CARTA ABERTA A
LUÍS FILIPE MENEZES
LUÍS FILIPE MENEZES
Caro Dr. Luís Filipe Menezes
Admito que esta missiva venha fora de tempo. Confesso que, para além dos afazeres profissionais e familiares, tinha alguma esperança de encontrar uma razão concreta, válida e entendível para a sua retirada. Tentei e não consegui encontrar. É pena.
Dei de barato os primeiros 3 meses da sua liderança, pela necessidade de adaptação ao cargo e pelo estranho costume português de dar tréguas ao Governo durante a Presidência comunitária.
Mais recentemente, parecia que queria finalmente ignorar a crítica interna capciosa, encapotada, mal-intencionada ou interesseira e dar corpo às expectativas que trouxe consigo em Setembro passado.
Em vez disso demitiu-se. Bateu com a porta e foi-se embora. Poucos dias depois, deu uma entrevista à SIC Notícias em que esteve ao nível a que me habituara antes de ser eleito. Pensei “Ele assim não pode renunciar.” Mesmo assim, foi-se embora.
Apoiei a sua candidatura à presidência do Partido Social Democrata e votei em si. Achei (e acho) que era a lufada de ar fresco de que o PSD precisava: novas ideias, novas pessoas, novos comportamentos, novo estilo.
Não fui um apoiante de ocasião: ouvi-o e li-o inúmeras vezes, até tive oportunidade de o convidar para proferir uma palestra na Universidade Fernando Pessoa. Não concordei com tudo, mas subscrevi a maior parte. Convenceu-me.
Francamente, não tinha o direito de ir embora. 21.000 militantes votaram em si. Muitos empenharam-se na sua candidatura. Mais grave, deu esperança a muita gente. A sua demissão traiu essa esperança legítima.
Posso estar a ser injusto, mas a escassez de explicações não deixa margem para outros juízos. Não é ingénuo, nem chegou à política ontem: sabia que ia sofrer ataques dos velhos inimigos e daqueles cujo modo de vida a sua liderança ameaçava; também estava ciente de que a imprensa enfeudada a preconceitos sobre o perfil de liderança para o PSD, não lhe daria tréguas.
O seu projecto prometia um novo rumo para o PSD. A sua demissão ameaça fazer regressar o PSD ao pantanal do Centrão & interesses associados.
Foi uma oportunidade perdida e um tempo perdido. Foi pena. O PSD e os seus militantes mereciam mais.
Com os melhores cumprimentos.
Rui Miguel Ribeiro
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