16 agosto, 2006

Volte Nunca!

VOLTE NUNCA!
 
Quando era criança, o meu irmão Ricardo Pedro costumava dizer, a propósito de pessoas com quem não simpatizava, “Volte nunca!”.

Esta expressão veio-me à memória quando reflectia sobre a posição (e também a ausência delas) do Governo Português sobre a Guerra entre Israel e o Hezbollah e me lembrei, com indescritível alívio, da demissão de Freitas do Amaral.

Eu sei que Portugal se manteve o mais silencioso possível sobre este assunto, para além das banalidades de circunstância, mas há alturas em que uma prudente gestão do silêncio é mais sábia do que ficar pelas evidências politicamente correctas, ou, pior ainda, proferir disparates.

Nem tudo é perfeito, como no caso da escala do avião israelita na Base das Lajes. Totalmente de acordo com a autorização. Perplexidade perante o “carácter excepcional” da mesma. Penso que foi uma decisão salomónica: Israel só precisaria de fazer aquela escala e Portugal frisou que só autorizaria aquela. Foi pena o acto ter sido envergonhado: os actos, as alianças, os posicionamentos assumem-se. No plano partidário, a habitual histeria do PCP e BE e uma posição pouco clara do PSD. Cristalino foi o deputado do CDS João Rebelo: “Sim, o Governo fez bem em ser solidário com um país amigo que se está a defender.” E eu acrescento, João Rebelo falou bem, dentro do que é possível dizer.

De toda a forma, quando tive o tal flashback sobre Freitas como MNE, tive uma visão de pesadelo: imaginei-o a visitar Beirute com Miguel Portas; a proclamar o direito do Hezbollah a ter um exército e a bombardear o belicista Estado de Israel, a criticar a Administração de extrema-direita de George W. Bush ou até a meter o Governo da Grã-Bretanha no mesmo saco.
 
Uff! Que arrepio! Até me apeteceu aplaudir o MNE actual. Limitei-me a exclamar: “Freitas: VOLTE NUNCA!”

4 comentários:

Anónimo disse...

Irra! Nunca mesmo. Que emplastro. É dos vira-casaca mais revoltantes que já vi.
José Manuel

Anónimo disse...

Outro que nos deixou e nunca mais voltará. Que alívio!
Cristina

Rui Miguel Ribeiro disse...

Penso exactamente o mesmo José Manuel.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Cristina,
É um alívio, se bem que nunca se sabe quando se lembrará de tentar voltar.. Livra!