UMA GUERRA PARA QUÊ?
A 12 de Julho, o Hezbollah atacou patrulhas do Tsahal em território israelita, matando, ferindo e raptando. Além disso, retomou a sua prática habitual de lançar rockets sobre o Norte de Israel. Como seria de esperar, Israel retaliou, mas desta vez, parecia querer pôr à situação de forma mais ou menos definitiva, desferindo um golpe mortal, ou pelo menos seríssimo, sobre as milícias xiitas.
Quando escrevo este post, o cessar-fogo decretado pelo Conselho de Segurança e aceite por Israel, Líbano e Hezbollah, entrou em vigor há poucas horas. E qual é a situação após um mês de combates? O Hezbollah provocou e atacou; Israel defendeu-se e optou por fazê-lo desencadeando uma guerra em pequena escala. Quem desencadeia uma guerra, tem motivos e objectivos e selecciona os meios disponíveis e necessários para alcançar o desiderato traçado.
Neste caso, os objectivos eram 3:
1- Afastar o Hezbollah da fronteira israelita de forma a tornar-lhe difícil continuar a alvejar Israel.
2- Destruir grande parte da infra-estrutura, logística, equipamento militar do Hezbollah e liquidar um número significativo de combatentes, de forma a colocar a organização fora de combate por muito tempo.
3- Resgatar os dois soldados raptados.
Deixando de lado o último objectivo, dado o seu carácter altamente contingente, verifica-se que Israel fez progressos significativos nos dois primeiros, mas ficou bem aquém do que se propunha. Porquê?
Sabe-se que a “especialidade” do Tsahal é obliterar exércitos convencionais inimigos em guerras tradicionais. Fê-lo em 1948, em 1956, em 1967, em 1973 e até em 1982. Sabe-se, também, que o Hezbollah não entra nessa categoria, embora disponha de armamento de que muitos exércitos não dispõem. Sabe-se ainda, que os corajosos guerrilheiros, se instalam nas urbes e se misturam com os normais e pacíficos cidadãos para se protegerem. A táctica não é nova: já Saddam Hussein a ela recorreu (sem êxito) na Guerra do Golfo de 1991.
Isto para dizer que, mesmo tendo encontrado uma resistência mais tenaz e melhor armada do que esperaria, Israel sabia (ou devia saber) basicamente ao que ia. E ao fim de duas semanas, tornou-se óbvio que os ataques aéreos, as barragens de artilharia e os raids de grupos de operações especiais não eram suficientes para atingir os tais objectivos. Quase todos os dias caiam rockets e mísseis sobre a Galileia para o comprovar.
As chefias militares israelitas insistiam que o trabalho da força aérea e da artilharia tinha de ser completado com um avanço maciço de cavalaria mecanizada e infantaria sobre o Sul do Líbano para limpar, pelo menos, o território a sul do rio Litani.
O Primeiro-Ministro Ehud Olmert parecia agonizar sobre a questão, adiando a decisão, à espera que a milícia xiita se dissolvesse milagrosamente. Finalmente, deu luz verde para esse ataque a 48 horas do cessar-fogo. Too late.
O tempo pode não me dar razão, mas Israel envolveu-se numa guerra importante para a sua segurança e para os equilíbrios geopolíticos futuros do Médio Oriente e até terá ficado um pouco melhor do que há um mês, mas não completou os seus objectivos, por mérito dos seus adversários e por demérito de um Primeiro-Ministro acidental que parece desconhecer que, quando se dá o grave passo que conduz à guerra, acabou a margem para tibiezas e estados de alma. Senão, fez a guerra para quê Senhor Olmert?
Quando escrevo este post, o cessar-fogo decretado pelo Conselho de Segurança e aceite por Israel, Líbano e Hezbollah, entrou em vigor há poucas horas. E qual é a situação após um mês de combates? O Hezbollah provocou e atacou; Israel defendeu-se e optou por fazê-lo desencadeando uma guerra em pequena escala. Quem desencadeia uma guerra, tem motivos e objectivos e selecciona os meios disponíveis e necessários para alcançar o desiderato traçado.
Neste caso, os objectivos eram 3:
1- Afastar o Hezbollah da fronteira israelita de forma a tornar-lhe difícil continuar a alvejar Israel.
2- Destruir grande parte da infra-estrutura, logística, equipamento militar do Hezbollah e liquidar um número significativo de combatentes, de forma a colocar a organização fora de combate por muito tempo.
3- Resgatar os dois soldados raptados.
Deixando de lado o último objectivo, dado o seu carácter altamente contingente, verifica-se que Israel fez progressos significativos nos dois primeiros, mas ficou bem aquém do que se propunha. Porquê?
Sabe-se que a “especialidade” do Tsahal é obliterar exércitos convencionais inimigos em guerras tradicionais. Fê-lo em 1948, em 1956, em 1967, em 1973 e até em 1982. Sabe-se, também, que o Hezbollah não entra nessa categoria, embora disponha de armamento de que muitos exércitos não dispõem. Sabe-se ainda, que os corajosos guerrilheiros, se instalam nas urbes e se misturam com os normais e pacíficos cidadãos para se protegerem. A táctica não é nova: já Saddam Hussein a ela recorreu (sem êxito) na Guerra do Golfo de 1991.
Isto para dizer que, mesmo tendo encontrado uma resistência mais tenaz e melhor armada do que esperaria, Israel sabia (ou devia saber) basicamente ao que ia. E ao fim de duas semanas, tornou-se óbvio que os ataques aéreos, as barragens de artilharia e os raids de grupos de operações especiais não eram suficientes para atingir os tais objectivos. Quase todos os dias caiam rockets e mísseis sobre a Galileia para o comprovar.
As chefias militares israelitas insistiam que o trabalho da força aérea e da artilharia tinha de ser completado com um avanço maciço de cavalaria mecanizada e infantaria sobre o Sul do Líbano para limpar, pelo menos, o território a sul do rio Litani.
O Primeiro-Ministro Ehud Olmert parecia agonizar sobre a questão, adiando a decisão, à espera que a milícia xiita se dissolvesse milagrosamente. Finalmente, deu luz verde para esse ataque a 48 horas do cessar-fogo. Too late.
O tempo pode não me dar razão, mas Israel envolveu-se numa guerra importante para a sua segurança e para os equilíbrios geopolíticos futuros do Médio Oriente e até terá ficado um pouco melhor do que há um mês, mas não completou os seus objectivos, por mérito dos seus adversários e por demérito de um Primeiro-Ministro acidental que parece desconhecer que, quando se dá o grave passo que conduz à guerra, acabou a margem para tibiezas e estados de alma. Senão, fez a guerra para quê Senhor Olmert?
4 comentários:
No rescaldo, os dois beligerantes cantam vitória. Faz-me lembrar as nossas noites eleitorais: o PCP ganha sempre...
PVM
É. Há muitos tipos de vitória: as de maioria absoluta, as de maioria relativa, as morais, aquelas em que não se fica em último, as outras que o são porque os objectivos ditados à partida são artificialmente baixos, ou até porque o outro não ganhou tanto como esperava. Parece que só a vitória por esmagamento recebe acolhimento unânime!
Será que em vez de todos ganharem não terão perdido todos?
Cristina
Criatina:
É capaz de ter razão....
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