não são muitos mas existem. Mas que fazer contra os extremistas num pais que procura integrá-los?

O problema palestiniano constitui, infelizmente, o carburante ideal para o extremismo islamista em França, e noutros países ,(por isso escrevi que Israel está cada vez mais isolado) que vê assim importado um problema que não lhe diz respeito. Este carburante é o mesmo que provoca a guerra em Gaza , excita os países árabes, e impede Israel de viver em paz. A solução é conhecida. Mas já falamos suficientemente do assunto.

Apesar de tudo, ainda existem em França 600 000 Judeus , na definição que é dada por Israel e a sua "Lei do Regresso".

Cumprimentos

Freitas Pereira

Rick2012 disse...

Grandes interesses se movem por trás da criação do Estado zionista(que é afinal a causa do que vemos regularmente acontecer)sob a capa do "direito do povo judeu a viver na sua terra" e ainda com o suposto cumprir da profecia quando o Estado de Israel é laico(e confia acima de tudo no deus mamon e nas armas potentes) e muitos judeus ortodoxos estão contra o Estado zionista.