20 março, 2014

Abjecto


ABJECTO

Ter um filho com uma doença grave, com incapacidades permanentes, com deficiência, é uma dor para os Pais que eu posso, quando muito, imaginar. Graças a Deus!

 
Tratar de um filho assim será doloroso e difícil emocionalmente, logisticamente, tecnicamente e financeiramente. Os Pais nessas circunstâncias têm uma existência de enorme desgaste, acumulando as exigências da vida corrente com o esforço de resolver, atenuar, tratar, ultrapassar, contornar os problemas das crianças.

 
Tem sido noticiado que milhares de crianças, 13.000 de acordo com uma reportagem da SIC, viram os subsídios estatais que recebiam cortados. Sem aviso prévio. Just like that.

 
Simultaneamente, o Ministério da Educação e/ou o Ministério dos Assuntos Sociais, têm feito uma triagem dos tratamentos, cuidados e terapias que essas crianças recebem por prescrição médica, o que é ilegal. Bem pior que ilegal, é cruel.

 
Confesso que fiquei um pouco surpreendido: apesar do cadastro miserável que este governo ostenta nos abusos e maus-tratos que inflige aos Portugueses, Achei que não seria fácil descer ainda mais. Não era fácil, mas é possível. O governo conseguiu-o.

 
Cortar apoios aos mais infelizes, aos mais desprotegidos, aos mais martirizados, aos que sofrem sem culpa (pais e filhos) é de uma crueldade absurda. É abjecto.

 
Malditos sejam!
 

2 comentários:

Defreitas disse...

Há três formas de inteligência : a inteligência humana, a inteligência animal e a inteligência militar. Creio que no governo português nenhuma das três existe.
De facto, se quisermos ser honestos, devemos dizer que 90% dos homens políticos fabricam uma má reputação para os outros.

Defreitas disse...

Pena é que os governantes nao leiam o papa Francisco, que me surpreende muito agradavelmente:


"Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível erradicar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de provocar a explosão. Quando a sociedade - local, nacional ou mundial - abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e económico é injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais sólido que pareça. Se cada ação tem consequências, um mal embrenhado nas estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte. (...)
"Mais cedo ou mais tarde, a desigualdade social gera uma violência que as corridas armamentistas não resolvem nem poderão resolver jamais. Servem apenas para tentar enganar aqueles que reclamam maior segurança, como se hoje não se soubesse que as armas e a repressão violenta, mais do que dar solução, criam novos e piores conflitos. Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem encontrar a solução numa "educação" que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos. Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos veem crescer este cancro social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países - nos seus Governos, empresários e instituições - seja qual for a ideologia política dos governantes."
Assinado pelo Papa Francisco, na sua exortação apostólica "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho").