A CAVALGADA ATÓMICA DO IRÃO
(http://nytimes.com/ )
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A publicação da parte não confidencial do National Intelligence Estimate (NIE) do conjunto dos serviços secretos e de inteligência dos EUA sobre o programa nuclear do Irão, constituiu uma autêntica bomba (figurativa) em toda a envolvente internacional de contenção nuclear de Teerão.
Desde logo, o esforço de contenção do Irão ficava prejudicado, apesar de no mês passado o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a 3ª Resolução de sanções ao Irão. Depois, o leque de opções disponível ficou automaticamente reduzido. E a coesão e empenho internacionais em travar a cavalgada atómica de Teerão ficou em cheque. Finalmente, os radicais que governam o Irão sentiram-se (ainda) mais encorajados a prosseguir o seu projecto.
Se em Dezembro de 2007 o NIE me pareceu algo de inusitado e contrário a todas os policy statements de Washington (e também de Londres e de Paris), em Abril de 2008 é claro que a sua publicação, nos termos em que foi feita, foi um erro crasso.
Desde logo, porque veiculou uma ideia que não corresponde à realidade: que o Irão se afastou do projecto nuclear militar e que terá desistido dele. Na verdade, NADA no comportamento do Irão nos últimos dois anos indicia uma atitude positiva: o Irão prossegue com o seu programa de desenvolvimento da capacidade de produzir urânio enriquecido; o Irão continua a não desvendar por completo as suas actividades nucleares clandestinas e em violação do NPT; o Irão continua a desenvolver a ritmo acelerado o seu programa de mísseis balísticos de médio e longo alcance com capacidade para transportar ogivas nucleares.
O que o NIE declarou foi que o Irão tinha suspendido ou terminado os trabalhos de design-concepção de uma arma nuclear. O que o público entendeu foi que o Irão tinha cancelado a vertente militar do seu programa nuclear em 2003.
O que realmente se passa é que o Irão prossegue de forma intensiva os trabalhos nas duas componentes mais complicadas no trilho para alcançar uma arma nuclear: o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de um vector capaz de fazer chegar a bomba ao destino (um míssil balístico).
A determinação de Teerão em prosseguir na sua cavalgada atómica, ridiculariza as incipientes sanções que por três vezes o Conselho de Segurança adoptou contra o Irão. Este há muito percebeu a cadência burocrática destas sanções, aprovadas sem convicção e de forma quase timorata e, portanto, sem provocar dor suficiente para terem, sequer, uma remota possibilidade de terem êxito.
A liderança iraniana só teme e compreende a linguagem da força. Não só a força das armas, mas a força das palavras convictas e determinadas e dos actos que provocam danos efectivos. O NIE, por um lado, e o medo e/ou a cumplicidade de algumas potências, por outro, oferecem uma via aberta para o Irão poder tornar-se a 10ª potência nuclear antes de 2015, talvez até em 2010/11. Então será, é claro, tarde de mais…
Desde logo, o esforço de contenção do Irão ficava prejudicado, apesar de no mês passado o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado a 3ª Resolução de sanções ao Irão. Depois, o leque de opções disponível ficou automaticamente reduzido. E a coesão e empenho internacionais em travar a cavalgada atómica de Teerão ficou em cheque. Finalmente, os radicais que governam o Irão sentiram-se (ainda) mais encorajados a prosseguir o seu projecto.
Se em Dezembro de 2007 o NIE me pareceu algo de inusitado e contrário a todas os policy statements de Washington (e também de Londres e de Paris), em Abril de 2008 é claro que a sua publicação, nos termos em que foi feita, foi um erro crasso.
Desde logo, porque veiculou uma ideia que não corresponde à realidade: que o Irão se afastou do projecto nuclear militar e que terá desistido dele. Na verdade, NADA no comportamento do Irão nos últimos dois anos indicia uma atitude positiva: o Irão prossegue com o seu programa de desenvolvimento da capacidade de produzir urânio enriquecido; o Irão continua a não desvendar por completo as suas actividades nucleares clandestinas e em violação do NPT; o Irão continua a desenvolver a ritmo acelerado o seu programa de mísseis balísticos de médio e longo alcance com capacidade para transportar ogivas nucleares.
O que o NIE declarou foi que o Irão tinha suspendido ou terminado os trabalhos de design-concepção de uma arma nuclear. O que o público entendeu foi que o Irão tinha cancelado a vertente militar do seu programa nuclear em 2003.
O que realmente se passa é que o Irão prossegue de forma intensiva os trabalhos nas duas componentes mais complicadas no trilho para alcançar uma arma nuclear: o enriquecimento de urânio e o desenvolvimento de um vector capaz de fazer chegar a bomba ao destino (um míssil balístico).
A determinação de Teerão em prosseguir na sua cavalgada atómica, ridiculariza as incipientes sanções que por três vezes o Conselho de Segurança adoptou contra o Irão. Este há muito percebeu a cadência burocrática destas sanções, aprovadas sem convicção e de forma quase timorata e, portanto, sem provocar dor suficiente para terem, sequer, uma remota possibilidade de terem êxito.
A liderança iraniana só teme e compreende a linguagem da força. Não só a força das armas, mas a força das palavras convictas e determinadas e dos actos que provocam danos efectivos. O NIE, por um lado, e o medo e/ou a cumplicidade de algumas potências, por outro, oferecem uma via aberta para o Irão poder tornar-se a 10ª potência nuclear antes de 2015, talvez até em 2010/11. Então será, é claro, tarde de mais…
O Presidente Ahmadinejad visita a central de enriquecimento de Natanz.
in “The New York Times”, 29th April 2008
in “The New York Times”, 29th April 2008
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