VOLTE NUNCA!
Quando era criança, o meu
irmão Ricardo Pedro costumava dizer, a propósito de pessoas com quem não
simpatizava, “Volte nunca!”.
Esta expressão veio-me à
memória quando reflectia sobre a posição (e também a ausência delas) do Governo
Português sobre a Guerra entre Israel e o Hezbollah e me lembrei, com
indescritível alívio, da demissão de Freitas do Amaral.
Eu sei que Portugal se
manteve o mais silencioso possível sobre este assunto, para além das
banalidades de circunstância, mas há alturas em que uma prudente gestão do
silêncio é mais sábia do que ficar pelas evidências politicamente correctas,
ou, pior ainda, proferir disparates.
Nem tudo é perfeito, como
no caso da escala do avião israelita na Base das Lajes. Totalmente de acordo
com a autorização. Perplexidade perante o “carácter excepcional” da mesma.
Penso que foi uma decisão salomónica: Israel só precisaria de fazer aquela
escala e Portugal frisou que só autorizaria aquela. Foi pena o acto ter sido
envergonhado: os actos, as alianças, os posicionamentos assumem-se. No plano
partidário, a habitual histeria do PCP e BE e uma posição pouco clara do PSD.
Cristalino foi o deputado do CDS João Rebelo: “Sim, o Governo fez bem em ser
solidário com um país amigo que se está a defender.” E eu acrescento, João Rebelo
falou bem, dentro do que é possível dizer.
De toda a forma, quando
tive o tal flashback sobre Freitas como MNE, tive uma visão de pesadelo:
imaginei-o a visitar Beirute com Miguel Portas; a proclamar o direito do
Hezbollah a ter um exército e a bombardear o belicista Estado de Israel, a
criticar a Administração de extrema-direita de George W. Bush ou até a
meter o Governo da Grã-Bretanha no mesmo saco.
Uff! Que arrepio! Até me apeteceu aplaudir o MNE actual. Limitei-me a
exclamar: “Freitas: VOLTE NUNCA!”
4 comentários:
Irra! Nunca mesmo. Que emplastro. É dos vira-casaca mais revoltantes que já vi.
José Manuel
Outro que nos deixou e nunca mais voltará. Que alívio!
Cristina
Penso exactamente o mesmo José Manuel.
Cristina,
É um alívio, se bem que nunca se sabe quando se lembrará de tentar voltar.. Livra!
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