27 junho, 2012

"The Great Leap Forward"

“THE GREAT LEAP FORWARD”
(PEQUIM 1958 – BRUXELAS 2012)



Todos conhecemos as raízes maoístas de Durão Barroso e o seu inflamado activismo político no MRPP em meados da década de 70. Todos julgávamos, também, que a influência do Camarada Mao se tivesse desvanecido e extinto ao longo de décadas de actividade política no PSD, no Governo de Portugal e na CE.
Hoje ao almoço quase me engasguei quando ouvi Durão Barroso a discursar em Inglês, anunciando o seu plano (mais um) para salvar a EU e o euro, proclamando-o como “the Great Leap Forward that Europe needs”!!!
 Um cartaz da propaganda chinesa ao "Grande Salto em Frente".


Ora o “Great Leap Forward” (o Grande Salto em Frente) anunciado pelo Camarada Barroso, foi uma campanha gizada por Mao Tsé Tung para o Plano Quinquenal de 1958/1963, pelo qual visava atingir rapidamente um elevado nível de desenvolvimento industrial e agrícola, tendo para o efeito organizado a China em mais de 26.000 comunas, englobando 700 milhões de pessoas que trabalhavam colectivamente para o bem comum. O Grande Salto foi um desastre por um conjunto de factores (secas, má organização, maquinaria insuficiente e/ou de má qualidade, incapacidade gestionária dos quadros do PCC. A fome que decorreu deste projecto, acabaria por matar 20 milhões de pessoas e levou ao cancelamento do Grande Salto para o abismo.

Não é nada animador.

Durão Barroso quer união fiscal na UE; quer união bancária na UE; quer união política na UE. Admito que o salto de Barroso seja menos aterrador do que o de Mao Tsé Tung, mas mesmo assim é bastante mau.

Tipicamente, o burocrata máximo da EU, como é retratado pelo Wall Street Journal, aproveita a crise financeira, fiscal e económica, para impingir o que em tempos normais lhe valeria um puxão de orelhas de alguns líderes políticos dos Estados-Membros, para tentar arrecadar mais poderes e competências para o polvo burocrático europeu.


Caracteristicamente, os cidadãos dos 27 Estados-Membros não são tidos nem achados nestes devaneios de poder. Aliás, juntamente com a caracterização do projecto (Great Leap Forward), esta é a outra característica em comum com o Plano Quinquenal de Mao: a vontade das pessoas é irrelevante. Valha-nos que Durão Barroso não tem na Europa, o poder que Mao tinha na China.

26 junho, 2012

Equívocos Europeus

EQUÍVOCOS EUROPEUS

 
Os países europeus ditos periféricos e porquinhos (PIIGS for Portugal, Italy, Ireland, Greece and Spain), têm estado mergulhados em severa recessão, fruto de erros próprios (dívidas públicas insustentáveis, má gestão pública ou mesmo gestão danosa, sector bancário incompetente, irresponsável, ou corrupto.


As suas agruras económicas foram agravadas pela receita que lhes foi prescrita/imposta e que os seus governos de forma dócil e ovina acataram e vão aplicando com maior ou menor afinco. A receita é alemã, baseada no histórico alemão e nos interesses alemães.


François Hollande foi eleito em França com uma plataforma eleitoral focada no crescimento económico e na moderação da austeridade, inclusive colocando o Pacto Orçamental “refém” dessa exigência. Isto foi um ponto de viragem retórico: a Itália e a Espanha ganharam coragem para exigir o mesmo e até em Portugal, o pequeno Seguro se agitou e excitou com a mudança de ênfase. Ciente do risco de um relativo isolamento da Alemanha se perdesse a muleta francesa e o apoio da Itália por arrastamento. Berlim acolhe e pratica o novo discurso, embora submetendo sempre o crescimento ao cumprimento religioso da asfixiante austeridade.

in "The Economist" at http://www.economist.com/

Há então motivos para ter esperança?


Nem por isso.


Pelo que Hollande disse na campanha eleitoral, pelo que se vai lendo de fontes diversas e pelo histórico da esquerda francesa e da própria EU nestas matérias, o que se pode esperar é:


·        Despesa pública (recorrendo a fundos nacionais e/ou europeus) para dinamizar a economia, ou seja, novo flop em perspectiva. Será uma versão recauchutada dos “estímulos” injectados nas economias de vários estados europeus enos EUA e, 2009/10, com efeitos limitados no tempo e no impacto na economia e com efeitos graves e duradouros nas contas públicas. Mesmo que Berlim vete o agravamento dos deficits públicos, haverá vastos recursos gastos e poucos resultados.

·        Grandes planos com nomes sonantes, como a Agenda de Lisboa*, Livros Brancos, Livros Verdes, Pactos de Crescimento, envelopes financeiros, estratégias, pacotes, desenhados por visionários que parecem desligados do mundo real.


O grande equívoco destas iniciativas é não atacarem os reais empecilhos à retoma sustentada da actividade económica e do crescimento:


·        Cargas fiscais elevadas que afugentam o investimento.

·        Cargas fiscais elevadas que travam o consumo.

·        Uma burocracia pesada e uma floresta de regulamentos que bloqueiam a actividade empresarial, o dinamismo e a iniciativa.

·        Demasiado envolvimento dos Estados (e da União) na economia, mesmo quando protestam o contrário.

·        Laxismo fiscalizador dos mesmos Estados que permite e facilita o aparecimento e crescimento da burla, da corrupção, de más práticas e abusos que beneficiam os poucos e arruinam os muitos.


Enquanto que Monti, Merkel, Hollande e Rajoy se deleitam nas suas cimeirazinhas e atiram 130 biliões de euros para aqui ou para acolá, no mundo real, milhões de pessoas penam e labutam para sobreviver num modelo político-económico exausto e falido.


 

in "The Economist" at http://www.economist.com/


* A Agenda de Lisboa, aprovada em 2000 no Conselho Europeu de Lisboa no ano 2000, foi definida como “uma estratégia para a UE que tem como objectivo tornar a Europa na economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo, capaz de gerar um crescimento económico sustentável com mais e melhores empregos e maior coesão social.” Em 2012 a EU está no estado deplorável que conhecemos e lendo os objectivos da Agenda de Lisboa, nem sei se ria, ou se chore….

20 junho, 2012

Falklands 30 Years Later

FALKLANDS 30 YEARS LATER



British troops marching towards victory in the Falklands in 1982.

The Falkland Islands were found by an English navigator, John Davies, in 1592. In the late 17 Century, Captain Strong landed on the islands, claimed them to Great Britain, and christened them, honouring the Navy Treasurer, Lord Falkland. The British permanently settled the previously deserted and unoccupied archipelago since 1833.


Last, but not least, today’s Falklanders and staunchly British and abhor the idea of forcibly (or otherwise) becoming Argentinians. I strongly sympathize with them.


In April 1982, the United Kingdom government ordered a naval task force to the South Atlantic to get back the islands conquered by Argentina. Prime Minister Margaret Thatcher showed great political courage, determination and sense of duty by sending the air-naval expedition, together with an expeditionary corps to face, fight and defeat the Argentinian invaders.


 The British invasion from the landing in Port San Carlos,
 to the capture of Port Stanley.
in Wikipedia.com
The Falklands War was short, but hardly fought with significant loss of life (c. 250 British and 650 Argentinians) and materiel. The British troops prevailed, taking the South Georgia Island and the South Sandwich Islands on the 20 June. On the 14 June, Port Stanley, the Falklands’ capital, was captured by the British troops and the war was over.



Falklands War Memorial in Portsmouth, United Kingdom.


 
Thirty years ago today, on 20 June 1982, the Falklands War was officially terminated. Britannia still ruled the waves in the South Atlantic.


17 junho, 2012

Se Eu Fosse Grego

SE EU FOSSE GREGO….


 
Se eu fosse Grego, jamais votaria no PASOK que arruinou a Grécia e depois a ofereceu no altar do sacrifício da austeridade demencial a Merkel e a Schauble.
Se eu fosse Grego, não votaria na Nova Democracia, porque é co-responsável pela ruína da Grécia e é cúmplice na sua rendição.
Se eu fosse Grego, por memória e por princípio, jamais votaria em partidos de índole totalitária, fossem eles fascistas ou comunistas.
Se eu fosse Grego, exigiria o julgamento de todos os que praticaram actos criminosos e contra o interesse nacional no exercício de cargos públicos.
Se eu fosse Grego, perguntar-me-ia porque é que entre tantos partidos, não surge um democrático, de direita, honesto, competente e com coragem para fazer face aos interesses obscuros internos e às chantagens externas.
Se eu fosse Grego, declarava personae non grata todos os burocratas e políticos estrangeiros que fizessem pressão ou proferissem ofensas à nação grega.
Se eu fosse Grego, não ratificava o Pacto Orçamental.
Se eu fosse Grego, mandava o Memorando da troika às urtigas, entrava em default, não saía do euro…
Se eu fosse Grego…. provavelmente já não saberia o que fazer.
Eu, na realidade sou Português, mas vejo-me Grego para não ficar como os Gregos.


P.S. Contra todas as expectativas, a Grécia triunfou no Euro. Mas foi no Euro-2012 em futebol. Um golo de Karagounis, colocou a Grécia nos quartos de final, provavelmente para jogar contra a Alemanha. Os Deuses^do Olimpo podem não ter dinheiro, mas ainda têm sentido de humor.

14 junho, 2012

O Verão Egípcio

O VERÃO EGÍPCIO


A bandeira do Egipto empunhada por um manifestante
in Carnegie Endowment em http://carnegieendowment.org/

A “Primavera Árabe” já está distante. Particularmente no caso do Egipto, as ilusões primaveris foram amarfanhadas nas eleições de Outono-Inverno. O Verão, muito provavelmente, vai esmagá-las. Depois de muitas vicissitudes, tudo indica que que vai ser no Verão que se vai definir o futuro político do Egipto no curto-médio prazo. E começa já este fim-de-semana.


Nos dias 16 e 17 de Junho, os Egípcios vão a votos pela 7ª vez desde Outubro de 2011 (3 voltas para elegerem o Parlamento, mais 2 para escolherem a Shura e outras 2 para eleger um Presidente. Mas vamos voltar um pouco atrás…

Em Fevereiro de 2011, multidões de Egípcios (as estimativas apontam para números da ordem dos 750.000 a 1.000.000) manifestaram-se na Praça Tahrir, no Cairo, durante 18 dias até à abdicação do Presidente Hosni Mubarak.

Os media ocidentais e a maioria dos analistas estavam eufóricos com aquilo que definiam como uma reprise da libertação da Europa Central e Oriental em 1989. Os manifestantes eram maioritariamente jovens, profissionais liberais e estudantes, instruídos, ocidentalizados e secularistas. O Egipto caminhava inexoravelmente para se transformar numa democracia liberal.

Em Outubro de 2011, os EgÍpcios começaram a sua maratona eleitoral. E estilhaçaram os sonhos de Primavera: dois partidos islamitas tiveram as maiores votações (Irmandade Muçulmana com 41% dos votos e o Al-Nur, Salafista, com 24%. O maior partido secularista ficou em 3º lugar com 9% dos votos.

Entretanto, o SCAF (Supreme Command of the Armed Forces), que tutela o Egipto desde a queda de Mubarak, ia manobrando para deter as alavancas de poder que lhe interessam (manter as Forças Armadas, o seu orçamento e os seus interesses económicos fora do controlo de qualquer poder legislativo ou executivo).

Em Maio de 2012, os Egípcios votam nas eleições presidenciais. Os vencedores são  Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana com 26% dos votos e Ahmed Shafiq, o último Primeiro Ministro de Mubarak e antigo Comandante da Força Aérea, com 25%.
O candidato islamita tido por mais liberal, Abdel Foutouh, teve 18% e Amr Moussa, ex-Secretário-Geral da Liga Árabe e ex-MNE, encarado como sendo o mais próximo dos secularistas, teve 10%.
Regressando ao presente, que conclusões se podem tirar?
Foi-nos apresentado o que poderia ser: os media ocidentais deixaram-se levar pelo wishful thinking, vendo aquilo que desejavam, indo além da realidade; iludiram-se coma  Praça Tahrir, onde esteve, no máximo, 1% da população do Egipto e que, claramente, não eram representativos do todo. Em literatura é uma sinédoque; em jornalismo é um erro crasso.
E o que realmente foi: existem dois pólos de poder político e fáctico no Egipto, os militares com o lastro do regime anterior e os islamitas, congregado em torno da Irmandade Muçulmana e, em menor grau, dos Salafistas. O que se disser sobre outras forças e influências, é mero entretenimento.

Em suma, na 2ª volta das eleições, estão em compita o candidato do principal partido islamita e o mais próximo dos militares e do regime de Mubarak (e de Nasser e de Anwar Sadat). O que se joga nas eleições é mais um round neste confronto que inclui, também, a elaboração da nova constituição. Destes dois momentos, emergerá um vencedor, ou uma partilha de despojos entre militares e islamitas. A resposta começa a se dado no fim-de-semana.

11 junho, 2012

Mais Um Para o Lixo

MAIS UM PARA O LIXO


No dia 7 de Junho, a agência Fitch desceu o rating da Espanha 3 níveis de A para BBB, ou seja para junk. A Espanha foi, nesse dia, mais um país europeu a ir para o lixo. Pelo menos ao nível financeiro.

Como de costume, os ministros e o Governo negaram até ao último dia, até terem de aparecer com a corda ao pescoço admitir à sua população que optaram por pedir ajuda. O Governo Espanhol entrou para o clube do jamais do famigerado Mário Lino.

Mais uma vez, a aproximação dos juros dos bonds soberanos à fatídica red line dos 7% foi a pedra de toque para o pedido de socorro.



Comprovou-se que o modelo de crescimento económico da Espanha, assente num boom imobiliário descontrolado, conduziu ao sobreendividamento das pessoas e de muitas empresas, à exposição do sector financeiro a uma montanha de crédito mal parado, sendo que o estouro da bolha imobiliária afundou a economia e ajudou à espiral de desemprego, situado nos 24%, à frente da própria Grécia.



Apesar da atitude quase displicente de Rajoy a tentar impingir a ideia que o resgate nada tinha a ver com a Espanha, mas sim com os bancos, a realidade é que a Espanha teve de pedir o auxílio do FMI e da EU e no valor de 100 biliões de euros. Aliás, o Primeiro-Ministro espanhol teve a petulância de apresentar o resgate como um triunfo para o euro. Só lhe faltou dizer que o pedido de resgate foi um favor que Madrid fez à União Europeia.

Não obstante, comprovou-se, até ver, a influência que Madrid ainda tem na União, dado que recebendo um bailout por causa da situação de rotura do sector financeiro, tal como a Irlanda, parece ter escapado ao colete de forças da política económica da Troika. Veremos qual o feedback que a Irlanda terá da sua reivindicação de igualdade de tratamento.


Para todos os efeitos, por muito que isso custe ao habitualmente inflacionado ego espanhol, a Espanha juntou-se formalmente ao clube dos aflitos: Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal, por ordem da dimensão da ajuda concedida. E a longa novela da crise do euro conhece mais um episódio. Aguarda-se as cenas dos próximos capítulos.

08 junho, 2012

Another One Bites the Dust

ANOTHER ONE BITES
THE DUST



Abu Yahya al-Libi, the last Al Qaeda commander to bite the dust.

Mais um a morder o pó.

in “The Washington Post”, 5 June 2012

Maio 2011: Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda foi morto pelo Team 6 dos Navy Seals, as forças especiais da US Navy.
 
 
Agosto 2011: Atiyah abd al-Rahman, nº 2 da Al Qaeda, foi morto de um míssil disparado por um drone norte-americano.

Junho 2012: Abu Yahya al-Libi, nº 2 da Al Qaeda, foi morto por um míssil disparado de um drone norte-americano, no Waziristão do Norte (Paquistão).

No espaço de um ano, o vértice da liderança da Al Qaeda foi abatido. Só resta Al-Zawahiri, nº 2 de Bin Laden e actual líder da organização.

A utilização de drones (aeronaves não tripulados, controladas remotamente), iniciada por George W. Bush e continuada e massificada por Barack Obama, continua a dizimar o núcleo central da Al Qaeda, bem como, o seu franchising no Iémen (AQAP – Al Qaeda in the Arabian Peninsula). De acordo com o Long War Jpurnal, este ano já terão sido realizados 43 ataques por drones: 22 no Iémen e 21 no Paquistão, o que dá uma ideia da intensidade do uso desta arma.

Al-Libi, originário da Líbia, tal como o seu antecessor, foi promovido de nº 3 da Al Qaeda a nº 2 após a morte de Bin Laden. Era considerada uma figura crucial na estrutura da organização: veterano do combate contra o Exército Vermelho no Afeganistão, referência espiritual e religiosa da Al Qaeda e o seu líder operacional, responsável pela ligação com o Norte de África; era tido como um radical, mesmo para os standards da Al Qaeda, ferozmente anti-ocidental e anti-xiita.

Em função do seu perfil e do seu CV, somado à sucessão de mortes entre os quadros médios e superiores da Al Qaeda central, é verosímil que esta perda tenha um acrescido impacto na sua coesão e operacionalidade. Como sempre nestes casos, será prematuro festejar a morte da Al Qaeda. No entanto, a sua capacidade operacional vai sendo cada vez mais limitada.



NOTA: Como homenagem aos Queen, que deram a inspiração para o título deste post, deixo aqui o vídeo de “Another One Bites The Dust”



03 junho, 2012

Happy Jubilee Your Majesty

HAPPY JUBILEE YOUR MAJESTY



Queen Elizabeth II at her Diamond’s Jubilee.


Queen Elizabeth II is already the second longest ruling sovereign in the History of Great Britain (60 years), after Queen Victoria. It


  The Queen’s Diamond Jubilee Emblem

At a time of great and unpredictable changes in the latter half of the 20 Century and early 21 Century, Queen Elizabeth has risen to the challenges and keep on being a reference for the British people. She ruled over a country in imperial retreat and gradual decline, followed by a political, economic and military re-birth in the last quarter of the last century. Despite some setbacks and crises, she managed to keep the royal family together and its prestige intact.


The Coronation of Elizabeth II following the death of her father, 
King George VI.

Perhaps one of the greatest tributes one can give to Elizabeth II is her global recognition. Whenever and wherever one mentions the Queen, it is Elizabeth one’s talking about. In an era of powerless kings and queen Elizabeth II has, in her own way, honoured the name and the crown of her ancestor from whom she inherited the name: the great Elizabeth I.


GOD SAVE THE QUEEN!!!

01 junho, 2012

Serão Fascistas?

SERÃO FASCISTAS?

Fernando Leal da Costa. Diz-lhe alguma coisa? Provavelmente não. A mim também nada dizia. Até que ouvi declarações deste senhor. Fiquei a saber que é Secretário de Estado da Saúde. Também fiquei a saber que, além disso, o cavalheiro gostava de ser Controlador Geral dos Cidadãos e dos Estabelecimentos de Bebidas e Restauração da República.

O Senhor Costa quer acabar com os espaços para fumadores. Espaços públicos, diz ele. Das duas uma, ou o Sr. Costa se prepara para nacionalizar dezenas de milhar de cafés e restaurantes, ou então está equivocado, pois os ditos “espaços públicos” são estabelecimentos privados abertos ao público, nos quais NINGUÉM é obrigado a entrar. Portanto, a referência a espaços públicos e a suposta protecção dos fumadores passivos são uma dupla farsa: os espaços têm proprietários e os não-fumadores que frequentem o espaço fazem-no no exercício da sua liberdade de frequentar espaços para fumadores e não fumam contrariados, ou coagidos.



O candidato a Grande Controlador vai mais longe e quer proibir ou condicionar o fumo nos automóveis particulares (serão também espaço público???). Aqui o argumento é a protecção das criancinhas. Lá está o homem a penetrar no espaço vital e privado das pessoas. Regra geral, os pais têm a seu cargo a educação, criação e protecção dos seus filhos e regra geral fazem-no melhor do que o Estado.

MAS ATENÇÃO! O Controlador Geral da República fez uma significativa concessão: “quem quiser, pode continuar a fumar ao ar livre!” Aaah! O próprio Sr. Costa deve ter ficado aliviado com tal cedência: terá de vigiar os cafés e as estradas, mas já não terá de correr montes e vales à caça do malfadado fumador escondido atrás de uma árvore no meio do bosque!

Simão Ribeiro. Diz-lhe alguma coisa? Provavelmente não. A mim também nada dizia. Até que ouvi declarações deste senhor. Fiquei a saber que é deputado pelo PSD. Também fiquei a saber que é mais um candidato a Baby-Sitter Geral da República.

O deputado Simão quer dedicar-se à etiquetagem e quer começar por colocar etiquetas verdes nos alimentos de que gosta e vermelhas naqueles de que não gosta. Quer também, banir as etiquetas vermelhas das escolas. Não se trata de uma questão Benfica-Sporting. Acontece que o deputado Simão quer reduzir o número de crianças gordas e arroga-se o direito de lhes fechar as portas de despensa e do frigorífico. Fazê-lo nas escolas, com um pouco de boa vontade ainda se compreende. Mas o Baby-Sitter Geral vai mais longe: quer banir as etiquetas vermelhas dos cafés e mercearias nas imediações das escolas, o que pode significar grande parte destas casas numa cidade. Quem será que ele se julga para se arrogar o direito de escolher a ementa de um café, ou os produtos que vende o merceeiro?

Temos um a controlar os bares e os restaurantes e o outro a condicionar os cafés e as mercearias. Não sei se são fascistas, provavelmente não, mas que têm tiques disso têm. Talvez a fonte tenha sido a polícia de costumes da Arábia Saudita que percorre as ruas do Reino e verbera, prende e agride aqueles (e especialmente aquelas) que não estão conforme as normas restritas do país e da respectiva nomenclatura religiosa. Resta saber que outras proibições, regras e condicionantes arbitrárias e abusivas estes vigilantes têm em mente, pois os grandes totalitarismos podem começar com coisas pequenas….



NOTA: Não sou fumador, portanto não há conflito de interesses neste post: não se trata de defender direitos meus. Apenas detesto a obcecação pelo controle e pela proibição e o ataque aos direitos de propriedade e aos dos fumadores, que consomem uma substância permitida por lei e que dá chorudas receitas ao Estado.