02 junho, 2013

O Flagelo I - A Geração Perdida?

O FLAGELO I
A GERAÇÃO PERDIDA?

O desemprego jovem na EU.
in STRATFOR em http://www.stratfor.com/analysis/youth-unemployment-european-union

O desemprego tornou-se galopante na zona euro, especialmente na cintura meridional da Europa. É um verdadeiro flagelo pessoal, social, político e económico.

Embora o desemprego de pessoas mais velhas ganhe frequentemente um cariz de sentença de morte laboral/profissional, epitomizado na frase fatídica velho de mais para arranjar emprego, demasiado novo para reformado, é o desemprego jovem que assume uma dimensão mais dramática e as consequências mais gravosas.

Vejamos os números do desemprego jovem (- 25 anos):

* Grécia      62.5%

* Espanha  56.4%

* Portugal   42.5%

* Itália        40.5%

Fonte: Eurostat em
http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Unemployment_statistics

A estes 4 países ainda podemos acrescentar o quase-membro Croácia com mais de 50% e a Eslováquia, a Irlanda e Chipre, com valores de desemprego jovem superiores a 30%.

São índices catastróficos. A taxa de desemprego geral e do desemprego jovem em particular são tão elevadas, que levarão muitos anos a atenuar de forma significativa.

Se considerarmos que a maioria dos jovens têm pouca ou nenhuma experiência profissional relevante e se a isso somarmos as sombrias perspectivas de recuperação económica que pendem sobre estes países, as probabilidades de uma percentagem muito significativa destes jovens passarem completamente ao lado de uma carreira profissional regular e gratificante são significativas.

As consequências pessoais e familiares são potencialmente devastadoras. A frustração de ver anos de esforço e de investimento em educação e formação acalentados por legítimas expectativas de construir um futuro profissional, desaparecerem como grãos de areia por entre os dedos, é uma tragédia pessoal e familiar, da qual muitos não recuperarão. E a frustração pode evoluir para depressão, raiva e revolta.

As consequências sociais e económicas são potencialmente dramáticas. A frustração, raiva e revolta supra-mencionadas poderão tornar-se uma força desestabilizadora de uma sociedade já vulnerabilizada pela crise. Se à fúria da turba enfurecida se juntar um grau de compreensão e solidariedade da população que conhece os motivos da revolta, os poderes públicos poderão soçobrar.

Termos pela frente a perspectiva de uma geração abatida pelo flagelo social do desemprego, desesperada, sem perspectivas, revoltada e com pouco ou nada a perder é dramático e terrível. E sabemos onde estes fenómenos costumam desembocar….

4 comentários:

Sérgio Lira disse...

Desembocam em guerra. Civil ou total, mas guerra. Desgraçadamente, em guerra.

Políticos BURROS, CANHESTROS e IRRESPONSÁVEIS e banqueiros/especuladores ÁVIDOS, INSACIÁVEIS e VAMPIRESCOS fizeram, em poucos anos, do melhor sítio do mundo (a Europa) um campo de concentração e de extermínio. Muito mais eficazes que os nazis, há que confessar. E nós vamos, todos, de sabonete na mão, serenos e obedientes, para o banho de Auschwitz. Kein Arbeit macht nicht frei...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

Pois é, a guerra. Ou então o tumulto, o motim, a revolução, que acaba por não ser muito diferente.
Excelente actualização do lema de Auschwitz. Tempos infelizes....

Estella disse...

Há quanto tempo prevejo este cenário não só catastrófico como cada vez mais próximo da realidade. Aliás, foi baseada neste espetro que realizei o meu projecto final de Inglês.
Noto uma certa similitude na forma "acarneirada" como nos temos deixado conduzir para o abismo e os Comboios do Inferno que levavam os judeus para os campos de concentração. Os meios é que são mais sofisticados.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Estella,

Infelizmente as suas (e minhas e do Sérgio e de muitos outros) vão-se materializando. E não é graças a poderes sobrenaturais, mas a um simples bom senso. "Artigo" muito em falta por essa Europa fora....