“PORTUGAL MERECE MELHOR”
Portugal padece de um mal comum a muitas democracias: uma ausência de reais políticas alternativas. Os principais partidos têm uma vincada diferença histórica e programática, mas o dito pragmatismo e a luta desenfreada pelo centro político, fazem com que não tenham muito mais do que nuances de direita ou de esquerda.
Conquistado o poder, frequentemente as grandes linhas de acção conhecem vários pontos em comum, havendo casos, como no Reino Unido com o Labour de Tony Blair e em Portugal com o PS de José Sócrates, em que os partidos vencedores se apropriam de algumas bandeiras características dos seus adversários, assim retirando-lhes uma parte da respectiva base de apoio.
Neste tipo de cenários, o papel da oposição alternativa ao governo torna-se mais complicado do que o normal, pois a gradual confluência da praxis política estreita o espaço para a crítica, retira credibilidade aos ataques à acção governativa e, à falta de uma real e completa alternativa, confina o exercício da oposição ao trivial, ao acessório, ao fait-divers. Por outras palavras, aniquila-a.
Daí, alguns terem concluído que o poder não se ganha, mas sim que se perde. Não deixando de ser, por vezes, verdade, esta convicção conduz à prostração e passividade políticas, tornando-se o líder de oposição bem sucedido aquele que, pelo timing em que exerce o cargo, ou pela tenacidade com que a ele se agarra, se encontra nessa posição quando o poder efectiva e eventualmente, cai de podre.
Foi por recusar este estado de resignação, foi por ter alergia a este síndroma do politicamente correcto que assola as democracias europeias do nosso tempo e que conduz a uma crescente igualdade de políticas, foi por ter consciência que a democracia definha à falta de reais e credíveis alternativas, que no simbólico dia 1 de Dezembro, fui a Gaia participar no almoço realizado sob o lema “Portugal Merece Melhor”.
O slogan foi bem achado e é difícil não concordar com ele. Eu também apreciei a extraordinária mobilização (perto de 3000 pessoas) num período amorfo de militância político-partidária, o profissionalismo com que o evento foi organizado que o assemelhou à apresentação de um candidato a Primeiro-Ministro e, principalmente, o conteúdo das intervenções, nas quais foi feita uma real e implacável oposição ao governo do PS e se adiantaram algumas alternativas substantivas e não meramente retóricas ou cosméticas.
Luís Filipe Menezes está de parabéns. Contudo, como médico, saberá melhor do que eu que a última coisa que um doente em situação difícil precisa é de falsas esperanças; o fatal regresso à realidade coloca-o num estado de desespero e desesperança superior ao anterior. A sua responsabilidade é demonstrar ao paciente, até 2009 e nos quatro anos seguintes (se for caso disso), que tem efectivamente receitas e remédios diferentes e mais eficazes para Portugal do que aqueles que nos têm sido apresentados. Para bem de todos, desejo-lhe muito boa sorte, engenho e arte.
Conquistado o poder, frequentemente as grandes linhas de acção conhecem vários pontos em comum, havendo casos, como no Reino Unido com o Labour de Tony Blair e em Portugal com o PS de José Sócrates, em que os partidos vencedores se apropriam de algumas bandeiras características dos seus adversários, assim retirando-lhes uma parte da respectiva base de apoio.
Neste tipo de cenários, o papel da oposição alternativa ao governo torna-se mais complicado do que o normal, pois a gradual confluência da praxis política estreita o espaço para a crítica, retira credibilidade aos ataques à acção governativa e, à falta de uma real e completa alternativa, confina o exercício da oposição ao trivial, ao acessório, ao fait-divers. Por outras palavras, aniquila-a.
Daí, alguns terem concluído que o poder não se ganha, mas sim que se perde. Não deixando de ser, por vezes, verdade, esta convicção conduz à prostração e passividade políticas, tornando-se o líder de oposição bem sucedido aquele que, pelo timing em que exerce o cargo, ou pela tenacidade com que a ele se agarra, se encontra nessa posição quando o poder efectiva e eventualmente, cai de podre.
Foi por recusar este estado de resignação, foi por ter alergia a este síndroma do politicamente correcto que assola as democracias europeias do nosso tempo e que conduz a uma crescente igualdade de políticas, foi por ter consciência que a democracia definha à falta de reais e credíveis alternativas, que no simbólico dia 1 de Dezembro, fui a Gaia participar no almoço realizado sob o lema “Portugal Merece Melhor”.
O slogan foi bem achado e é difícil não concordar com ele. Eu também apreciei a extraordinária mobilização (perto de 3000 pessoas) num período amorfo de militância político-partidária, o profissionalismo com que o evento foi organizado que o assemelhou à apresentação de um candidato a Primeiro-Ministro e, principalmente, o conteúdo das intervenções, nas quais foi feita uma real e implacável oposição ao governo do PS e se adiantaram algumas alternativas substantivas e não meramente retóricas ou cosméticas.
Luís Filipe Menezes está de parabéns. Contudo, como médico, saberá melhor do que eu que a última coisa que um doente em situação difícil precisa é de falsas esperanças; o fatal regresso à realidade coloca-o num estado de desespero e desesperança superior ao anterior. A sua responsabilidade é demonstrar ao paciente, até 2009 e nos quatro anos seguintes (se for caso disso), que tem efectivamente receitas e remédios diferentes e mais eficazes para Portugal do que aqueles que nos têm sido apresentados. Para bem de todos, desejo-lhe muito boa sorte, engenho e arte.
25 comentários:
Já lá vai longe o tempo das grandes discussões politicas e confronto de ideias. Hoje vive-se um tempo de “cinzentismos” de opinião de ideias e manifestações de vontade. Atravessamos um tempo em que só se ouvia falar de independentes e de acções politicamente correctas…boa forma de esconder o nada querer e o nada saber. Viveu-se pois um período longo de “jeitinhos” e “favorzinho” agora já todos se acotovelam é a hora de abanar o sistema e identificar as coisas pelos nomes, em português diz-se nomear. Pois é isso que é necessário. É preciso deixar falar a voz das paixões e das ideias e dizer sem medos o nome das coisas e defender sem receios as ideias que se pensam. Essa é a esperança, pelo menos para mim, que não uma louca puerilidade, mas a necessidade imperiosa de ter cor num sistema tão cinzento. Uma necessidade sentida pela apatia de tantos quanto pensando se acomodam morbidamente ao correctamente politico. É uma voz, uma energia renovadora que Portugal necessita para poder sorris e ter energia para encarar o futuro.
Menezes nos píncaros?! É com personagens destas que queres que o teu partido se reabilite? Menezes e credibilidade não conjugam, pura e simplesmente.
Ó Rui Miguel, até tu me espantas!
PVM
O semanário “Sol” parece dar razão aos que dizem que se trata de um jornal destinado a combater por uma das facções do PSD, no caso, a liderada por Luís Marques Mendes, que ainda detém a direcção do partido. É que, na edição do último sábado, o “Sol” mobilizou o director (José António Saraiva) e o director-adjunto (José António Lima) – um autêntico exército – para atacar o sportinguista Luís Filipe Menezes, que dias antes almoçara com três mil apoiantes em Vila Nova de Gaia, cidade que o autarca transfigurou em apenas oito anos como presidente do município. Tido como adversário de Marques Mendes nas próximas eleições no PSD, Luís Filipe Menezes foi apelidado de “Fernando Gomes do PSD” – o melhor que Saraiva conseguiu para título do seu editorial – e líder de um “patusco grupo almoçarista”, na versão prosaica do director-adjunto do “Sol”. Desta vez não houve seis ou sete presenças de Marques Mendes em seis ou sete textos e fotos diferentes, mas houve dois editoriais da mesma edição para atacar ferozmente a “oposição folclórica e populista de Menezes” e defender estoicamente o estilo de Mendes, uma vez que estará “a impor uma nova forma de fazer oposição”. Quem é que disse que o “Sol” quando nasce é para todos?...
Gostei desta proza tem haver com a do blog ao lado e esta bacana também aqui mete o bedelho, safa a muida estuda ou anda a trabalhar para ser doutora...Mas você tem razão querem todos sair na foto até o tolinho do F.C.P..
Maria manuel: Tem toda a razão. O cinzentismo, o politicamente correcto, o sistema em que os cromos repetidos se vão perpetuando mutuamente, mina a democracia e afasta o eleitor da política. É preciso um safanão e é bom que ele provenha de um sector liberal e não, como aconteceu na Áustria, na França e na Bélgica, de sectores totalitários.
Paulo: Já estava à espera do embate da tua crítica.
Eu não vou ser hipócrita e dizer que sou Menezista desde pequenino. Aliás, nem então, nem agora.
Entendo, porém, que o sistema político-partidário português em geral e o PSD em particular, atravessam uma grave crise de credibilidade, de funcionamento, de empatia com os cidadãos, de alternativas e de franqueza e lealdade no diálogo entre representantes e representados.
Há muitos meses que tenho oportunidade de ouvir Luís Filipe Menezes em conferências e em conversas mais restritas e fiquei com a convicção/esperança de que ele será capaz de ser a "pedrada no charco" de que o PSD e Portugal precisam.
Se estiver certo, será bom para todos, se estiver errado, cá estarei a fazer o meu acto de contricção. Espero que ele tenha a oportunidade de fazer a prova dos nove.
Sr. Rui Miguel Ribeiro
A alusão feita à emergência dos partidos neo-nazis na Europa é exacta, mas, desculpe, o terreno que eles exploraram foi quase sempre o mesmo, i.e., o problema da imigração descontrolada , de onde quer que ela venha, que o Tratado de Shengen facilitou, e que criou nos países em questão um fenómeno de exclusão , exacerbado pela xenofobia e o racismo latente nesses partidos desde a sua criação.
Quero com isto dizer que estes partidos nunca foram capazes de apresentar soluções alternativas para os verdadeiros problemas que se põem hoje, que são de ordem económica. Eu diria mesmo que se estes problemas fossem resolvidos , o outro problema , - o da imigração - , perderia da sua gravidade na medida em que os imigrantes se puderiam integrar e participar na criação de riquezas. Nos países onde a demografia é demasiado baixa pode mesmo ser uma necessidade.
Esta situação ideal retiraria o combustível de que os partidos neo-nazis se servem para alimentar os incêndios sociais e a sua audiência.
Devemos portanto relativisar o valor do "safanão" mas não o perigo potencial que ele representa , se " as coisas não mudarem " !
E para que "as coisas possam mudar" é preciso que os Partidos democráticos estejam à altura, não importa o nome que se dão - esquerda, centro ou direita - ou o nome híbrido de centro direita ou centro esquerda, mas na capacidade de discernir os problemas e buscar as soluções.
Neste aspecto, a Chancelière Alemã deu uma pequena lição, e Blair , apesar dos erros de política estrangeira, como socialista teve a coragem de investigar soluções para o desemprego que merecem pelo menos estudo. E a criação , enfim, do SMIG ( salário mínimo) vai no mesmo sentido.
Estar à altura, hoje, na minha modesta opinião, consiste portanto na faculdade de constatar que o sonho de todas as gerações foi e é o do êxito na vida e de , pelo menos, poder oferecer à família uma vida economicamente mais segura , o que só se pode obter através duma boa educação e duma integração no mundo de hoje , culturalmente e mesmo linguisticamente, sem os quais os empregos qualificados não são acessíveis.
A realidade económica actual, infelizmente, provoca um empobrecimento quase generalizado ( sim, porque a classe média trabalha ,ela também ,cada vez mais e mais tempo para ganhar cada vez menos de há uns anos para cá , e sofre da perda de estatuto social mais que uma outra ), e a classe mais desfavorecida sofre , ela, ainda mais porque o aumento do custo da vida não é compensado pelo aumento dos salários, por um lado, e que , por outro lado, o desemprego abate-se sobre ela duma maneira desesperante.
Claro que a globalização passou por ai e que a passagem duma economia industrial a uma economia baseada sobre o terciàrio agrava a situação.
O sonho portanto dum êxito social vem embater numa realidade económica irredutível.
Nestas condições , parece-me que os Partidos políticos com responsabilidades presentes e futuras no governo dum pais, não se podem dar ao luxo de divisões estéreis, porque se a população é cada vez mais indiferente à política é porque os meios de pressão de que ela dispõe lhe parecem ter perdido a eficácia necessária perante o poder político e económico.
Cuidado pois, porque ela pode, realmente Sr. Rui Miguel Ribeiro , inventar-se outras armas para fazer com que " as coisas mudem ".
E a Democracia pode ser a vitima.
"Leão da Estrela": Nunca comprei o "Sol", apenas li um ou dois nº que os meus Pais compraram no início. Não achei nada de especial.
Contudo, os ecos que desse jornal me vão chegando não me fazem ter vontade de gastar 1 Escudo que seja no "Sol". Aquilo que relata é verdadeiramente inaudito. Essa do "patusco grupo" é de baixo nível vindo de quem se acha de alto nível. Pode ser que um dia tenha de perder a arrogância e a petulância.
Quanto à comparação com Fernando Gomes, é o tique habitual do Lisboeta (uma minoria pela amostra que conheço) centrado no seu umbigo e que não concebe que existam pessoas capazes e competentes a Norte da 2ª Circular, ou a Sul do Tejo.
Se continuar assim, o "Sol" arrisca-se a entrar na categoria de pasquim. Mas isso é lá com os Josés. I couldn't care less!
Sr. Freitas Pereira: Eu estou de acordo com o que diz, mas uma das razões pelas quais muitas pessoas votaram nesses partidos, foi precisamente a ausência de alternativas. O caso da Áustria é flagrante: uma longa coligação entre os dois maiores partidos, Conservadores e os Socialistas, que supostamente, deveriam ser alternativa um ao outro. No final da década passada começa a haver uma saturação e insatisfação com o estado da coisa pública e em quem é estes insatisfeitos podem votar se os 2 grandes partidos partilham o poder e as responsabilidades? Têm de ir às franjas do sistema partidário. Encontram o Herr Joerg Haider, com boa aparência, discurso fácil e apelativo, que aproveita bem medos e inseguranças das pessoas, agita uns fantasmas e consegue 27% dos votos. De quem é a "culpa"? Mas não aprenderam a lição e já estão a fazer outra vez o bloco central austríaco. Daqui a 4, 6 ou 8 anos têm outro partido de extrema-direita a ter 35%/40% dos votos. Hitler nem precisou de tantos...
Sr. Rui Miguel Ribeiro :
A sua análise é correcta, e francamente estava a pensar no Herr Heider e no Le Pen quando escrevia.
This being said ... falta evitar a emergência de tais indivíduos.
Para isso é necessário que pelo menos os cidadãos sejam devidamente instruídos sobre o que está em jogo. Para tal é preciso que aqueles homens que dispõem do carisma necessário e capazes de expor claramente os objectivos a atingir, dirigidos ao maior numero , dos quais o discurso é devidamente repercutido , encontre um eco.
E que o discurso seja seguido das acções e ...dos resultados.
De facto, Portugal merece melhor.
Merece políticos melhores que Luís Filipe Menezes.
O autarca de Gaia é perito em fazer muito alarido por nada. Foi assim quando Durão Barroso era líder do partido e este o desafiou a candidatar-se à liderança; foi assim com Rui Rio e a polémica em torno do FCP; foi assim com Marcelo Rebelo de Sousa e é agora com Marques Mendes.
Luís Filipe Menezes é um autêntico "one man show" - enche pavilhões, faz vibrar os apoiantes, é bom orador, mas só isso, porque na hora h, recua.
É um facto que Marques Mendes não é o líder que o PSD merecia nesta altura dificil. Mas daí a fazer oposição interna em vez de a fazer contra este (des)governo socialista, é um pouco demais.
Entre os dois (Marques Mendes e Menezes) qual tem mais experiência governativa?
Não sei de Mendes ganha em 2009, mas certamente que não será Menezes a consegui-lo.
Embora seja suspeito não deixo de dar a minha opinião sobre um comentario de Ana Cristina Ferreira.
Interroga-se se entre Mendes e Menezes qual terá mais experiencia governativa.
è uma das maiores mistificações que por ai anda,parcialmente alimentada pelo teleevangelista das noites de domingo.
Mendes foi secretario de estado e ministro.
Menezes "apenas" secretario de estado.
Mendes foi ministro de uma pasta fácil,os assuntos parlamentares,em que não existem direcções gerais,politicas especificas,resultados avaliaveis.
Bem diferente é a saude,justiça,educação,etc com todos os problemas inerentes.
Mendes nunca resolveu um problema concreto de uma população.
Menezes governa desde 1997 a 3ª câmara do país.
Uma comunidade de 300.000 pessoas (maior que alguns paises da Europa)onde de há dez anos a esta parte,com o sucesso que duas maiorias absolutas comprovam,resolve diariamente problemas a uma população.
problemas de habitação,saneamento,ambiente,vias de comunicação,educação,desporto,acção social,enfim os mais variados problemas inerentes a essa comunidade.
Mendes é advogado mas nunca exerceu.
Menezes é médico,foi professor universitário,trabalhou em Paris num dos maiores hospitais pediatricos da Europa.
Acabem lá com a mistificação dos c.v.,de quem tem mais aptidões e conhecimentos para governar.
Menezes governa,de facto e com sucesso,há dez anos.
Mendes nunca governou de facto.
Há verdades que são duras mas nem por isso deixam de ser verdade.
"Há verdades que são duras mas nem por isso deixam de ser verdade."
A verdade é que Menezes procura criar instabilidade dentro do partido nesta altura dificil tanto para o líder como para o país, para daí tirar o seu proveito pessoal.
Veja-se os seus comentários contra Durão, contra Marcelo, contra Rio,...
Se quer mostrar que é diferente, que tem ideias para o futuro do país, podia apresentá-las no lugar próprio e não na praça pública.
Qualquer dia não há diferença entre PSD e CDS: estão mais preocupados com o colega do lado e não fazem oposição a quem devem -ao (des)governo socialista. Isto é o que a esquerda quer.
Portugal merece melhor? Às vezes, não tenho a certeza...Sá Carneiro disse que "temos o povo que merecemos". Eu acho que temos os governantes e os políticos que a maioria de nós merece. Como nunca tive espírito "de ovelha" e,muito menso no que à política diz respeito, foram bastantes as vezes que fiquei a falar sozinha e a apreciar o panorama. Desilusões? Imensas. Não por que já não estivesse preparada para elas, mas por que as pessoas conseguem sempre ultrapassar-se a si próprias. Menezes é às vezes ovelha, outras pastor. Não é segredo para ninguém que a sua ambição não se esgota na Câmara de Vila Nova de Gaia, nem no confronto, umas vezes declarado, outras vezes nem tanto com o Dr. Rui Rio (de quem aliás sou "tiffosa" incondicional)e num apoio de "jeitinho" e "favorzinho" a Jorge Nuno Pinto da Costa. É isto a política? Se sim, lamento, estou fora. Não me parece que o problema sejam crises de liderança, líderes de "low profile" ou a falta deles. Faltam PESSOAS, SERES HUMANOS, com maiúsculas e conteúdo. Falta uma oposição credível e não de tipo "Frei Tomás", seja ela laranja, verde, amarela e azul ou vermelha. Falta a coragem para dizer que é uma vergonha aplaudir os aumentos salariais, quando a maioria dos reformados pensionistas ou come ou toma a medicação. Que é fantástico ter as cadeias sobrelotadas e estádios construídos que continuam às moscas. Que é uma aventura pior do que Dakar entrar na urgência de um hospital. Só que na primeira escolha, vamos voluntários, com GPS, equipa de apoio e material de primeira, com cobertura jornalística e prémios. Na segunda, o prémio será saír vivo e inteiro. Cáustica? Não, até demasiado branda e simplesmente realista. Menezes, foi apenas o pretexto para o desabafo. Tudo o que possa ter contra, não retira o mérito a alguma da sua actuação política. Gaia cresceu, desenvolveu-se e amadureceu, mas maior do Menezes, são os homens e as mulheres da "outra margem" que lhe deram o voto. Que faça por continuar a merecê-lo. A época natalícia é propícia a reflexões e retrospectivas de vida e balanços. Que todos façamos os nossos e, em especial, aqueles que têm nas maõs a condução de Portugal. Feliz Natal.
I.D.
O comentário de Orlando Ribeiro sintetiza muito bem tudo aquilo que se disse anteriormente sobre Luís Filipe Menezes.
Critica ferozmente o líder, mas na hora H muda a direcção do seu veneno.
Só para reforçar o meu comentário anterior e para que fique claro: não está em causa o trabalho realizado por Menezes à frente da Câmara de Gaia, quanto a essa questão, nada a opor. O cerne da discussão é o seu desempenho a nível partidário que, quanto a mim, está a ir muito mal.
O mundo está em constante mudança e a política reflecte isso mesmo. As políticas que se tomavam há dez ou vinte anos atrás, já não se tomam hoje. Estamos numa época, em que ser independente está na moda. Multiplicam-se os candidatos que preferem não ter o "apoio directo" de um partido - vejamos o PR. Mas, mais importante do que isso, é a coragem que muitos políticos tiveram e têm em entrar nos ideais dos partidos adversários. Só espero é que não seja para "roubar" votos aos adversários, mas sim para o bem do país, porque é para o melhor o país que os governantes são eleitos.
O mundo está em constante mudança e a política reflecte isso mesmo. As políticas que se tomavam há dez ou vinte anos atrás, já não se tomam hoje. Estamos numa época, em que ser independente está na moda. Multiplicam-se os candidatos que preferem não ter o "apoio directo" de um partido - vejamos o PR. Mas, mais importante do que isso, é a coragem que muitos políticos tiveram e têm em entrar nos ideais dos partidos adversários. Só espero é que não seja para "roubar" votos aos adversários, mas sim para o bem do país, porque é para o melhor o país que os governantes são eleitos.
Respondendo ao meu Pai (Orlando Ribeiro): Não, não é coerência e esse extracto é demolidor e confesso que, quando o li, fiquei pasmado. Entretanto, li uma versão totalmente diferente da mesma história no Blog "Depois Falamos", do Luís Cirilo. Confesso que esta é mais compatível com o que tenho ouvido e lido de Menezes nos últimos meses. E a fonte merece-me credibilidade, apesar de ser "suspeita".
P.S. O link para o post referido é:
http://depoisfalamos.blogspot.com/2006/12/conselho-nacional.html
Ana Cristina: Agradeço a tua dupla intervenção, mas devo dizer que o Dr. Menezes tem feito críticas duríssimas ao Governo do PS e tornou a fazê-lo no supra-referido almoço. Aliás, o cerne das críticas (legítimas) que tem feito ao Presidente do PSD dizem precisamente respeito à descolorida, incógnita e pouco convicta oposição que o PSD vai fazendo ao Governo.
Ponto prévio: não tenho nada contra a Ana Cristina Ferreira,que suponho não conhecer,e respeito muito os seus comentários.
Traduzem opiniões bem diferentes das minhas,mas essa é a regra do jogo democrático.
Creio contudo que se encontra de alguma forma "intoxicada" pela opinião publicada em alguns jornais acerca de Luis Filipe Menezes.
A Ana Cristina acusa LFM de provocar instabilidade dentro do partido para dai tirar proveito pessoal.
Falso !
Quem provoca instabilidade não é quem ganha e ajuda a ganhar câmaras deste país para o PSD.
Quem ajuda a eleger Cavaco Silva presidente da republica.
Provoca,não direi instabilidade mas algum desconforto, é quem afirma que Sócrates é imbativel em 2009 (Rio dixit) ou que Mendes não tem causas nem carisma(Morais Sarmento dixit).
E sejamos claros: no PSD,na oposição,sempre houve lideres e criticos dos lideres.
Ou ja es esqueceram das Opções Inadiaveis contra Sa Carneiro,De Cavaco Silva e Eurico de Melo contra Balsemão,de Marcelo(e Durao,Santana,Judice) contra Mota Pinto,de Durão contra Marcelo,de Marques Mendes contra Durão,de Marques Mendes contra Santana Lopes ?
Ou acham que foi Luis Filipe Menezes que inaugurou o estilo de criticar o que entende que está mal ?
Ou será que LFM não tem o mesmo direito de que outros usufruiram no passado ?
Há dois partidos ?
O de Lisboa que tem todos os direitos e o do resto do País a que alguns só querem atribuir o papel de "carneirada" disposta a seguir o lider,qualquer lider ?
Olhem que Salazar ja caiu da cadeira há quase 40 anos !
E o PSD não é,seguramente,o PCUS com todsos os seus cultos de personalidade.
Embora alguns bem gostassem que fosse !
Inês: É precisamente essa frustração crónica, esse sentimento de que mudam os protagonistas e que o essencial permanece igual, essa constatação que a coisa pública é gerida em regime de self-service e não de serviço público, o verificar que há quem goze de impunidade e quem seja punido sem cometer ofensa, que o sistema está em crise. É precisamente ao combate a este fenómeno, à sua superação e à reconquista daqueles que contam (os Cidadãos) que este Post apela.
João Carlos: Não tenhamos ilusões - quando um partido (ou um político) "rouba" a ideologia ou o programa da concorrência, é para lhe "sacar" votos; em troco das suas convicções é claro. Já Goethe, noutro plano, ilustra este fenómeno no "Fausto".
Quanto aos independentes, são, na maioria dos casos, um logro para iludir os incautos. Um indivíduo quando integra um alista partidária, está a subscrever o program do Partido e aceita a sua disciplina de funcionamento. Só não é militante. Para (mau) exemplo, veja-se o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng. Carmona Rodrigues.
Ó que o Luís Cirilo diz é totalmente verdade: o PSD, feliz ou infelizmente, tem uma longa tradição de mais ou menos feroz oposição ao líder, especialmente quando o Partido está na oposição. Mas não só.
Portugal definitivamente merece melhor. Só não sei se Menezes é a solução... Tomara.
José Manuel
João Manuel:
Anos volvidos, infelizmente, a resposta é não. Não era , não é, nunca será.
Enviar um comentário