19 fevereiro, 2012

Obama's Wars (2) - A Guerra Que "Nunca" Foi

OBAMA’S WARS (2)
A GUERRA QUE “NUNCA FOI”


Este post, é o segundo duma sequência de 3 posts sobre as guerras de Barack Obama no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.
Em 2011, a França, o Reino Unido e os Estados Unidos resolveram atacar a Líbia e remover o Coronel Muammar Kadhafi do poder. O pretexto era a repressão violenta que o poder exercia sobre manifestantes e revoltosos contra o regime, nomeadamente a ameaça de um eventual banho de sangue em Benghazi; a cobertura legal era a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU; os motivos são menos claros e podem variar desde a vontade de proteger civis, até à vontade de aceder a novos ou melhores contratos de exploração de hidrocarbonetos, passando pela vontade de mostrar firmeza e liderança no palco internacional para impressionar a audiência interna.
Seja como for, a guerra foi desencadeada com a tradicional campanha aérea para negar o uso do espaço aéreo à força aérea líbia, neutralizar a defesa aérea e radares líbios e atacar os meios pesados do exército da Líbia, especialmente os carros de combate e a artilharia.
A primeira fase foi liderada pelos EUA, acolitados pela França e pelo Reino Unido. Numa segunda fase, as duas potências europeias assumiram formalmente a liderança do esforço de guerra, com o apoio de outros Estados-Membros da NATO, como a Itália, a Noruega e a Bélgica e a continuada participação activa dos EUA. Finalmente, numa 3ª fase, perante a resiliência do regime de Kadhafi e a inépcia dos rebeldes armados líbios, os bombardeamentos foram intensificados, numa escalada acompanhada pelos EUA, que introduziram os drones no teatro de operações.

Ao contrário do que os responsáveis da NATO sempre afirmaram, o envolvimento da Aliança não se circunscreveu à protecção de civis ameaçados, mas prosseguiu até ao derrube do regime e continuou até à liquidação física de Kadhafi, sempre com a participação activa e importante de meios militares norte-americanos.
No entanto, aparentemente, para a Administração Obama a guerra não existiu!!!
É isso mesmo. Empenhado em tornear as críticas internas à sua condução da Guerra na Líbia e em encontrar um artifício jurídico para prolongar o envolvimento norte-americano, Barack Obama optou por defender o absurdo: de acordo com um assessor da Casa Branca numa audiência perante a Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, “what’s happening in Libya doesn’t constitute hostilities!” (in “The Washington Post” at www.washingtonpost.com/blogs/2chambers) Tentando justificar o injustificável, a Casa Branca alegou que os EUA desempenhavam um papel limitado na operação da NATO (o que é mentira)) e que havia poucas possibilidades de os Americanos terem baixas, como tal, os EUA estavam envolvidos em hostilidades!!?!
Indo mais longe, o dito assessor declarou que mesmo que o Senado não subscrevesse esta tese (?) da Admonistração, deveria apoiar a campanha na Líbia da mesma forma, pois se tal não fizesse estaria a ajudar Kadhafi. Declaração espantosa dado que admite implicitamente que o papel dos EUA na guerra não era assim tão insignificante
Esta declaração aberrante visava, acima de tudo, evitar que fosse accionado o War Powers Act, que obriga o Presidente a pedir autorização ao Congresso para prosseguir hostilidades num prazo de 90 dias após o seu começo. Não é uma opção que eu aprove, mas que compreendo e que vários presidentes têm adoptado nas últimas décadas. Contudo, daí a apresentar como sérias, interpretações de uma guerra dignas de um sketch dos Monty Python ou dos Gato Fedorento, é ir longe de mais. É apoucar o Senado dos Estados Unidos, é tratar os Norte-Americanos como se fossem atrasados mentais e é menorizar o contributo das tropas americanas no esforço de guerra.
E assim, para Barack Obama, a Guerra da Líbia, foi a guerra que nunca existiu. Caricato.

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