TEHRIK-i-TALIBAN
E DRONES
Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP) é um grupo islâmico radical,
formado em 2007 pela junção de uma amálgama de grupos extremistas (estima-se em
13). É juntamente com o Lashkar-i-Taiba, o mais notório grupo terrorista do
Paquistão, país que se estima albergar 80 a 100 grupos islâmicos radicais. Tem fortes ligações à Al Qaeda e combate o Estado paquistanês que
encara como sendo servil aos Estados Unidos e pretende, a exemplo dos deus
confrades afegãos, implementar uma interpretação estrita da Sharia no país.
Hakimullah Mehsud,
líder do Tehrik-i-Taliban Pakistan, morto por um drone no dia 01/11/13. Tinha a
cabeça a prémio no valor de 5 milhões de Dólares.
Uma das demonstrações mais óbvias das ligações à Al Qaeda
foi dada pela série de atentados cometidos em 2011 para “vingar a morte de Bin
Laden”: ataques bombistas ao Centro de Treino das Forças de Fronteira e a uma
esquadra em Peshawar e um ataque a uma base naval em Karachi. Também lhe são
atribuídos o assassinato de Benazir Bhutto em Dezembro de 2007 e a tentativa de
homicídio da jovem adolescente que se bate pelo direito das mulheres à
educação, Malala Yousafzai em Outubro de 2012.
Não tem sido fácil para os governos do Paquistão
combater este flagelo:
1- Os Taliban têm algum apoio popular.
2- O TTP tem apoio nalguns sectores dos serviços secretos
paquistaneses (ISI) e mesmo no exército.
3- O exército tem receio de desviar demasiadas tropas e equipamento
para as zonas tribais (na fronteira com o Afeganistão), quando a oriente tem de
fazer frente à Índia.
4- O Paquistão tem acreditado na possibilidade de integrar os
Taliban. Ainda agora o Primeiro-Ministro Nawaz Sharif tenta entabular negociações
com o TTP.
Não obstante, quando o governo se sente ameaçado, ou
pressionado, opta por realizar ofensivas, como as que foram desencadeadas em
2009, sucessivamente no Vale de Swat para desalojar um grupo Taliban que tinha
ocupado a região e imposto a Sharia de forma brutal e no Waziristão do Sul, nas
áreas tribais, bastião dos Taliban.
Certo é que nenhuma das abordagens tem resolvido o problema. A via negocial tem invariavelmente resultado em tréguas aproveitadas
pelos Taliban para reorganizar e rearmar antes de voltar à luta armada. Desta
feita, o TTP nem sequer aceitou a abertura negocial de Sharif, por recusar a
imposição de quaisquer condições apriorísticas.
As áreas de
influência dos Taliban no Paquistão e no Afeganistão.
A via armada tem falhado algumas vezes (como nas duas
intervenções no Waziristão do Sul efectuadas antes de 2009) e tem sido bem
sucedida noutras (como nas duas supra-referidas de 2009). Porém, quando se
revestem de sucesso, tal não tem sido devidamente capitalizado, quer por a
operação militar não ser levada às últimas consequências (atacando o Waziristão
do Norte depois de controlado o Waziristão do Sul), quer por as operações
militares não serem seguidas de uma
intervenção civil que trouxesse o
Estado às FATA (Federal Administered Tribal Areas): administração, educação,
saúde, segurança, transportes e comunicações, enfim um módico de bem-estar,
segurança e progresso.
Resta pois, the American
way de lidar com o problema taliban no Paquistão: os UAV (Umanned Aerial
Vehicles), mais conhecidos por drones. Repudiados pela
maioria dos Paquistaneses e tacitamente aceites e publicamente condenados pelos
sucessivos governos do Paquistão, os drones têm perseguido implacavelmente as
chefias do TTP. No passado dia 1 de Novembro, um míssil lançado de um drone
decapitou novamente o TTP: matou o líder, Hakimullah Mehsud e vários Taliban do
seu círculo próximo. Há 4 anos fora o seu primo e fundador do Tehrik-i-Taliban
Pakistan, Baitullah Mehsud, que explodiu por acção de um drone.
Chefias do TTP liquidadas por drones dos EUA:
Baitullah Mehsud (kíder e fundador) 05/08/09
Wali-ur-Rehman (nº 2 do TTP) 29/05/13Hakimullah Mehsud (líder do TTP) 01/11/13
Os ataques dos drones enfraqueceram e desestabilizaram o TTP,
mas não lhe põem termo e só lhe reduzem de forma significativa a
operacionalidade a curto prazo, a não ser que haja
lutas pela liderança, como sucedeu em 2009. Entretanto, o TTP já escolheu o
sucessor de Hakimullah Mehsud: é o Mullah Fazlullah. Se ele for capaz e se
afirmar de forma inequívoca a sua liderança, o TTP estará back in business já no início de 2014.
Em última análise, terá de ser o Paquistão a resolver o problema
da ameaça colocada pelo Tehrik-i-Taliban Pakistan, sob pena de corre o risco de
ser por ele submergido.
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