19 maio, 2008

Barões (Mal) Assinalados

BARÕES (MAL) ASSINALADOS


Os termos “barões” e “notáveis” estão sempre presentes no noticiário do Partido Social Democrata. O grupo é heterogéneo e nunca aparece listado de A a Z, mas apesar de não estar claramente identificado, existe. Dele fazem parte militantes históricos (i.e., com mais de 25 anos de filiação) que por algum motivo têm/tiveram alguma notoriedade, militantes com um longo e rico curriculum político (cargos governamentais, parlamentares e partidários) e militantes com um curriculum médio/curto, mas que ocuparam (por vezes de forma episódica) cargos de relevância política e partidária, frequentemente sem terem feito nada de relevante.

É esta amálgama flutuante (nem sempre são os mesmos os referenciados) que surge na imprensa como constituindo a elite do PSD, cuja presença numerosa assegure a credibilidade e bondade de um candidato ou de uma política. A contrario, a sua ausência em números expressivos, condena o candidato à desdita da menoridade política e da incapacidade para exercer um cargo de relevo. Daí decorre a presunção de que o voto de 10.000 ou 20.000 militantes confere menos credibilidade (e legitimidade?) a um candidato do que o apoio de 20 ou 50 desses barões.

Daqui decorre outra conclusão, lamentável por sinal. Os mass media em Portugal, arrogam-se o direito e o poder de escolher os militantes elegíveis e aceitáveis para serem presidente do PSD, lançando sobre outros o opróbrio de não terem habilitações e legitimidade para o efeito. Esta arrogância transforma-se num ataque desbragado ao líder laranja quando os militantes têm a petulância de eleger um intocável em detrimento de alguém da casta dos elegíveis.

Esta distorção é o condicionamento que vem sendo servido aos militantes do PSD e aos Portugueses nos últimos anos relativamente aos protagonistas que o partido vai tendo. É este parti pris que tenta levar à entronização e à eleição antecipada do(a)(s) candidatos que se enquadram no estereótipo dos supostos media de referência de Portugal, em prejuízo de uma informação despida de clubite e de preconceitos.

Deste modo, o noticiário político, os protagonistas políticos e os cronistas e jornalistas, parecem funcionar em circuito fechado, numa teia de amizades e cumplicidades.

Este cenário só não é completamente idílico, porque agora o líder do PSD é eleito directamente pelos militantes, o que reduz o grau de controlo do voto pelos pseudo-notáveis e pelos sindicatos de voto. Não obstante, o condicionamento exercido pelos media e pelos opinion-makers deixará sempre a sua marca nos resultados.
Os militantes do PSD têm uma história de contrariar o politicamente correcto conjuntural, votando de acordo com as suas convicções e é de esperar que, seja qual for a sua escolha, ela seja feita à margem das considerações que os mal assinalados barões vão fazendo, no seu próprio interesse. Uma das melhores consequências que estas eleições no PSD poderiam ter, seria a redução do baronato parasitário à sua real e diminuta expressão, devolvendo aos militantes e ao Partido a prerrogativa de escolher aqueles que consideram realmente importantes.

1 comentário:

João Pulido disse...

Depois de mais uma (longa) temporada sem dar notícias, consegui "passar" pelo blog com algum tempo para dar um humilde contributo.

Os "barões" do PSD são, nem mais nem menos, todos os que querem "poleiro" (perdoem o termo, mas é assim que se diz na minha terra). Não são eles que elegem (leia-se sozinhos) os líderes, mas são eles que usufruem da liderança. São o poder ou a oposição dentro do partido. Não elegem, mas fazem cair lideranças!

Espero que seja desta que o PSD consegue ser uma oposição credível. Realmente oposição e alternativa!

Seja quem for o eleito, espero que consiga apresentar um elenco (e uma agenda) abrangente e "novo". Ou seja, que não esteja já estigmatizado dentro do PSD e fora dele.