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27 novembro, 2017

Um País, Três Governos



UM PAÍS, TRÊS GOVERNOS

 
Este mapa retrata o assalto final a Tripoli que colocou um ponto final no regime de Kadhafi, no próprio Kadhafi e na Líbia enquanto Estado unitário com um só governo.
in “STRATFOR” em www.stratfor.com

A Líbia prossegue o seu calvário, que já vai em 6 anos, resultado directo das tonteiras de Obama, Sarkozy & Ca. Relembro que, em 2011, sob o pretexto de proteger os habitantes de Benghazi de uma ameaça de Kadhafi, a França, os EUA e outros Estados-membros da NATO, lançaram uma operação militar para proteger esses e outros civis do exército líbio.

Tal não passou de uma farsa, pois a realidade foi uma operação direccionada para derrotar o exército líbio, liquidar Kadhafi e promover o chamado regime change. Ironicamente, estes objectivos foram atingidos, mas aquele, o original, a protecção dos civis, foi o único não alcançado.

Desde então, os Líbios têm vivido (e morrido) à mercê de senhores da guerra, milícias, grupos terroristas, ex-militares e forças estrangeiras, num caos inimaginável, ao qual se soma a destruição de muitas infra-estruturas petrolíferas, sendo que o petróleo é o pão da Líbia. É claro que depois de morto Kadhafi, Franceses e Americanos foram embora, deixando para trás os restos mortais da Líbia. O custo da remoção de um ditador internacionalmente inofensivo foi, para os Líbios, brutal, seguramente mais brutal do que o próprio Kadhafi

Hoje, apesar de a violência ter diminuído e de ter recomeçado a exportação de petróleo, a Líbia continua a viver uma situação de instabilidade e insegurança, onde o pior está sempre perto de acontecer. O símbolo maior do caos e desagregação da Líbia é a coexistência de 3 (TRÊS) governos diferentes, cada um dos quais clamando ser o legítimo, quando o mais certo é nenhum o ser.

A Líbia é uma plataforma de terrorismo e de tráfico humano, um ninho de terroristas, um mercado de armamento disponível para qualquer um, mas pelo menos tem 3 governos.






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30 abril, 2016

O Criminoso Volta Sempre ao Local do Crime



O CRIMINOSO VOLTA SEMPRE AO LOCAL DO CRIME

 Curiosamente, a zona de Sirte onde o Coronel Kadhafi foi abatido é a mesma onde se concentra o Estado Islâmico na Líbia.
in “STRATFOR” em www.stratfor.com

É sabido que a intervenção militar na Líbia pelos Estados Unidos, França e Reino Unido e coordenada pela NATO foi uma farsa (ver “Farsa na Líbia” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2011/03/farsa-na-libia.html , na qual as referidas potências criaram um pretexto (proteger civis ameaçados pelas tropas de Khadafi em Benghazi), aprovaram uma Resolução no Conselho de Segurança da ONU de acordo com o pretexto e depois dedicaram-se a apoiar milícias rebeldes, atacar o exército líbio, bombardear edifícios governamentais em Tripoli e perseguir o Coronel Khadafi até ele ser sumariamente liquidado. Nesse momento, a missão da NATO foi dada por terminada, confirmando que a eliminação de Khadafi e a mudança de regime (regime change) foi o real objectivo da intervenção.

É também sabido que, além da intervenção capciosa, as suas consequências foram catastróficas para o país e para o povo, resultando na desintegração do Estado, ficando a Líbia mergulhada, até hoje, no caos, variando entre a existência de 1, 2, ou 3 governos em simultâneo, sendo que nenhum consegue exercer real autoridade sobre o país inteiro.

A Líbia tem sido, pois, uma manta de retalhos, em permanente conflito e instabilidade, com múltiplas milícias e organizações terroristas controlando cidades e/ou regiões, à margem do resto do país, excepto quando se confrontam em combate por poder, território e petróleo.

Apesar de terem efectivamente destruído a Líbia com a intervenção de 2011, os mesmos protagonistas estão ansiosos por lá voltar. Aliás, já voltaram. Abundam os relatos de que forças especiais dos EUA, Reino Unido e França já estão no terreno a treinar e armar as milícias ou grupos que escolheram apoiar. Mais, os mesmos relatos indicam que estas potências aguardam um  pedido formal do novo governo (supostamente consensual, mas que ainda não foi aprovado pelos dois (?) parlamentos existentes, um em Tripoli e o outro em Tobruk), para legitimar uma intervenção armada em maior escala, cerca de 6000 tropas, nominalmente liderada pela Itália.

É claro que, não estando o dito governo ainda firmemente estabelecido, o tal pedido ainda não foi formulado. Mas as potências estão impacientes e já foram enviando as referidas forças especiais, cujas espcialidades incluem intervir sem se saber, fazer sem se saber o quê, nem a quem, ou com quem e com quê. E sem prestação de contas ou escrutínio político e muito menos público. Cómodo e conveniente.

O pretexto, esse terá de ser diferente, mas foi fácil de encontrar: o bicho papão da actualidade, o Estado Islâmico (IS). Pouco importa se o papel do IS na Líbia é relativamente menor, ou que a sua área de influência se circunscreve a Sirte e pouco mais, ou que o IS está longe de representar o principal problema na Líbia. O que conta é que se trata da desculpa/pretexto do momento e uma que quase toda a gente aceita sem questionar ou objectar.

E assim, a pandilha que estilhaçou a Líbia em 2011/12 está de volta em 2015/16. Como reza a máxima da literatura policial, o(s) criminoso(s) volta(m) sempre ao local do crime. Resta saber que malfeitorias farão desta vez.






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21 julho, 2014

"Brincadeiras" na Líbia


BRINCADEIRAS NA LÍBIA



Neste mapa da Líbia, pode ver-se a cidade de Zintan nas Montanhas Nafusa perto da Tunísia, Tripoli um pouco a nordeste, Misrata,  mais a leste junto ao Mediterrâneo e Benghazi, também na costa, já a caminho do Egipto.

in STRATFOR em www.Stratfor.comm


Há um novo (recente) protagonista político-militar na balbúrdia que dá pelo nome de Líbia: o General Khalifa Hafter.


O General Hafter conseguiu agitar ainda mais as águas. Tem dado combate feroz às milícias islamitas da Brigada do Mártir de 17 de Fevereiro em Benghazi, onde está baseado, contando para o efeito com o apoio de unidades das forças especiais do Exército (??) Líbio (??) e também da Força Aérea, que passaram para o seu lado à revelia do Governo.


Por outro lado, em Maio, na capital Tripoli, forças leais ao mesmo Hafter, com o apoio das milícias de Zintan (cidade do Oeste da Líbia), tomaram de assalto o parlamento. Este, dominado por forças islamitas, pediu ajuda às milícias de Misrata, 3ª cidade da Líbia, situada entre Tripoli e Benghazi.


O combate foi evitado, mas por pouco tempo.


Entretanto, foi nomeado um novo Primeiro-Ministro, mas o anterior manteve-se em funções, pelo que podemos dizer que a Líbia teve dois Primeiro-Ministros e zero governos.


Mais recentemente, no final de Junho, realizaram-se eleições para substituir o descredibilizado parlamento (General National Congress), cujos resultados finais ainda se aguardam, mas dos quais pouco ou nada se espera em termos de clarificação política.


A exportação de petróleo, entretanto parcialmente retomada, continua contingente de precários equilíbrios de forças e de interesses e da boa vontade das milícias regionais ou sectárias que controlam grande parte do país.


Para não dar aso a que estes últimos desenvolvimentos (eleições e exportações) gerem algum optimismo, na semana passada duas das principais milícias (Zintan e Misrata novamente) envolveram-se em acesos combates pelo controlo do Aeroporto Internacional de Tripoli. No calor da refrega, foram destruídos 90% dos aviões aí parqueados.


E o governo nacional já fez avançar o exército para dominar e desarmar as milícias e reassumir o controlo do aeroporto?


Estava a brincar! Não é curial falar de reassumir o controlo de algo que nunca se controlou. Após a queda do regime de Kadhafi em 2011, o aeroporto foi ocupado por diversas milícias de menor expressão. Estas foram expulsas em 2012 pela milícia de Zintan que controla o Aeroporto de Tripoli até hoje.


Desculpem, estava a brincar outra vez. O exército de que o governo dispõe é, ele próprio, de brincar. A única diligência que o governo fez foi tentar negociar (suplicar?) um cessar-fogo entre as duas poderosas milícias.


Ah, no caso improvável de estarem a pensar em voar para a Líbia, esqueçam! O Aeroporto Internacional de Benghazi está encerrado desde Maio por motivos de segurança (ou de falta dela) e de múltiplos protestos. Não, desta vez não estou a brincar.


Acentua-se, pois, a descida da Líbia para a anarquia, a pulverização do poder político e militar, o esboroar da economia dependente do petróleo, por sua vez refém dos poderes militares. Se a isto somarmos a crescente presença de jihadistas, a Líbia é cada vez mais um Estado disfuncional e um foco de instabilidade no Sahara e no Sahel.


Aliás, se o assunto não fosse tão sério, a situação da Líbia seria mesmo uma brincadeira pegada!


P.S. Mesmo perante este cenário caótico, Barack Obama conseguiu, num discurso na Academia de West Point, salientar o sucesso da intervenção militar na Líbia. Seriously? Ah, deve ter sido outra brincadeira certamente.







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