DRUMS
OF WAR? II
Manifestantes contrários ao ataque à Síria protestam junto ao
Parlamento Britânico.
Algumas horas após ter escrito o post anterior (Drums of War? I
em), Barack Obama confirmou que irá efectivamente atacar a Síria. Disse que as forças para tal estavam posicionadas e prontas,
que o ataque seria limitado (“limited, narrow military
response” – in BBC News at http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23911833
) e não envolveria tropas no terreno (“boots on the ground”), que seria
desencadeado quando ele entendesse e que iria solicitar luz verde do Congresso.
Que vá ao Congresso é bom. Que diga que vai atacar antes
de o Congresso se pronunciar é pouco respeitador para com o órgão legislativo
(o que é habitual em Obama).
O certo é que os
EUA já sofreram alguns reveses nesta fase pré-ataque:
* O Parlamento
Britânico, numa notável demonstração de independência, votou contra a
participação do Reino Unido num ataque à Síria, decisão humilde e
democraticamente aceite pelo Primeiro-Ministro David Cameron. Não deixando
de ser um revés para o Governo, quem saiu mais chamuscado foi o Ministro dos
Negócios Estrangeiros John Hague, um fundamentalista dos ataques à Líbia e à
Síria.
* A NATO decidiu
apoiar, mas não participar de um ataque, não servindo de umbrella para a intervenção, como
acontecera na Líbia.
* Uma potência mediterrânica como a Itália, declarou que só ponderaria participar no ataque com (um
improvável) mandato da ONU.
* A Alemanha
declarou que não participaria.
* A possibilidade de os EUA conseguirem um mandato do
Conselho de Segurança da ONU para este ataque apresenta-se remota.
* A Jordânia tem muitas vulnerabilidades internas e
externas (é um alvo fácil para uma retaliação síria e não deve participar.
* A Arábia Saudita e o Qatar apoiam mas não participam.
* O Egipto não apoia, nem participa.
* Israel tem os meios, mas não pode participar por
motivos políticos óbvios: provocaria um levantamento geral no Médio oriente e
seria um bónus para Al Assad.
* A Turquia tem meios, mas também é um alvo de
retaliações. É um caso pendente.
* A Rússia, não só veta propostas de resolução
apresentadas no UNSC, como através do Presidente Putin, ridicularizou as provas referidas pelos Estados Unidos: "If there is evidence it should be shown. If it is not shown, then there
isn't any.", disse Vladimir Putin em Vladivostok
Resta a França. O Presidente François Hollande já afirmou que
que mantém a decisão de participar, mas o parlamento
francês pronuncia-se sobre o assunto no dia 4 de Setembro. As possibilidades
são muito menores, mas veremos se não irá acontecer o mesmo que em Westminster,
dado que as últimas sondagens mostram 64% dos Franceses contrários à
intervenção.
Se as tendências se confirmarem, teremos uma Coalition of the Willing que mostrará
muita unwillingness (falta de
vontade).
2 comentários:
Uma treta: são os USA sozinhos, e não se fala mais nisso...
Para Obama é o pior possível. Preso por ter cão e preso por não ter - bem feito, culpa dele próprio, que fala muito bem com a aquela voz-de-ministro-de-uma-igreja-qualquer mas que não faz o que promete, e promete o que não faz - e faz o que promete não fazer. Acossado por todos os lados lá decidiu por nem carne nem peixe: hoje vai ser bacalhau! e pode ser recheado com presunto??? pode??? não, nem por isso, vai mesmo só o bacalhau - e já andam cheios de sorte. - bhaaaa, preferia com presunto; - bhaaa, bacalhau não é bem jejum, caraças.
É no que dá querer agradar a gregos e a troianos, ficar preso pelo pé de discursatas bonitinhas mas balofas, não saber, verdadeiramente, o que fazer. E não ter aliados nessa política de "nem chove nem sai de cima" (a não ser o gaulês deslavado, que também não chove lá muito...)
Sérgio,
Impagável e "to the point"!
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