DRUMS
OF WAR? - III
Continua a novela
do ataque à Síria. O Congresso dos Estados Unidos não se pronuncia antes do dia
9 de Setembro, 3 semanas após os ataques com armas químicas em Damasco. Quase
tanto tempo como, numa situação infinitamente mais grave, os EUA demoraram a
atacar o Afeganistão após o 11 de Setembro de 2001!
Embora ache que o Congresso vá dar luz verde a Obama
para este fazer a sua pequena guerra, os desconfortos vão crescendo. Desde
logo, o que decorre da opinião dos eleitorados:
Estados Unidos: 59%
contra um ataque à Síria (Sondagem Washington Post/ABC)
Reino Unido: 71%
contra um ataque à Síria (Sondagem ICM for the BBC)
França: 55%
contra um ataque à Síria (Sondagem CSA)
Itália: 57%
contra um ataque à Síria (Sondagem IPR Institute)
Alemanha: 58%
contra um ataque à Síria (Sondagem ZDF)
É óbvio que sendo os parlamentares a votar a favor ou
contra a guerra, estas sondagens fá-los-ão pensar duas vezes.
Entretanto, soube-se que os militares norte-americanos
estão com pouca vontade de soar os War Drums. Já era público e notório que o
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, General Martin Dempsey, se
tinha oposto a este empreendimento.
Agora ficou a saber-se que o mal-estar é generalizado nas Forças
Armadas e que a condução do dossier sírio pela Administração Obama é visto com
desprezo pelos militares. Nesse sentido, sugiro
a leitura de um artigo publicado no Washington Post pelo General (na reserva)
Robert Scales, antigo comandante do US Army War College: A War the Pentagon Doesn’t Want, disponível em
http://www.washingtonpost.com/opinions/us-military-planners-dont-support-war-with-syria/2013/09/05/10a07114-15bb-11e3-be6e-dc6ae8a5b3a8_print.html
.
Nele, o General
Scales revela o embaraço e a revolta sentida pelos militares norte-americanos
perante o amadorismo, falta de senso e ausência de sentido estratégico revelado
pela Administração neste processo.
Não há um objectivo, não existe uma estratégia, falta
convicção e sobra a ignorância do que é a guerra e de como ela se prepara. Para
um Presidente que se definia como sendo anti-guerra, Obama trata esta guerra
com uma ligeireza confrangedora. Dois exemplos:
* Em entrevista televisiva, Obama afirmou que o objectivo é to
fire a shot across the bow! Isso é um tiro de aviso. Um tiro disparado
sobre (e não no) alvo para avisar que na próxima é para acertar. Tanto
espalhafato, parlamentos, reuniões do Conselho de Segurança, arrufos
diplomáticos, ameaças, alianças, meios militares em movimento, tudo para
disparar um tiro de aviso???
* Um membro da Administração afirmou que a Casa Branca optaria por um ataque just muscular enough not to get mocked! Really? Um ataque
suficientemente forte para não ser alvo de chacota?
Não surpreende o mal-estar dos militares. Esta administração
tem uma abordagem à guerra similar a uma opera
buffa!
Um militar citado pelo General Robert
Scales, resume tudo na perfeição: They [the military]
are tired of wannabe soldiers who remain enamored of the lure of bloodless
machine warfare. “Look,” one told me, “if you want to end this decisively, send
in the troops and let them defeat the Syrian army. If the nation doesn’t think Syria is worth serious commitment, then
leave them alone.”
And so the story goes….
2 comentários:
Excelente análise Rui (desculpa a prosápia de minha parte, quem sou eu para "classificar", mas concordo inteiramente contigo).
Entretanto parece que o Grande Chefe da Rússia veio dizer que se a Síria for alvo de ataque colocará o apoio Russo em acção - podemos presumir que será apoio militar? eventualmente... pelos menos a ameaça ficou. Terá Obama "argumentos" (nos USA diz-se «balls», não é? o meu americano está um bocadito enferrujado...) suficientes para levar por diante a sua guerrinha-birrinha? hum, hum...
Sérgio,
Agradeço o cumprimento que muito valorizo.
O Putin tem-se "entretido" a fazer a vida negra ao Obama neste processo e o Obama só demonstra que não percebe nada da poda. Continua a pensar que é uma espécie de profeta iluminado, mas no Médio oriente percebem particularmente de profetas e já toparam há muito que ele é um flop.
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