01 fevereiro, 2012

As Outras Duas Dúzias

AS OUTRAS DUAS DÚZIAS


À margem do processo decisório…e de quase tudo.

As sucessivas cimeiras do nosso descontentamento tiveram o seu clímax na última realizada em Dezembro. Com a realização da 14ª cimeira europeia em pouco tempo e após a realização da 456ª cimeira do Reno, este post, tal como os três anteriores, visa fazer uma breve análise das motivações e resultados dos principais protagonistas: a Alemanha, o Reino Unido, a França e os outros. Agora é a vez dos outros 24.

Após explorarmos a actuação e intenções de Alemanha, Reino Unido e França, resta perguntar: e as outras duas dúzias de Estados? Qual é o seu papel? Quais são as suas motivações? Qual é a sua (ir)relevância?
É evidente difícil e até pouco rigoroso meter estes 24 ovos no mesmo cesto. Temos o 4º grande (a Itália), os médios grandes (Holanda, Polónia, Espanha, Suécia), temos os médios/pequenos saudáveis como a Finlândia e os médio/pequenos doentes terminais, como é a Grécia e temos 15 no euro e 9 fora dele.

De qualquer modo, todos estes países estão na EU, 60% deles no euro e quase todos parecem aceitar o novo tratado (im/pro)posto pela Alemanha. Esta é, aliás, a grande questão: porque é que o aceitam?

A principal razão é o medo. Uns têm medo de ir para a bancarrota; outros têm medo do efeito de contágio da eventual bancarrota dos outros; outros terão medo de fazer frente à Alemanha. Alguns terão até pavor de ter de ouvir as diatribes do Presidente da França. Sendo assim, tal significa que a nomenklatura dirigente de boa parte destes Estados é cobarde e servil, aceitando uma nova e inútil perda de soberania em nome de uma política que afunda uma boa parte deles numa espiral de empobrecimento sem esperança.

Em boa verdade, há países que não precisam de o fazer. Holanda, Suécia e Dinamarca, por exemplo, têm saúde económica e financeira para não dependerem da boa vontade de Frankfurt. Os dois últimos nem sequer fazem parte da eurozona e a sua adesão causa-me alguma perplexidade.

Escusado será dizer que este novo tratado, cuja adopção certamente não fez parte da plataforma eleitoral de nenhum dos signatários, dificilmente será sujeito ao escrutínio referendário, talvez com uma ou outra excepção no Norte da Europa.

Pode concluir-se que estes 23 Estados (a República Checa teve a coragem de dizer não) se remeteram a uma posição de dócil aceitação do diktat que lhes foi apresentado, o que faz com que o seu papel seja o de figurantes, a sua motivação não passe pelo interesse nacional e que a sua relevância seja cada vez mais….irrelevante.

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