NON HABEMUS
PAPAM
Bento XVI, na Baviera, Alemanha.
A partir de hoje e até
ao desenlace do próximo conclave da Igreja Católica, não teremos Papa. Pela
primeira vez desde 1415 e apenas pela 7ª ocasião em 2000 anos, tal não sucederá
por morte do Papa em funções.
Confesso que não gostei
da atitude de Bento XVI. Serei tradicionalista, mas não gostei. Ocupar o lugar
de S. Pedro é uma responsabilidade brutal. A responsabilidade de governar uma Igreja
com mais de um bilião de crentes é uma tarefa monumental, sujeita a grande
desgaste, a grandes pressões, a grande exposição.
Por outro lado, garante
ao detentor do cargo um lugar na História do seu tempo e confere-lhe muito
poder, muito prestígio, muita influência. Concerteza que um homem tão
inteligente e ciente da vida do Vaticano como o Cardeal Ratzinger, tinha uma
ideia muito aproximada do cargo e das respectivas implicações.
A tradição multi-secular
estabelece que o lugar de Sumo Pontífice é vitalício. E assim tem sido assumido
por todos os Papas nos últimos 600 anos. E tal missão implica coisas boas, mas
também uma vontade férrea de servir a Deus e de conduzir o rebanho, a despeito
de quaisquer sacrifícios de ordem pessoal.
João Paulo II, cujo
estado de saúde era, aparentemente, muito mais precário do que o de Bento XVI,
resistiu com um estoicismo, um sentido do dever, de servir e de missão notáveis,
até ao fim. Não há motivo aparente para que Bento XVI não se empenhe com a
mesma tenacidade e determinação demonstradas por João Paulo II.
E, passe a redundância,
o final deve ser precisamente no fim.
Mais a mais, a decisão
de Bento XVI, pelo seu carácter inusitado e quase inédito, expôs a Igreja
Apostólica Católica Romana a múltiplos rumores, muitos deles gravosos,
degradando a sua imagem de forma desnecessária.
Aguardemos pois pelo
Conclave. Até lá, nós, Católicos, non habemus Papam.
O adeus prematuro de Bento XVI ao trono de S. Pedro.
in "Reuters" at http://uk.reuters.com/