19 novembro, 2014

Miguel Macedo

MIGUEL MACEDO
 
Declaração prévia de interesses: considero Miguel Macedo um amigo, embora não fale nem esteja com ele há cerca de 3 anos, resultado de rumos desencontrados. Logo, dificilmente viria aqui desancá-lo. Conhecemo-nos há muitos anos nos primórdios da política, no PSD, na JSD, onde o Miguel já era figura de destaque.
 

É público, pelo menos no âmbito de Tempos Interessantes, o que penso deste Governo (muito mau) e do seu líder (péssimo). Não obstante, e creio que não toldado pela amizade, acho que Miguel Macedo foi gerindo a sua pasta com acerto, eficiência, tranquilidade e discrição. É óbvio que tem a sua quota-parte de responsabilidade  pelo que o Governo tem feito e desfeito, mas entre ideólogos fanáticos, serventes do exterior e incompetentes, Miguel Macedo sobressai por não ser nenhum deles.
 
Pessoalmente gostaria que Miguel Macedo tivesse saído do Governo mais cedo, muito mais cedo, saturado de tanta incompetência e malfeitoria, mas isso, para o bem e para o mal, era uma escolha que só a ele cabia.
 
Sair de um governo porque houve irregularidades graves na esfera da sua competência não é uma proeza histórica, mas é um acto digno e responsável, o que no actual contexto político em que o erro, a incompetência, a estupidez (Passos, Crato, Teixeira da Cruz, Pires de Lima, etc) sobressaem sem quaisquer consequências, é digno de nota.
 
Não esperava dele outra coisa.
 
Termino com um pequeno episódio já antigo. Foi em Braga em 2002. Encontrei o Miguel Macedo num evento da campanha eleitoral para as legislativas com a presença de Durão Barroso. Eu estava lá na condição de candidato. Macedo estava lá na condição de apoiante. Tinha sido excluído das listas e o seu estado de espírito não era o melhor. Fui ter com ele e disse-lhe: “Lamento que não estejas nas listas. Merecias mais do que muitos. Mas a roda da fortuna gira e estou convicto que vais ser Secretário de Estado depois de ganharmos as eleições. Vais ver!”
 
E assim foi. Miguel Macedo foi o Secretário de Estado da Justiça. Não por intervenção minha, obviamente, pois esses assuntos estavam muito acima do meu patamar, mas o certo é que foi.
 
Tal como em 2002, em 2014 tenho a convicção de que o percurso de Miguel Macedo na política ainda não terminou. Só espero que continue em melhores circunstâncias.
 
Boa sorte Miguel!

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