30 abril, 2017

The Age of Hysteria



THE AGE OF HYSTERIA


One of the most unnerving and annoying features of the current decade is the state of quasi-permanent hysteria that significant segments of Western societies engage in.

Russia gets back Crimea and suddenly there is an army of worriers worrying that an army of warriors is about to wage war all over Eastern Europe. Three years have passed and there is not the slightest indication of war, yet. Notwithstanding, there is a flurry of hysterical articles about countering a Russian invasion of Estonia, or about defending Lithuania, or propping up Polish capabilities, all in the name of a non-invasion, of a war that will not be.

The Brexit referendum propelled another wave of hysteria. The British people actually voted to leave and all hell broke loose: the United Kingdom’s economy was about to collapse, the Scots would flee and so would other EU members; the UK would be confined to utter isolation and destitution. It has been almost a year, the UK is doing well, the EU is otherwise intact and non-performing as usual and there is no kingdom come.

The hysteria crowd would reach unparalleled heights with Donald Trump’s triumph in the United States’ presidential election. In the space of less than 6 months, the second impossibility actually happened. Like Brexit, this one has apocalyptic dimensions, the end of the world as we know it. Accordingly, the hysteria crowd reacted angrily and lived up to their reputation of not being tolerant, just self-tolerant, and tried to subvert the democratic election’s results. Like in Great Britain, they failed. It was almost 6 months ago and the world moves on and the civilisation did not crumble.

Next apocalypse-in-waiting was the Italian referendum in which a “NO” vote would put Italy on the euro exit path and would wreak havoc across the EU. The “NO” vote did win by a very wide margin. All the rest, predictably, did not happen.

Even the hapless Austrian election to an almost powerless presidency managed to sow despair in the hysteria-addicted crowd. The mainstream candidates were defeated, but the fact that the winner was green, gave the aforementioned crowd some relief.

Do not fear though: 2017 is a promising one for the hysteria crowd. The elections in The Netherlands provided hysteric fodder for the first quarter. Geert Wilders’ PVV victory prospects spread panic across Europe and to some in North America and Trump’s victory loomed as a nasty omen, as if the Dutch would think of and be conditioned by the US elections whilst they were at the voting booth. The PVV, which could never have formed a government, finished second and many sighed in relief, failing to see the bigger picture of the Dutch elections.

So, barely pausing to take a breath, the hysteria crowd went nuts with France’s presidential elections. Never mind that Marine Le Pen’s chances (like Wilders’) are very slim given the electoral system and the arbitrary and hypocritical opprobrium to which they are subjected. At least until the 7th May the hysteria crowd will be kept high with the Le Pen threat. Assuming that the next Merkel minion wins, they will go into deprivation since the next bout of hysteria, save from some unexpected stressor, is only scheduled for September in Germany.

The hysteria crowd based in politics, the media and some liberal and/or left wing institutions, NGO’s, think tanks and assorted pressure groups is going to cry wolf every time an event skews away from their pre-determined line of so-called progress. And when that is not the case, they just make it up, exaggerate it, or distort it until they reach a new hysterical state which is both deranged and a tool to forward their goals.

I find the Age of Hysteria disgusting and obnoxious and their zealot practitioners obviously have serious problems, without which they do not seem to be able to survive. Even more problematic than going hysterical, is their zealotry and intolerance in promoting the agenda they portray as unique, without alternative. There are always alternatives.

25 abril, 2017

Eleições Francesas: Ganha a Merkel?



ELEIÇÕES FRANCESAS: GANHA A MERKEL?

 
Vencedores por Departamento.
Le Pen            Macron          Fillon              Mélenchon                Hamon


A primeira volta das eleições presidenciais em França ficou marcada por mais um episódio da derrocada dos partidos tradicionalmente dominantes na Europa, especialmente os de centro-esquerda (socialistas/trabalhistas/social-democratas). François Fillon do Partido Republicano/Gaullista ficou em 3º com 20% dos votos, enquanto o socialista Benoit Hamon se quedou pelo 5º lugar com uns ridículos 6% dos votos.

Emmanuel Macron (24%) e Marine Le Pen (22%) ocuparam os dois lugares da frente e vão disputar a 2ª volta a 7 de Maio. O candidato comunista, Jean-Luc Mélenchon registou um excelente desempenho (4º com 20%) e reforçou o voto tendencialmente anti-sistémico.

 
Resultados da 1ª volta das eleições presidenciais francesas.


Esta tendência já data do início da campanha com a desistência de François Hollande a recandidatar-se e com as derrotas nas primárias de um ex-presidente, Nicholas Sarkozy e de dois ex-primeiro-ministros (Alain Juppé e Manuel Vals). Os resultados de anteontem reduziram o peso eleitoral dos dois grandes (???) partidos a 1/4 dos votos!

A esperança dos Gaullistas e do PSF centrar-se-á nas eleições legislativas de Junho onde a sua implantação e organização nacional e local poderão ajudar a manter a sua hegemonia. Contudo, se tassim acontecer, tal desincentivará os dois partidos a arrepiar caminho o que poderá conduzi-los a nova, quiçá definitiva, débacle a médio prazo.

Frente a frente em Maio estarão duas vias opostas para o futuro da França: a do nacionalismo, recuperação de soberania, recuo no processo globalizador e hostilidade à UE; e a do reforço da UE, de ainda maior liberalização económica interna, mais acordos comerciais externos e maior colagem à Alemanha.

Se a transferência de votos na 2ª volta fosse directa, total e tivesse em conta as opções estratégicas, políticas e económicas dos candidatos excluídos, Marine Le Pen provavelmente venceria as eleições. Contudo, Fillon e Hamon, a primeira coisa que fizeram após terem sido arrasados foi sucumbirem à reacção pavloviana de apelar ao voto contra, pouco importando em quem votam. Então o PCF, na tradição da degustação de sapos eleitorais, apela ao voto num candidato que está nos seus antípodas. Depois queixam-se que os resultados são fracos. Assim sendo, é provável que Macron vença confortavelmente.

Com um percuso na banca que não o tornam recomendável no contexto actual, com uma agenda euro-fanática, uma postura demasiado pró-mercado (também sabemos o que isso significa) e ultra-liberal, a vitória de Macron não é desejável. Se acontecer, como é previsível, a grande vencedora não será seguramente a França, mas sim alguém que não é candidata, nem vota: Frau Angela Merkel.


P.S. Independentemente de quem vencer, a vida do próximo presidente não será fácil, dado que provavelmente não terá um sustentáculo político-partidário suficiente na Assembleia Nacional, o que obrigará a muitas negociações e a vários impasses. A menos que os ratos começam a abandonar o navio do PSF…


P.P.S. No início de Dezembro de 2016 escrevi um post “Monsieur 4%” que terminava assim:

 Ontem, 1 de Dezembro 2016, François Hollande retirou-se da corrida presidencial de 2017. Pequeno, pateta, irrelevante, reduzido a 4%. Com ele leva o PSF a caminho de uma previsível derrota estrondosa em Abril de 2017. Adieu Monsieur 4%.

Confirmou-se a derrota estrondosa: 6% para o candidato socialista. Merci Mr. Hollande.


17 abril, 2017

Soltar as Amarras da Turquia



SOLTAR AS AMARRAS DA TURQUIA

 
Tempo de soltar as amarras da Turquia e deixá-la ir com Erdogan.


Como era expectável, Recep Erdogan ganhou o seu referendo. Era expectável porque Erdogan precisava e queria muito ganhar e faria tudo para o conseguir, como o demonstra a realização do referendo com o estado de emergência em vigor, com uma mega purga em curso e, alegadamente, a admissibilidade de 3 milhões de boletins de voto não carimbados.

A evolução próxima da Turquia também é previsível: a centralização total do poder em Erdogan, o acentuar da repressão e da perseguição facilitados pelo controlo sobre o aparelho judicial, a caça ao Curdo na Turquia e na Síria, a crescente submissão do Curdistão iraquiano e um relacionamento difícil com as potências europeias, a não ser que estas se acomodem à nova Turquia.

A certeza que decorre do referendo é a dificuldade que Europeus, Americanos e Árabes terão em lidar com um líder autoritário, islamita e psicótico vitaminado pela magra vitória no referendo e que controla uma das principais potências do Médio Oriente.

Talvez seja o tempo de soltar as amarras que nos ligam à Turquia.

14 abril, 2017

Santa Páscoa 2017



SANTA PÁSCOA

Albrecht Durer – Christ Carrying the Cross (1498)
Metropolitan Museum of Arts, New York


Num tempo em que o calvário e a cruz parecem ser a sina de milhões de pessoas, faço votos de que o espírito humanista, solidário, bondoso e altruísta de Jesus Cristo se estenda desejo a todos os leitores e frequentadores do Tempos Interessantes e a todos os amigos e pessoas queridas, a quem desejo uma Santa Páscoa.

In a time of hardship for millions of people, I wish that the humanist, altruistic, solidary and kind spirit of Jesus Christ may extend to all readers of Tempos Interessantes and to all my friends and beloved ones. Happy Easter!


                                   Rui Miguel Ribeiro