REFORMA,
ESBULHO E CONJURA
A (FALSA) REFORMA
O Governo continua a propalar que está a executar uma
imperativa reforma do Estado. Concordo que a reforma do Estado é necessária,
mas é mentira que o Governo a esteja a fazer.
Uma reforma do Estado deveria ser precedida de uma análise das
funções, prioridades, objectivos e limites do Estado, ou seja, definir a
tipologia de Estado que queremos. Seguidamente,
ter-se-ia de estruturar um modelo de Estado que correspondesse a esses
parâmetros. Aí incluir-se-ia a mensuração dos recursos humanos necessários ao
desempenho dessas funções.
Como se sabe, não é nada disso que o Governo fez, faz ou fará.
Desde logo porque não é capaz, pois é genericamente
extremamente incompetente, cegamente fanático no plano fiscal, orçamental e
económico e é liderado por um cretino.
Além disso, não o faz porque não quer, mesmo que o
soubesse fazer. E não o quer porque segue de forma canina uma agenda imposta do
exterior e de alguns sectores internos e que nada tem a ver com o interesse
nacional e muito menos com a defesa dos interesses, dos direitos e da dignidade
dos Portugueses.
Portanto, a
famigerada reforma do Estado executada pelo actual governo resume-se a três
palavras: roubar (via aumentos de impostos), roubar (via imposição de cortes salariais) e roubar (via aumento não
remunerado dos dias e das horas de trabalho).
ESBULHO
Na sequência do ponto anterior e na continuação lógica dos
orçamentos de 2011 (rectificativos), 2012 e 2013, o Orçamento de Estado de 2014
configura um esbulho. Como tal, não surpreende. Mas choca.
Choca porque cada vez mais Portugueses olham para os
seus governantes como uma cáfila de malfeitores que sugou 15 biliões de euros
em aumentos de impostos e cortes de benefícios e não conseguiram atingir os
principais objectivos almejados e não acertaram uma única meta ou previsão. E choca
ainda mais porque reagiram invariavelmente da mesma forma: manter a receita e
aumentar a dose.
Como quero crer que existem limites para a estupidez, é evidente
que só se pode tratar de má-fé.
O esbulho tem tido um alvo genérico (a classe média) e dois
alvos específicos: os funcionários públicos e os reformados e pensionistas. O ataque é de tal ordem
que só se pode justificar por um incontrolado antagonismo visceral a estas
classes de cidadãos, uma boa parte dos quais são, ironicamente, servidores do
Estado. O governo que gere o Estado (supostamente em nosso nome), entrega numa
bandeja a cabeça daqueles que o servem e o fazem funcionar às suas tutelas
externas e em nome dos mercados.
Para respeitar os compromissos com os credores externos,
como diz constantemente o Primeiro-Ministro, desrespeita-se os compromissos com
os cidadãos, com os funcionários, com os idosos, com os vulneráveis. E assim
prossegue o esbulho desenfreado. Para 2014 a fasquia do esbulho desceu para os
600 euros mensais. Para 2015 esbulhar-se-á os que recebem o salário mínimo…
A CONJURA
Uma das atitudes mais miseráveis do actual governo tem
sido desancar o Tribunal
Constitucional no exterior e permitir e fomentar ataques ao dito tribunal por
agentes externos, sejam eles governantes ou funcionários.
Os ataques, pressões, calúnias e ameaças que têm sido
feitas ao TC e às suas decisões tem sido algo de escabroso. Revelam ausência de
espírito democrático, falta de respeito institucional, arrogância, desrespeito
pelo normativo legal e, no caso da externalização destas práticas, é um comportamento
indigno, que mancha Portugal no exterior e que deveria ter merecido uma
energética intervenção do Presidente da República, que se tornou cúmplice pelo
silêncio.
Quando um governo se arroga o direito de governar ao
arrepio da lei constitucional, quando se dá ao luxo de atacar o Tribunal
Constitucional por este impedir essas práticas e quando ambas as situações se
repetem constantemente e ainda se arregimentam forças externas para reforçar as
críticas e a pressão, está a dizer-se basicamente que com esta Constituição e
com este Tribunal Constitucional não é possível governar Portugal.
Daqui decorre, naturalmente, o imperativo de mudar uma
e/ou liquidar o outro. Não há outra leitura para esta actuação do governo.
Mais, como quer para uma, quer para a outra hipótese é necessária a colaboração
do PS e como não se vislumbra que ela seja possível, os meios teriam de ser
outros.
Haverá sempre Vasconcelos
e as conjuras nem sempre são libertadoras….
P.S. Ironicamente, este governo extinguiu o feriado de 1 de
Dezembro.
2 comentários:
É o belo resultado de termos a AR transformada num palco de marionetas, o governo como sede da associação dos cábulas e a presidência da república feita azilo de velho gágá (quero crer... porque se está na posse plena das suas faculdades... bo, então é muito pior). Uma maioria (de inúteis ou abéculas), um governo (de crápulas ou imbecis) e um presidente (esclerosado ou pulha) - Sá Carneiro deve dar voltas no túmulo... e é ainda o resultado de um partido que se dizia sério se ter deixado tomar de assalto por uma canalha que o usou para assaltar o País.
Sérgio,
Tens toda a razão.
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