SENKAKU:
A SARAVEJO DO PACÍFICO?
O
mapa mostra a laranja as zonas de overlapping
(sobreposição) das ADIZ do Japão, China, Coreia do Sul e Taiwan no Mar da China
oriental e no Mar Amarelo.
in STRATFOR em www.stratfor.com
A mais recente
de tensão foi despoletada de novo por causa das ilhas Senkaku, apresentadas aos nossos leitores a 1 de
Agosto de 2012 (ver Senkaku & Takeshima em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012_08_01_archive.html) mais de um mês antes de serem notícia
nos media. No dia 23 de Novembro, a China anunciou o estabelecimento de uma
nova Zona de Identificação de Defesa Aérea (acrónimo inglês ADIZ). *
Esta decisão de Pequim suscita dois problemas:
as Senkaku estão sob administração e controlo do Japão que reclama a soberania
sobre os ilhéus; a nova ADIZ sobrepõe-se a espaços e ADIZ’s de 3 outros países:
Japão, Coreia do Sul e Taiwan. As consequências eram previsíveis:
*
O Japão continuou a sobrevoar as ilhas e instruiu as companhias aéreas nipónicas
para não responderem a qualquer solicitação de identificação ou de rota feita
pelos Chineses nesse espaço.
*
A Coreia do Sul anunciou a intenção de aumentar a sua ADIZ e deu às companhias
de aviação sul-coreanas instruções similares às de Tóquio.
*
Os EUA já atravessaram a nova ADIZ chinesa com dois bombardeiros B-52.
*
Taiwan também já enviou patrulhas aéreas para a zona.
Não é a
primeira vez que uma ADIZ é aumentada na Ásia Oriental. O Japão já o fez
recentemente em resposta à crescente assertividade militar chinesa. A novidade
neste caso, está na sobreposição das diversas zonas que esta medida provocou e
que tem um óbvio cariz de afirmação, de provocação e de teste às reacções dos
outros Estados.
O problema é
que é claro nesta altura que os Japoneses, os Norte-Americanos e os Sul-Coreanos
vão continuar os voos. E o que fará a China? Há duas hipóteses:
1- A China exige a identificação e rota
aos aviões.
2- A China não materializa a ADIZ e nada
exige às aeronaves que a atravessem.
No segundo
caso, nada acontece. A China terá feito um political
statement inconsequente, transmitindo fraqueza e receio e perdendo a face.
Seria um grande fiasco.
A primeira
hipótese desdobra-se em 3:
1A »»» Os aviões submetem-se à intimação
chinesa. Japão, EUA e
Coreia do Sul dão parte de fracos e convidam
a China a fazer novos avanços e imposições. É altamente improvável.
1B »»» Os aviões ignoram a intimação
chinesa e a China não reage,
ou emite um protesto diplomático. É uma situação em tudo similar à segunda
hipótese e as consequências serão as mesmas, mas é mais provável
1C »»» Os aviões ignoram a intimação e
são interceptados pela Força Aérea do Exército Popular de Libertação.
Esta última seria a situação mais
interessante (e dramática), porque poderia configurar um casus belli (motivo
para guerra).
Não prevejo que a situação derrape a esse
ponto a curto-médio prazo, mas
as 3 potências asiáticas (há também a Rússia e os Estados Unidos) do Nordeste
da Ásia sentem-se crescentemente desconfortáveis umas com as outras e a
desconfiança é geral.
Tenho poucas dúvidas que as tensões
geopolíticas na região tenderão a crescer num cenário em que os participantes
têm todos pretensões conflituantes. Nestes power games, um pouco como na vida
animal selvagem, exibe-se capacidades, posturas agressivas e retórica
nacionalista mais ou menos exacerbada. E ninguém estará disponível para ceder
ou recuar, porque tal acarreta sérios custos internos e externos.
Se o caminho for esse, o confronto será
inevitável a prazo. As Senkaku são um bom candidato a ser o rastilho desse
conflito, um Sarajevo do Extremo Oriente.
* A ADIZ (Air Defence Identification Zone) é uma extensão
do espaço aéreo de um país. Enquanto o espaço aéreo nacional está legalmente
definido como sendo o espaço sobre a totalidade do território e do mar
territorial (12 milhas desde o litoral) e sobre o qual o detentor exerce total
soberania, a ADIZ é estabelecida unilateralmente, para além do espaço aéreo e
nela o país que a invoca, arroga-se o direito de exigir a identificação, rota e
propósito de qualquer aeronave que atravesse esse espaço.
4 comentários:
Sugestão: enviar rapidamente (e em força) o Marchenete para asSentakiuku. Aliás: se fosse o desgoverno todo, como aquilo fica longe pra chuchu, seria o ideal. Com a probabilidade de um sério conflito, melhor ainda... e gente paga de bom grado a viagem (de ida). E ficam lá como aqueles canários detectores de grizu, antigamente nas minas: quando morrerem é sinal de que houve coisa...
Olha que bela ideia! Ainda ganhávamos protagonismo internacional e eles podiam planear toda a austeridade e esbulho que quisessem que ninguém se ia maçar, porque...não há lá ninguém.
E se mesmo assim alguém se incomodasse....PUM! Case closed!!!
Desculpa ter «avacalhado» o teu post que, como sempre nestes assuntos, é muito interessante. Mas não resisti...
No problem Sérgio: bom humor também é preciso. E obrigado pelo elogio :-)
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