02 setembro, 2013

Drums of War? - II

DRUMS OF WAR? II

 
Manifestantes contrários ao ataque à Síria protestam junto ao Parlamento Britânico.

Algumas horas após ter escrito o post anterior (Drums of War? I em), Barack Obama confirmou que irá efectivamente atacar a Síria. Disse que as forças para tal estavam posicionadas e prontas, que o ataque seria limitado (“limited, narrow military response” – in BBC News at http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23911833 ) e não envolveria tropas no terreno (“boots on the ground”), que seria desencadeado quando ele entendesse e que iria solicitar luz verde do Congresso.


Que vá ao Congresso é bom. Que diga que vai atacar antes de o Congresso se pronunciar é pouco respeitador para com o órgão legislativo (o que é habitual em Obama).


O certo é que os EUA já sofreram alguns reveses nesta fase pré-ataque:


* O Parlamento Britânico, numa notável demonstração de independência, votou contra a participação do Reino Unido num ataque à Síria, decisão humilde e democraticamente aceite pelo Primeiro-Ministro David Cameron. Não deixando de ser um revés para o Governo, quem saiu mais chamuscado foi o Ministro dos Negócios Estrangeiros John Hague, um fundamentalista dos ataques à Líbia e à Síria.


* A NATO decidiu apoiar, mas não participar de um ataque, não servindo de umbrella para a intervenção, como acontecera na Líbia.


* Uma potência mediterrânica como a Itália, declarou que só ponderaria participar no ataque com (um improvável) mandato da ONU.


* A Alemanha declarou que não participaria.


* A possibilidade de os EUA conseguirem um mandato do Conselho de Segurança da ONU para este ataque apresenta-se remota.


* A Jordânia tem muitas vulnerabilidades internas e externas (é um alvo fácil para uma retaliação síria e não deve participar.


* A Arábia Saudita e o Qatar apoiam mas não participam.


* O Egipto não apoia, nem participa.


* Israel tem os meios, mas não pode participar por motivos políticos óbvios: provocaria um levantamento geral no Médio oriente e seria um bónus para Al Assad.


* A Turquia tem meios, mas também é um alvo de retaliações. É um caso pendente.


* A Rússia, não só veta propostas de resolução apresentadas no UNSC, como através do Presidente Putin, ridicularizou as provas referidas pelos Estados Unidos: "If there is evidence it should be shown. If it is not shown, then there isn't any.", disse Vladimir Putin em Vladivostok


Resta a França. O Presidente François Hollande já afirmou que que mantém a decisão de participar, mas o parlamento francês pronuncia-se sobre o assunto no dia 4 de Setembro. As possibilidades são muito menores, mas veremos se não irá acontecer o mesmo que em Westminster, dado que as últimas sondagens mostram 64% dos Franceses contrários à intervenção.


Se as tendências se confirmarem, teremos uma Coalition of the Willing que mostrará muita unwillingness (falta de vontade).

2 comentários:

Sérgio Lira disse...

Uma treta: são os USA sozinhos, e não se fala mais nisso...

Para Obama é o pior possível. Preso por ter cão e preso por não ter - bem feito, culpa dele próprio, que fala muito bem com a aquela voz-de-ministro-de-uma-igreja-qualquer mas que não faz o que promete, e promete o que não faz - e faz o que promete não fazer. Acossado por todos os lados lá decidiu por nem carne nem peixe: hoje vai ser bacalhau! e pode ser recheado com presunto??? pode??? não, nem por isso, vai mesmo só o bacalhau - e já andam cheios de sorte. - bhaaaa, preferia com presunto; - bhaaa, bacalhau não é bem jejum, caraças.

É no que dá querer agradar a gregos e a troianos, ficar preso pelo pé de discursatas bonitinhas mas balofas, não saber, verdadeiramente, o que fazer. E não ter aliados nessa política de "nem chove nem sai de cima" (a não ser o gaulês deslavado, que também não chove lá muito...)

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

Impagável e "to the point"!