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09 janeiro, 2015

Moi Aussi



MOI AUSSI



“Cutting the Hydra's Head”
Desenho original de Afonso Duarte

O slogan anda nas bocas do mundo: “Je suis Charlie.” Pois bem, moi aussi.

A Liberdade é algo de precioso e inegociável. A liberdade de expressão é um vector fundamental da Liberdade lato sensu. O atentado executado ontem em Paris e que custou a vida a 12 pessoas foi um atentado a essa mesma liberdade e um festim para a bestialidade do Islão mais radical e intolerante.

Admito que a estratégia editorial do “Charlie Hebdo” me merece algumas reservas, mas isso é algo que me diz respeito e que não me dá o direito de questionar a liberdade da sua direcção e redacção de escolher o caminho que querem seguir. Do mesmo modo que o blog Tempos Interessantes publica textos e mesmo imagens menos ortodoxos, contra a corrente e até polémicas e eu, como seu autor, prezo muito o direito de escrever o que entendo.

Por isso me associo à multidão que se revolta contra este atentado e que não aceita que outros nos tentem impor a intolerãncia e a bestialidade que nós andamos séculos a esconjurar.



MOI AUSSI

in “The Washington Post”, em http://www.washingtonpost.com/



P.S. É com grande satisfação e indisfarçável orgulho que hoje concretizo uma ideia já com algum tempo: publicar um post conjunto com o meu filho. 
 Eu escrevo, ele desenha!

19 setembro, 2006

Quousque Tandem Abutere, Catilina, Patientia Nostra?

QUOUSQUE TANDEM ABUTERE, CATILINA, PATIENTIA NOSTRA?
“ATÉ QUANDO, CATILINA, ABUSARÁS TU DA NOSSA PACIÊNCIA?”

CÍCERO

Com este desabafo, em 63 A.C., Cícero mostrava-se exasperado com a desfaçatez de Catilina em comparecer no Senado de Roma, depois de se ter descoberto que havia conspirado contra a República Romana.

Embora não se trate de uma traição à pátria, confesso-me exasperado com a arrogância muçulmana face ao Ocidente, e mais ainda, com a facilidade com que este baixa a cerviz perante aqueles.

Muitos muçulmanos lembram constantemente os tempos do colonialismo, acusam do Ocidente de neo-colonialismo, de exploração, de agressão e de intolerância. Contudo, acham-se acima de todas e quaisquer críticas ou comentários.

Há 6 meses atrás, desenterraram umas caricaturas recessas num jornal dinamarquês para desencadear uma série de arruaças anti-ocidentais. Agora, desancam no Papa por causa de uma citação por este feita de um Imperador Bizantino no âmbito de um colóquio académico sobre a relação entre a razão e a fé. O exemplo reporta-se ao Islão e a Maomé, mas poderia reportar-se a outras religiões, incluindo a Católica.

No entanto, a máquina de propaganda islâmica tratou de inflamar a famigerada “rua árabe”, aproveitando a ignorância das pessoas e a descontextualização da citação para acirrar os ânimos da turba contra o Ocidente.

Francamente, devo ter menos paciência do que Cícero. Já não tenho pachorra para a auto-vitimização daqueles que professam a intolerância, a violência, a imunidade à crítica, à análise, ao comentário e que se arrogam o direito de criticar, insultar, enxovalhar todos aqueles que lhes desagradem, como acontece agora com o Papa Bento XVI.

Também já não tenho pachorra para um Ocidente timorato, carregado de sentimentos de culpa, subjugado ao politicamente correcto e amedrontado perante quem fala mais alto, ou mais grosso.

Regressando ao tempo do brilhante Cícero, “em Roma sê Romano”, ou seja, quem não está bem a viver em liberdade e democracia na Europa, que se mude. Consta que na Mesopotâmia, na Península Arábica e no Norte de África ainda há muito espaço livre e terrenos disponíveis – sem Internet, nem liberdade de opinião, nem jornais e caricaturas, nem Católicos, nem livre mercado, nem mulheres livres, nem coisa nenhuma. Nem sequer televisão (livre), para divulgar os números do queimar de bandeiras e gritar slogans, ameaças e insultos. Too bad: nothing is perfect.

04 março, 2006

Cobardia e Apaziguamento

COBARDIA E APAZIGUAMENTO


É vulgar dizer-se que toda a gente muda. O Dr. Mário Soares, na altura Primeiro-Ministro, chegou a dizer que só os burros é não mudavam. Mesmo dando de barato que tal seja verdade, certo é que uma pessoa mudar é uma coisa, transfigurar-se é outra bem diferente. E o Prof. Freitas do Amaral, homem político transfigurou-se: saltou de um posicionamento democrata-cristão tendencialmente conservador para um esquerdismo militante que o levou a dançar nas ruas com Soares, Carvalhas e Louçã. Até trocou a pose de estadista soturno por um estilo truculento e trauliteiro. Mas, enfim, cada um dança com quem lhe apraz.

O que me incomoda é o facto de a pessoa em causa ser o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. E incomoda-me profundamente por vários motivos: porque o revoltam umas caricaturas de Maomé publicadas num jornal dinamarquês; porque não foi capaz de condenar de forma veemente os ataques a instalações diplomáticas de países amigos e aliados de Portugal como a Dinamarca e a Noruega; porque não percebeu (ou fingiu não perceber) que grande parte das manifestações de rua em Teerão, Damasco e outras cidades do Médio Oriente eram orquestradas e apadrinhadas pelos respectivos governos que tinham interesse em desviar a atenção das respectivas populações de outros problemas bem mais graves; porque, passadas umas semanas, continua a laborar no mesmo erro; porque menorizou a questão central da liberdade de expressão, pedra de toque das democracias ocidentais desde a Glorious Revolution de 1689 em Inglaterra; porque revelou cobardia ao solidarizar-se com os que respondiam às caricaturas à pedrada e com ameaças de morte e ao condenar a parte mais frágil, cujo pecado foi o de desenhar e publicar umas sátiras.

Finalmente, incomoda-me a tibieza com que as democracias europeias lidam com quem as ameaça, pressiona e violenta. O espírito de Munique de 1938 já nos devia ter mostrado sobejamente os limites e os riscos do apaziguamento.