14 setembro, 2013

A Guerra da Síria em Cartoons

A GUERRA DA SÍRIA EM CARTOONS

 
Agora que tensão internacional relacionada com a Síria diminuiu e que a descompressão vai gradualmente fazer com que a Síria vá resvalando na lista das prioridades mediáticas, partilho com os amigos e leitores alguns dos melhores cartoons que vi nos últimos tempos. Pertencem a duas categorias: uma em que o alvo é o Presidente da Síria Bashar Al Assad e o seu cadastro de violência e brutalidade; na outra o alvo são os Estados Unidos e o Presidente Obama e a sua incapacidade para levar a cabo os propósitos por ele próprio enunciados.

Os cartoons são divertidos e fazem sorrir, mas que retractam com humor realidades políticas sérias, dramáticas nalguns casos. Rir é bom e descontrai, mas os cartoons também são imagens que nos ajudam a conhecer, a perceber e a reflectir.

Tom Toles do “Washington Post” é o principal fornecedor desta pequena mostra.

As Red Lines de Bashar Al Assad mostram as brutalidades em que o regime incorre desde 1970.
By Tom Toles, in “The Washington Post”

 

Os aliados da Síria e o opressor da Síria.


Uma magistral adaptação da expressão “kicking and screaming”.
By Tom Toles, in “The Washington Post”

A química de Obama: indecisões e más decisões.
By Tom Toles, in “The Washington Post”
 

Uma Superpotência detentora da mais poderosa e sofisticada máquina de guerra do século XXI, manietada pelas dúvidas e incompetência da Administração Obama.
in “The Economist” em www.economist.com

 

 


Os envolvimentos militares problemáticos dos EUA.
By Tom Toles, in “The Washington Post”

4 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Caro Sr. Miguel Ribeiro : Chove lá fora, o que me dá a oportunidade de voltar a este assunto sírio.

Os "cartoons" são objectivos. Pena é que eles não expliquem o que é mais vergonhoso neste colonialismo retrogrado no qual os principais países interessados jogam certas cartas que falseiam o jogo.

No caso da Síria, assistimos a uma manobra onde certos jogadores excitam os grupos étnicos e religiosos uns contra os outros, os Árabes contra Os Persas, os Curdos contra os Árabes, os muçulmanos contra os cristãos, os sunitas contra os chitas, utilizar um para oprimir o outro, e conseguir assim manter os seus interesses estratégicos no Oriente e o saque dos recursos naturais e petrolíferos da região; tais foram a arte e a obra das potências ocidentais e dos seus cônsules e diplomatas no Proximo Oriente desde o XIX° século até hoje.

A reacção de Hollande, contrária àquela de Chirac no Iraque, fez-me pensar na historia da França e da G.Bretanha nesta região desde a queda do império otomano.
A carta géopolitica que ilustra o seu primeiro "post" demonstra bem a situação. As fronteiras actuais dos Estados foram desenhadas durante a guerra de 1914-1918, segundo uma partilha colonial , imposta pelo RU e a França, as duas principais potências colonialistas da época, acordada nos diferentes tratados que o meu Amigo conhece bem: acordo Sykes-Picot, Balfour Sèvres, Lausanne, etc. Foram estas potências que re-desenharam as fronteiras interiores e exteriores orientais do império otomano, segundo os seus interesses coloniais e não segundo os interesses dos povos conquistados . O que é evidente! Isto deu duas zonas: uma francesa e a outra britânica.
No seu mapa vê-se bem:

A zona francesa ( administração directa) : Libano e Cilicia; e de influência francesa : norte da Síria e Mossoul, no Iraque.

A zona britânica (administração directa) : Koweit e Mesopotâmia; e de influência britânica: O sul da Síria, a Jordânia e a futura Palestina, sob mandato.

E a zona de administração internacional : S.Jean d'Acre, Haïfa e Jerusalém. O RU controlando os portos de Haïfa e Acra.

Se quisermos ser honestos devemos admitir que um século após o acordo franco-britânico de Sykes-Picot, o Próximo Oriente vive ainda sob os efeitos e as conseqüências do esquartejamento colonial, apesar do discurso filantrópico dos Chefes de Estado ocidentais, e do discurso "libertador" dos ditadores do mundo árabe.

E o que me admirou mais neste contexto foi a reacção da França, que se mostrou de novo mais colonialista que nunca , admitindo a possibilidade de provocar uma guerra , e tudo isto envolvido num discurso "humanista". Hollande é um socialista ...

Mas no fundo tudo se explica: Chirac não quis intervir na zona de "pilhagem" britânica no Iraque. Do ponto de vista lingüístico não fazia parte da zona de influência definida no acordo Sykes-Picot, e Chirac não via razão nenhuma para participar no ataque ao dictador Nabuchodonosor Saddam Hussein , tanto mais que com a presença dos Americanos na "festa" haveria mais cães que ossos para esbulhar !

Da mesma maneira, Cameron não quis intervir na zona de "pilhagem" francesa na Síria, e respondeu assim ao "amigo" Chirac no caso do Iraque !, mesmo se o respeito do Parlamento foi o argumento de fundo.

Hollande, que viu a perda de influência da França na Síria, causada pela victoria do partido Baas em 1963, os atentados contra os contingentes franceses e americanos em Beyrout em 1983 e a invasão das zonas cristãs no Líbano pelos Sírios em 1990, não podia "digerir" esta infâmia e quis "punir" Assad ! Agora está fora do jogo! Dois poderes mais altos se "alevantaram" e tomaram conta do jogo!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Sr. Joaquim de Freitas,

Muito interessante o comentário, traçando um paralelismo entre o desenho geopolítico do 1º quartel do século XX e as frenéticas movimentações do início do século XXI.
Contudo, não tenho a certeza se as motivações serão neo-colonialistas no sentido de exploração dos recursos, até porque a Síria tem poucos e o Líbano ainda menos. Concordo sim que há uma luta furiosa por áreas de influência, prática também ela já antiga nas RI.

Defreitas disse...

No caso presente, Caro Sr. Miguel Ribeiro, a França defende altos interesses economicos no Libano. E Assad conhece-os bem. Rafic Hariri era um amigo da França. E grande amigo pessoal de Chirac. Curiosamente, Chirac vive desde o fim do seu mandat de Presidente da Republica, no magnifico apartamento de 300 m2 de Hariri , em Paris , em frente de Notre Dame!

A élite libanesa é francofona e francofila.

Esta amizade de Hariri custou-lhe a vida! Foram os Sirios que o liquidaram.


Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Joaquim de Freitas,

Ah, isso eu sei. Os regimes Baath na Síria e no Iraque eram ( e ainda é no caso da Síria) implacáveis e sanguinários.