15 junho, 2008

Campeonato da Europa/2008 - 3

CAMPEONATO DA EUROPA/2008 - 3

LARANJA MECÂNICA PARTE III

Duas jornadas volvidas e a Holanda é o grande destaque da competição: depois de vencer o Campeão do Mundo por 3-0, a Holanda bateu a França por 4-1, parecendo querer reeditar a celebérrima Laranja Mecânica dos anos 70 (Mundiais de 1974 e 1978) e a dos anos 80 (Campeã da Europa em 1988). Sendo que a França dominou desde os 25 min. até aos 3-1, a Holanda mostrou dominar os 3 momentos cruciais do jogo: ataque continuado/organizado, defesa sólida e contra-ataque rápido e concretizador.

Portugal continua a fazer um percurso irrepreensível, somando mais um bom jogo contra um adversário mais difícil (Rep. Checa). Ao contrário do que muitos pensava, Portugal não tem demonstrado nenhuma Ronaldo-dependência, sendo que o nº 7 da selecção tem sido uma peça do conjunto em vez DA peça.

Nos Grupos C e D. o destaque vai para a Croácia e para a Espanha, já qualificadas com 6 pontos, merecendo referência especial a bela vitória dos Croatas sobre a Alemanha, repetindo o Mundial de 1998.

DESTAQUES POSITIVOS:
Marco Van Basten: Excelente leitura de jogo, executando a mais significativa mudança de um jogo a partir do banco nesse Europeu. Encostados os Holandeses atrás pela reacção francesa ao golo de Dirk Kuyt, Van Basten resistiu a colocar mais um defesa ou um médio corpulento e “varredor”. Lançou os extremos Robben e Van Persie, colocou pressão sobre a defesa da França, abatendo-a com tiros de velocidade e técnica. Conferiu uma renovada força à expressão “A melhor defesa é o (contra-)ataque.”
Arjen Robben e Robin Van Persie: Os dois velozes extremos que dinamitaram a França na 2ª parte com dois golos e uma assistência. Magníficos.
Deco: O melhor de Portugal. Nunca fui grande apresciador de Deco, mas fez um excelente jogo, estando nos 3 golos de Portugal: marcou o 1º, assistiu no 2º e lança o contra-ataque que resultou no 3º. O seu trabalho no golo de Ronaldo é de eleição.
Sneijder: Dirigiu o meio-campo laranja, fez um jogo mjuito intenso a atacar e a defender e teve arte para marcar o melhor golo da jornada aos 92 min.

Srna: O grande protagonista do contra-ataque croata que deixou a cabeça em água à defesa alemã. Boa técnica, rapidez e um golo.

Os Qualificados: Holanda, Portugal, Croácia e Espanha: É sempre de destacar quem consegue apurar-se logo à 2ª ronda destes mini-campeonatos somando 6 pontos. Além do mérito, já oartem à frente para os quartos-de-final.

Guarda-Redes: Van der Sar
e Gianluigi Buffon tiveram jornada de grande destaque. O Holandês garantiu a vitória e a liderança da sua equipa quando a França ameaçava e o Italiano garantiu a sobrevivência da sua selecção em vários momentos, com destaque para o 1º penalty defendido neste Euro.

DESTAQUES NEGATIVOS:
Grécia: Eliminada à 2ª jornada! Confesso que me dá um certo gozo escrever isto. Em dois tempos e três golos (um magnífico, outro abarracado e um frango), os mais fracos Campeões da Europa de que há memória estão knock-out. Lá dizia o outro que a vingança se serve fria.
Alemanha: Desapontadora. Após uma exibição convincente perante a Polónia, um verdadeiro acto falhado frente à Croácia. Se isto significar dificuldades a jogar contra equipas mais técnicas, os Portugueses poderão sorrir.
e Zambrotta . O Alemão foi um verdadeiro desastre, conseguindo estar nos dois golos da Croácia e ser constantemente ultrapassado. Se Low estiver atento, o Euro-2008 acabou para ele. O Italiano teve um erro de palmatória que custaria caro à Itália, não fora Buffon.

Tom Henning Ovrebo. A Noruega não está no Euro-2008, mas tem um árbitro presente. Infelizmente, porque o Sr. Tom Henning Ovrebo, portou-se muito mal no Itália-Roménia, anulando um golo limpo a Luca Toni, inventando um penalty de Panucci (defendido por Buffon) e não marcou um livre frontal a favor dos Italianos mesmo no fim do jogo. Não serão muitos erros num sentido para ser só coincidência ou incompetência?


EQUIPA DA 2ª JORNADA:

1- Van der Sar
2- Lahm
3- Oijer
4- Ricardo Carvalho
5- Fábio Grosso
6- Petit
7- Srna
8- Deco
9- Podolski
10- Snijder
11- Robben

12- Buffon
13- Robert Kovac
14- Mathijsen
15- David Villa
16- Cristiano Ronaldo
17- Van Persie
18- Van Nistelrooy


Makelele e Thuram: Estão ambos ultrapassados enquanto jogadores de very top. Makelele usa e abusa da dureza (por vezes da violência) mais do que antes e devia ter visto o vermelho contra a França. Thuram, batido por Robben no 3-1, era a imagem da impotência. Se a estes juntarmos Vieira, a França versão 2010 terá de ser bem diferente.
Defesas Laterais: Jansen

12 junho, 2008

Campeonato da Europa/2008 - 2

CAMPEONATO DA EUROPA/2008 - 2

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Terminou a 1ª jornada da fase de grupos. A principal nota até agora é a da normalidade, tendo as equipas teoricamente mais fortes vencido a generalidade dos desafios. As únicas surpresas reportam-se ao desnível do resultado no Holanda, 3 – Itália, 0 e, também, no Espanha, 4 – Rússia, 1.

Em relação às minhas preferências, as coisas ficaram bem encaminhadas, dado que 6 das 8 equipas que previ que se qualificariam para os quartos de final, ganharam e as duas que perderam, defrontaram outros dos “escolhidos”.

Fazendo jus ao nome dos contendores, o Holanda-Itália foi o grande jogo desta ronda: futebol de ataque, boas jogadas, golos e oportunidades, competitividade e ritmo. A Holanda esteve magnífica e a Itália soçobrou com o discutível primeiro golo. Não acredito, todavia, que a Squadra Azurra já esteja out. Os Italianos são peritos em superar situações complicadas nas fases de grupos das grandes competições, embora o seu historial seja bem melhor nos Campeonatos do Mundo do que nos da Europa.

DESTAQUES POSITIVOS:
Holanda: Jogo brilhante, em mais uma reencarnação da mítica Laranja Mecânica e do futebol total. Bons a atacar, bons a marcar, bons a jogar, bons a defender. Se continuar assim, será quase imparável. Alemanha: Bom jogo, sempre sólido, várias vezes vistoso, quase sempre eficaz, contra um adversário (Polónia) de dificuldade média. Portugal: Belo jogo. Excedeu as minhas melhores expectativas, com todos os 11 titulares em bom nível, boa preparação física, determinação e futebol de ataque e adversário (Turquia) manietado. Merecia ter ganho por 4-0.

Espanha: Aproveitou bem o suicídio defensivo da Rússia para fazer uma boa exibição de futebol de contra-ataque e marcar 4 golos.

Wesley Snijder: Jogo completo a defender, organizar e a atacar, coroado com um golo soberbo. O melhor do primeiro round!

Defesas Laterais: Van Bronckhorst
(fabuloso) e Philip Lahm , deram festivais de 100m, correndo toda a linha do campo com velocidade e qualidade defensiva e ofensiva notáveis. Foram dos melhores da 1ª jornada.

Avançados: Lucas Podolski
, Van Nistelrooy , David Villa e Ibrahimovic foram os destaques da jornada. O Alemão marcou dois golos (muito bom o 2º) jogando a extremo; o Holandês dinamitou a defesa italiana e só não marcou mais golos porque tinha pela frente Buffon; o Espanhol fez um hat-trick; e o Sueco marcou um golo fabuloso (o melhor até agora).

DESTAQUES NEGATIVOS: Rússia: Depois de um bom começo, os Russos cometeram um hara-kiri defensivo, perdendo bolas fáceis no mei campo, deixando-se ultrapassar constantemente em contra-ataque e falhando totalmente na marcação defensiva.
Donadoni: Mesmo tendo azar com os timings dos acontecimentos-chave do jogo, não armou bem a equipa e não foi capaz de intervir em tempo útil para a salvar do naufrágio. A entrada tardia de Del Piero e o papel (positivo) que ele desempenhou no ataque realçam o dia mau do treinador italiano, que não pode falhar outra vez.

Turquia: Completamente manietada por Portugal, passou o jogo a correr atrás dos adversários.

Croácia: Pode, mas não quis jogar.

Áustria: Quis, mas não soube jogar.

EQUIPA DA 1ª JORNADA:
1- Van der Sar
2- Lahm
3- Peter Hansson
4- Pepe
5- Van Bronckhorst
6- Moutinho
7- Van der Vart
8- David Villa
9- Van Nistelrooy
10- Snijder
11- Podolski

12- Buffon
13- Zambrotta
14- Mathijsen
15- Deco
16- Ballack
17- Wilhelmsson
18- Ibrahimovic

06 junho, 2008

Campeonato da Europa/2008 - 1

CAMPEONATO DA EUROPA/2008 - 1

PREVISÕES

Regressou a football mania! Três semanas de futebol de alto nível. 31 jogos entre quase (falta a Inglaterra) todas as melhores selecções da Europa. Tal como fiz com o Campeonato do Mundo Alemanha 2006, também o Campeonato da Europa Áustria/Suíça 2008 terá amplo destaque no Tempos Interessantes, com “impressões, opiniões, sensações, ALEGRIAS e frustrações, destaques bons e maus, enfim, tudo o que pareça relevar.”

PREFERÊNCIAS: PORTUGAL, obviamente. Depois, a Holanda! A Itália vem a seguir. Alemanha, Suécia, Rep. Checa, Polónia e Croácia fecham o leque das minhas preferências. Na inversa, não quero que ganhe ninguém do lote constituído pela Espanha, França, Grécia e Turquia.

Posto isto, nada melhor que arriscar previsões, definindo três patamares de favoritismo:

1- Candidatos à vitória: Itália, Alemanha e Holanda.
2- Outsiders com possibilidades: França, Portugal, Suécia, Rep. Checa e Espanha.
3- Aspirantes a meias-finais: Rússia, Grécia, Polónia e Croácia.

QUARTOS DE FINAL:

PORTUGAL - POLÓNIA
ALEMANHA - REP. CHECA
HOLANDA - ESPANHA
SUÉCIA - ITÁLIA

MEIAS FINAIS:

PORTUGAL - HOLANDA
ALEMANHA - ITÁLIA

FINAL:

ALEMANHA - HOLANDA

O Grupo C é terrível e tem 3 fortes candidatos. Como é óbvio, não surpreenderá se a França se qualificar em prejuízo de um dos outros candidatos. Este exercício foi feita com base num ordenamento 1-2; os cruzamentos podem reSultar diferentes, mesmo que os qualificados sejam os mesmos.

PORTUGAL: Concordo com a generalidades dos convocados e até com o onze escolhido para o Portugal-Turquia, com uma alteração. De 1 a 11, aqui está a “minha” equipa:

1- Quim
2- Bosingwa
3- Ricardo Carvalho
4- Pepe
5- Paulo Ferreira
6- Petit
7- Ronaldo
8- Moutinho
9- Nuno Gomes
10- Deco
11- Simão Sabrosa

LET THE SHOW BEGIN!

P.S. Os grandes jogos da 1ª fase:

Itália - França
Holanda - Itália
Holanda - França
Alemanha - Polónia
Portugal - Rep- Checa
Suécia - Espanha

26 maio, 2008

Pedro Santana Lopes

PEDRO SANTANA LOPES



Pedro Santana Lopes


No dia 31 de Maio vou votar em Pedro Santana Lopes nas eleições directas do Partido Social Democrata. Faço-o com a tranquilidade e o desprendimento de um desalinhado dentro do PSD, que nunca sentiu o impulso ou a necessidade de ser ista. Nem Santanista, nem Barrosista, nem Mendista, nem Menezista, nem sequer Cavaquista no sentido pós-1995 do termo.

Voto em Pedro Santana Lopes, porque ele propõe:

· Uma visão mais liberal da economia.

· Um reequilíbrio da relação entre o Estado e o indivíduo/sociedade.

· O ataque ao lobby do bloco central de interesses, responsável por muito do compadrio, do carreirismo e do desvirtuamento do interesse público que marcam a política portuguesa contemporânea.

E ainda porque ele garante:

· Uma oposição eficaz ao Governo do PS.

· Uma presença mediática e carismática, mas não subordinada a interesses espúrios dos mass media.

· Rompimento com os cromos repetidos dentro do PSD, os istas profissionais, que são os indefectíveis de todos os líderes e os primeiros a abandonar os mesmos líderes.

· Uma liderança determinada, capaz de resistir aos ataques, aos boatos e às calúnias. sem baquear nem desistir.

Por outro lado, não me motiva uma visão estatista da política, subordinando o objecto (Indivíduo/Sociedade) ao instrumento (Estado). Não me revejo em quem esconde ideias e programas atrás da gravitas, do mesmo modo que não me revejo em quem se limita a repetir banalidades e lugares comuns que depois não consegue consubstanciar. Finalmente, tenho fortes desconfianças das motivações de muitos que gravitam em torno de duas candidaturas e das condicionantes que lhes poderão acarretar.

Sucintamente, estas são as motivações que me levarão a votar Pedro Santana Lopes. Sem condições, nem hesitações.

19 maio, 2008

Barões (Mal) Assinalados

BARÕES (MAL) ASSINALADOS


Os termos “barões” e “notáveis” estão sempre presentes no noticiário do Partido Social Democrata. O grupo é heterogéneo e nunca aparece listado de A a Z, mas apesar de não estar claramente identificado, existe. Dele fazem parte militantes históricos (i.e., com mais de 25 anos de filiação) que por algum motivo têm/tiveram alguma notoriedade, militantes com um longo e rico curriculum político (cargos governamentais, parlamentares e partidários) e militantes com um curriculum médio/curto, mas que ocuparam (por vezes de forma episódica) cargos de relevância política e partidária, frequentemente sem terem feito nada de relevante.

É esta amálgama flutuante (nem sempre são os mesmos os referenciados) que surge na imprensa como constituindo a elite do PSD, cuja presença numerosa assegure a credibilidade e bondade de um candidato ou de uma política. A contrario, a sua ausência em números expressivos, condena o candidato à desdita da menoridade política e da incapacidade para exercer um cargo de relevo. Daí decorre a presunção de que o voto de 10.000 ou 20.000 militantes confere menos credibilidade (e legitimidade?) a um candidato do que o apoio de 20 ou 50 desses barões.

Daqui decorre outra conclusão, lamentável por sinal. Os mass media em Portugal, arrogam-se o direito e o poder de escolher os militantes elegíveis e aceitáveis para serem presidente do PSD, lançando sobre outros o opróbrio de não terem habilitações e legitimidade para o efeito. Esta arrogância transforma-se num ataque desbragado ao líder laranja quando os militantes têm a petulância de eleger um intocável em detrimento de alguém da casta dos elegíveis.

Esta distorção é o condicionamento que vem sendo servido aos militantes do PSD e aos Portugueses nos últimos anos relativamente aos protagonistas que o partido vai tendo. É este parti pris que tenta levar à entronização e à eleição antecipada do(a)(s) candidatos que se enquadram no estereótipo dos supostos media de referência de Portugal, em prejuízo de uma informação despida de clubite e de preconceitos.

Deste modo, o noticiário político, os protagonistas políticos e os cronistas e jornalistas, parecem funcionar em circuito fechado, numa teia de amizades e cumplicidades.

Este cenário só não é completamente idílico, porque agora o líder do PSD é eleito directamente pelos militantes, o que reduz o grau de controlo do voto pelos pseudo-notáveis e pelos sindicatos de voto. Não obstante, o condicionamento exercido pelos media e pelos opinion-makers deixará sempre a sua marca nos resultados.
Os militantes do PSD têm uma história de contrariar o politicamente correcto conjuntural, votando de acordo com as suas convicções e é de esperar que, seja qual for a sua escolha, ela seja feita à margem das considerações que os mal assinalados barões vão fazendo, no seu próprio interesse. Uma das melhores consequências que estas eleições no PSD poderiam ter, seria a redução do baronato parasitário à sua real e diminuta expressão, devolvendo aos militantes e ao Partido a prerrogativa de escolher aqueles que consideram realmente importantes.

17 maio, 2008

Shalom Israel

SHALOM ISRAEL

60 anos de independência, liberdade e democracia no mais hostil ambiente internacional do mundo, é uma proeza assinalável, demonstrativa da coragem, perseverança e capacidade de sobrevivência dos Israelitas.

Triunfante em várias guerras desde 1948, Israel enfrenta o duplo desafio de ganhar a paz e a segurança sem ser pela força das armas, ao mesmo tempo que enfrenta novas ameaças à sua existência, protagonizadas pelo Irão pré-nuclear e pelas organizações terroristas armadas e financiadas por Teerão e damasco (Hezbollah e Hamas).

A recente reafirmação da aliança e amizade dos EUA feita em Telavive pelo Presidente George W. Bush, poderão dar a Israel mais conforto e segurança para retomar o espinhoso caminho da paz, sem comprometer a segurança.

Shalom Israel.


15 maio, 2008

Arrivederci Maestro

ARRIVEDERCI MAESTRO

O adeus de Rui Costa no Estádio da Luz perante 55.000 adeptos. (Benfica, 3 – Vitória de Setúbal, 0)
in “Mais Futebol”
(http://www.maisfutebol.iol.pt/ )


Terminou a carreira futebolística de Rui Costa. Há dois anos, assinalei com júbilo o seu regresso ao Benfica. Agora registo com alguma tristeza a sua despedida como jogador, após uma época de altíssimo nível, em que mostrou continuar a ser o melhor nº 10 Português e que teria, caso quisesse, lugar na selecção nacional que vai disputar o Euro-2008 na Suíça e na Áustria.

De Rui Costa fica a memória das assistências, dos passes teleguiados, das fintas desconcertantes, dos golos fabulosos, da alegria e paixão a jogar à bola, do fair-play e claro, do imenso amor ao Benfica.



Duas lendas do futebol: Rui Costa e Paolo Maldini.
in “Mais Futebol”

Rui Costa marca pela Selecção Nacional.
in “Mais Futebol”
(
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )


Rui Costa no Ac. Milan: sempre o nº 10.
in “Mais Futebol” (
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )



O 1º golo de Rui Costa após o regresso (Benfica, 3 – Áustria Viena, 0).
Eu e o Afonso tivemos ocasião de ver este jogo in loco.
in “Mais Futebol” (
http://www.maisfutebol.iol.pt/ )
Pelo que fez e por quem é, bem haja Rui Costa! Arrivederci Maestro!

10 maio, 2008

Carta Aberta a Luís Filipe Menezes

CARTA ABERTA A
LUÍS FILIPE MENEZES

Caro Dr. Luís Filipe Menezes

Admito que esta missiva venha fora de tempo. Confesso que, para além dos afazeres profissionais e familiares, tinha alguma esperança de encontrar uma razão concreta, válida e entendível para a sua retirada. Tentei e não consegui encontrar. É pena.

Dei de barato os primeiros 3 meses da sua liderança, pela necessidade de adaptação ao cargo e pelo estranho costume português de dar tréguas ao Governo durante a Presidência comunitária.

Mais recentemente, parecia que queria finalmente ignorar a crítica interna capciosa, encapotada, mal-intencionada ou interesseira e dar corpo às expectativas que trouxe consigo em Setembro passado.

Em vez disso demitiu-se. Bateu com a porta e foi-se embora. Poucos dias depois, deu uma entrevista à SIC Notícias em que esteve ao nível a que me habituara antes de ser eleito. Pensei “Ele assim não pode renunciar.” Mesmo assim, foi-se embora.

Apoiei a sua candidatura à presidência do Partido Social Democrata e votei em si. Achei (e acho) que era a lufada de ar fresco de que o PSD precisava: novas ideias, novas pessoas, novos comportamentos, novo estilo.

Não fui um apoiante de ocasião: ouvi-o e li-o inúmeras vezes, até tive oportunidade de o convidar para proferir uma palestra na Universidade Fernando Pessoa. Não concordei com tudo, mas subscrevi a maior parte. Convenceu-me.

Francamente, não tinha o direito de ir embora. 21.000 militantes votaram em si. Muitos empenharam-se na sua candidatura. Mais grave, deu esperança a muita gente. A sua demissão traiu essa esperança legítima.

Posso estar a ser injusto, mas a escassez de explicações não deixa margem para outros juízos. Não é ingénuo, nem chegou à política ontem: sabia que ia sofrer ataques dos velhos inimigos e daqueles cujo modo de vida a sua liderança ameaçava; também estava ciente de que a imprensa enfeudada a preconceitos sobre o perfil de liderança para o PSD, não lhe daria tréguas.

O seu projecto prometia um novo rumo para o PSD. A sua demissão ameaça fazer regressar o PSD ao pantanal do Centrão & interesses associados.

Foi uma oportunidade perdida e um tempo perdido. Foi pena. O PSD e os seus militantes mereciam mais.

Com os melhores cumprimentos.

                                     Rui Miguel Ribeiro

05 maio, 2008

A Cavalgada Atómica do Irão

A CAVALGADA ATÓMICA DO IRÃO
(http://nytimes.com/ )

A publicação da parte não confidencial do National Intelligence Estimate (NIE) do conjunto dos serviços secretos e de inteligência dos EUA sobre o programa nuclear do Irão, constituiu uma autêntica bomba (figurativa) em toda a envolvente internacional de contenção nuclear de Teerão.

Desde logo, o esforço de contenção do Irão ficava prejudicado, apesar de no mês passado o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a 3ª Resolução de sanções ao Irão. Depois, o leque de opções disponível ficou automaticamente reduzido. E a coesão e empenho internacionais em travar a cavalgada atómica de Teerão ficou em cheque. Finalmente, os radicais que governam o Irão sentiram-se (ainda) mais encorajados a prosseguir o seu projecto.

Se em Dezembro de 2007 o NIE me pareceu algo de inusitado e contrário a todas os policy statements de Washington (e também de Londres e de Paris), em Abril de 2008 é claro que a sua publicação, nos termos em que foi feita, foi um erro crasso.

Desde logo, porque veiculou uma ideia que não corresponde à realidade: que o Irão se afastou do projecto nuclear militar e que terá desistido dele. Na verdade, NADA no comportamento do Irão nos últimos dois anos indicia uma atitude positiva: o Irão prossegue com o seu programa de desenvolvimento da capacidade de produzir urânio enriquecido; o Irão continua a não desvendar por completo as suas actividades nucleares clandestinas e em violação do NPT; o Irão continua a desenvolver a ritmo acelerado o seu programa de mísseis balísticos de médio e longo alcance com capacidade para transportar ogivas nucleares.

O que o NIE declarou foi que o Irão tinha suspendido ou terminado os trabalhos de design-concepção de uma arma nuclear. O que o público entendeu foi que o Irão tinha cancelado a vertente militar do seu programa nuclear em 2003.

O que realmente se passa é que o Irão prossegue de forma intensiva os trabalhos nas duas componentes mais complicadas no trilho para alcançar uma arma nuclear: o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de um vector capaz de fazer chegar a bomba ao destino (um míssil balístico).

A determinação de Teerão em prosseguir na sua cavalgada atómica, ridiculariza as incipientes sanções que por três vezes o Conselho de Segurança adoptou contra o Irão. Este há muito percebeu a cadência burocrática destas sanções, aprovadas sem convicção e de forma quase timorata e, portanto, sem provocar dor suficiente para terem, sequer, uma remota possibilidade de terem êxito.

A liderança iraniana só teme e compreende a linguagem da força. Não só a força das armas, mas a força das palavras convictas e determinadas e dos actos que provocam danos efectivos. O NIE, por um lado, e o medo e/ou a cumplicidade de algumas potências, por outro, oferecem uma via aberta para o Irão poder tornar-se a 10ª potência nuclear antes de 2015, talvez até em 2010/11. Então será, é claro, tarde de mais…


O Presidente Ahmadinejad visita a central de enriquecimento de Natanz.
in “The New York Times”, 29th April 2008

12 abril, 2008

NATO: Do Adriático ao Mar Negro

NATO: DO ADRIÁTICO 
AO MAR NEGRO


Fechada a cortina sobre mais um Conselho do Atlântico, desta vez realizado em Bucareste e com decisões (e omissões) de grande impacto, impõe-se uma breve análise sobre o alargamento, o não alargamento, o escudo anti-míssil e a ISAF no Afeganistão.

O alargamento à Croácia (esperado e tardio) e à Albânia veio consolidar o flanco sudeste da Aliança e reduzir o campo de instabilidade tradicional daquela região. Do ponto de vista estratégico, alarga a presença da Aliança Atlântica a praticamente toda a costa do Adriático e permite um mais completo controlo das rotas marítimas.

Mais atenção e impacto teve o não alargamento, especialmente à Ucrânia e Geórgia. Considerando que os Estados Bálticos constituem, por razões históricas, geográficas e políticas, uma excepção, este seria o primeiro alargamento ao território da antiga União Soviética.

Tendo em conta que, a Ucrânia era a segunda mais importante República da URSS, tem fortes laços históricos, culturais e até emocionais com a Rússia e que os dois países partilham uma extensa fronteira, abrir o caminho à adesão de Kiev à NATO seria uma humilhação política e um desaire estratégico para Moscovo. Por outro lado, a Geórgia é país da ex-URSS com o pior relacionamento com a Rússia.

O drive dos Estados Unidos para iniciar o caminho da adesão destes dois países foi precipitado e insensato, configurando uma provocação à Rússia e um factor de desnecessária polémica e divisão entre os Aliados.

Na verdade, o que é que a NATO teria a ganhar com a inclusão da Ucrânia e da Geórgia?
a) Irritar e indispor a Rússia (há áreas em que será mais importante fazê-lo);
b) Integrar dois países politicamente instáveis, sendo que na Ucrânia nem sequer há apoio popular maioritário à adesão;
c) Estender a presença da NATO ao Cáucaso, que é uma área de grande instabilidade, quando a capacidade de intervenção útil da NATO já está limitada pelos conflitos no Afeganistão (directamente) e Iraque (indirectamente);
d) Acolher um país (Geórgia) onde há bases e tropas russas e duas regiões que escapam ao controlo político e militar de Tblissi;
e) Portanto, pouco a ganhar e muito a perder.

A adopção do projecto de escudo anti-míssil dos EUA pela NATO foi a melhor e mais importante decisão saída de Bucareste. A NATO reconheceu a evidência de que os mísseis balísticos de médio e longo alcance constituem uma das maiores ameaças presentes e futuras à segurança do Ocidente. Trata-se do Irão, mas não só. A proliferação de mísseis balísticos é um fenómeno menos conhecido, mas muito mais disseminado do que a proliferação nuclear.

Dentro de 10 anos, serão certamente bastantes os países com capacidade para atingir a Europa com este tipo de vectores. Instalar um sistema que, a exemplo do guarda-chuva nuclear americano, proteja todos os membros da NATO será um precioso asset estratégico. Colocar a Rússia perante um facto consumado que já não se restringe aos EUA, Polónia e Rep. Checa, mas a 28 Estados, obrigará Moscovo a participar do sistema ou a ficar a falar sozinha.

Finalmente, o reforço da força da NATO no Afeganistão. Há muito que o comando da ISAF no Afeganistão clama por mais tropas, por menos restrições ao seu uso e por mais equipamento, nomeadamente helicópteros. Desta vez vão ter os reforços. Não os necessários, mas os suficientes para dar um sinal positivo aos Afegãos e aos países que têm dado o corpo ao manifesto. Estados Unidos, Reino Unido, França, Polónia e Roménia são os países que reforçam os respectivos contingentes. Especial destaque merece a inversão da postura francesa relativamente ao decisivo conflito afegão e, também, ao seu provável regresso à estrutura militar da Aliança Atlântica. Nota negativa para a contínua recusa da Alemanha em mudar de forma positiva o seu envolvimento no Afeganistão e, em menor escala, para Portugal, cujo principal contingente vai abandonar o Afeganistão no Verão (apenas parcialmente compensado com o envio de um C-130).

No cômputo geral foi um Conselho Atlântico com um saldo francamente positivo: as propostas mais importantes tiveram acolhimento e a mais negativa ficou para as calendas gregas. A NATO ancorou no Adriático e retraiu-se no Mar Negro; aderiu ao escudo anti-míssil e empunhou a espada com mais força no Afeganistão.

25 março, 2008

Fisco Fascizante

FISCO FASCIZANTE

Já aqui escrevi sobre o furor controlador e anti-liberal do actual governo. Confesso que subestimei a deriva totalitária que se vai insinuando em Portugal.

Ao director distrital das finanças de Viseu, foi cometido o objectivo de angariar 24 milhões de euros em impostos em dívida durante 2008. Talvez com o fito de ganhar o prémio de apparatchik do ano, o Sr. Santos (o dito director) propôs-se atingir os 30 milhões de euros. Para tal, decidiu lançar-se numa intolerável invasão da vida privada dos jovens noivos de Viseu, indagando ao pormenor sobre os detalhes financeiros dos respectivos casamentos e ameaçando os noivos com pesadas multas caso não satisfaçam a sua coscuvilhice fiscal.

1- O Sr. Santos tem o dever de cobrar as dívidas fiscais.
2- O Sr. Santos (nem ninguém) não tem o direito de arregimentar os cidadãos para fazer o trabalho que a ele e aos seus subordinados comete.
3- O Sr. Santos e quem lhe dá cobertura, deviam ser processados por devassa da vida privada dos cidadãos e ameaças injustificadas.

Eu tenho todo o interesse em que o valor dos impostos cobrados se aproxime o mais possível dos 100%, embora não tenha ilusões que disso resulte qualquer alívio na minha carga fiscal.

Todavia, rejeito liminarmente que o fisco tenha uma actuação de tipo fascizante, actuando como um bully perante cidadãos desprotegidos, espiando, bisbilhotando, incitando à denúncia e reduzindo aqueles que era suposto servir (os cidadãos), ao papel de vítimas acossadas e amedrontadas.

É tempo de os Portugueses despertarem para a gradual erosão de liberdades e direitos que vão sofrendo. Como é habitual nestes casos, se esperam que a desgraça bata à porta, poderá ser tarde de mais.