19 setembro, 2006

Quousque Tandem Abutere, Catilina, Patientia Nostra?

QUOUSQUE TANDEM ABUTERE, CATILINA, PATIENTIA NOSTRA?
“ATÉ QUANDO, CATILINA, ABUSARÁS TU DA NOSSA PACIÊNCIA?”

CÍCERO

Com este desabafo, em 63 A.C., Cícero mostrava-se exasperado com a desfaçatez de Catilina em comparecer no Senado de Roma, depois de se ter descoberto que havia conspirado contra a República Romana.

Embora não se trate de uma traição à pátria, confesso-me exasperado com a arrogância muçulmana face ao Ocidente, e mais ainda, com a facilidade com que este baixa a cerviz perante aqueles.

Muitos muçulmanos lembram constantemente os tempos do colonialismo, acusam do Ocidente de neo-colonialismo, de exploração, de agressão e de intolerância. Contudo, acham-se acima de todas e quaisquer críticas ou comentários.

Há 6 meses atrás, desenterraram umas caricaturas recessas num jornal dinamarquês para desencadear uma série de arruaças anti-ocidentais. Agora, desancam no Papa por causa de uma citação por este feita de um Imperador Bizantino no âmbito de um colóquio académico sobre a relação entre a razão e a fé. O exemplo reporta-se ao Islão e a Maomé, mas poderia reportar-se a outras religiões, incluindo a Católica.

No entanto, a máquina de propaganda islâmica tratou de inflamar a famigerada “rua árabe”, aproveitando a ignorância das pessoas e a descontextualização da citação para acirrar os ânimos da turba contra o Ocidente.

Francamente, devo ter menos paciência do que Cícero. Já não tenho pachorra para a auto-vitimização daqueles que professam a intolerância, a violência, a imunidade à crítica, à análise, ao comentário e que se arrogam o direito de criticar, insultar, enxovalhar todos aqueles que lhes desagradem, como acontece agora com o Papa Bento XVI.

Também já não tenho pachorra para um Ocidente timorato, carregado de sentimentos de culpa, subjugado ao politicamente correcto e amedrontado perante quem fala mais alto, ou mais grosso.

Regressando ao tempo do brilhante Cícero, “em Roma sê Romano”, ou seja, quem não está bem a viver em liberdade e democracia na Europa, que se mude. Consta que na Mesopotâmia, na Península Arábica e no Norte de África ainda há muito espaço livre e terrenos disponíveis – sem Internet, nem liberdade de opinião, nem jornais e caricaturas, nem Católicos, nem livre mercado, nem mulheres livres, nem coisa nenhuma. Nem sequer televisão (livre), para divulgar os números do queimar de bandeiras e gritar slogans, ameaças e insultos. Too bad: nothing is perfect.

6 comentários:

Diogo Mendes Silva disse...

Também já não tenho pachorra para um Ocidente timorato, carregado de sentimentos de culpa, subjugado ao politicamente correcto e amedrontado perante quem fala mais alto, ou mais grosso.
Ninguém no seu perfeito juízo, exceptuando bloquistas e comunistas, tem pachorra para esta submissão que é liderada, inevitavelmente, pela Europa!

Gonçalo Capitão disse...

Caro Rui Miguel:

A verdade é que há uma nova geração de tiranetes que instrumentaliza o Islão, mantendo os povos na ignorância e distribuindo os proventos dos recursos naturais de forma bem menos equitativo que o censuradíssimo Pinochet (que aliás, com atropelos reconhecidos, é certo, deixou o Chile com a mais pujante economia sul-americana).

Ora, com essa gente será muito dificil dialogar, mormente enquanto dependermos do "seu" ouro negro.

O que quero dizer com isto é que o abismo civilizacional, sendo evidente, não deixará, todavia, de ser mitigado pelo pragmatismo de muita potência ocidental, se não me engano...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Não, Gonçalo, não creio que te enganes: a Real Politik (e a Real "Economik")fala mais alto. veja-se os casos da França, Alemanha e Rússia em relação ao Iraque em 2002/03, os casos da Rússia e da China com o Irão actualmente, ou ainda o da China relativamente ao Sudão, ou dos EUA no que concerne a Arábia Saudita.

Não é, porém, a Real Politik em si que me aborrece, é a "cifronite". Porque nem a perspectiva de ter um bando de loucos extremistas no Irão, na Coreia do Norte, no Iraque, no Paquistão, etc, na posse de armas nucleares, os impede de ver para além das necessidades energéticas de curto prazo. Eu também me preocupo com o preço e o abastecimento de petróleo, mas prefiro andar de comboio, a ter um Shahab V ou um Taepong 2 a explodir no Castelo de Guimarães!

Gonçalo Capitão disse...

Sim, antes no estádio do Vitória... :)

Luis Cirilo disse...

Mas o que é que é isto ?
Acho sui generis alguém que nos impingiu o Dario (homónimo de um rei persa) vir falar de misseis iranianos no estádio do Vitoria !
Depois do "iraniano" Dario estamos preparados para todas as desgraças...
Sem prejuizo de concordar com os meus amigos no receio pela falta de "vegetais" da maioria dos lideres ocidentais.
Que saudade do Ronald Reagan !

Rui Miguel Ribeiro disse...

E da Margaret Thatcher, se me é permitido acrescentar.