CAN
YOU BELIEVE IT?
NO CHANGE!
Já começou. Apesar de
ainda não ser Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama já
começou a desapontar (desesperar) falanges de fervorosos seguidores. O cerne da
questão está na escolha que fez para a sua equipa governativa nas áreas da
defesa, segurança e política externa: Robert Gates, General James Jones e
Hillary Clinton, respectivamente.
O principal problema
está no primeiro. Na verdade, Robert Gates é o Secretário da Defesa nomeado há
dois por George W. Bush! Esse mesmo, o terrível, abominável e malévolo George
W., fautor de todos os males e desgraças que assolam os terráqueos.
E então é este homem que
geriu politicamente o famoso surge do
contingente militar dos EUA no Iraque que Obama repudiou, que o mesmo Obama
nomeia?
É.
E este é o mesmo Gates
que arrasou (e bem) o plano de Obama para a retirada a galope do Iraque, que agora
aceita a nomeação de Obama?
É.
Hilariante! Palavra que
me faz lembrar Hillary, Clinton é claro. Aquela que Obama demoliu pelo seu
posicionamento em política externa e por ter apoiado (e bem) a invasão do
Iraque e também aquela que considerou Obama naive em política externa e que rebentou
com ele por ter demonstrado vontade em reunir com Ahmadinejad, Chavez e Castro.
Na área económica, os
liberais do Partido Democrata também já levam as mãos à cabeça ao verem ser
escolhidos membros da alta finança, apoiantes do free trade e antigos elementos
da Administração Clinton. equipa
económica também tresande a dejá vu, ou seja, little or no change: Timothy Geithner (Presidente da reserva
Federal de New York, será o Secretário do Tesouro), Lawrence Summers
(Secretário do tesouro com Bill Clinton, chefiará o National Economic Council)
e Christina Romer (escreve a favor de impostos baixos e de comércio livre,
liderará o Council of Economic Advisers), ou seja, um conjunto de pessoas que
indicia uma certa solução de continuidade em relação às administrações Clinton
e Bush no que concerne a (des)regulação dos mercados e o livre comércio.
Este padrão de nomeações
é significativo, mas só o tempo dirá o que ele revela. Três hipóteses:
1-
Barack Obama é um logro, o seu registo de voto à esquerda no Senado foi uma
manobra calculista para mobilizar a franja militante mais radical e
mobilizadora do partido e a sua campanha foi um exercício interesseiro e
oportunista de cavalgar a onda da mudança para chegar à Casa Branca.
2-
Os seus nomeados lançaram o seu historial político e as suas convicções às
urtigas para garantirem um lugar no próximo comboio do poder. Um ponto a favor
da capacidade persuasiva do Presidente-eleito e outro pouco abonatório da
verticalidade política dos nomeados.
3-
Um mix das duas anteriores.
A proposta benigna de
que Obama vai formando um governo de inclusão, não colhe, principalmente quando
estão em causa lugares-chave numa administração. Penso que é a 3ª hipótese que
está mais perto da verdade. Por um lado, Obama
vai girando de acordo com os ventos dominantes e a principal data gravada no
seu íntimo é 07/11/2012. Se para isso for preciso esquecer alguns disparates da
pré-campanha e da campanha, tanto melhor. Por outro lado, certos
personagens, com Robert Gates à cabeça, revelam um oportunismo pessoal
despudorado, e são capazes de servir qualquer um de alfa a omega desde que
sirva os seus interesses particulares.
Estas nomeações
reportam-se às áreas da defesa, segurança, negócios estrangeiros, economia e
finanças. É muita coisa, mas não é tudo. Na chamada agenda doméstica, nomeadamente
na área social, saúde, educação e costumes, ainda pode acontecer a prometida
mudança. Duvido é que a maior parte seja de aplaudir…