SENKAKU & TAKESHIMA
Senkaku e Takeshima são dois
conjuntos de ilhéus no Mar da China Oriental e no mar do Japão,
respectivamente. Os ilhéus nada valem per se: são demasiado pequenos para serem
colonizados ou explorados de forma intensiva e lucrativa. As Senkaku são 5 ilhéus
e 3 rochedos com cerca de 6km2. As Takeshima, aka Liancourt Rocks, são 2 ilhéus
e vários rochedos com uma área total de 0.2km2. Porém, são tenazmente
disputados pelas principais potências asiáticas: Japão, China, Coreia do Sul e
ainda Taiwan e Coreia do Norte.
A Ásia Oriental
(China, Taiwan, as Coreias do Norte e do Sul e o Japão e o Pacífico Ocidental.
Destacadas, as Senkaku a sudoeste e as Takeshima a norte.
O que está então em jogo para estas
potências se bateram, para já diplomaticamente e retoricamente?
1- Prestígio e História. Todos os contendores se julgam com
direitos históricos sobre os ilhéus. Manter ou assegurar a sua posse significa
prestígio interno e externo. Perdê-los ou deles abdicar emitiria um sinal de
fraqueza e impotência para o exterior e representaria, no plano interno, a morte
política do governo que o fizesse.
2- Gás e Petróleo. Quer num caso, quer no outro,
existem fortes indícios que os respectivos fundos marinhos possam ser ricos em
hidrocarbonetos, nomeadamente gás natural. Tendo em conta que todos os
pretendentes são praticamente destituídos de recursos naturais e que o único
que não o é (a República Popular da China) é um sorvedouro de recursos
energéticos, não surpreende que ninguém esteja disposto a abdicar de tais
(eventuais) riquezas.
3- ZEE. Com ou sem hidrocarbonetos, a posse destas amostras de
terra potencia a dimensão da Zona Económica Exclusiva de quem as possuir, com
as vantagens económicas que tal pode representar.
4- Geoestratégia. Com a posse das Senkaku,
prolongando as ilhas Ryukyu (das quais Okinawa é a mais conhecida), O Japão barra
o livre acesso marítimo da costa setentrional da China ao Pacífico. Au
contraire, a China garante um corredor de acesso ao mar aberto. A posse das
Takeshima assegura um ponto de apoio para o controlo do Mar do Japão.
A Ásia Oriental é uma região em
ebulição. À medida que a região cresce explosivamente em importância e poder
económicos, a tendência é para que, entre as potências regionais, ocorram
situações de atrito e de interesses conflituantes. Particularmente a ascensão
militar da República Popular da China é vista com apreensão por quase todos os
seus vizinhos. Discretamente, o crescimento do investimento militar no Japão,
Coeria do Sul, Vietname, Filipinas, Singapura Indonésia, Austrália, já começou.
A agitação deste Verão tem como
pretexto habitual o aniversário da rendição japonesa na II Guerra Mundial,
ocasião sempre aproveitada por Pequim e Seoul para demonizar Tóquio e exigir o milésimo
pedido de desculpas do Império Japonês pelos desmandos ocorridos entre 1910 e
1945.
Numa região marcada pelo mar e pela
insularidade, é provável que eventuais problemas e conflitos comecem no mar em
qualquer Senkaku ou Takeshima.
Nota 1: Adoptou-se neste post
a designação japonesa dos ilhéus.
Nota 2: Senkaku e Takeshima
não são casos únicos. As Curilhas no Mar de Okhotsk, disputadas por Rússia e
Japão; as Spratly e as Paracell no Mar do Sul da China, sendo que aquelas são
reclamadas no todo ou em parte por Vietname, República Popular da China,
República da China – Taiwan, Filipinas, Malásia e Brunei e estas disputadas por
Vietname, República Popular da China e República da China – Taiwan.